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Questionando os Protestantes – II

Tem a Bíblia um índice de Livros inspirados? Ou contém a Bíblia uma lista que declara autoritariamente quais livros devem fazer parte dela?

Não, não tem. A lista dos livros que compõem o Cânon do Novo Testamento foi discutida durante os primeiros quatro séculos da história cristã.

O Apocalipse, Hebreus, Tiago, 2Pedro e Judas são alguns dos livros cuja canonicidade foi controvertida. Em adição, alguns cristãos primitivos julgaram que obras como a Didaqué, a Epístola de Barnabé, o Pastor de Hermas e a Epístola de Clemente eram inspiradas. Não foi senão quase no século V (Concílio de Cartago, ano 397) que o Cânon oficial foi definido. Isto quanto ao Novo Testamento, mas quanto ao Antigo Testamento? Foi também tema de discussões definir quais os livros pertenciam ao Cânon do Antigo Testamento. [O próprio Concílio de Cartago tratou do assunto]. Santo Agostinho sustentou que os Apócrifos (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1-2Macabeus e adições gregas a Ester e Daniel) eram canônicos, enquanto que São Jerônimo não os considerava como canônicos. De fato, o nome “Apócrifos” foi dado por São Jerônimo quando se empenhava no trabalho da Vulgata (tradução latina das Escrituras). Na versão hebraica das Escrituras, os Apócrifos eram comumente deixados de lado, enquanto que na versão grega (a Septuaginta) os Apócrifos foram incluídos.

Desde aproximadamente o século V, os Apócrifos foram considerados Escrituras, embora não tivesse havido uma declaração que pusesse um ponto final.

Tudo isso mudou quando os Reformadores determinaram o seu Cânon das Escrituras e rejeitaram os Apócrifos. Como resposta, a Igreja Católica, no Concílio de Trento, declarou a canonicidade dos livros Apócrifos, chamando-os “Deuterocanônicos”, ou seja, do Segundo Cânon.

Por fim, sabemos que o eminente teólogo protestante Dr. RC Sproul os denomina “uma coleção falível de livros infalíveis”. Atualmente, os Luteranos não têm um Cânon estabelecido das Escrituras. São livres para considerar Hebreus, Tiago, 2 Pedro e São Judas (Epístolas) como não canônicos, e estão, também, livres para aceitar alguns livros Deuterocanônicos do Antigo Testamento como canônicos. Lutero originalmente chamou o livro de Tiago uma “epístola de palha” e não a aceitou como canônica. Quando os Reformadores Presbiterianos surgiram com sua lista canônica, usaram dois critérios: autoria apostólica e testemunho interior do Espírito.

Desde que bons cristãos através dos tempos (Jerônimo e Agostinho, justamente esses dois) discordaram sobre quais livros eram inspirados, “o testemunho interior” de canonicidade não parece ser uma boa medida para determinar a canonicidade. Para a Cristandade histórica, o ensinamento da Igreja, que é “a coluna e o fundamento da Verdade”, é considerado como a autoridade para determinar quais dos escritos primitivos fazem parte do Cânon das Escrituras.

A menos que você tenha uma fonte infalível para determinar quais livros compõem a Bíblia, que autoridade ela pode ter?

Fonte: Site “Glory to Jesus Christ!”. Tradução: José Fernandes Vidal.

Bento XVI: João Paulo II “consumiu-se” por Cristo e por todo o mundo por amor

VATICANO, 30 Mar. 10 / 06:32 am (ACI).- Ao presidir na tarde de ontem na Basílica de São Pedro, a Eucaristia ao celebrar o 5° aniversário da morte do Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI ressaltou a profunda fé, a grande esperança e a total caridade que marcou a vida de Karol Wojtyla e como “consumiu-se por Cristo, a Igreja” e o mundo inteiro por amor.

Em sua homilia da Missa de ontem ao celebrar o 5º aniversário da morte de João Paulo II ocorrida em 2 de abril de 2005, o Papa Bento XVI explicou que um “servo de Deus” é aquele que atua com firmeza inquebrável, com uma energia que não diminui até que ele tenha realizado a tarefa que lhe foi atribuída, e que, não obstante de carecer dos meios humanos que parecem necessários para alcançar o objetivo, entretanto se apresenta com a força da convicção, sendo o Espírito que Deus pôs nele, que lhe dará a capacidade de atuar com humildade e força, assegurando-lhe o êxito final.

Conforme indica a Rádio Vaticano, o Santo Padre assinalou que “aquilo que o profeta inspirado diz do Servo, podemos aplicar ao amado João Paulo II: o Senhor o chamou a seu serviço e, ao confiar-lhe tarefas de maior responsabilidade, acompanhou-o com sua graça e com sua contínua assistência. Durante seu pontificado, ele se prodigalizou em proclamar o direito com firmeza, sem debilidades nem hesitações, sobre tudo quando tinha que medir-se com resistências, hostilidades e rechaços. Sabia ter sido tomado pela mão do Senhor, e isto lhe possibilitou exercitar um ministério fecundo, pelo qual, uma vez mais, damos férvidas graças a Deus”.

Bento XVI depois se referiu ao evangelho da Segunda-feira Santa, onde São João apresenta o encontro do Jesus com Lázaro, Maria e Marta, destacando que o relato apresenta os “pressentimentos da morte iminente” de Jesus: seis dias antes da páscoa, a sugestão da traição de Judas, a resposta de Jesus que faz alusão aos atos de piedade antes de sua sepultura que fez Maria ao derramar o perfume sobre ele.

O Papa destacou a atitude de Maria como uma expressão de fé e de amor grande para o Senhor, um amor que não calcula, não mede, não se detém em gastos, não põe barreiras, mas que se dá com alegria e busca o bem do outro, que vence as mesquinharias, os ressentimentos, as teimosias que o homem leva às vezes em seu coração. O amor, como o expressou Maria neste gesto, é a regra que Jesus põe para a sua comunidade, um amor que sabe servir até doar a vida.

“O significado do gesto de Maria, que é resposta ao Amor infinito de Deus, difunde-se entre todos os convidados; cada gesto de caridade e de devoção autêntica para Cristo, não permanece como um ato pessoal, não está só relacionado entre o indivíduo e o Senhor, mas relacionado com todo o corpo da Igreja, é contagioso: infunde amor, alegria, luz”, disse o Santo Padre

O Papa Bento XVI depois fez alusão à atitude de Judas, que com o pretexto de oferecer ajuda aos pobres, esconde o egoísmo e a falsidade do homem fechado em si mesmo, encadeado à avidez da posse de bens, que não deixa brotar o bom perfume do amor divino. Um amor que tinha intuído Maria como amor de Deus, um Amor que encontrará sua máxima expressão no madeiro da Cruz. Um amor que durante se expressou durante toda a vida do João Paulo II.

“Toda a vida do venerável João Paulo II se desenvolveu no signo desta caridade, da capacidade de doar-se de maneira generosa, sem reservas, sem medidas, sem cálculo. Aquilo que o movia era o amor para Cristo, a quem tinha consagrado a vida, um amor superabundante e incondicionado. E precisamente porque se aproximou sempre mais a Deus no amor, ele pôde fazer-se companheiro de viagem para o homem de hoje, derramando no mundo o perfume do Amor de Deus”.

“Quem teve a alegria –continuou o Papa– de conhecê-lo e freqüentá-lo, pôde tocar com a mão como estava viva nele a certeza de contemplar a bondade do Senhor na terra dos viventes, como escutamos no salmo responsorial; certeza que o acompanhou no curso de sua existência e que, de maneira particular, manifestou-se durante o último período de sua peregrinação nesta terra: a progressiva debilitação física, em efeito, não derrubou sua forte fé, sua luminosa esperança e sua fervente caridade”.

“Deixou-se consumir por Cristo, pela Igreja, pelo mundo inteiro: o seu, foi um sofrimento vivido até o final por amor e com amor”, concluiu Bento XVI.

Judas Iscariotes e Matias

Por Papa Bento XVI
Tradução: Vaticano
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs!

Terminando hoje de percorrer a galeria de retratos dos Apóstolos chamados directamente por Jesus durante a sua vida terrena, não podemos omitir de mencionar aquele que é sempre nomeado por último nas listas dos Doze: Judas Iscariotes. A ele queremos associar a pessoa que depois é eleita para o substituir, Matias.

Já o simples nome de Judas suscita entre os cristãos uma reacção instintiva de reprovação e de condenação. O significado do apelativo “Iscariotes” é controverso: a explicação mais seguida compreende esta palavra como “homem de Queriot” referindo-se à sua aldeia de origem, situada nas vizinhanças de Hebron e mencionada duas vezes na Sagrada Escritura (cf. Js 15, 25; Am 2, 2).

Outros interpretam-no como variação da palavra “sicário”, como se aludisse a um guerrilheiro armado com um punhal que em latim se chama sica. Por fim, há quem veja no sobrenome a simples transcrição de uma raiz hebraico-aramaica que significa: “aquele que estava para o entregar”. Esta designação encontra-se duas vezes no IV Evangelho, ou seja, depois de uma confissão de fé de Pedro (cf. Jo 6, 71) e depois durante a unção de Betânia (cf. Jo 12, 4). Outras passagens mostram que a traição estava a ser realizada, dizendo: “aquele que o traía”; assim, durante a Última Ceia, depois do anúncio da traição (cf. Mt 26, 25) e depois no momento do aprisionamento de Jesus (cf. Mt 26, 46.48; Jo 18, 2.5). Ao contrário, as listas dos Doze recordam a traição como uma coisa já efectuada: “Judas Iscariotes, o que o traiu”, assim diz Marcos (3, 19); Mateus (10, 4) e Lucas (6, 16) usam fórmulas equivalentes. A traição como tal aconteceu em dois momentos: antes de tudo no planeamento, quando Judas se põe de acordo com os inimigos de Jesus por trinta moedas de prata (cf. Mt 26, 14-16), e depois na execução com o beijo dado ao Mestre no Getsémani (cf. Mt 26, 46-50). Contudo, os evangelistas insistem sobre a qualidade de apóstolo, que competia a Judas para todos os efeitos: ele é repetidamente chamado “um dos Doze” (Mt 26, 14.47; Mc 14, 10.20; Jo 6, 71) ou “do número dos Doze” (Lc 22, 3). Aliás, por duas vezes Jesus, dirigindo-se aos Apóstolos e falando precisamente dele, indica-o como “um de vós” (Mt 26, 21; Mc 14, 18; Jo 6, 70; 13, 21). E Pedro dirá de Judas que “era do nosso número e tinha recebido o nosso mesmo ministério” (Act 1, 17).

Trata-se portanto de uma figura pertencente ao grupo dos que Jesus tinha escolhido como companheiros e colaboradores íntimos. Isto suscita duas perguntas na tentativa de dar uma explicação aos acontecimentos que se verificaram. A primeira consiste em perguntar como aconteceu que Jesus tenha escolhido este homem e nele tenha confiado. Apesar de Judas ser de facto o ecónomo do grupo (cf. Jo 12, 6b; 13, 29a), na realidade é qualificado também como “ladrão” (Jo 12, 6a). Permanece o mistério da escolha, também porque Jesus pronuncia um juízo muito severo sobre ele: “ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue” (Mt 26, 24).

Torna-se ainda mais denso o mistério acerca do seu destino eterno, sabendo que Judas “se arrependeu e restituiu as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos idosos, dizendo: “Pequei, entregando sangue inocente”” (Mt 27, 3-4). Mesmo se em seguida ele se afastou para se ir enforcar (cf. Mt 27, 5), não compete a nós julgar o seu gesto, substituindo-nos a Deus infinitamente misericordioso e justo.

Uma segunda pergunta refere-se ao motivo do comportamento de Judas: porque traíu Jesus? A questão é objecto de várias hipóteses. Alguns recorrem ao factor da sua avidez de dinheiro; outros dão uma explicação de ordem messiânica: Judas teria ficado desiludido ao ver que Jesus não inseria no seu programa a libertação político-militar do seu próprio País. Na realidade os textos evangélicos insistem sobre outro aspecto: João diz expressamente que “tendo já o diabo metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que O entregasse” (Jo 13, 2); analogamente escreve Lucas: “Entrou satanás em Judas, chamado Iscariotes que era do número dos Doze” (Lc 22, 3).

Desta forma, vai-se além das motivações históricas e explica-se a vicissitude com base na responsabilidade pessoal de Judas, o qual cedeu miseravelmente a uma tentação do maligno. A traição de Judas permanece, contudo, um mistério. Jesus tratou-o como um amigo (cf. Mt 26, 50), mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de satanás, respeitando a liberdade humana.

De facto, as possibilidades de perversão do coração humano são verdadeiramente muitas. O único modo de as evitar consiste em não cultivar uma visão das coisas apenas individualista, autónoma, mas ao contrário em colocar-se sempre de novo da parte de Jesus, assumindo o seu ponto de vista. Devemos procurar, dia após dia, estar em plena comunhão com Ele. Recordemo-nos de que também Pedro se queria opor a ele e ao que o esperava em Jerusalém, mas recebeu uma forte reprovação: “Tu não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens” (Mc 8, 32-33)!

Pedro, depois da sua queda, arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição. Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento no final do fundamental capítulo V da sua “Regra”: “Nunca desesperar da misericórdia divina”.

Na realidade Deus “é maior que o nosso coração”, como diz São João (1 Jo 3, 20). Por conseguinte, tenhamos presente duas coisas. A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade. A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai (cf. Gl 2, 20; Ef 5, 2.25).

O Verbo “trair” deriva de uma palavra grega que significa “entregar”. Por vezes o seu sujeito é inclusivamente Deus em pessoa: foi ele que por amor “entregou” Jesus por todos nós (cf. Rm 8, 32). No seu misterioso projecto salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como ocasião da doação total do Filho para a redenção do mundo.

Em conclusão, queremos recordar também aquele que depois da Páscoa foi eleito no lugar do traidor. Na Igreja de Jerusalém a comunidade propôs dois para serem sorteados: “José, de apelido Barsabas, chamado justo, e Matias” (Act 1, 23). Foi precisamente este o pré-escolhido, de modo que “foi associado aos onze Apóstolos” (Act 1, 26). Dele nada mais sabemos, a não ser que também tinha sido testemunha de toda a vicissitude terrena de Jesus (cf. Act 1, 21-22), permanecendo-lhe fiel até ao fim. À grandeza desta sua fidelidade acrescenta-se depois a chamada divina a ocupar o lugar de Judas, como para compensar a sua traição. Tiramos disto mais uma lição: mesmo se na Igreja não faltam cristãos indignos e traidores, compete a cada um de nós equilibrar o mal que eles praticam com o nosso testemunho transparente a Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.

Simão Cananeu e Judas Tadeu

Por Papa Bento XVI
Tradução: Vaticano
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs!

Hoje tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos: Simão o Cananeu e Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes). Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre mencionados um ao lado do outro (cf. Mt 10, 4; Mc 3, 18; Lc 6, 15; Act 1, 13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são muitas, excepto o facto que o Cânon neotestamentário conserva uma carta atribuída a Judas Tadeu.

Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas: Mateus qualifica-o como “cananeu”, Lucas define-o “zelote”. Na realidade, as duas qualificações equivalem-se, porque significam a mesma coisa: na língua hebraica, de facto, o verbo qanà’ significa “ser zeloso”, “dedicado” e pode referir-se quer a Deus, porque é zeloso do povo por ele escolhido (cf. Êx 20, 5), quer a homens que são zelosos no serviço a Deus único com dedicação total, como Elias (cf. 1 Rs 19, 10). Portanto, é possível que este Simão, se não pertencia exactamente ao movimento nacionalista dos Zelotes, tivesse pelo menos como característica um fervoroso zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se no antípoda de Mateus, que ao contrário, sendo publicano, provinha de uma actividade considerada totalmente impura.

Sinal evidente que Jesus chama os seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele interessa-se pelas pessoas, não pelas categorias sociais ou pelas actividades! E o mais belo é que no grupo dos seus seguidores, todos, mesmo se diversos, coexistiam, superando as inimagináveis dificuldades: de facto, era o próprio Jesus o motivo de coesão, no qual todos se reencontravam unidos. Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superar os nossos conflitos. Tenhamos também presente que o grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os carismas, os povos, as raças, todas as qualidades humanas, que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.

No que se refere depois a Judas Tadeu, ele é chamado assim pela tradição, unindo ao mesmo tempo dois nomes diferentes: de facto, enquanto Mateus e Marcos o chamam simplesmente “Tadeu” (Mt 10, 3; Mc 3, 18), Lucas chama-o “Judas de Tiago” (Lc 6, 16; Act 1, 13). O sobrenome Tadeu tem uma derivação incerta e é explicado ou como proveniente do aramaico taddà’, que significa “peito” e, por conseguinte, significaria “magnânimo”, ou como abreviação de um nome grego como “Teodoro, Teódoto”. Dele são transmitidas poucas coisas. Só João assinala um seu pedido feito a Jesus durante a Última Ceia. Diz Tadeu ao Senhor: “Senhor, como aconteceu que te deves manifestar a nós e não ao mundo?”. É uma pergunta de grande actualidade, que também nós fazemos ao Senhor: porque o Ressuscitado não se manifestou em toda a sua glória aos seus adversários para mostrar que o vencedor é Deus? Por que se manifestou só aos Discípulos? A resposta de Jesus é misteriosa e profunda. O Senhor diz: “Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14, 22-23). Isto significa que o Ressuscitado deve ser visto, sentido também com o coração, de modo que Deus possa habitar em nós. O Senhor não se mostra como uma coisa. Ele quer entrar na nossa vida e por isso a sua manifestação é uma manifestação que exige e pressupõe o coração aberto. Só assim vemos o Ressuscitado.

Foi atribuída a Judas Tadeu a paternidade de uma das Cartas do Novo Testamento, que são chamadas “católicas” porque não se destinam a uma determinada Igreja local, mas a um círculo muito amplo de destinatários. De facto, ele dirige-se “aos eleitos amados por Deus Pai e guardados para Jesus Cristo” (v. 1). A preocupação central deste escrito é advertir os cristãos de todos os que, com o pretexto da graça de Deus, desculpam a própria devassidão e para desviar outros irmãos com ensinamentos inaceitáveis, introduzindo divisões dentro da Igreja “deixando-se levar pelo seu delírio” (v. 8), assim define Judas estas suas doutrinas e ideias especiais. Ele compara-os inclusivamente aos anjos caídos, e com palavras fortes diz que “seguiram pelo caminho de Caim” (v. 11). Além disso classifica-os sem reticências como “nuvens sem água que os ventos levam; árvores de outono sem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas furiosas do mar que repelem a espuma da sua torpeza; estrelas errantes condenadas à negrura das trevas eternas” (vv. 12-13).

Talvez hoje nós já não estejamos habituados a usar uma linguagem tão polémica, que contudo nos diz uma coisa importante. No meio de todas as tentações que existem, com todas as correntes da vida moderna, devemos conservar a identidade da nossa fé. Certamente, o caminho da indulgência e do diálogo, que o Concílio Vaticano II felizmente empreendeu, deve ser sem dúvida prosseguida com uma constância firme. Mas este caminho do diálogo, tão necessário, não deve fazer esquecer o dever de reconsiderar e de evidenciar sempre com igual força as linhas-mestras e irrenunciáveis da nossa identidade cristã. Por outro lado, é necessário ter bem presente que esta nossa identidade exige força, clareza e coragem face às contradições do mundo em que vivemos. Por isso o texto epistolar prossegue assim: “Mas vós, caríssimos, fala a todos nós mantende-vos no amor de Deus, esperando que a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda a vida eterna. Tratai com misericórdia aqueles que vacilam…” (vv. 20-22). A Carta conclui-se com estas bonitas palavras: “Àquele que é poderoso para vos livrar das quedas e vos apresentar diante da sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, nosso Salvador, por meio de Jesus Cristo, Senhor nosso, seja dada glória, a majestade, a soberania e o poder, antes de todos os tempos, agora e por todos os séculos, Amém” (vv. 24-25).

Vê-se bem que o autor destas frases vive plenamente a própria fé, à qual pertencem realidades grandes como a integridade moral e a alegria, a confiança e por fim o louvor, sendo motivado em tudo apenas pela bondade do nosso único Deus e pela misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, tanto Simão o Cananeu, como Judas Tadeu nos ajudam a redescobrir sempre de novo e a viver incansavelmente a beleza da fé cristã, sabendo dar um testemunho dela forte e ao mesmo tempo sereno.

Quem foram os doze Apóstolos?

02 de abril de 2006
Vicente Balaguer

Um dos dados mais seguros da vida de Jesus é que constituiu um grupo de doze discípulos aos quais denominou os ?Doze Apóstolos?. Esse grupo era formado por homens que Jesus chamou pessoalmente, que lhe acompanhavam em sua missão de instaurar o Reino de Deus e seriam testemunhas de suas palavras, de suas obras e de sua ressurreição.

O grupo dos Doze aparece nos escritos do Novo Testamento como um grupo estável ou fixo. Seus nomes são ?Simão, a quem deu o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, ou seja, filhos do Trovão; André e Felipe, Batolomeu e Mateus, Tomé e Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu e Simão Cananeu; e Judas Iscariotes, o que O entregou? (Mc 3, 16-19).

Nas listas que aparecem em outros Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos, há poucas variações. Chama-se Tadeu de Judas, mas não é significativo, pois é notório que várias pessoas se chamavam da mesma maneira ? Simão, Tiago ? e se distinguiam pelo patronímico ou por um segundo nome. Trata-se, pois, de Judas Tadeu. O significativo é que no livro dos Atos não se fale do trabalho evangelizador de muitos deles: sinal que se dispersaram rapidamente e de que, apesar disso, a tradição dos nomes dos Apóstolos está bem assentada (At 1,26).

São Marcos (3,13-15) diz que Jesus ?subindo ao monte chamou aos que quis e foram para onde Ele estava. E constituiu a doze, para que estivessem com ele e para enviá-los a pregar com poder de expulsar demônios?. Assinala dessa maneira a iniciativa de Jesus e a função do grupo dos Doze: estar com Ele e ser enviados a pregar com a mesma potestade de Jesus.

Os Evangelistas ? São Mateus (10,1) e São Lucas (6,12-13) ? expressam-se no mesmo tom. Ao longo do evangelho, percebe-se como acompanham Jesus, participam de sua missão e recebem um ensino particular. Os evangelistas não escondem que muitas vezes não entendem as palavras do Senhor e que O abandonaram no momento da provação. Mas assinalam também a confiança renovada que Jesus lhes outorga.

É muito significativo que o número dos eleitos seja doze. Esse número remete às doze tribos de Israel (cf. Mt 19,28; Lc 22, 30; etc) e não a outros números comuns naquele tempo ? os membros do Sinédrio eram 71, os membros do Conselho de Qumrán, 15 ou 16, e os membros adultos necessários para o culto na sinagoga, 10. Dessa maneira, Jesus parece deixar claro que não quer restaurar o reino de Israel (At 1,6) sobre a base do território, do culto e do povo, mas instaurar o Reino de Deus sobre a terra. Isso se torna evidente também pelo fato de que, antes da vinda do Espírito Santo no Pentecostes, Matias ocupe o lugar de Judas Iscariotes e complete o número dos Doze.

BIBLIOGRAFIA

GNILKA, J. Jesús de Nazaret, Herder, Barcelona 1993.
PUIG, A. Jesús. Una biografía, Destino, Barcelona 2005.
SEGALLA, G. Panoramas del Nuevo Testamento, Verbo Divino, Estella 2004.

Fonte: www.opusdei.org.br

Cronologia da Era Apostólica e o Desenvolvimento do Cânon

Esta cronologia apresenta uma seqüência dos eventos bíblicos e extrabíblicos que refletiram sobre a formação do cânon da Bíblia, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Afirma-se por aí que dois pesquisadores da Bíblia não conseguem concordar sobre uma cronologia apostólica… Com efeito, a cronologia que apresentamos aqui é aceitável para alguns, mas não pode ser considerada “universal”. Serve apenas para fornecer pontos de referência para os eventos que se sucederam e suas conseqüências [sobre o cânon das Escrituras].

EVENTO DATA OBRA
Pregação de João Batista 27
Vinda do Espírito Santo sobre a Igreja 30
Estêvão é martirizado por lapidação 36/37
Conversão de Paulo e sua primeira viagem missionária 45/49
Concílio [Apostólico] de Jerusalém 50
Segunda viagem missionária de Paulo 50/52
51 1ª e 2ª Epístolas aos Tessalonicenses
Terceira viagem missionária de Paulo 53/58
54-57 Epístola aos Gálatas
57 1ª e 2ª Epístolas aos Coríntios
58 Epístola aos Romanos
Viagem [de Paulo] a Roma 59/60
1ª prisão de Paulo em Roma 61-63
Epístola a Filemon
Epístola aos Colossenses
Epístola aos Efésios
Epístola aos Filipenses
Epístola de Tiago
65 Evangelho de Marcos
1ª Epístola a Timóteo
Epístola a Tito
O apóstolo Tiago é martirizado. Paulo é levado para Roma 63/64
Pedro em Roma (Pedro é o primeiro Bispo de Roma) 64 1ª Epístola de Pedro
2ª prisão de Paulo e martírio 67 2ª Epístola a Timóteo
Morte de Pedro. Lino é Bispo de Roma Epístola aos Hebreus
Destruição de Jerusalém 68-70
70s Evangelho de Mateus
Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos
Anacleto é Bispo de Roma 78
70s/90s Epístola de Judas
90s Evangelho de João
1ª, 2ª e 3ª Epístolas de João
Livro do Apocalipse
Clemente é Bispo de Roma 92-101 1ª Epístola de Clemente
Morte do [apóstolo] João em Éfeso 98
Sínodo dos rabinos/judeus em Jâmnia 99-100 Cânon palestinense em hebraico
1º Cânon Cristão do Antigo Testamento c. 100 Cânon alexandrino em grego
100-125 2ª Epístola de Pedro
Didaqué
Melitão, bispo de Sardes c. 170 Primeira tentativa cristã conhecida de relacionar o cânon do Antigo Testamento. Melitão lista os livros do AT segundo a ordem da Septuaginta, mas apresenta apenas os protocanônicos do AT, com exceção de Ester.
Ireneu, bispo de Lião 185 Apresenta um cânon do Novo Testamento (sem 3João, Tiago e 2Pedro)
c. 200 Fragmento de Muratori apresenta um cânon semelhante ao do [Concílio de] Trento
Eusébio, bispo de Cesaréia c. 325 Escreve a “História Eclesiástica”; refere-se a Tiago, Judas, 2Pedro e 2-3João como “controversos, ainda que aceitos pela maioria”
Concílio [Regional] de Laodicéia c. 360 Apresenta um cânon de livros semelhante ao de Trento
Papa Dâmaso 382 Decreto listando os livros canônicos, da mesma forma que em Trento
Concílio [Regional] de Roma 382 Aceitação do decreto de Dâmaso
Concílio [Regional] de Hipona (norte da África) 393 Aprovado um cânon do Antigo e do Novo Testamento (igual ao de Trento)
Concílio [Regional] de Cartago (norte da África) 397 Aprovado um cânon do Antigo e do Novo Testamento (igual ao de Trento)
Exupério, bispo de Toulouse 405 Escreve ao papa Inocêncio I pedindo uma lista dos livros canônicos. Papa Inocêncio oferece uma lista idêntica ao cânon de Trento

Autor: Charles the Hammer
Fonte: Catholicapologetics.Net
Tradução: Carlos Martins Nabeto

Messori explica o que se sabe e o que não se sabe de Judas

ROMA, 2006-04-17 (ACI).- ?A Heresia do Iscariotes benemérito? é o título de um artigo em que o polemista católico italiano Vittorio Messori, demonstra o absurdo que subjaz sobre a idéia de um Judas ?bondoso? que difunde o polêmico documentário ?O evangelho de Judas?, transmitido no Domingo de Ramos pela National Geographic. Messori, autor do ?Informe sobre a Fé? e do livro-entrevista com o Papa João Paulo II ?Cruzando o Limiar da Esperança?, escreve no diário Corriere della Sera que ?há dezoito anos a Igreja condenou uma heresia gnóstica entre muitas, aquela dos ?cainitas? que valorizando em chave anti-judaica as figuras negativas da Escritura, propunha a hipótese de um Iscariotes benéfico, traidor a pedido do próprio Jesus?.

Messori se surpreende que um texto que já era conhecido há mil e 800 anos e condenado pelos Padres da Igreja tenha merecido o ?clamor mediático suspeito de interesses comerciais? que na realidade ?não revela nada de novo, salvo alguns dos textos precisos sobre os quais caiu a condenação católica?.

Não sem ironia, o polemista italiano afirma que ?se ninguém fala das infinitas ridicularidades heterodoxas de textos apócrifos do Novo Testamento, talvez é não só porque os jornalistas sabem pouco, mas porque nenhuma empresa pensou em aproveitá-los para vender revistas, livros e DVDs?.

?E também porque ainda não se decidiu (pelo menos por enquanto, embora esteja se aproximando o momento) inserir-se no grotesco filão pseudo-bíblico do qual Dan Brown é apenas o provedor mais afortunado?, acrescenta.

Messori sim reconhece que entre os exegetas católicos existem legítimas discrepâncias sobre o que moveu Judar a trair Jesus.

No Tríduo Pascal, opina o autor, Bento XVI se adere à tese que afirma que Judas traiu porque ?valorizava Jesus segundo categorias do poder e do êxito: para ele o amor não conta, só o poder e o sucesso são realidade?.

Esta interpretação severa da traição de Judas, diz Messori, se fundamenta em que Judas, como os judeu de seu tempo esperava um Messias vencedor; ?mas a desilusão começou a crescer, frente ao repúdio de Jesus de assumir um papel político?.

Judas, então, teria traido não pelas trinta moedas ? que eram o preço de um escravo de pouco valor ? mas por que ?a maneira, pensada, de por Jesus contra a parede, de pressionar àquele Messias temeroso e tardo em mostrar seu poder: para não ser capturado teria finalmente mostrado qual é o poder de Deus que o tinha enviado?.

O fracasso do projeto de Judas, diz Messori, explica seu desespero e ?a crise que o levou ao suicidio?.

Mesmo que o o Papa se adira a esta postura, continua sendo uma hipótese e por isso a Igreja não definiu as motivações do traidor. Mas, do que não cabe dúvida, é que se tratou de um ato consciente, maligno e livre.

?Só Deus sabe o que é que aconteceu no coração daquele desventurado, e quais foram as motivações profundas da decisão fatal?.

Entretanto, Messori conclui indicando que, inclusive a respeito de Judas, a Igreja mantém sua postura: de ninguém se pode afirmar que foi condenado com absoluta certeza, nem mesmo se Jesus disse que ?melhor seria não ter nascido?.

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