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Grupo de anglicanos australianos anuncia sua adesão ao catolicismo

Primeiro caso depois da publicação da “Anglicanorum coetibus”

Por Carmen Elena Villa

SYDNEY, quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- A comunidade de anglicanos Foward in Faith, que tem sua sede principal na Austrália, poderia ser o primeiro caso de adesão coletiva à plena comunhão com a Igreja Católica depois da publicação da constituição Anglicanorum Coetibus, no último dia 4 de novembro.

Assim deu a conhecer o bispo anglicano David Robarts OAM, em declarações ao jornal australiano The Daily Telegraph, publicadas na terça-feira.

“Amo minha herança anglicana, mas não a perderei ao dar este passo”, assegurou o bispo.

Respeitar a tradição

A comunidade Foward in Faith, presente também na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, buscou permanecer fiel à tradição anglicana e rejeitou algumas modificações, entre elas o exercício do ministério sacerdotal e episcopal por parte das mulheres e a aprovação de alguns sacerdotes, bispos e líderes anglicanos abertamente homossexuais.

E, neste caminho – afirma o bispo –, “procuramos, durante 25 anos, ter algum tipo de supervisão episcopal, mas não conseguimos (…). Já não somos realmente queridos, nossa consciência não foi respeitada”.

Por isso, Robarts afirmou que ele e seus fiéis “vamos seguir este caminho, porque as portas nos foram fechadas na igreja anglicana da Austrália durante um longo tempo”.

E foi assim como, durante uma reunião realizada no último final de semana, cerca de 200 membros votaram unanimemente por voltar à plena e visível comunhão com a Igreja Católica.

Voltar a Roma

Com a publicação da Anglicanorum Coetibus, o Papa Bento XVI introduziu uma nova estrutura canônica que permite aos fiéis ex-anglicanos que entrem em plena comunhão com a Igreja Católica, conservando ao mesmo tempo elementos do patrimônio espiritual e litúrgico anglicano.

A figura dos ordinariatos pessoais, figura canônica de governo não restrita a um território, recorda a figura da prelazia pessoal (a única que existe é o Opus Dei), ou os vicariatos castrenses (diocese sem território na qual um bispo representa a autoridade eclesiástica para os militares ou forças da ordem católicas e suas famílias, independentemente de onde se encontrem).

Segundo o bispo Robarts, os membros desta comunidade, com a supervisão de Dom Peter Elliot, bispo auxiliar de Melbourne, e com a direção da Santa Sé, já começaram com os grupos de trabalho para estabelecer o primeiro ordinariato anglicano que poderia servir de protótipo para os que surgirão posteriormente em outros lugares do mundo.

O bispo David Robarts esclareceu, na entrevista com o The Daily Telegraph, que o passo que a comunidade Foward in Faith pretende dar não é como “quem troca de móveis”.

“Simplesmente estamos dizendo que fomos fiéis ao que os anglicanos acreditaram sempre e que não queremos mudar nada disso, mas nos marginalizaram devido àqueles que querem introduzir algumas ‘inovações’.”

“Precisamos ter bispos que acreditem naquilo que nós acreditamos”, concluiu Robarts.

Ex-arcebispo africano Emmanuel Milingo foi reduzido ao estado laical

VATICANO, 17 Dez. 09 / 12:45 pm (ACI).- O Escritório de Imprensa da Santa Sé informou que logo depois de vários anos de sofrimento pelos “lamentáveis comportamentos do arcebispo emérito de Lusaka, Emmanuel Milingo” e seus novos delitos, o Vaticano decretou sua redução ao estado laical.

O comunicado explica que “há vários anos, a Igreja segue com especial sofrimento a evolução dos fatos relacionados com os lamentáveis comportamentos do arcebispo emérito de Lusaka, Emmanuel Milingo. Houve muitos intentos para que o senhor Milingo voltasse para a comunhão com a Igreja católica, procurando também formas adequadas para consentir que ele exerça o ministério episcopal, com uma intervenção direta dos Supremos Pontífices João Paulo II e Bento XVI, que pessoalmente e com espírito de solicitude paterna seguiam o senhor Milingo”.

O texto recorda que “ao longo deste triste caso, já em 2001 o senhor Milingo se encontrou em situação irregular depois de atentar matrimônio com a senhora Maria Sung, incorrendo na pena medicinal de suspensão (cânones 1044 1, n.3; 1394, parágrafo 1 do C.I.C.). Sucessivamente encabeçou algumas correntes para a abolição do celibato sacerdotal e concedeu numerosas entrevistas aos meios de comunicação social, em aberta rebelião com as repetidas intervenções da Santa Sé e criando grave desconcerto e escândalo nos fiéis. Em particular, em 24 de setembro de 2006, o senhor Milingo ordenou quatro bispos em Washington sem o mandato pontifício”.

“O senhor Milingo incorreu portanto na pena da excomunhão latae sententiae (cânon 1382 do C.I.C.), declarada pela Santa Sé em 26 de setembro de 2006 e que segue em vigor. Por desgraça, o senhor Milingo não deu provas do esperado arrependimento em vista ao retorno à plena comunhão com o Supremo Pontífice e com os membros do colégio episcopal, mas seguiu exercendo ilegitimamente o episcopado, cometendo novos delitos contra a unidade da Santa Igreja. Em particular, nos meses passados procedeu em novas ordenações episcopais”, acrescenta.

Do mesmo modo, explica que “estes graves delitos, recentemente verificados, que são sinal da persistente contumácia do senhor Milingo obrigaram a Sé Apostólica a impor-lhe a ulterior pena da demissão do estado clerical”.

“Segundo quanto dispõe o cânon 292 do Código de Direito Canônico a ulterior pena da demissão do estado clerical, que se acrescenta agora a grave pena da excomunhão, comporta as seguintes conseqüências: a perda dos direitos e deveres ligados ao estado clerical, exceto a obrigação do celibato; a proibição do exercício do ministério, salvo o disposto no cânon 976 do Código de Direito Canônico nos casos de perigo de morte; a privação de todos os ofícios, de todos os cargos e de qualquer potestade delegada, incluída a proibição de utilizar o hábito eclesiástico. Em conseqüência, é ilegítima a participação dos fiéis em eventuais novas celebrações promovidas pelo senhor Emmanuel Milingo”, adverte.

Também explica que “a demissão do estado clerical de um Bispo é um fato absolutamente excepcional ao qual a Santa Sé se viu obrigada pela gravidade das conseqüências que se derivam para a comunhão eclesiástica do prosseguimento de ordenações episcopais sem mandato pontifício; a Igreja conserva, não obstante, a esperança de que ele reconheça seus erros”.

“Por isso se refere às pessoas ordenadas recentemente pelo senhor Milingo, é bem conhecida a disciplina da Igreja relativa à pena de excomunhão latae sententiae para aqueles que recebem a consagração episcopal sem Mandato Pontifício (cânon. 1382 C.I.C.). A Igreja, que manifesta esperança em sua conversão, renova o que foi declarado em 26 de setembro de 2006, quer dizer que não reconhece e não reconhecerá no futuro nem essas ordenações nem todas as ordenações delas derivadas e, portanto, o estado canônico dos presuntos bispos segue sendo o mesmo em que se encontravam antes da ordenação conferida pelo chamado senhor Milingo”.

Finalmente, pede que “nesta hora, marcada pela dor profunda da Comunidade eclesiástica por causa dos graves gestos realizados pelo senhor Milingo, confia-se à força da oração o arrependimento do culpado e o daqueles -sacerdotes ou fiéis leigos- que de alguma forma colaboraram com ele na realização de atos contra a unidade da Igreja de Cristo”.

Evitar secularização de sacerdotes e clericalização dos leigos, pede o Papa

Vaticano, 17 Set. 09 / 11:41 am (ACI).- Ao receber este meio-dia aos prelados do Setor Nordeste 2 da Conferência Nacional de Bispos Católicos do Brasil em visita ad limina, o Papa Bento XVI assinalou que ” É na diversidade essencial entre sacerdócio ministerial e sacerdócio comum que se entende a identidade específica dos fiéis ordenados e leigos. Por essa razão é necessário evitar a secularização dos sacerdotes e a clericalização dos leigos”.

Por isso, prosseguiu o Santo Padre, “os fiéis leigos devem empenhar-se em exprimir na realidade, inclusive através do empenho político, a visão antropológica cristã e a doutrina social da Igreja.
Por sua vez os padres não se devem comprometer pessoalmente na política, e isso para poderem favorecer a unidade e a comunhão de todos os fiéis e serem uma referência para todos”.

O Papa disse logo que “não é a falta de presbíteros que há de justificar uma participação mais ativa e numerosa dos leigos. Na realidade, quanto mais os fiéis se tornam conscientes das suas responsabilidades na Igreja, tanto mais sobressaem a identidade específica e o papel insubstituível do sacerdote como pastor do conjunto da comunidade, como testemunha da autenticidade da fé e dispensador, em nome de Cristo-Cabeça, dos mistérios da salvação”.

“A função do presbítero é essencial e insubstituível para o anúncio da Palavra e a celebração dos Sacramentos, sobretudo da Eucaristia, memorial do Sacrifício supremo de Cristo, que dá o seu Corpo e o seu Sangue. Por isso urge pedir ao Senhor que envie operários à sua Messe; além disso, é preciso que os sacerdotes manifestem a alegria da fidelidade à própria identidade com o entusiasmo da missão”.

Seguidamente o Papa Bento XVI ressaltou em relação à falta de sacerdotes que “é importante evitar que tal situação seja considerada normal ou típica do futuro”. Por isso animou aos bispos a “concentrar esforços para despertar novas vocações sacerdotais e encontrar os pastores indispensáveis, melhor formados e mais numerosos para sustentar a vida de fé e a missão apostólica dos fiéis”.

Mais uma vez, neste período em que a Igreja celebra o Ano Sacerdotal, Bento XVI propôs o Santo Cura d’Ars e Frei Galvão como modelos para os presbíteros, pois ambos procuraram imitar Jesus Cristo, fazendo-se não só sacerdote, mas também vítima e oblação como Jesus.

Finalmente o Papa remarcou que “já se manifestam numerosos signos de esperança para o futuro das Iglesias particulares, um futuro que Deus está preparando através da dedicação e da fidelidade com que exercem seu ministério episcopal”.

Perdão: etapa obrigatória no caminho da reconciliação

Reflexão do arcebispo Tomasi no Ano Internacional da Reconciliação

ROMA, terça-feira, 28 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Qualquer processo de reconciliação que envolva povos em conflito ou se destine ao alcance da estabilidade social não pode deixar de alimentar-se do perdão e, para isso, uma religião, como a católica, pode desempenhar um papel determinante.

É o que escreve em síntese o arcebispo Silvano M. Tomasi, observador permanente da Santa Sé na ONU, no artigo titulado “Reconciliação: a experiência da Igreja Católica”, publicado no boletim do Observatório Internacional Cardenal Van Thuan.

Em sua reflexão, o prelado parte do texto da Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas (61/17) que proclamou 2009 como Ano Internacional da Reconciliação e que se remete aos princípios de justiça e pacífica convivência, ainda que sem defini-la.

“A reconciliação – afirma Dom Tomasi – não pode dar-se no vazio.” De fato, explica, “toda a comunidade internacional deve desempenhar um papel ativo nos processos de salvaguarda da paz, construção da paz, desarmamento, desenvolvimento sustentável, promoção e defesa dos direitos humanos dentro da inalienável dignidade da pessoa humana, democracia, estado de direito, todas estas exigências que abrem caminho para a reconciliação”.

Em particular, acrescenta, para enfrentar a reconciliação entre adversários, a verdade e a justiça devem ser vistas como “indispensáveis elementos se a reconciliação deve levar a uma paz duradoura”.

“Nos últimos anos – escreve – tornou-se mais clara a consciência de que a reconciliação é um compromisso para a sociedade civil, para as igrejas e para os grupos de voluntários, para os estudiosos e universidades”, porque “uma paz duradoura não pode ser imposta”.

“Uma palavra que não está na Resolução das Nações Unidas e que, no entanto, é fundamental para toda concreta iniciativa de reconciliação é perdão, a vontade de voltar a começar, de restabelecer relações ininterruptas e de olhar para o futuro mais do que para o passado.”

“Aqui, as raízes religiosas da reconciliação assumem todo o seu significado”, afirma, porque “a própria palavra reconciliação provém da longa tradição da religião, que afirma que o perdão pode e deve reintegrar uma pessoa na comunidade e uma comunidade no mais amplo organismo de todos os crentes, e torna possível o passo da comunidade à comunhão”.

“A transformação está implícita na reconciliação e o perdão é uma transformação profunda e interior da pessoa que a torna consciente de que também as outras pessoas podem mudar”, explica.

Entre os primeiros passos que a Igreja Católica dá em iniciativas de reconciliação, o prelado indicou o de “fundar a reconciliação no centro da mensagem evangélica (Deus reconcilia o mundo em Cristo) e compartilhar esta boa notícia com o mundo mediante o ensinamento e a liturgia”.

Daqui deriva “o empenho cotidiano das comunidades em acolher e servir todo aquele que estiver em situação de necessidade e estruturar este empenho, em momentos específicos de crise, através de formas de reconciliação mais formalizadas” e “a ação ocasional diplomática de mediação e reconciliação entre Estados”.

“O laço que une estas várias formas de empenho – acrescenta o prelado – é o fundamento comum sobre o qual estas repousam: a fé em que a família humana é uma só e tem um destino comum, segundo o projeto de Deus.”

Um exemplo em tal sentido foi o envolvimento direto da Santa Sé em 1978 – graças sobretudo a João Paulo II – nas diferenças fronteiriças entre a Argentina e o Chile relativas à possessão das ilhas de Picton, Lennox e Nova no Estreito de Beagle, que conduziu a uma solução diplomática e desbaratou em um conflito.

Às vezes é, no entanto, a Igreja local quem intervém, como no caso da Conferência Episcopal da Colômbia, que guiou a Comissão Nacional de Conciliação, criada no dia 4 de agosto de 1995, com o fim de alcançar a pacificação no país. “Elemento chave desta política – escreve Dom Tomasi – é a defesa e a promoção dos direitos humanos e a aplicação dos princípios do direito internacional humanitário para os conflitos internacionais.”

O caminho rumo à reconciliação se refere também aos países ricos tecnologicamente avançados, “onde milhões de imigrantes impulsionam a Igreja a trabalhar pela integração, pela acolhida recíproca”, e onde se compreende que “a tolerância não é suficiente” e que o caminho a percorrer é o do respeito e do amor.

“Hoje, a necessidade de reconciliação como base para a paz é uma prioridade urgente”, sublinha o prelado, e “sem uma verdadeira reconciliação, a guerra voltará a se apresentar com regularidade”.

Por isso, recorda por último, “existe a necessidade de refletir ulteriormente sobre tudo isso e elaborar uma doutrina do jus post bellum (Direito após a guerra)”, porque “cerca da metade de todos os países que sai de uma guerra recai na violência antes de 5 anos”.

Arcebispo italiano suspende comunhão na mão para evitar abusos contra Eucaristia

BOLONHA, 10 Mai. 09 / 11:27 pm (ACI).- O Arcebispo de Bolonha, Cardeal Carlo Caffarra, decidiu proibir a comunhão na mão em três Iglesias de sua jurisdição e pediu aos sacerdotes muita cautela para evitar que se sigam cometendo abusos contra a Eucaristia.

Conforme informou a imprensa local, o Escritório de Pastoral das Comunicações Sociais da Arquidiocese de Bolonha publicou um comunicado oficial com as novas disposições do Cardeal.

O texto recorda que há vinte anos, em 1989, “entrava em vigor a resolução da Conferência Episcopal Italiana, que autorizava, com a aprovação da Santa Sede, a distribuição da Sagrada Comunhão na mão”.

Entretanto, precisa que nos últimos tempos se receberam notificações de graves abusos sobre esta decisão pelo que o Cardeal Caffarra decidiu que na Catedral de São Pedro, a Basílica de São Petrônio e o Santuário da Virgem de São Lucas, “a comunhão se distribua aos fiéis unicamente sobre a língua”.

Segundo uma carta do pró-vigário geral de Bolonha, Dom Gabriele Cavina, originaram-se “graves abusos”, porque “existem pessoas que levam as Sagradas Espécies para tê-las como ‘souvenires'”, “quem as vende”, ou pior “quem as leva para profaná-las em ritos satânicos”.

O sacerdote explicou que, “por desgraça, se repetiram casos de profanação da Eucaristia aproveitando a possibilidade de receber o Pão consagrado na palma da mão, sobre tudo, mas não exclusivamente, nas grandes celebrações ou nas grandes Iglesias que são lugares de passagem de numerosos fiéis. Por este motivo é bom para controlar o momento da Santa Comunhão a partir do cumprimento das normas comuns por todos bem conhecidas”.

O Cardeal Caffarra pediu que durante as Missas, “os servidores ajudem ao Ministro, na medida do possível, vigiando para que cada fiel, depois de ter recebido o Pão consagrado o consuma imediatamente ante o Ministro e por nenhum motivo seja levado dali, ou colocado no bolso ou em sacos ou em qualquer outro lugar, ou caia no chão e seja pisado”.

Santo Eusébio de Vercelli

Por Papa Bento XVI
Tradução: Zenit
Fonte: Vaticano/Zenit

Caros irmãos e irmãs,

Nesta manhã, eu vos convido a refletir sobre Santo Eusébio de Vercelli, o primeiro bispo da Itália setentrional de que temos notícia segura. Nascido em Sardenha no início do século IV, ainda em tenra idade se transferiu para Roma com sua família. Mais tarde foi instituído leitor, passando a fazer parte do clero de Urbe, em um tempo em que a Igreja era gravemente provada pela heresia ariana.

A grande estima que aumentou por Eusébio explica sua eleição em 345 à cátedra episcopal de Vercelli. O novo Bispo iniciou logo uma intensa obra de evangelização em um território ainda em grande parte pagão, especialmente na área rural.

Inspirado em Santo Atanásio – que havia escrito a «Vida de Santo Antônio», iniciador do monaquismo no Oriente –, fundou em Vercelli uma comunidade sacerdotal, semelhante a uma comunidade monástica. Esta experiência deu ao clero da Itália setentrional um significativo traço de santidade apostólica, e suscitou figuras de Bispos importantes, como Limênio e Onorato, sucessores de Eusébio em Vercelli, Gaudêncio em Novara, Esuperâncio em Tortona, Eustásio em Aosta, Eulógio em Ivrea, Máximo em Turim, todos venerados da Igreja como santos.

Solidamente formado na fé nicena, Eusébio defende com todas as forças a divindade de Jesus Cristo, definida no Credo de Nicéia «consubstancial» ao Pai. A tal propósito se aliou com os grandes Padres do século IV – sobretudo com Santo Atanásio, bispo da ortodoxia nicena – contra a política filo-ariana do imperador.

Para o imperador, a fé ariana, mais simples, parece politicamente mais útil como ideologia do império. Para ele, não importava a verdade, mas a oportunidade política: queria instrumentalizar a religião como ponto de unidade do império. Mas estes grandes Padres resistiram, defendendo a verdade contra a dominação da política. Por esse motivo, Eusébio foi condenado ao exílio como tantos outros Bispos do Oriente e do Ocidente: como o próprio Atanásio, como Hilário de Poitiers – dos quais falamos da última vez –, como Ósio de Córdoba. Em Escitópolis, na Palestina, onde foi confinado em 355 e em 360, Eusébio escreve uma página maravilhosa da sua vida.

Também lá fundou um cenóbio com um pequeno grupo de discípulos e desde então manteve o contato com seus fiéis de Piamonte, como demonstra sobretudo a segunda das três Cartas de Eusébio reconhecidas como autênticas.

Posteriormente, depois do ano 350, foi exilado na Capadócia e Tebaida, onde sofreu muito fisicamente. No ano 361, ao falecer Constâncio II, foi substituído pelo imperador Juliano, chamado o apóstata, a quem não lhe interessava o cristianismo como religião do império, mas que queria mais restaurar o paganismo. Ele acabou com o exílio desses bispos e deste modo permitiu também que Eusébio voltasse a tomar posse de sua sede.

No ano 362 foi convidado por Anastásio a participar no Concílio de Alexandria, que decidiu o perdão aos bispos arianos, com a condição de que voltassem ao estado leigo. Eusébio pôde continuar exercendo durante aproximadamente dez anos seu ministério episcopal, até a morte, estabelecendo com sua cidade uma relação exemplar, que inspirou o serviço pastoral de outros bispos da Itália do Norte, de quem falaremos nas próximas catequeses, como Santo Ambrósio de Milão e São Máximo de Turim.

A relação entre o bispo de Vercelli e sua cidade fica iluminada sobretudo por dois testemunhos epistolares. O primeiro se encontra na Carta já citada, que Eusébio escreveu desde o exílio de Escitópolis «aos queridíssimos filhos e aos presbíteros tão desejados, assim como aos santos povos firmes na fé de Vercelli, Novara, Ivrea e Tortona» («Ep. Secunda», CCL 9, p. 104). Estas expressões iniciais, que mostram a comoção do bom pastor ante seu rebanho, encontram ampla confirmação ao final da Carta, nas saudações do padre a todos e a cada um de seus filhos de Vercelli, com expressões transbordantes de carinho e amor.

Deve-se destacar antes de tudo a relação explícita que une o bispo com as «sanctae plebes» não só de Vercelli – a primeira, e por anos a única diocese do Piamonte –, mas também com as de Novara, Ivrea e Tortona, ou seja, as comunidades que, dentro da mesma diocese, haviam conseguido uma certa consistência e autonomia.

Outro elemento interessante aparece na despedida da Carta: Eusébio pede a seus filhos e a suas filhas que saúdem «também quem está fora da Igreja, e que se dignam a amar-nos: “etiam hos, qui foris sunt et nos dignantur diligere”». Sinal evidente de que a relação do bispo com sua cidade não se limitava à população cristã, mas se estendia também àqueles que, estando fora da Igreja, reconheciam em certo sentido sua autoridade espiritual e amavam este homem exemplar.

O segundo testemunho da relação singular que se dava entre o bispo e sua cidade aparece na Carta que Santo Ambrósio de Milão escreveu aos cristãos de Vercelli em torno ao ano 394, mais de 20 anos depois da morte de Eusébio («Ep. Extra collectionem 14»: Maur. 63). A Igreja de Vercelli estava passando um momento difícil: estava dividida e sem pastor. Com franqueza, Ambrósio declara que lhe custa reconhecer neles a «descendência dos santos padres, que deram sua aprovação a Eusébio sem antes vê-lo, sem tê-lo conhecido, esquecendo inclusive seus próprios concidadãos».

Na mesma Carta, o bispo de Milão testemunha claramente sua estima por Eusébio: «Um grande homem», escreve, que «mereceu ser eleito por toda a Igreja». A admiração de Ambrósio por Eusébio se baseia sobretudo no fato de que o bispo de Vercelli governava sua diocese com o testemunho de sua vida: «Com a austeridade do jejum governava sua Igreja». De fato, também Ambrósio estava fascinado, como reconhece ele mesmo, pelo ideal monástico da contemplação de Deus, que Eusébio havia buscado seguindo as pegadas do profeta Elias.

Em primeiro lugar, escreve Ambrósio, o bispo de Vercelli reuniu o próprio clero em «vita communis» e o educou na «observância das regras monásticas, apesar de viver na cidade». O bispo e seu clero tinham que compartilhar os problemas de seus concidadãos, e o fizeram de uma maneira crível, cultivando ao mesmo tempo uma cidadania diferente, a do Céu (cf. Hebreus 13, 14). E, deste modo, edificaram uma autêntica cidadania, uma autêntica solidariedade comum entre os cidadãos de Vercelli.

Deste modo, Eusébio, assumindo a causa da «sancta plebs», de Vercelli, vivia no seio da cidade como um monge, abrindo a cidade a Deus. Esta dimensão, portanto, não tirou nada de seu dinamismo pastoral. Entre outras coisas, parece que instituiu em Vercelli as igrejas rurais para um serviço eclesial ordenado e estável, e promoveu os santuários marianos para a conversão das populações rurais pagãs. Pelo contrário, este «caráter monástico» dava uma dimensão particular à relação do bispo com sua cidade. Igual aos apóstolos, por quem Jesus rezava na Última Ceia, os pastores e os fiéis da Igreja «estão no mundo» (Jo 17, 11), mas não são «do mundo».

Por esse motivo, os pastores, recordava Eusébio, têm que exortar os fiéis a não considerarem as cidades do mundo como sua morada estável, mas devem buscar a Cidade futura, a Jerusalém definitiva do céu. Esta «dimensão escatológica» permite aos pastores e aos fiéis salvaguardar a hierarquia justa dos valores, sem render-se jamais às modas do momento e às injustas pretensões do poder político. A autêntica hierarquia dos valores, parece dizer toda a vida Eusébio, não é decidida pelos imperadores de ontem ou de hoje, mas procede de Jesus Cristo, o Homem perfeito, igual ao Pai na divindade, e ao mesmo tempo homem como nós.

Referindo-se a esta hierarquia de valores, Eusébio não se cansa de «recomendar efusivamente» a seus fiéis que guardem «com todos os meios a fé, que mantenham a concórdia, que sejam assíduos na oração» (Ep. Secunda», cit.)

Queridos amigos, também eu vos recomendo de todo o coração estes valores perenes, e vos abençôo e saúdo com as mesmas palavras com as que o santo bispo Eusébio concluía sua segunda Carta: «Me dirijo a todos vós, irmãos meus e santas irmãs, filhos e filhas, fiéis dos dois sexos e de toda idade, para que… leveis nossa saudação também aos que estão fora da Igreja, e que se dignam a amar-nos» (ibidem).

Católicos e evangélicos reúnem-se em encontro em Lavrinhas

Evento é hospedado pela Comunidade Canção Nova

SÃO PAULO, quinta-feira, 29 de abril de 2008 (ZENIT.org).- De 30 de abril a 1 de maio, realiza-se o 1º Encontro de Irmãos Evangélicos e Católicos, em Lavrinhas (São Paulo), organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Os participantes irão se reunir sob o lema «Pai, para que todos sejam um» (Jo 17, 21). A anfitriã do evento é a comunidade Canção Nova em Lavrinhas.

Segundo um comunidado difundido pela Canção Nova, «superando décadas de distância, estes irmãos e irmãs sentiram profundamente o apelo do Senhor ao testemunho comum e discerniram que era o momento de reunir-se, para orar e ouvir a Palavra de Deus».

Trata-se de um primeiro passo deste tipo no Brasil, semelhante ao que tem acontecido na Itália (Bari) e na Argentina (Buenos Aires) – sempre sob o olhar pastoral dos bispos católicos.

O evento é promovido pela ação conjunta de Novas Comunidades Católicas e representantes pentecostais.

Do âmbito católico, estarão Matteo Calisi (da Comunità di Gesù, Itália), a Sra. Doris Hoyer de Carvalho (Comunidade Bom Pastor, Rio de Janeiro) e o Sr. Izaías de Souza Carneiro (Comunidade Coração Novo, Rio de Janeiro).

No Brasil, a iniciativa surge espontaneamente e de um modo informal, a partir dos contatos de Matteo Calisi com diferentes líderes e presbíteros católicos, e dos contatos de vários pastores – como Pr. Jorge Himitian, que é um dos líderes da renovação no âmbito evangélico, tanto na Argentina como no Brasil.

O encontro não terá um caráter oficial, mas fraterno. Serão momentos de oração e louvor a Deus, compartilhando experiências e ouvindo a Sagrada Escritura.

O presidente da Comissão para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da CNBB, Dom José Alberto Moura, acredita que este encontro oferece a oportunidade de viver uma experiência de reconciliação, fundada no Batismo e na vida da graça.

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