Cardeal Errázuriz, um ano após a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano

Por Bernardita M. Cubillos

SANTIAGO, quarta-feira, 28 de maio de 2008 (ZENIT.org).- A resposta da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, celebrada há um ano em Aparecida (Brasil), à perda de católicos é um impulso sem precedentes a sair para evangelizar, afirma um dos co-presidentes daquela reunião eclesial.

«O número dos católicos diminuiu na última década como nunca antes na história, uma vez que se multiplicam as comunidades pentecostais e as seitas. Aumentou a indiferença e a descrença; esta última, em vários países, entre muitos jovens. A urgência de sair a evangelizar se tornou imperiosa», afirma o cardeal Francisco Javier Errázuriz, na última edição (50) da revista «HUMANITAS», da Universidade Católica do Chile.

Com o objetivo de prolongar as horas de graça da conferência celebrada na cidade brasileira, o arcebispo faz uma recontagem de suas impressões e dos frutos recolhidos um ano depois dos acontecimentos.

Afirma o fato de que voltar a Aparecida supõe reencontrar-se com sua mensagem central, o chamado a seguir «Jesus Cristo vivo, que nos faz seus discípulos missionários», uma vocação da qual, segundo declarou, participam todos os cristãos.

«Ser cristãos não consiste meramente em ser batizado e participar ocasional ou freqüentemente das celebrações do Povo de Deus. Ser cristão é ser sempre discípulo missionário de Jesus Cristo, na comunhão dos seus, enviados a construir seu Reino», expressa.

O cardeal Errázuriz constata em seu artigo o progressivo desaparecimento do espírito cristão na cultura dos povos latino-americanos.

«Em muitos países carregamos sobre nossos ombros a cruz pesada de estar perdendo no âmbito público, no discurso político e em muitos meios de comunicação a evidência do sentido de nossa vida como cristãos, a memória das contribuições do cristianismo aos nossos povos», assinala.

Frente a este contexto, ele fez um convite a impulsionar a evangelização da cultura. Manifestou que é necessário «apontar para a evangelização de nossas convicções, de nossos comportamentos e costumes, para a maneira como cultivamos a relação com a natureza, entre nós e com Deus».

Relendo a mensagem de Aparecida, o cardeal resume a situação continental nestes termos: «a Conferência de Aparecida constatou na América Latina e no Caribe grandes vacilações no âmbito das convicções e nos valores, o desconcerto que produz quem quer suplantar o substrato católico de nossa cultura por outros modelos de vida, de família e de convivência social, a incoerência com a fé de inumeráveis batizados, a incapacidade que demonstraram tantos construtores da sociedade de optar preferentemente pelos pobres na hora de tomar incisivas decisões».

Dessa forma, destaca a responsabilidade universal de todo cristão nesta missão, dirigindo-se particularmente aos fiéis leigos presentes nas realidades temporais: «A busca do bem de nossos povos em todas as suas dimensões leigas e a transformação das estruturas da sociedade, de maneira que sejam favoráveis à vida, é uma tarefa que implica uma opção pela missão específica dos fiéis leigos em meio às realidades temporais, presença responsável e ativa nos novos e antigos areópagos, nas cidades e nos campos, nas periferias e nos centros de decisão».

Com relação ao papel fundamental da família na sociedade e do direito essencial à vida, recorda a imperiosa exigência de defendê-los: «A opção pela vida de Jesus Cristo para nossos povos é desta forma uma opção pela família, pela cultura da vida e pela própria vida. Sobre a pastoral familiar, depois de constatar as ameaças sobre a família como realidade viva e como instituição, pede (o Documento de Aparecida) que, dado que a família é o valor mais querido por nossos povos, deve assumir-se a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora da Igreja».