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Orientações do Vaticano para uma leitura correta das Sagradas Escrituras

Fonte: Dominus Vobiscum

Além dos cinco pontos que citei no post [Que parâmetros devemos ter para ler as Sagradas Escrituras?] para uma leitura correta das Sagradas Escrituras, encontrei algumas observações interessantes na Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Revelação divina, Dei Verbum, que recomenda três pontos ao se ler a Palavra de Deus:

1. Conteúdo e unidade da Escritura inteira – Quer dizer, não interpretar uma parte da Escritura fora do seu contexto integral. Muitas vezes um versículo só será bem entendido quando lido juntamente com outros.

Lembro-me de uma história que me contaram. Uma mulher estava com depressão, com vontade de morrer e resolveu “abrir a bíblia” para ver se havia um versículo que lhe desse uma direção. Ela abriu a bíblia e caiu no Evangelho…

Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.
(Mt 27,5)

Óbvio que aquela Senhora assustou-se com a palavra. Resolveu pegar uma outra palavra. E veio esta:

…Vai, e faze tu o mesmo…
(Lc 10,37)

Portanto, não podemos analisar a Bíblia fora do seu contexto. Um velho jargão nos ensina que: Um texto fora do contexto vira pretexto. Eu não posso sair por ai, interpretando a bíblia do meu jeito. Não posso sair “abrindo a bíblia” e interpretando um versículo isolado sem ler o contexto da palavra.

2. A Tradição viva da Igreja – A interpretação da Palavra de Deus nunca pode estar em desacordo com a Tradição da Igreja e vice-versa. A Palavra e a Tradição nunca andam desalinhadas. A palavra dos Papas, Santos Padres da Igreja e seus doutores estão sempre de acordo com a Palavra.

3. Analogia da fé – Como havia dito antes. Uma parte da Bíblia nunca poderá estar em desacordo com a outra. Precisamos sempre verificar a coesão das verdades da fé entre si. Uma não pode ser oposta a outra, pois o Espírito Santo não se contradiz.

“Verbum Domini”, exortação apostólica em sintonia com “Dei Verbum”

Segundo o prefeito da Congregação para os Bispos, Marc Ouellet

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 11 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – A exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, divulgada hoje, “retoma a mesma mensagem 45 anos depois” da constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II.

Assim afirmou o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet PSS, durante a apresentação do documento pontifício, realizada hoje na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na coletiva de imprensa, intervieram também: Dom Nikola Eterovic, secretário-geral do Sínodo dos Bispos; seu subsecretário, Dom Fortunato Frezza; e Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura.

A Verbum Domini, escrita por Bento XVI, é fruto da 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, realizada de 5 a 26 de outubro de 2008.

Reflexão sobre a Bíblia

O cardeal Ouellet afirmou que a Verbum Domini responde às necessidades da Igreja neste nascente terceiro milênio.

Disse também que, ainda que no século 20 tenha havido um renascer de consciência da necessidade da Palavra de Deus em temas como a reforma litúrgica, a catequese e os estudos bíblicos, “existe um déficit que deve ser suprido em relação à vida espiritual do povo de Deus”.

“Este tem o direito de ser mais inspirado e nutrido por uma aproximação mais orante e mais eclesial das Sagradas Escrituras”, declarou o purpurado.

Em vários pontos da exortação apostólica, Bento XVI insiste em que o cristianismo “não é fruto de uma sabedoria humana ou de uma ideia genial”, destacou o cardeal Oullet, e sim “de um encontro e de uma aliança com uma Pessoa que dá à existência humana sua orientação e forma decisivas”.

A Verbum Domini “oferece, assim, a contemplação pessoal e eclesial da Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras, na Divina Liturgia e na vida pessoal e comunitária dos fiéis”, disse o prefeito.

Interpretação das Escrituras

O purpurado se referiu também às quase 40 páginas nas quais Bento XVI destaca a necessidade de apresentar uma hermenêutica de forma “clara, construtiva, situando a ciência bíblica, exegética e teológica no interior e ao serviço da fé da Igreja”.

Faz-se necessária uma interpretação das Sagradas Escrituras que deve ser complementada com uma leitura teológica e científica e que, além disso, exige “o valor da exegese patrística” e que convida “os exegetas, teólogos e pastores a um diálogo construtivo para a vida e para a missão da Igreja”.

Igualmente, concluiu o purpurado, a meditação da Bíblia “expõe também a atividade missionária e a evangelização” e por isso “renova a consciência da Igreja de ser amada e sua missão de anunciar a Palavra de Deus com audácia e com confiança na força do Espírito Santo”.

(Carmen Elena Villa)

Sagrada Tradição, Sola Scriptura e a Divisão Católica

Fonte: Veritatis Splendor

Introdução

Em muitos de nossos artigos temos falado sobre como a Sola Scriptura tem colaborado para a divisão doutrinária no Protestantismo. Em contrapartida os protestantes afirmam que a Sagrada Tradição não trouxe para o Catolicismo a unidade doutrinária. E utilizam esta afirmação como desculpa para continuarem professando a Sola Scriptura. Em suma a lógica protestante é esta: a Sagrada Tradição não trouxe unidade doutrinária ao catolicismo então não há motivo para abandonar a Sola Scriptura e/ou aceitar a Sagrada Tradição. Vejamos se este argumento levantado por nossos contendores é válido.

Primeira análise: análise da corroboração histórica e bíblica

Para verificarmos se há verdade na Sola Scriptura devemos verificar se ela foi ensinada pelos Santos Apóstolos. Se examinarmos os escritos dos Pais da Igreja, não acharemos lá a Sola Scriptura. Acharemos sim, eles defendendo a Fé utilizando as Escrituras, mas isso não é Sola Scriptura como alguns sugerem. Da mesma forma os encontraremos defendendo a Fé utilizando o ensino oral dos Apóstolos, ou o que no catolicismo é chamado de Sagrada Tradição.

Nem na Bíblia encontramos a Sola Scriptura, encontraremos sim, versículos dizendo que Escritura é útil para ensinar, exortar na fé. E isso também não é Sola Scriptura. Da mesma forma encontraremos versículos testemunhando que tanto o ensino oral dos Apóstolos também é Palavra de Deus ao lado das Sagradas Escrituras.

Tanto o testemunho histórico quanto o bíblico nega a Sola Scriptura e por isto é suficiente para que esta doutrina humana seja abandonada do meio Cristão; o que não acontece com a Sagrada Tradição que é corroborada por ambos.

Segunda análise: análise da divisão doutrinária católica

Os protestantes normalmente chamam de divisão católica a opinião dos Bispos católicos sobre as questões de fé e moral. Devo informar que a opinião de qualquer clérigo, seja qual for (diácono, padre, Bispo ou Papa) não é doutrina católica. A doutrina católica não é formada pelo conjunto dos pensamentos dos ministros da Igreja, mas sim da Verdade Revelada por Cristo e pelos Apóstolos (Sagrada Tradição e Sagrada Escritura), pelo ensino dos Concílios Ecumênicos e Decretos Papais (Sagrado Magistério), que é claro tem a colaboração de seus clérigos. A síntese de tudo isto pode ser encontrado, por exemplo, no Catecismo da Igreja Católica ou nas Cartas Apostólicas dos Papas.

Desta forma, não pelo fato de existirem (infelizmente) Bispos de orientação TL (Teologia da Libertação) que faz a TL doutrina Católica. A Doutrina Católica possui um corpo bem definido, com fronteiras bem conhecidas pelas quais é possível afirmar se um Bispo lhe é fiel ou não, se está ou não respeitando-a quando ensina algo em nome da Igreja.

Outros protestantes apontam como divisão da doutrina católica a diferença doutrinária entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O leitor não deve confundir diferença doutrinária com diferença disciplinar.

A doutrina é o conjunto dos ensinamentos sobre a Fé e a Moral e é imutável. A disciplina é o conjunto de normas que regulam as atividades e a vida religiosa da Igreja, e é mutável. Exemplificando, a fé na Trindade é dogma da Igreja, é faz parte da sua doutrina, e não pode ser mudado, a Igreja manhã não pode dizer que Maria faz parte da Trindade (como alguns malucos andaram sugerindo…). O Celibato dos Padres é uma norma disciplinar, a Igreja amanhã poderá mudar isso e autorizar o casamento dos Padres.

A Igreja Católica é formada por todas as dioceses (1) em plena comunhão com o Bispo de Roma. A Igreja Católica devido à diferença de rito e/ou disciplina classifica-se em Igreja Latina (de rito e disciplina Romanos) e Igreja Oriental (de rito e disciplina Orientais, como a Igreja Católica Melquita, Igreja Católica Maronita, etc). As dioceses chefiadas por Bispos cismáticos (legítimos sucessores dos apóstolos mas que não estão com plena comunhão com o Bispo Romano) fazem parte da Igreja Católica, mas sim da Igreja Ortodoxa, por isso não podem ser chamados de católicos já que não fazem parte da comunhão católica, são tão somente Igrejas Particulares (2). Assim enganam-se aqueles que imaginam uma divisão doutrinária no Catolicismo.

Contextualizando isso, há sim, diferenças doutrinárias entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. Por exemplo, a grande maioria dos católicos ortodoxos não aceitam a Infabilidade do Bispo de Roma, outros não aceitam as duas naturezas de Cristo (monofisistas) e ainda há aqueles que dizem que o Espírito Santo procede somente do Pai e não também do Filho.

A diferença doutrinária entre Católicos e Ortodoxos é ínfima se comparada com a diferença doutrinária existente entre as milhares de denominações protestantes. A estrada que divide a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa é curta, o que torna a unidade doutrinária entre ambas possível. Há muitos esforços da Santa Sé neste sentido. Já no protestantismo o desejo do Senhor de que todos sejam um (cf. Jo 17,11. Jo 17,21-22) torna-se praticamente é impossível.

Depois do Cisma do Oriente, o desenvolvimento (não invenção) da doutrina que se dava em comunhão entre todos os Bispos, desde o Concílio de Jerusalém, acontecia de forma separada entre Igreja Católica e Ortodoxa. Daí que tem origem as divergências doutrinárias hoje existentes entre as duas Igrejas.

Este delta doutrinário poderia ser maior se não fosse pela Sagrada Tradição, que tem exercido a função de uma verdadeira liga, já que tanto a Igreja Católica como a Igreja Ortodoxa guardam (também) como Palavra de Deus a mesma Sagrada Tradição, e a utilizam como fundamento para o desenvolvimento de suas doutrinas (3).

Conclusão

A atual desculpa protestante para continuar no erro da Sola Scriptura não se sustenta pela análise da corroboração histórica e bíblica, já que esta doutrina não encontra amparo na memória cristã e nem na própria Sagrada Escritura.

Também não se sustenta pela análise da divisão doutrinária católica. Embora a Sagrada Tradição não tenha impedido a divisão doutrinária entre Católicos e Ortodoxos, pela própria natureza desta divisão (como anteriormente foi exposto), ela não corrobora com isto, ao contrário da Sola Scriptura ( já que embute em si própria a dourina do Livre Exame, que faz de cada cristão o seu próprio mestre e professor.). É exatamente a Sagrada Tradição que torna possível que cristãos católicos e ortodoxos se encontrem, caminhando a pé pela estrada que os separa.

Notas

(1) Uma diocese ( do latim diocesis) é uma organização com base territorial que abrange determinada população sujeita á autoridade e administração de um Bispo legítimo, isto é ordenado através da sucessão dos Apóstolos.

(2) “É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a eparquia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).” (Catecismo da Igreja Católica Compêndio no. 167. ver também CIC 832-835).  A Igreja Particular perde sua catolicidade se não está integrada à Comunhão Católica.

(3) O desenvolvimento doutrinário tanto da Igreja Católica quanto da Igreja Ortodoxa também se apóia na Sagrada Escritura.

Papa pede que se supere a própria “preguiça espiritual”

Em visita à paróquia de São João da Cruz, em Roma

ROMA, domingo, 7 de março de 2010 (ZENIT.org). – Um convite a superar a própria “preguiça espiritual” para que nos tornemos autênticos missionários de Cristo: foi essa a mensagem deixada por Bento XVI ao visitar, na manhã deste domingo, a paróquia de São João da Cruz, em Roma.

Este foi o segundo encontro da paróquia com um Pontífice – em 27 de março de 2004, representantes da comunidade foram recebidos em audiência por João Paulo II na Sala Paulo VI, junto com representantes de outras paróquias italianas.

A comunidade foi fundada em 1989 por seu atual pároco, Enrico Gemma, hoje com 68 anos, que, quando jovem, viveu a experiência do carmelo e decidiu dedicar a paróquia a são João da Cruz.

Antes de entrar, o Papa, acompanhado pelo cardeal vigário Agostino Vallini, deteve-se por um tempo para cumprimentar os muitos fiéis reunidos do lado de fora dos portões paroquiais.

Em sua saudação inicial a Bento XVI, o padre Gemma disse: “Padre santo, hoje gostaríamos de dar muita alegria a seu coração de padre e pastor, apresentando-lhe um povo em festa, uma comunidade unida no amor de Cristo, uma assembléia santa convocada à presença de seu pastor”.

“Acolha, Padre Santo, a vida e as esperanças de todas as nossas crianças. Abençoa o trabalho e o amor de seus pais. Conforte nos sofrimento nossos doentes e queira confirmar nossos tão numerosos colaboradores no serviço generoso à comunidade”, continuou.

“Permitam-se envolver-se cada vez mais pelo desejo de anunciar a todos o Evangelho de Jesus”, disse o Papa aos fiéis em sua homilia. “Não esperem que outras venham trazendo outras mensagens, que não conduzam à vida. Façam de vocês mesmos missionários de Cristo para os irmãos, onde vivem, trabalham e estudam”.

Abordando em seguida o tema referente ao período litúrgico que estamos vivendo, o Pontífice lembrou que “na Quaresma, cada um de nós é convidado por Deus a reorientar a própria existência, pensando e vivendo segundo o Evangelho, corrigindo o modo de falar, de agir, de trabalhar e de se relacionar com os outros”.

“Jesus nos faz este apelo não com severidade, mas porque está preocupado como nosso bem, nossa felicidade, nossa salvação” – enfatizou Bento XVI. “Cabe a nós responder com um sincero esforço interior, pedindo que nos ajude a entender os pontos que devemos nos converter”.

Ao final, o Papa parabenizou as iniciativas de caridade da comunidade, que fazem frente aos problemas sociais da região. De fato, a paróquia atua com voluntários da Cáritas e da Comunidade Sant’Egídio na assistência de mais de 80 famílias necessitadas.

“Minha visita tem a intenção de encorajá-los a realizarem sempre o melhor por essa Igreja de pedras vivas que são vocês”.

“Exorto agora a fazerem desta Igreja um lugar no qual se aprende a escutar sempre melhor ao Senhor que nos fala nas Sagradas Escrituras”, concluiu.

Após a missa, antes de retornar ao Vaticano, Bento XVI reuniu-se com os membros do conselho paroquial, pedindo que continuassem a “construir a Igreja de pedras vivas, sendo assim também um centro de irradiação da Palavra de Deus em nosso mundo, que tanto dela necessita.”

Santo Ambrósio Autperto

Por Papa Bento XVI
Tradução: L’Osservatore Romano
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs!

A Igreja vive nas pessoas e quem deseja conhecer a Igreja, compreender o seu mistério, deve considerar as pessoas que viveram e vivem a sua mensagem, o seu mistério. Por isso há muito tempo falo nas catequeses da quarta-feira de pessoas das quais podemos aprender o que é a Igreja. Começámos com os Apóstolos e com os Padres da Igreja e, pouco a pouco, chegamos ao século VIII, o período de Carlos Magno. Hoje gostaria de falar de Ambrósio Autperto, um autor bastante desconhecido: as suas obras de facto foram atribuídas em grande parte a outras personagens mais conhecidas, como Santo Ambrósio de Milão e Santo Ildefonso, sem falar das que os monges de Montecassino consideraram dever atribuir a um seu abade anónimo, que viveu quase um século mais tarde. Prescindindo de breves menções autobiográficas inseridas no seu grande comentário ao Apocalipse, temos poucas notícias certas sobre a sua vida. A leitura atenta das obras das quais a pouco e pouco a crítica lhe reconhece a paternidade permite contudo descobrir no seu ensinamento um tesouro teológico e espiritual precioso também para o nosso tempo.

Nasceu na Provença, numa família distinta, Ambrósio Autperto — segundo o seu tardio biógrafo Giovanni — fez parte da corte do rei dos francos Pepino o Breve onde, além do encargo oficial, desempenhou de certa forma também o de preceptor do futuro imperador Carlos Magno. Provavelmente no séquito do Papa Estêvão II, que em 753-54 fora à corte franca, Autperto veio à Itália e teve a ocasião de visitar a famosa abadia beneditina de São Vicente, na nascente do Volturno, no ducado de Benevento. Fundada no início daquele século pelos três irmãos de Benevento Paldone, Tatone e Tasone, a abadia era conhecida como oásis de cultura clássica e cristã. Pouco depois da sua visita, Ambrósio Autperto decidiu abraçar a vida religiosa e entrou naquele mosteiro, onde pôde formar-se de modo adequado, sobretudo no campo da teologia e da espiritualidade, segundo a tradição dos Padres. Por volta de 761 foi ordenado sacerdote e a 4 de Outubro de 777 foi eleito abade com o apoio dos monges francos, enquanto que lhe eram contrários os longobardos, favoráveis ao longobardo Potone. A tensão de inspiração nacionalista não se apaziguou nos meses sucessivos, com a consequência que Autperto no ano seguinte, 778, pensou em demitir-se e retirar-se com alguns monges francos em Espoleto, onde podia contar com a protecção de Carlos Magno. Mas mesmo assim o dissídio no mosteiro de S. Vicente não foi aplainado, e alguns anos mais tarde, quando morreu o abade que sucedeu a Autperto, foi eleito precisamente Potone (a. 782), o contraste voltou a alastrar e chegou-se à denúncia do novo abade junto de Carlos Magno. Ele remeteu os contendentes para o tribunal do Pontífice, o qual os convocou em Roma. Chamou também como testemunha Autperto o qual, durante a viagem faleceu improvisamente, talvez assassinado, a 3o de Janeiro de 784.

Só dentro da Igreja se pode compreender a Bíblia como Palavra de Deus, diz o Papa

VATICANO, 23 Abr. 09 / 11:41 am (ACI).- “Somente o contexto eclesiástico permite à Sagrada Escritura ser compreendida como autêntica palavra de Deus que se faz guia, norma e regra para a vida da Igreja e o crescimento espiritual dos fiéis”. Com estas palavras, o Papa Bento XVI recebeu esta manhã a 30 representantes da Pontifícia Comissão Bíblica que acabam de celebrar sua assembléia plenária.

O Pontífice se referiu ao tema da reunião, “A inspiração e a verdade na Bíblia“, e destacou sua relevância porque “corresponde não somente ao fiel a não ser a toda a Igreja, já que a vida e a missão da Igreja se fundamentam na Palavra de Deus que é alma da teologia e, ao mesmo tempo, fonte de inspiração de toda a existência cristã. Além disso, a interpretação das Sagradas Escrituras é de importância capital para a fé cristã e para a vida da Igreja”.

Segundo o Pontífice, “o estudo científico dos textos sagrados não é suficiente de por si. Para respeitar a coerência da fé da Igreja o exegeta católico deve estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, no interior da mesma fé da Igreja”.

“A interpretação das Sagradas Escrituras não pode ser somente um esforço científico individual: deve sempre confrontar-se, inserir-se e autentificar-se mercê à tradição viva da Igreja. Esta norma é decisiva para precisar a relação correta e recíproca entre a exegese e o magistério da Igreja”, explicou.

O Papa assinalou que “o exegeta católico não nutre a ilusão individualista de que, fora da comunidade dos fiéis se compreendam melhor os textos bíblicos. Em realidade, é verdadeiro o contrário, já que esses textos não se deram aos investigadores para satisfazer sua curiosidade ou facilitar-lhes com argumentos de estudo e investigação. Os textos inspirados Por Deus foram confiados à comunidade de fièis, à Igreja de Cristo, para alimentar a fé e guiar a vida de caridade”.

“A Sagrada Escritura -disse o Papa citando a constituição dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II- é a palavra de Deus, enquanto escrita por inspiração do Espírito Santo. A Tradição recebe a Palavra de Deus, encomendada por Cristo e o Espírito Santo aos Apóstolos e a transmite íntegra aos sucessores para que eles, iluminados pelo Espírito da verdade, conservem-na, exponham-na e a difundam fielmente em seu predicação”.

O Papa recordou que o Concílio Vaticano II indica “três critérios sempre válidos para uma interpretação da Sagrada Escritura conforme ao Espírito que a inspirou. Em primeiro lugar, é necessário prestar grande atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura já que, por muito diferentes que sejam os livros que a formam, a Sagrada Escritura é uma, devido à unidade do plano de Deus do qual Jesus Cristo é o centro e o coração”.

Em segundo lugar, “terá que ler a Escritura no contexto da tradição viva de toda a Igreja. Efetivamente, a Igreja leva em sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus e é o Espírito Santo quem brinda à Igreja a interpretação segundo o sentido espiritual”.

O terceiro critério é “prestar atenção à analogia da fé, quer dizer à coesão das singulares verdades de fé entre si e com o plano geral da Revelação e a plenitude da divina economia que encerra”.

O católico e as Bíblias protestantes

Fonte: DenisDuarte.com

São várias as traduções de Bíblia disponíveis para nós hoje em dia. Segundo comunicado da União das Sociedades Bíblicas, divulgado pela Rádio Vaticano, são 451 línguas para as quais a Bíblia foi traduzida integralmente, enquanto aquelas para as quais foi traduzida em parte são 2.479. Isso confirma a Sagrada Escritura como o livro mais traduzido no mundo e assim 95% da população mundial têm hoje condições de a ler em uma língua conhecida.

No Brasil, por exemplo, são muitas as traduções da Bíblia que temos à disposição. Eu mesmo possuo várias delas como: a Bíblia Jerusalém, TEB, Peregrino, Ave Maria e CNBB. E além dessas, existem outras muito boas também.

Citei algumas das traduções católicas, mas quero chamar a atenção para as de orientação protestante, que são das mais variadas denominações. Quem nunca ganhou uma Bíblia ou um Novo Testamento de orientação protestante? É comum encontrar católicos que ganham esse material de presente e acabam por fazer uso dele. Essa observação é importante porque muitos católicos acabam fazendo uso delas [Bíblias protestantes], inclusive sem saber, ou sem a informação do porquê devem fazer uso de uma Bíblia Católica. Nesse momento você pode se perguntar: e qual problema em usar uma Bíblia protestante se tudo é Bíblia?

Basicamente por dois motivos:

Primeiro, porque para o protestantismo os livros: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16 e Daniel 3,24-20; 13-14 não fazem parte da Bíblia. Por isso, as Bíblias protestantes, para nós católicos, estão incompletas em comparação com as nossas traduções.

O segundo motivo é que, sendo de orientação protestante, essas Bíblias trarão as informações extras, como introduções aos livros bíblicos e notas de rodapé, dicionários bíblicos… entre outros possíveis comentários, orientados pela sua própria doutrina, que é diferente da doutrina católica. E essas informações são muito importantes para o entendimento do texto; e se estas forem de orientação protestante, elas estarão de acordo com a doutrina protestante e não com a católica.

Esse conselho para que o católico faça uso de uma Bíblia católica não se trata de preconceito quanto ao protestantismo. Trata-se mais de uma coerência com a fé professada. Um católico ao usar uma Bíblia protestante pode misturar conteúdos, interpretações causando confusões para si mesmo e para os outros, uma vez que a maneira de entender as Sagradas Escrituras e de construir a doutrina é diferente entre católicos e protestantes. Por isso também sempre aconselho a um protestante a fazer uso de uma Bíblia que vá de acordo com a sua profissão de fé, para evitar as mesmas confusões.

E como vou saber se a Bíblia que eu uso é de orientação católica? Para isso, basta conferir se sua Bíblia possui o imprimatur, que em geral, vem em uma das primeiras páginas da Bíblia e trata-se de uma autorização de um bispo com sua assinatura ou da própria CNBB – uma aprovação eclesiástica permitindo aquela impressão/tradução e afirmando que ela está de acordo com o que corresponde a uma Bíblia da Igreja Católica Apostólica Romana. Dessa maneira, além da garantia de todos os livros do Cânon Católico, você poderá ficar seguro quanto às demais informações trazidas pela sua Bíblia, de que elas estão dispostas conforme a doutrina por nós professada.

Mas o que fazer com a Bíblia protestante que ganhei? Faça como eu. Dê de presente para um protestante. Tenho amigos protestantes com os quais tenho um combinado: quando eu ganho uma Bíblia de orientação protestante eu os presenteio com ela e, por sua vez, quando eles é que ganham uma Bíblia católica, eu sou presenteado por eles. Dessa forma, além de evitarmos confusões quanto ao uso desses livros sagrados e consequentemente de doutrinas diferentes, ao trocarmos esses presentes fortalecemos nossa amizade e os laços cristãos que nos unem.

Que Deus nos abençoe!

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