Fonte: Apologistas Católicos
INTRODUÇÃO
Como sabemos, é costume protestante afirmar que a Pedra mencionada por Jesus em Mateus 16, 18, não era o próprio apóstolo Pedro. Já vimos aqui em outra matéria a análise grega do texto (ser visto aqui) e a analise de como os primeiros cristãos interpretavam a passagem (Podem ser vistas aqui, aqui e aqui). Apesar disto, muitos protestantes ainda teimam em argumentar que Pedro era um “pedregulho” ou “pedrinha” e não a própria Pedra mencionada por Jesus. Baseado nisto, resolvi não mais usar meus argumentos para mostrar aos protestantes qual a interpretação da passagem, e sim mostrar a interpretação de outros célebres conhecedores do grego, primeiro fizemos de São Jerônimo, um dos mais renomados estudiosos e tradutores do grego da história cristã (pode ser vista aqui), depois partimos para os Padres Gregos (pode ser vista aqui), pois nada é melhor do que mostrar os teólogos que tinha o grego koiné como língua materna, e agora na ultima desta série, partiremos para mostrar aos protestantes o que estudiosos, biblistas e exegetas protestantes tem a dizer. Fiz uma seleção dos mais conhecidos e usados estudiosos protestantes. Vamos então ver o que estes tem a nos dizer do texto grego:
“κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶ ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ οἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς.”
ESTUDIOSOS PROTESTANTES SOBRE MATEUS 16, 18
NÃO HÁ DISTINÇÃO ENTRE “PETROS” E “PETRA”
Gostaria de mostrar, primeiro, um dos dicionários do Novo Testamento mais conhecidos entre os protestantes da atualidade, o dicionário de James Strong, na sua definição da tradução de PETRA ele diz o seguinte em inglês:
“(4073) pe>tra, — pet’-ra; feminine of the same as Pe>tros (4074); a (mass of) rock (literal or figurative): — rock.”
Tradução:
“(4073) p e t r a, – pet’-ra; feminino do mesmo que P e t r o s, um (massa) rocha (literal ou figurado): – rocha.”
Ora, um dos mais renomados dicionários protestantes da atualidade diz que PETRA e PETRUS são a mesma coisa e que petra é o feminino de Petrus e ainda aparecem nos protestantes para dizer-nos que PETRUS é pedrinha? Quem desejar conferir no próprio dicionário protestantes pode acessar este link abaixo e verificar:
http://www.htmlbible.com/sacrednamebiblecom/kjvstrongs/FRMSTRGRK40.htm
Vamos a mais 5 estudiosos protestantes para mostrar que não há diferença nenhuma entre as palavras.
“Em aramaico ‘Pedro’ e ‘Rocha’ são a mesma palavra, em grego (aqui), são termos cognatos que foram usados indistintamente por este período.” (Craig S. Keener, The IVP Bible Background Commentary New Testament, (Downer’s Grove, IL: Intervarsity Press, 1993), 90.)
“Embora seja verdade que petros e petra podem significar ‘pedra’ e ‘rocha’, respectivamente, no início grego, a distinção está amplamente confinada à poesia.” – (Frank E. Gaebelein, ed., The Expositor’s Bible Commentary: Volume 8 (Matthew, Mark, Luke), (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1984), 368.)
“Muitos insistem na distinção entre as duas palavras gregas, ‘Tu és Petros e sobre esta Petra’ sustentando que se a rocha significava Pedro, tanto petros e petra teria que ser usados usado duas vezes, e que petros significa uma pedra ou fragmento quebrado separado, enquanto petra é a rocha maciça, mas essa distinção é quase totalmente confinada a poesia, a palavra comum prosa em vez de petros como sendo lithos; nem é a distinção uniformemente observada.” (John A. Broadus, Commentary on the Gospel of Matthew, (Valley Forge, PA: Judson Press, 1886), 355.)
Convido ao leitor protestante a ler este livro de John Broadus sobre o evangelho de Mateus, especificamente tudo o que diz respeito a Mateus 16, 18, é só clicar na referência que poderá ler toda a pagina online.
João Calvino contra a interpretação protestante
Nada melhor do que mostrar um pai do protestantismo, refutando a interpretação de seus seguidores:
“Eu admito que em grego Pedro (Petros) e pedra (petra) significam a mesma coisa, salvo que a primeira palavra é Ático [do antigo dialeto grego clássico da região da Ática], o segundo da língua comum” (John Calvin, Calvin’s New Testament Commentaries: The Harmony of the Gospels Matthew, Mark, and Luke, vol. 2, 188.)
Veremos por ultimo agora o que diz o autor protestante Gerhard Friedrich:
“O trocadilho óbvio que tem feito o seu caminho para o texto grego também sugere uma identidade material entre petra e Petros, tanto mais que é impossível diferenciar estritamente entre os significados das duas palavras.” (Gerhard Friedrich, ed., and Geoffrey W. Bromley, trans. and ed., Theological Dictionary of the New Testament, vol. VI, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), 98-99.)
“ESTA PEDRA” SE REFERE A PEDRO
Qualquer estudioso sério reconhece que Pedro é a Pedra mencionada por Jesus, apesar das alegações contrárias, e isso não foi diferente com muitos escritores protestantes que nos relatam as conclusões que veremos a baixo:
“Jesus, então, está prometendo a Pedro que ele vai construir sua igreja sobre ele! Eu aceito este ponto de vista.” (William Hendriksen, New Testament Commentary: Exposition of the Gospel According to Matthew, (Grand Rapids, MI: Baker, 1973), 647.)
“Hoje em dia um amplo consenso que – de acordo com as palavras do texto – se aplica a promessa a Pedro como uma pessoa. Neste ponto teólogos liberais (HJ Holtzmann, E. Schweiger) e conservadores (Cullmann, Flew) concordam, bem como representantes da exegese católica romana.”. (Gerhard Maier, “The Church in the Gospel of Matthew: hermeneutical Analysis of the Current Debate,” trans. Harold H. P. Dressler, in D. A. Carson, ed., Biblical Interpretation and Church Text and Context, (Flemington Markets, NSW: Paternoster Press, 1984), 58)
“Pelas palavras ‘Esta pedra’ Jesus fala não a si mesmo, nem o seu ensino, nem Deus o Pai, nem a confissão de Pedro, mas o próprio Pedro” (J. Knox Chamblin, “Matthew,” in Walter A. Eldwell, ed., Evangelical Commentary on the Bible (Grand Rapids: MI: Baker, 1989), 742)
“… Se, então, Mateus 16, 18 nos obriga a assumir uma identidade formal e material entre petra e Petros, isso mostra como integralmente o apostolado, e nela a um grau especial a posição de Pedro, pertence e é essencialmente fechado dentro, a revelação de Cristo. Petros se isoo é petra, e não apenas a sua fé ou a sua confissão.” (Gerhard Friedrich, ed., and Geoffrey W. Bromley, trans. and ed., Theological Dictionary of the New Testament, vol. VI, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), 98-99.)
“A expressão ‘esta pedra’ quase certamente se refere a Pedro, seguindo imediatamente após o seu nome, assim como as palavras seguindo ‘o Cristo’ em vs. 16 aplicado a Jesus. O jogo de palavras no grego entre o nome de Pedro (Petros) e a palavra ‘pedra’ (petra) só faz sentido se Pedro for a rocha e se Jesus estivesse prestes a explicar o significado desta identificação.” (Craig L. Blomberg, The New American Commentary: Matthew, vol. 22, (Nashville: Broadman, 1992), 251-252.)
“A fundação da comunidade messiânica será Pedro, a rocha, que é o destinatário da revelação e criador da confissão (cf. Ef 2, 20). O papel significativo de liderança de Pedro é uma questão de história sóbria… O sentido claro de toda a declaração de Jesus parece concordar melhor com a visão de que a rocha sobre a qual Jesus edifica a Sua Igreja é Pedro.” (William E. McCumber, “Matthew,” in William M. Greathouse and Willard H. Taylor, eds., Beacon Bible Expositions, vol. 1, (Kansas City, MO: Beacon Hill, 1975), 125.)
“‘Tu és Pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.’ Pedro é aqui retratado como a fundação da igreja.” (M. Eugene Boring, “Matthew,” in Pheme Perkins and others, eds., The New Interpreter’s Bible, vol. 8, (Nashville, TN: Abingdon Press, 1995), 345.)
“Deixe-se observar que Jesus não poderia aqui dizer pela rocha, de forma consistentemente com a imagem, porque ele é o construtor. Dizer, ‘Eu construirei’, seria uma imagem muito confusa. A sugestão de alguns expositores que em dizendo: ‘tu és Pedro, e sobre esta pedra’, ele apontou para si mesmo envolve uma artificialidade que para algumas mentes é repulsiva.” (John A. Broadus, Commentary on the Gospel of Matthew, (Valley Forge, PA: Judson Press, 1886), 356.)
“Outra interpretação é que a palavra pedra refere-se a si próprio Pedro. Este é o significado óbvio da passagem.” (Albert Barnes, Notes on the New Testament, Robert Fraw, ed., (Grand Rapids, MI: Baker, 1973), 170)
“É sobre o próprio Pedro, o confessor de sua messianidade, que Jesus vai edificar a Igreja. O discípulo se torna, por assim dizer, a pedra fundamental da comunidade. Tentar interpretar o ‘pedra’ como algo diferente de Pedro em pessoa (por exemplo, a sua fé, a verdade revelada a ele) são devido ao viés protestante, e apresentam a declaração de um grau de sutileza que é altamente improvável.” (David Hill, “The Gospel of Matthew,” in Ronald E. Clements and Matthew Black, eds., The New Century Bible Commentary, (London: Marshall, Morgan & Scott, 1972), 261)
“Alguns intérpretes têm, portanto se referido a Jesus como roccha aqui, mas o contexto é contra isso. Tampouco é provável que a fé de Pedro ou a confissão de Pedro é pretendida. Ela é, sem dúvida, o próprio Pedro, que é para ser a rocha, mas Pedro confessando, fiel e obediente.”- D. Guthrie e outros, The New Bible Commentary, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1953) [reeditado pela Inter-Varsity Press], 837.
“Não há nenhuma boa razão para pensar que Jesus mudou de Petros para petra para mostrar que Ele não estava falando do homem, Pedro, mas de sua confissão como a fundação da Igreja. As palavras ‘sobre esta pedra [petra]; na verdade se referem a Pedro.”.( Herman N. Ridderbos, Bible Student’s Commentary: Matthew, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1987), 303.)
“O jogo de palavras e toda a estrutura da passagem exige que este versículo esteja tão ligado declaração de Jesus sobre Pedro como vs. 16 foi a declaração de Pedro a respeito de Jesus. Claro que é com base na confissão de Pedro de que Jesus declara seu papel como a fundação da igreja, mas é para Pedro, e não sua confissão, que a metáfora da rocha é aplicada.” (R. T. France, The Gospel According to Matthew, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1985), 254.)
“As freqüentes tentativas que têm sido feitas, raramente no passado, para negar isso em favor da opinião de que a própria confissão é a rocha (por exemplo, mais recentemente Caragounis) parecem estar em grande parte motivado pelo preconceito protestante contra uma passagem que é usada pelos católicos romanos para justificar o papado.” (Donald A. Hagner, “Matthew 14-28,” in David A. Hubbard and others, eds., World Biblical Commentary, vol. 33b, (Dallas: Word Books, 1995), 470.)
Nenhuma palavra é necessária para complementar a conclusão destes autores protestantes.
DUAS PALAVRAS DIFERENTES FORAM USADAS POR QUE NÃO SE PODE USAR UM SUBSTANTIVO FEMININO PARA UM HOMEM
“O grego faz a distinção entre petros e petra simplesmente porque ele está tentando preservar o trocadilho, e em grego o feminino petra não poderia servir muito bem como um nome masculino”. (Frank E. Gaebelein, ed., The Expositor’s Bible Commentary: Volume 8 (Matthew, Mark, and Luke), (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1984), 368.)
“Ao usar ambas as formas masculina e feminina da palavra, no entanto, Mateus não estar tentanto distânciar Pedro, Petros, de ‘esta pedra’, petra. Pelo contrário, o evangelista muda os sexos, simplesmente porque Simão, um macho, é dada uma forma masculina do substantivo feminino para o seu novo nome.” (James B. Shelton, letter to the authors, 21 October 1994, 1, in Scott Butler, Norman Dehlgren, and Rev. Mr. David Hess, Jesus Peter and the Keys: A Scriptural Handbook on the Papacy, (Goleta, CA: Queenship, 1996), 23.)
“O nome de Pedro (agora não deu em primeiro, mas profeticamente dado por nosso Senhor em sua primeira entrevista com Simão (João 1, 42)), ou Cefas, que significa uma rocha, a rescisão sendo apenas alterada a partir petra a Petros de acordo com a denominação masculina, denota a posição pessoal deste apóstolo na construção da Igreja de Cristo.” (Henry Alford, The New Testament for English Readers, vol. 1, (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 119.)
“A explicação mais provável para a mudança da Petros (‘Pedro’) para petra é que petra era a palavra normal para ‘rocha’. Porque a terminação feminina deste substantivo fez inadequada como nome de um homem, no entanto, Simão não foi chamado petra, mas Petros”. (Herman N. Ridderbos, Bible Student’s Commentary: Matthew, (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1987), 303.)
“A palavra feminina para rocha, petra, é necessariamente alterada para o masculino petros (pedra) para dar o nome de um homem, mas a palavra é inconfundível (e em aramaico seria ainda mais assim, como a mesma forma kepha ocorreria em ambos os lugares).” (R. T. France, The Gospel According to Matthew, (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1985), 254.)
CONCLUSÃO
Se depois de todas essas matérias ainda há algum protestante que negue que Pedro era a Pedra de Mateus 16, 18, resta-nos apenas seguir o que nos ensina as Escrituras:
“Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o” (Tito 3, 10)
http://catholicity.elcore.net/SimonIsTheRock.html
http://phatcatholic.blogspot.com.br/2006/09/protestant-scholars-on-mt-1616-19.html
RODRIGUES, Rafael. Mateus 16, 18: Estudiosos protestantes Adversus protestantes. Disponível em: < http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/papado/598-mateus-16-18-estudiosos-protestantes-adversus-protestantes >. Desde: 18/05/2013