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“Codex Sinaiticus” pode ser admirado na internet

Uma das Bíblias mais antigas hoje conservadas

ROMA, terça-feira, 7 de julho de 2009 (ZENIT.org).- O “Codex Sinaiticus”, um dos textos mais antigos conservados da Bíblia, já pode ser admirado e lido na internet, no endereço http://www.codexsinaiticus.org.

O Codex é uma Bíblia manuscrita, confeccionada entre os anos 330 e 350. Junto com o “Codex Vaticanus”, que é algo anterior ao “Codex Sinaiticus”, é um dos manuscritos de maior valor para a crítica textual do Novo Testamento em sua versão grega, como a versão grega dos Setenta (ou Septuaginta) do Antigo Testamento.

Mede 33,5 centímetros de largura por 37,5 centímetros de altura.

Seus fragmentos se encontram divididos em várias bibliotecas do mundo, por isto se firmou em Londres há quatro anos um documento de reunificação, processo que aconteceu graças à tecnologia digital. O projeto custou mais de um milhão de euros.

Durante vários séculos o “Codex Sinaiticus” permaneceu no Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai. No século XIX o manuscrito se dividiu e hoje os textos do Antigo e Novo Testamento se encontram repartidos entre esse Mosteiro, a Biblioteca Britânica (neste lugar se encontra a maior parte; 347 páginas das 400 totais), a Biblioteca da Universidade de Leipzig na Alemanha, e a Biblioteca Nacional da Rússia em São Petersburgo.

Foi o teólogo alemão Constantin Von Tischendorf, quem em 1844 levou partes do texto para Alemanha e Rússia. Os monges autorizaram ao teólogo a levar 43 páginas de pergaminho para Leipzig.

Em 1859, Von Tischendorf regressou ao Sinai, descobriu mais partes do manuscrito e convenceu novamente os monges de que o melhor era levá-las também para Leipzig e doá-las ao czar da Rússia, com cujo apoio havia feito essa segunda viagem.

Parte do manuscrito foi logo parar na União Soviética, que em 1933 vendeu parte desses pergaminhos ao Museu Britânico de Londres, enquanto que os restantes ficaram em São Petersburgo.

Os monges ortodoxos gregos pensavam que haviam perdido o manuscrito, mas em 1975 descobriram uma dúzia de suas páginas em um quarto esquecido, enterradas após um derrubamento. Os monges conservam uma cópia da nota deixada por Tischendorf prometendo devolver o manuscrito.

A edição digital do manuscrito foi elaborada conjuntamente pela Biblioteca Britânica, a Biblioteca Universitária de Leipzig e a Biblioteca Nacional da Rússia, em São Petersburgo.

Mais informação: http://www.codexsinaiticus.org

Só dentro da Igreja se pode compreender a Bíblia como Palavra de Deus, diz o Papa

VATICANO, 23 Abr. 09 / 11:41 am (ACI).- “Somente o contexto eclesiástico permite à Sagrada Escritura ser compreendida como autêntica palavra de Deus que se faz guia, norma e regra para a vida da Igreja e o crescimento espiritual dos fiéis”. Com estas palavras, o Papa Bento XVI recebeu esta manhã a 30 representantes da Pontifícia Comissão Bíblica que acabam de celebrar sua assembléia plenária.

O Pontífice se referiu ao tema da reunião, “A inspiração e a verdade na Bíblia“, e destacou sua relevância porque “corresponde não somente ao fiel a não ser a toda a Igreja, já que a vida e a missão da Igreja se fundamentam na Palavra de Deus que é alma da teologia e, ao mesmo tempo, fonte de inspiração de toda a existência cristã. Além disso, a interpretação das Sagradas Escrituras é de importância capital para a fé cristã e para a vida da Igreja”.

Segundo o Pontífice, “o estudo científico dos textos sagrados não é suficiente de por si. Para respeitar a coerência da fé da Igreja o exegeta católico deve estar atento a perceber a Palavra de Deus nestes textos, no interior da mesma fé da Igreja”.

“A interpretação das Sagradas Escrituras não pode ser somente um esforço científico individual: deve sempre confrontar-se, inserir-se e autentificar-se mercê à tradição viva da Igreja. Esta norma é decisiva para precisar a relação correta e recíproca entre a exegese e o magistério da Igreja”, explicou.

O Papa assinalou que “o exegeta católico não nutre a ilusão individualista de que, fora da comunidade dos fiéis se compreendam melhor os textos bíblicos. Em realidade, é verdadeiro o contrário, já que esses textos não se deram aos investigadores para satisfazer sua curiosidade ou facilitar-lhes com argumentos de estudo e investigação. Os textos inspirados Por Deus foram confiados à comunidade de fièis, à Igreja de Cristo, para alimentar a fé e guiar a vida de caridade”.

“A Sagrada Escritura -disse o Papa citando a constituição dogmática Dei Verbum do Concílio Vaticano II- é a palavra de Deus, enquanto escrita por inspiração do Espírito Santo. A Tradição recebe a Palavra de Deus, encomendada por Cristo e o Espírito Santo aos Apóstolos e a transmite íntegra aos sucessores para que eles, iluminados pelo Espírito da verdade, conservem-na, exponham-na e a difundam fielmente em seu predicação”.

O Papa recordou que o Concílio Vaticano II indica “três critérios sempre válidos para uma interpretação da Sagrada Escritura conforme ao Espírito que a inspirou. Em primeiro lugar, é necessário prestar grande atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura já que, por muito diferentes que sejam os livros que a formam, a Sagrada Escritura é uma, devido à unidade do plano de Deus do qual Jesus Cristo é o centro e o coração”.

Em segundo lugar, “terá que ler a Escritura no contexto da tradição viva de toda a Igreja. Efetivamente, a Igreja leva em sua Tradição a memória viva da Palavra de Deus e é o Espírito Santo quem brinda à Igreja a interpretação segundo o sentido espiritual”.

O terceiro critério é “prestar atenção à analogia da fé, quer dizer à coesão das singulares verdades de fé entre si e com o plano geral da Revelação e a plenitude da divina economia que encerra”.

O católico e as Bíblias protestantes

Fonte: DenisDuarte.com

São várias as traduções de Bíblia disponíveis para nós hoje em dia. Segundo comunicado da União das Sociedades Bíblicas, divulgado pela Rádio Vaticano, são 451 línguas para as quais a Bíblia foi traduzida integralmente, enquanto aquelas para as quais foi traduzida em parte são 2.479. Isso confirma a Sagrada Escritura como o livro mais traduzido no mundo e assim 95% da população mundial têm hoje condições de a ler em uma língua conhecida.

No Brasil, por exemplo, são muitas as traduções da Bíblia que temos à disposição. Eu mesmo possuo várias delas como: a Bíblia Jerusalém, TEB, Peregrino, Ave Maria e CNBB. E além dessas, existem outras muito boas também.

Citei algumas das traduções católicas, mas quero chamar a atenção para as de orientação protestante, que são das mais variadas denominações. Quem nunca ganhou uma Bíblia ou um Novo Testamento de orientação protestante? É comum encontrar católicos que ganham esse material de presente e acabam por fazer uso dele. Essa observação é importante porque muitos católicos acabam fazendo uso delas [Bíblias protestantes], inclusive sem saber, ou sem a informação do porquê devem fazer uso de uma Bíblia Católica. Nesse momento você pode se perguntar: e qual problema em usar uma Bíblia protestante se tudo é Bíblia?

Basicamente por dois motivos:

Primeiro, porque para o protestantismo os livros: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16 e Daniel 3,24-20; 13-14 não fazem parte da Bíblia. Por isso, as Bíblias protestantes, para nós católicos, estão incompletas em comparação com as nossas traduções.

O segundo motivo é que, sendo de orientação protestante, essas Bíblias trarão as informações extras, como introduções aos livros bíblicos e notas de rodapé, dicionários bíblicos… entre outros possíveis comentários, orientados pela sua própria doutrina, que é diferente da doutrina católica. E essas informações são muito importantes para o entendimento do texto; e se estas forem de orientação protestante, elas estarão de acordo com a doutrina protestante e não com a católica.

Esse conselho para que o católico faça uso de uma Bíblia católica não se trata de preconceito quanto ao protestantismo. Trata-se mais de uma coerência com a fé professada. Um católico ao usar uma Bíblia protestante pode misturar conteúdos, interpretações causando confusões para si mesmo e para os outros, uma vez que a maneira de entender as Sagradas Escrituras e de construir a doutrina é diferente entre católicos e protestantes. Por isso também sempre aconselho a um protestante a fazer uso de uma Bíblia que vá de acordo com a sua profissão de fé, para evitar as mesmas confusões.

E como vou saber se a Bíblia que eu uso é de orientação católica? Para isso, basta conferir se sua Bíblia possui o imprimatur, que em geral, vem em uma das primeiras páginas da Bíblia e trata-se de uma autorização de um bispo com sua assinatura ou da própria CNBB – uma aprovação eclesiástica permitindo aquela impressão/tradução e afirmando que ela está de acordo com o que corresponde a uma Bíblia da Igreja Católica Apostólica Romana. Dessa maneira, além da garantia de todos os livros do Cânon Católico, você poderá ficar seguro quanto às demais informações trazidas pela sua Bíblia, de que elas estão dispostas conforme a doutrina por nós professada.

Mas o que fazer com a Bíblia protestante que ganhei? Faça como eu. Dê de presente para um protestante. Tenho amigos protestantes com os quais tenho um combinado: quando eu ganho uma Bíblia de orientação protestante eu os presenteio com ela e, por sua vez, quando eles é que ganham uma Bíblia católica, eu sou presenteado por eles. Dessa forma, além de evitarmos confusões quanto ao uso desses livros sagrados e consequentemente de doutrinas diferentes, ao trocarmos esses presentes fortalecemos nossa amizade e os laços cristãos que nos unem.

Que Deus nos abençoe!

O falacioso Protestantismo

Fonte: Veritatis Splendor
Por Pedro Ravazzano

“Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja católica”. Santo Agostinho

O protestantismo vive num círculo vicioso. Vejamos, se hoje os Pais da Reforma ressuscitassem milagrosamente cairiam para trás ao ver a situação das igrejas por eles criadas e, muito provavelmente, seriam chamados de idólatras e pagãos por seus irmãos e filhos. Na verdade não precisamos ir tão longe na imaginação; comparem uma igreja metodista, anglicana, calvinista, luterana dos EUA, da Europa e do Brasil! Os metodistas ingleses e americanos usam imagens – ou ao menos usá-las não é motivo de discussão -, fazem igrejas em estilos góticos, gostam de cantos sacros e apreciam a piedosa devoção. Anglicanos invocam os santos, usam turibulo, seus líderes se paramentam como os Sacerdotes e Bispos católicos, constroem igrejas extremamente belas, usam velas, incensos etc. Já a Catedral Calvinista de Genebra honra a São Pedro, era lá onde Calvino pregava, fica ao lado do Museu da Reforma, quase um Vaticano protestante. Os luteranos do hemisfério norte também seguem diversas tradições católicas que eram respeitadas até mesmo pelos reformadores, se assemelham aos anglicanos quanto a isso. Eu apenas abordei pontos externos, se fosse fazer uma análise teológica as diferenças entre as denominações seriam gritantes. Os Pais da Reforma eram homens, em sua maioria, doutos e cultos, tinham acesso a obras de grande peso na cristandade, dominavam línguas, tinham uma cultura destacada; Lutero era um teólogo com relevo no cenário alemão, Calvino tinha uma formação clássica, Wesley, que apareceu séculos mais tarde, se educou na prestigiosa Universidade de Oxford. A questão que aparece é a seguinte, se esses homens estavam errados na sua hermenêutica bíblica, na compreensão do tal cristianismo primitivo, por que raios um pastor qualquer em pleno mundo moderno se colocaria como o descobridor da verdade cristã? Qual a autoridade que ele usa? Os Pais da Reforma se diziam inspirados pelo Espírito Santo, iluminados por Deus, o mesmo Espírito Santo e o mesmo Deus que “inspira” e “ilumina” os homens que hoje fazem interpretações e chegam a conclusões diferentes das obtidas pelos Luteros e Calvinos da vida – conclusões essas que na época da reforma já não eram nada parecidas! E, muito provavelmente, esses mesmos pastores serão refutados no futuro por outros irmãos seus que enxergaram diferentes verdades na Sagrada Escritura. O mais irônico de tudo isso é que uma das bases fundamentais usadas por eles para endossar essas novas compreensões a respeito do cristianismo e da Bíblia são conhecimentos científicos, ou seja, um respaldo extra-bíblico que influencia no estudo e na hermenêutica dos textos da Sagrada Escritura. Onde foi parar a Sola Scriptura?

Os protestantes consideram a Bíblia auto-sustentável, ou seja, a chave da correta hermenêutica se encontra na própria Escritura. Pois bem, isso deveria confirmar que a hermenêutica bíblica, seja lá de qual tempo, é contínua e inerrante, já que interpreta um Livro eterno e também inerrante, mas não é isso que enxergamos dentro do protestantismo.

O "Paganismo" da Igreja Católica

Por: Greg Oatis
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: http://www.veritatis.com.br/

Certa gente sustenta que a Igreja Católica não foi fundada por Jesus Cristo, tratando-se muito mais de um culto pagão com laços que a unem com a antiga Babilônia. Esta idéia ganhou ampla difusão através de um livro intitulado “As Duas Babilônias”, publicado na Inglaterra por Alexander Hislop, em 1858, o qual pretendia estabelecer um paralelo entre os ensinamentos e práticas do Catolicismo com a religião mistérica praticada na citada Babilônia. No entanto, a metodologia usada pelo autor do livro, um ministro protestante sem qualquer formação séria, foi descartada e denunciada como falsa a partir do ponto de vista racional e histórico.

“E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração. E o anjo me disse: Por que te admiras? Eu te direi o mistério da mulher, e da besta que a traz, a qual tem sete cabeças e dez chifres” (Apocalipse 17,1-7).

Esta passagem bíblica é usada freqüentemente para “provar” que a Igreja Católica é a “prostituta da Babilônia” descrita por São João em sua visão. Tal interpretação não é apenas errônea mas também impossível de ser reconciliada com a História. É óbvio, para quem estuda as Escrituras seriamente, que São João está se referindo a Roma como “a Grande Prostituta”, já que Roma e Babilônia foram as únicas duas potências do mundo a quem Deus permitiu assolar Jerusalém, levando seu povo cativo ao exílio. Tanto escritos judaicos quanto cristãos têm comparado Roma com a antiga Babilônia, já que ambas subjugaram Israel, destruíram o Grande Templo e assolaram Jerusalém.

Um conhecido promotor das interpretações de Hislop, Ralph Woodrow, seguindo o mesmo caminho, chegou a escrever outro livro, chamado “Babilônia: a Religião dos Mistérios”. Anos depois, Woodrow precisou rejeitar o método que havia aprendido de Hislop, quando eruditos de seu próprio grupo protestante lhe apontaram seus graves erros e sua falta de erudição. Em 1997, Woodrow publicou uma retratação, “Conexão Babilônia?”, na qual expõe os pontos de partida essencialmente equivocados das teorias originais do religioso fundamentalista escocês. Para ilustrar o tipo de lógica defeituosa em questão, Woodrow usa os mesmíssimos métodos de Hislop para “demonstrar” uma teoria disparatada: que uma certa cadeia de restaurantes de fast-food tinha sua origem na Babilônia. Citemos:

Bento XVI reafirma importância da leitura espiritual da Bíblia

Hoje durante a oração do Ângelus

Por Inma Álvarez

CIDADE DO VATICANO, domingo, 26 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- O Papa Bento XVI explicou, durante a saudação aos peregrinos na Praça de São Pedro por ocasião do Ângelus, a importância de unir a leitura espiritual com a exegese científica na hora de se aproximar da leitura da Bíblia.

Este tema, explicou o Papa, foi um aspecto sobre o qual se refletiu durante o Sínodo, «a relação entre a Palavra e as palavras, isto é, entre o verbo divino e as escrituras que o expressam».

«A Sagrada Escritura é Palavra de Deus em palavras humanas. Isso implica que todo o texto deve ser lido tendo presente a unidade de toda a Escritura, a viva tradição da Igreja e a luz da fé», afirmou o Papa.

«Se é verdade que a Bíblia é também uma obra literária, ou mais ainda, o grande código da cultura universal, também é verdade que ela não deve se despojar do elemento divino, mas ser lida no mesmo Espírito em que foi composta.»

Portanto, acrescentou, tanto a exegese científica como a lectio divina são importantes; «ambas são necessárias e complementárias para buscar, através do significado literal, o espiritual, que Deus quer nos comunicar hoje».

Neste sentido, referindo-se aos ensinamentos da constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, recordou que «uma boa exegese bíblica exige tanto o método histórico-crítico como o teológico».

O Papa se referiu também ao recentemente concluído Sínodo dos Bispos como «uma experiência forte de comunhão eclesial, mas esta ainda mais porque no centro da atenção foi colocado o que ilumina e guia a Igreja: a Palavra de Deus, que é Cristo em pessoa».

«Vivemos cada dia em escuta religiosa, advertindo toda a graça e a beleza de ser seus discípulos e servidores – acrescentou – e experimentamos a alegria de ser convocados pela Palavra, e especialmente na liturgia encontramos o caminho dentro dela, como nossa terra prometida, que nos leva a antegozar o Reino dos céus.»

A Bíblia dos Testemunhas de Jeová é confiável?

Por José Carlos Sampedro Forner
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Veritatis Splendor

Freqüentemente em suas visitas domiciliares, os Testemunhas de Jeová não acham inconveniente que se use uma Bíblia católica. Porém, insensivelmente, a vão deixando para recorrer a sua própria versão. É confiável esta versão? Poderíamos falar de duas versões: a inglesa “Tradução do Novo Mundo” e a espanhola “Tradução do Novo Mundo da Santas Escrituras”.

Em inglês, quanto ao que se refere ao Novo Testamento, possuem uma edição especial intitulada “Tradução Interlinear das Escrituras Gregas”. Nela apresentam:

  • O texto grego do Novo Testamento (segundo a edição crítica de Wescott e Hort, que é altamente aceitável, ainda que hoje em dia se prefira a de Nestlé-Aland);
  • A tradução inglesa interlinear (ajustada ao grego, palavra por palavra);
  • A tradução inglesa em coluna à parte (esta versão já não é fiel como a interlinear, encontrando-se abundantemente falsificada).

A tradução espanhola, segundo se lê em sua introdução, depende da versão inglesa de 1961, ainda que se diga que foi consultado fielmente os antigos textos hebraicos e gregos. Lendo-a atentamente, logo se vê que depende mais do texto inglês que dos textos originais.

Vamos apresentar alguns textos, de questões fundamentais, especialmente as relacionadas com a divindade de Cristo. Veremos, então, como esta versão está deturpada.

  • João 1,1: Versão espanhola: “No princípio a Palavra era, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era um deus”.Na versão interlinear inglesa lemos: “and god was the Word” o que, traduzido literalmente seria: “e deus era a Palavra”. Na coluna da direita, ao contrário, foi introduzido o artigo indeterminado, lendo-se: “and the Word was a god”, ou seja, “e a Palavra era um deus”. No prólogo da edição se diz que, quando se sugerem interpolações no texto original serão assinaladas entre colchetes. Aqui, ao contrário, não há nada que sugira essa interpolação que eles realmente fazem.
  • Atos 20,28: Versão espanhola: “Prestem atenção em vocês mesmos e em todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos nomeou superintendentes, para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio [Filho].O texto grego admitido na edição diz literalmente: “que ele comprou com seu próprio sangue”. Assim é traduzido na versão interlinear: “through the blood of the own (one)”. Na coluna da direita já se fala de Filho: “With the blood of his own (son)”, ou seja, “com o sangue de seu próprio [Filho]”. De qualquer forma, o sangue derramado para comprar o povo só pode se referir ao sangue de Cristo; porém, fica muito mais fortemente expressa a sua divindade quando diz que “Deus o adquiriu com seu próprio sangue”. Aí não cabe qualquer discussão sobre se é o Deus verdadeiro ou apenas o “Filho de Deus”.Outras advertências que fazemos a esta tradução é que a palavra “superintendentes” corresponde ao grego “episkopous” que, técnicamente, se traduce por “bispos”. Também a palavra “congregação” se refere ao grego “ekklesía”, que significa “igreja”. Paulo, pois, fala aos “bispos da Igreja”.
  • Romanos 9,5: Versão espanhola: “A quem pertencem os antepassados e de quem [procedeu] o Cristo segundo a carne: Deus que está sobre todos, [seja] bendito para sempre. Amém”.No texto grego se diz: “…deles procede Cristo segundo a carne, o qual está acima de todas as coisas, Deus bendito por todos os séculos”. Assim o traduz corretamente a versão inglesa interlinear. Já na coluna da direita, se introduz a palavra “seja” entre colchetes, o que muda totalmente o sentido de “Deus bendito” que já não passa mais a se referir a Cristo, convertendo-se em um louvor a Deus: “Deus seja bendito. Deus que está acima de tudo, [seja] bendito para sempre”.
  • Romanos 14,6-9: Versão espanhola: “Que observa o dia, observa-o para Jeová. Também o que come, come-o para Jeová, pois dá graças a Deus; e o que não o come, não come-o para Jeová, porém dá graças a Deus. Nenhum de nós, de fato, vive somente para si mesmo, e ninguém morre somente para si mesmo, pois se vivemos, vivemos para Jeová, assim como se morremos, morremos para Jeová. Conseqüentemente, quer vivamos quer morramos, pertencemos a Jeová. Pois com este fim morreu Cristo e voltou a viver para ser senhor tanto sobre os mortos como sobre os vivos.Neste texto, a chave se encontra no versículo 9, onde se diz que a morte e ressurreição contituiu Cristo como “senhor dos vivos e dos mortos”. A última palavra (o verbo “kyrieuse”) deriva do substantivo “Kyrios”, que significa “Senhor”. São Paulo emprega constantemente esta palavra para se referir a Cristo: “Cristo é o Senhor”. Neste versículo, que é o mais importante, estão de acordo o texto grego, a versão interlinear, a versão da direita e a versão espanhola. Porém, devemos prestar atenção aos versículos anteriores…Aparece seis vezes a palavra “Kyrios”, que na versão interlinear se traduz corretamente por “lord”, isto é, “senhor”. À direita, porém, encontramos tal palavra traduzida por “Jeová”.No texto original encontramos uma sucessão lógica de idéias: “Comemos para o Senhor, vivemos para o Senhor, morremos para o Senhor, pertencemos totalmente ao Senhor porque Cristo morreu e ressuscitou para ser Senhor”. Essa lógica é interrompida se traduzimos que “Comemos para Jeová, vivemos para Jeová, morremos para Jeová, pertencemos totalmente a Jeová porque Cristo morreu e ressuscitou para ser Senhor”.A mesma deturpação encontramos em Lucas 1,43-46, quando lemos na Tradução do Novo Mundo: “‘Pois a quem se deve que eu tenha este [privilégio] de que me venha a Mãe de meu Senhor?… haverá uma completa realização das coisas que lhe foram faladas da parte de Jeová‘… Maria disse: ‘Minha alma engrandece Jeová‘”. As três palavras palavras grifadas correspondem, em grego, à palavra “Kyrios”, ou seja, “Señor”.
  • Colossenses 1,15-17: Versão espanhola: “Ele é a imagem de Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois por meio dele todas as [outras] coisas foram criadas nos céus e sobre a terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis, não importando que sejam tronos ou senhorios, ou governos, ou autoridades. Todas as [outras] coisas foram criadas mediante ele e para ele. Também ele é antes de todas as [outras] coisas e por meio dele se fez com que todas as [outras] coisas existissem”.Na versão espanhola encontramos quatro vezes a palavra outras agregada ao texto original. Por quatro vezes também encontramos a palavra inglesa “other” (=outras), entre colchetes, na coluna da direita. Porém tal palavra não aparece nem no grego, nem na versão interlinear. Observe-se a diferença nestas expressões:
    • Por meio dele todas as coisas foram criadas
      Por meio dele todas as outras coisas foram criadas.
    • Todas as coisas foram criadas mediante ele
      Todas as outras coisas foram criadas mediante ele.
    • Ele é antes de todas as coisas
      Ele é antes de todas as outras coisas.
    • Por meio dele se fez com que todas as coisas existissem
      Por meio dele se fez com que todas as outras coisas existissem.
  • Tito 2,13: Versão espanhola: “Ao passo que aguardamos a feliz esperança e a gloriosa manifestação do grande Deus e do salvador nosso, Cristo Jesus”.Esta versão espanhola da Tradução do Novo Mundo coincide com a tradução inglesa que encontramos na coluna da direita. Nestas versões, parece que esperamos a duas pessoas: o grande Deus E o nosso Salvador, Cristo Jesus. No texto grego, ao contrário, se fala de um único ser: “o grande Deus e Salvador, Cristo Jesus” (um só artigo unindo Deus e Salvador). Assim o encontramos também na versão interlinear. O segundo artigo “o” se introduz na versão inglesa da direita para estabelecer uma separação entre “grande Deus” e “Salvador Jesus Cristo”. Sempre que o Novo Testamento fala da manifestação ou da vinda (“Parusía”) refere-se sempre a Jesus Cristo; nunca fala assim de Deus Pai.
  • João 10,38: Versão espanhola: “Afim de que cheguem a saber e continuem sabendo que o Pai está em união comigo e eu estou em união com o Pai”.A frase “em união com” não consta no texto grego nem na versão interlinear. Ali consta: “Em mim está o Pai e eu estou no Pai”. Assim se expressa uma profunda intimidade que é muito superior a “estar em união com”. Esta deturpação foi, entretanto, introduzida na coluna inglesa da esquerda: “in union with”.
  • João 14,9-11: Versão espanhola: “Lhes disse Jesus: ‘Tenho estado convosco tanto tempo e, ainda assim, Felipe, não chegaste a me conhecer? Quem me viu, viu ao Pai [também]. Como podes dizer: ‘Mostra-nos ao Pai’? Não crês que eu estou em união com o Pai e o Pai está em união comigo? As coisas que lhes digo não as falo por mim, mas o Pai que permanece em união comigo é que faz suas obras. Creiam que eu estou em união com o Pai e o Pai está em união comigo; de outra forma, creiam em razão das obras mesmo'”.Também aqui, como no texto anterior, há a adição da frase “em união com”, repetidas cinco vezes. Em nenhum dos cinco casos a encontramos no texto grego, nem na tradução interlinear.Outra adição encontramos no versículo 9, com a palavra “[também]”. O texto grego e da tradução interlinear dizem: “Quem me viu, viu ao Pai”.

Variás outras deturpações no estilo poderíamos apontar. Para isto, pode-se ver o livro “Análise da Bíblia dos Testemunhas de Jeová”, de Eugenio Danyans, da ed. Clie Literatura Evangélica. Tarrasa, 1971.

Quando encontramos versões da Bíblia tão díspares, a ponto de afetar questões tão importantes quanto a divindade de Cristo, com qual versão devemos ficar?

A maioria dos leitores da Bíblia não conhecem as línguas hebraica e grega, para poder ler os textos originais;nem têm a facilidade de possuir em suas mãos uma edição da Bíblia nestes idiomas. É, pois, necessário utilizar-se de pessoas que nos garantam que as versões que temos são corretas; apesar das diferenças lógicas existentes entre umas versões e outras, não se pode contradizer as verdades da fé. Devemos confiar em quem?

  1. Confiamos nos exegetas, nos teólogos, nos comentaristas da Bíblia cujos nomems conhecemos e cuja ciência e competência são reconhecidas.
  2. Confiamos no Magistério da Igreja, que recebeu de Cristo a tarefa de conservar e interpretar as Sagradas Escrituras.

No caso específico dos Testemunhas de Jeová:

  1. Certamente Charles Taze Russell, seu fundador, não conhecia grego, como ele mesmo admitiu perante um tribunal.
  2. Se negam terminantemente a indicar os nomes dos tradutores de sua Bíblia; não podemos, pois, conhecer sua capacitação.
  3. Não dispõem de um “Magistério eclesiástico” com dependência apostólica. Sua autoridade suprema é a Sociedade do Brooklyn, que tem todos os poderes que se auto-atribuem.
  4. Charles Taze Russell nasceu em 1852. Suas atividades religiosas começaram em 1870. O nome “Testemunhas de Jeová” surgiu em 1931, bem após a morte de Russell em 1916. Diante destas datas tardias, queremos dizer a qualquer interrogante que uma das garantias de autenticidade que uma confissão cristã deve oferecer é o seu entroncamento com Cristo, por intermédio dos apóstolos e seus sucessores: é o caráter “apostólico” da Igreja. Podem os Testemunhas de Jeová oferecer testemunhos sólidos de que nos séculos anteriores haviam “fiéis” que acreditavam nas mesmas coisas que eles?

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