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O Católico deve fazer Boas-Obras para salvar-se?

Nossos irmãos Protestantes frequentemente interpretam mal o ensinamento Católico sobre a Salvação, acreditando que os Católicos devem  fazer  “boas obras” para chegarem a Deus e ao Céu. Isto, na verdade, é exatamente o oposto do que ensina a Igreja Católica. O Concílio de Trento salienta:

801. O Apóstolo diz que o homem é justificado pela fé e sem merecimento (Rom 3, 22. 24). Estas palavras devem ser entendidas tais como sempre   concordemente a Igreja Católica as manteve e explicou. “Nós somos   justificados pela fé”: assim dizemos, porque “a fé é o princípio da   salvação humana”4,o fundamento e a raiz de toda justificação, sem a qual é impossível agradar a Deus (Heb   11, 6) e alcançar a companhia de seus filhos. Assim, pois, se diz que   somos justificados gratuitamente, porque nada do que precede à   justificação, nem a fé, nem as obras, merece a graça da justificação.   Porque se ela é graça, já não procede das obras; do contrário a graça, como diz o Apóstolo, já não seria graça (Rom 11, 6).

O entendimento Evangélico apresenta dois problemas ligados ao mesmo tópico: 1- A definição apropriada de boas-obras. 2- O  entendimento de “Mérito da Salvação”, de acordo com o ensinamento do Catecismo da Santa Igreja,  é geralmente distorcido pelos Evangélicos e,  na verdade,  não representa o que a Igreja ensina.

I- Os Evangélicos costumam argumentar contra as “boas-obras” e se baseiam nos escritos de S. Paulo, em sua carta aos Romanos, para sustentação desse ponto de vista:

“Poderemos nós então gabarmo-nos de ter feito alguma coisa para ganhar essa salvação? Com certeza que não. E porquê? Porque a nossa absolvição não se baseia nas nossas obras, mas na fé nele.”(Rm 3:28-29)

O problema com essa abordagem é que muitos protestantes parecem não levarem em consideração o verdadeiro significado do termo Obras da Lei  tal e qual definido por S. Paulo. De fato, de modo algum São Paulo contradiz o ensinamento católico. A noção Católica de boas-obras, na verdade, sai diretamente das Sagradas Escrituras pois ela não poderia contrariar a palavra de Deus contida, por exemplo, na Carta aos Romanos. Para o entendimento de Obras da Lei e boas obras, re-direciono o leitor ao artigo “Católicos são justificados pela fé, não pela fé somente!”

II- O segundo problema do Evangélico é justamente interpretar mal os documentos da Igreja, alguns chegando até mesmo a usá-los como suporte para seu argumento. Eis dois exemplos:

§2010 – Sob a moção do Espírito Santo e da caridade, podemos, depois, merecer para nós mesmos e para outros, as graças úteis para a santificação e para o aumento da graça e da caridade, bem como para a obtenção da vida eterna.

§ 2068 […] a missão de ensinar todas as nações e de pregar o Evangelho a toda a criatura, para que todos os homens se salvem pela fé, pelo Baptismo e pelo cumprimento dos mandamentos» (18).

Nunca,  na história de sua tradição dogmática, a Igreja Católica ensinou que o Cristão pode ganhar sua salvação,  ganhar o céu, ou o que for por seus próprios méritos …  Ou seja, nosso Paraíso, nossa Salvação, tudo o que Deus nos oferece nos é dado por Sua Graça e não por conta de nossos méritos. A Igreja afirma ainda que fé em Jesus e Naquele que O enviou é necessária para obter-se a Salvação, que é  um dom oferecido gratuitamente por Deus.

A palavra merecer – da raiz mérito – no parágrafo  §2010 do Catecismo trata, na verdade, com a noção de Mérito condigno e não Mérito Estrito. A Igreja Católica ensina que somente Cristo é capaz de merecer, enquanto meros homens não podem (Catecismo da Igreja Católica 2007). O único mérito humano é o Mérito Condigno,  quando sob o impulso da graça de Deus, ele pratica quaisquer actos que agradam a Deus, pelos quais ele prometeu nos recompensar (Rom. 2:6-11, Gal. 6:6-10). Assim, a graça de Deus e sua promessa formam a base para todo o mérito humano (CCC 2008).  Os parágrafos do catecismo citados acima tratam de mérito condigno e re-afirmam aquilo ensinado na Bíblia e no Concilio de Trento: O dom da Salvação provém de Deus e nos é dado por sua benevolência e não pelo nossos méritos.

Então por que praticar Boas-Obras?

1- Porque elas são agradáveis aos olhos de Deus. Cristo nos disse que aquilo que fizermos ao mais pequeninos de Seu rebanho, fazemos à ele ( Mateus 25, 40).

2- Porque devemos amar-nos uns aos outros. Fazer o bem é pôr o amor cristão em prática e não somente em palavras.

3- A Bíblia diz-nos que cada um será recompensado por sua obras (Rom. 2:6–11;  Gal. 6:6–10).

O post acima foi originalmente produzido por H. Walker para o Blog Ecclesia Militans

Sabedoria 2, 12-20: A profecia cumprida em Jesus Cristo

Fonte: Apologistas Católicos

Muitos protestantes dizem que os livros deuterocanônicos são apócrifos. Em outras palavras, para eles esses livros não são Escritura e inspirados por Deus. Uma das razões para isso,  é que dizem que não haviam profetas em qualquer um desses livros, eis alguns exemplos:

Ron Rhodes, em seu livro, “Reasoning from the Scriptures with Catholics”, p. 33 escreve:

Além disso, nenhum livro apócrifo foi escrito por um verdadeiro profeta ou apóstolo de Deus … Além disso, nenhum livro apócrifo contém profecia preditiva, que teria servido para confirmar a inspiração divina.”

Norman Geisler e Ralph E. em “Roman Catholics and Evangelicals: Agreements and Differences” p. 167, escreve:

Há fortes evidências de que os livros apócrifos não são proféticos. Mas desde que profecia é o teste para canonicidade, isso elimina os apocrifos do cânon

É bem dificil acreditar que qualquer um deles tenha estabelecido o cânon das escrituras, usando o teste de que para  que um livro fosse inspirado,  tivesse que conter uma profecia, primeiro eles teriam que provar que profecia o livro de Ester, Rute e etc.. contém.

No entanto, apesar da alegaçào protestante no Livro da Sabedoria capítulo 2 versículos de 12-20 é uma das mais claras passagens que contem uma profecia e apontam para uma pessoa que iria chamar-se Filho de Deus, que seria condenado à morte por pessoas invejosas. O texto diz:

12. Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações, nos censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa educação. 13. Declara ter o conhecimento de Deus e se diz filho do Senhor;14. ele se tornou acusador de nossos pensamentos, basta vê-lo para nos importunarmos; 15. sua vida se distingue da dos demais e seus caminhos são todos diferentes.16. Ele nos tem em conta de bastardos; de nossas vias se afasta, como se contaminassem. Proclama feliz o destino dos justos e se gloria de ter a Deus por pai. 17. Vejamos se suas palavras são verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim.18. Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários. 19.  Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. 20. Condenemo-lo a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria 2, 12 – 20)

Estas profecias acima só são encontradas no capítulo 2 da Sabedoria. Vamos verso a verso, cameçando pelo versículo 12: 

Cerquemos o justo, porque nos incomodai e se opõe às nossas ações, nos censura as faltas contra a Lei, nos acusa de faltas contra a nossa educação.” (Sabedoria 2, 12)

Um homem justo que censurar os líderes e sua educação. Vejamos como isso se cumpre em Jesus:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas […] Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.” (Mateus23, 23.27-28)

Moisés não vos deu a Lei? No entanto, nenhum de vós pratica a Lei. Por que procurais matar-me?” A multidão respondeu: “‘Tens um demônio. Quem procura matar-te?’” (João 7, 19-20)

Jesus, como em Sabedoria 2, 12, é um homem justo, na verdade, perfeitamente justo. Ele condena os escribas como infratores da lei, os chama de hipocritas e  ‘repreendeu-os por suas faltas conta a lei’ como em Mateus 23, 27-28. Ele os chama de infratores, e ele diz que tentarão matá-lo… Sabedoria 2, 12, fala também de homens à espreita para pegar o justo e em Mateus 26, 3 – 4 vemos os sumos sacerdotes e os anciãos fazendo o seguinte:  

Então os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo congregaram-se no pátio do Sumo Sacerdote, que se chamava Caifás, e decidiram juntos que prenderiam a Jesus por um ardil e o matariam.” (Mateus 26, 3-4)

Ele foi recebido como um rei pelo povo (João 12, 12-15) e por isso os governantes não poderiam fazer isso durante o dia. Jesus repreendeu-os pela quebra da lei, e os acusou de hipocrisia, então os líderes religiosos se ofenderam. O que Jesus faz para os deixarem assim? Ele expôs a sua hipocrisia. Ele os chama de infratores da lei, e que não mantem o coração da lei, como as passagens acima mostram.

Vejamos o versículo seguinte, Sabedoria 2, 13:

“Declara ter o conhecimento de Deus e se diz filho do Senhor;” (Sabedoria 2, 13)

O homem justo afirma ter conhecimento de Deus, e de fato ele tem o conhecimento exclusivo de Deus. Ele professa ser um filho de Deus. Vejamos o que diz o evangelho:

e vós não o conheceis, mas eu o conheço; e se eu dissesse ‘Não o conheço’, seria mentiroso, como vós. Mas eu o conheço e guardo sua palavra” (João 8, 55)

Jesus conhece o Pai, de uma maneira única, o conhece melhor do que seus adversários, e também os chama de seguidores do diabo (Jo 8, 44).

Como mostra a Sabedoria 2, 13, ele diz ser filho de Deus, como ele se refere a Seu Pai. Jesus se refere a seu Pai, muitas vezes, como “Meu Pai” (Ver João 8, 38, 49, 54, 10, 19, 25, 29, etc), significando uma relação especial com Deus, o Pai. Ele chama a si mesmo de Filho de Deus , João 3, 18:

Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no Nome do Filho único de Deus.(João 3, 18)

Vejamos também como ele se refere a si mesmo como o Filho de Deus em João 5, 25

Em verdade, em verdade, vos digo: vem a hora — e é agora — em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que o ouvirem, viverão.” (João 5, 25)

Ele se auto denomina Filho de Deus, justamente como a Sabedoria 2, 13 predisse.

Vamos ao próximo versículo em Sabedoria 2, 14:

“ele se tornou acusador de nossos pensamentos…”(Sabedoria 2, 14)

O novo testamento relata:

Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: ‘Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações?’”  (Mateus 9, 4)

Os escribas e os fariseus observavam-no para ver se ele o curaria no sábado, e assim encontrar com que o acusar. Ele, porém, percebeu seus pensamentos e disse ao homem da mão atrofiada: ‘Levanta-te e fica de pé no meio de todos’. Ele se levantou e ficou de pé. Jesus lhes disse: ‘Eu vos pergunto se, no sábado, é permitido fazer o bem ou o mal, salvar uma vida ou arruiná-la’. Correndo os olhos por todos eles, disse ao homem: ‘Estende a mão’. Ele o fez, e a mão voltou ao estado normal. Eles, porém, se enfureceram e combinavam o que fariam a Jesus.” (Lucas 6, 7-11)

Jesus leu os pensamentos de seus acusadores, repreendeu-os por esses pensamentos, e eles reagiram conspirarando para destruir Jesus.

Vamos dar uma olhada no próximo versículo Sabedoria 2, 15:

 “… basta vê-lo para nos importunarmos; sua vida se distingue da dos demais e seus caminhos são todos diferentes.”

O homem justo não fará como outros líderes “religiosos” fizeram. Vejamos o evangelho:

Nesse tempo, chegaram-se a Jesus fariseus e escribas vindos de Jerusalém e disseram: “Por que os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos quando comem”. Ele respondeu-lhes: ‘E vós, por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: Honra pai e mãe e Aquele que maldisser pai ou mãe certamente deve morrer. Vós, porém, dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe ‘Aquilo que de mim poderias receber foi consagrado a Deus’, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição.

Como a Sabedoria 2 previa, ele não seguiu a falsa tradição dos fariseus, e eles viram suas ações como estranhas. Ele curou no sábado, e que foi ‘estranho’ a eles:

E entrou de novo na sinagoga, e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. E o observavam para ver se o curaria no sábado, para o acusarem. Ele disse ao homem da mão atrofiada: “Levanta-te e vem aqui para o meio”. E perguntou-lhes: “É permitido, no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar?” Eles, porém, se calavam. Repassando estão sobre eles um olhar de indignação. E entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu, e sua mão estava curada. Ao se retirarem, os fariseus com os herodianos imediatamente conspiraram contra ele sobre como o destruiriam.(Marcos 3, 1-6)

Novamente, eles procuram destruí-lo, como mencionado em Sabedoria 2, 12, e consideraram como “estranho”  ele curar no sábado.

Os escribas e os fariseus começaram a raciocinar:Quem é este que diz blasfêmias? Não é só Deus que pode perdoar pecados?’ Jesus, porém, percebeu seus raciocínios e respondeu-lhes: ‘Por que raciocinais em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados estão perdoados, ou: Levanta-te e anda? Pois bem! Para que saibais que o Filho do Homem tem o poder de perdoar pecados na terra, eu te ordeno — disse ao paralítico — levanta-te, toma tua maca e vai para tua casa’. E no mesmo instante, levantando-se diante deles, tomou a maca onde estivera deitado e foi para casa, glorificando a Deus. O espanto apoderou-se de todos e glorificavam a Deus. Ficaram cheios de medo e diziam: ‘Hoje vimos coisas estranhas!(Lucas 5, 21-26)

Foi estranho para os fariseus Jesus ter alegado a autoridade para perdoar pecados. E o que o povo assistiu foi ‘estranho’, ‘diferentr’. Esta é uma realização da Sabedoria 2, 15.

Vamos ao próximo versículo Sabedoria 2, 16:

Ele nos tem em conta de bastardos; (1) de nossos caminhos se afasta, como se contaminassem. (2) Proclama feliz o destino dos justos e se gloria de (3) ter a Deus por pai.”

Vamos analisar cada uma destas três características neste verso: Então, o justo irá considerar seus adversários maus, e evitará o seus caminhos. Ele se chamará o o caminho do justo de feliz, e chamará a Deus por Pai. Foram destacas essas 3 coisas específicas. Ele evita os seus caminhos como impuros, ele chama feliz o caminho do justo, e chama a Deus por Pai.

“O Senhor, porém, lhe disse: ‘Agora vós, ó fariseus! Purificais o exterior do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de perversidade! Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai o que tendes em esmola e tudo ficará puro para vós!’” (Lucas 11, 39-41)

1) Vemos nesta passagem que Jesus se refere o caminho dos fariseus como imundos, e como eles são hipócritas. Estão cheio de rapina e perversidade, eles são impuros. Jesus nos diz para sermos limpo, dando esmolas e sendo justos. Então Jesus diz às pessoas para evitarem os seus caminhos, porque eles são hipocritas. Isso se encaixa com a profecia da Sabedoria 2.

Vejamos a  parte 2 da realização da Sabedoria 2, 16, Mateus 5, 10:

“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mateus 5, 10) 

2) Jesus ensina que aqueles que os que buscam a justiça serão felizes, e como eles estarão no reino de Deus, como previsto em  Sabedoria 2, 16.

Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. (Lucas 10, 22)

3) Jesus chama a Deus como seu Pai, assim como Sabedoria 2, 16 preveu. Assim, vemos três idéias neste versículo, cumpridas na vida de Cristo nos evangelhos.

Vejamos as passagens finais desta seção, Sabedoria 2, 17-20.

Vejamos se suas palavras são verdadeiras, experimentemos o que será do seu fim. Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários. Experimentemo-lo pelo ultraje e pela tortura para apreciar a sua serenidade e examinar a sua resignação. Condenemo-lo a uma morte vergonhosa, pois diz que há quem o visite.” (Sabedoria 2, 17-20)

Agora, vamos comparar com o evangelho. Agora, em Mateus 27, 41-43, vemos o seguinte:

Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, caçoavam dele: ‘A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Rei de Israel que é, que desça agora da cruz e creremos nele! Confiou em Deus: pois que o livre agora, se é que se interessa por ele! Já que ele disse:  Eu sou filho de Deus’”. (Mateus 27, 41-43)

Sabedoria 2, 17 diz que eles verão se suas palavras são verdadeiras, no final de sua vida. Os adversários de Jesus tiveram a idéia que se ele estivesse dizendo a verdade, ele desceria da cruz e Mt. 27, 42 diz:  “desça agora da cruz e nós creremos nele!

Sabedoria 2, 18 diz que se ele realmente é o Filho de Deus, Deus vai livrá-lo,e  Mateus. 27, 43 diz que se ele é o Filho de Deus, ele vai livra-lo:

Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho de Deus!(Mateus 27, 43)

Agora, nesta passagem, alguém verá em uma Bíblia protestante, uma referência de Mateus 27:43 ao Salmo 22, 8. Isso é porque há uma menção de “bem, se Deus está com ele, ele vai livrá-lo”(Salmo. 22, 8). Não há dúvida que também é uma referência a este Salmo,  no entanto, não é uma referência completa. Apenas em Sabedoria 2, 18, vemos onde, especificamente, disse que “Pois se o justo é filho de Deus, Ele o assistirá e o libertará das mãos de seus adversários.”. Essa é uma referência muito mais completa.

Sabedoria 2, 19 relata que ele será insultado, eles zombam dele, já em Mateus 27, 43 e em verso semelhante em Lucas 23, 35-37, lemos:

O povo permanecia lá, a olhar. Os chefes, porém, zombavam e diziam:  ‘A outros salvou, que salve a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Eleito!’. Os soldados também caçoavam dele; aproximando-se, traziam-lhe vinagre, e diziam: ‘Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo’.” (Lucas 23, 35-37)

Eles insultam e zombam dele, tal como previsto em  Sabedoria 2, 19.

Finalmente, Sabedoria 2, 20 indica que ele será condenado à morte. Ele é condenado à morte na cruz, como se fosse um criminoso comum. Dois criminosos morrem com ele, um à esquerda e um à sua direita.

Podemos ver nessa passagem de Sabedoria 2, 12-20, uma das razões por que os judeus decidiram, em Jâmnia em 90 d.C, não permitir os livros deuterocanônicos. Esta passagem em Sabedoria 2 tem muitas facetas que são cumpridas em Jesus Cristo. Ele era um homem justo. Ele conhecia Deus de uma maneira especial. Ele foi um dos que condenou os líderes religiosos da época, que procuraram em segredo prender Jesus. Ele chamou a Deus por Pai. Chamou os fariseus de hipocritas. Seus caminhos eram “estranhos”. Ele leu seus pensamentos. Ele afirmava ser filho de Deus. Ele foi ridicularizado e torturado, e foi condenado à morte como um criminoso comum, e hostilizado por seus adversários. Esta passagem é cumprida de muitas maneiras em Jesus Cristo. E somente em Jesus Cristo.

Sabedoria 13 é também usada por Paulo em seus escritos em Romanos 1, 18-23. Existem outras alusões à Sabedoria em outras partes do Novo Testamento. No entanto, esta profecia de Sabedoria 2 da vida e morte de Jesus é um testemunho mais poderoso da verdade de quem é Jesus. Isso é muita coisa para qualquer idéia de que não há profecias contidas nos livros deuterocanônicos.

Para Citar:


Matt. Apologistas Católicos. Sabedoria 2, 12-20: A profecia cumprida em Jesus Cristo. Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/deuterocanonicos/527-sabedoria-2-12-20-a-profecia-cumprida-em-jesus-cristo>. Desde 28/06/2012.

 

A Igreja Católica proibiu a leitura da Bíblia?

Fonte: Apoologistas Católicos

É praxe da apologética desonesta protestante, se valer de fatos históricos distorcidos e adulterados, no intuito de angariar alguma prova que incrimine a Igreja Católica de algo. Não é diferente em relação as Sagradas Escrituras, eles se valem de contextos históricos determinados pra dizer que a Igreja Católica proibiu a leitura da Bíblia.

Não há nada mais estúpido do que pensar que algum dia a Igreja já tenha proibido a leitura da bíblia por algum motivo, logo ela que preservou os textos Sagrados até os dias de hoje para que os mesmos protestantes que hoje a carregam debaixo do “suvaco”, venham acusá-la descaradamente.

A Igreja sempre estimou as Sagradas Escrituras como fonte de fé e a reserva um lugar especiacialíssimo. A leitura pública da Bíblia sempre foi usada nas celebrações e nos Sacramentos, especialmente na Missa, tudo na vida da Igreja é voltado para as Sagradas Escrituras juntamente com a Sagrada Tradição, essas duas juntas, formam toda a fonte de fé revelada da Igreja.

O cuidado na leitura da Bíblia

Em determinadas circunstancias históricas as autoridades eclesiásticas tiveram que a vigiar sobre o uso da Bíblia, especialmente na Idade Média.

A heresias dos Cátaros ou Albigenses, que abusavam da Bíblia, obrigou os padres dos concílios regionais de Tolosa (1229) e Tarragona (1234) a proibir provisoriamente aos cristãos a leitura da bíblia, para não serem enganados. Mas isso duro muito pouco tempo e se restringiu a leituras de textos vernáculos que não tivessem aprovações eclesiásticas.

O católico deve estar atento que estes dois concílios são os dois principais usados pelos hereges para dizer que a Igreja proibiu a leitura da bíblia. Devemos ter em mente que estes dois concílios são regionais, logo não tem efeito sobre toda a Igreja e se restringiram as regiões onde foram realizados, ou seja, a leitura na lingua vernácula não foi permitida somente onde estava se propagando a heresia dos cátaros.

Pra refutar esta idéia protestante, vamos a alguns testemunhos de alguns autores protestantes,  portanto acima de qualquer suspeita, que derrubam esta falsa tese criada pelo próprio protestatismo:

O Catolicismo Romano tem um grande respeito pela Escritura como fonte de conhecimento. . . Na verdade, as declarações oficiais da Igreja Católica Romana sobre a inspiração e inerrância das Escrituras satisfariam o mais rigoroso fundamentalista protestante. [1]

Nunca houve um momento na história da Igreja ocidental durante a Idade ‘negra’ ou ‘Média’, que as Escrituras fossem oficialmente rebaixadas. Pelo contrário, eles foram consideradas infalíveis e inerrantes, e foram mantidas na mais alta honra.” [2]

Da mesma forma que os papas, Concílios, teólogos, sempre recorreram ao argumento bíblico como o realmente fundamental, a prática dos grandes escritores espirituais de todas as épocas atesta o carácter plenamente tradicional de uma devoção baseada na Bíblia. . . O mesmo aconteceu com os grandes mestres da Idade Média. . . Não só eles conheceram a Bíblia, e fizeram uso abundante dela, mas eles se guiaram nela como em um mundo espiritual que formou o universo habitual de todos os seus pensamentos e sentimentos. Para eles, não era simplesmente uma fonte, entre outras, mas a fonte por excelência, em um sentido único. . .

Não só com a aprovação da hierarquia, mas pela insistência positiva e enfática do próprio Papa, houve um retorno geral ao estudo minucioso das Escrituras, que foi restaurada, não só como base, mas como a fonte, de todos os ensinamentos da teologia.” [3]

Caso isso não fosse verdade, qual o interesse desses protestantes em mostrar que a Igreja sempre estimou e sempre insetivou o estudo das Sagradas Escrituras?  Mais uma vez mostramos protestantes refutando as próprias mentiras protestantes.

Em 1408 o sínodo regional de Oxford, por causa dos erros de J. Wicleff, proibiu as edições da S. Escritura que não tivesse aprovação eclesiástica por que os hereges estavam novamente deturpavam o texto sagrado.

Fica claro que a Igreja não proibiu a leitura da bíblia, mas a leitura de edições deturpadas da bíblia, como faz ainda hoje. Já postamos algumas matérias aqui no site que podem ser lidas aqui (Sola Scriptura Adulterada), onde mostramos as várias deturpações que ocorrem nas edições protestantes. Se hoje com todas as fontes de informações, facilidades de várias versões, os textos gregos amplamente divulgados, já acontecem essas adulterações e deturpações, imagine em um tempo onde pouquíssimos sabiam ler e poucos ainda sabiam traduzir um texto. Não foi corretíssima essa atitude dos bispos no intuito de preservar os fiéis dessas aberrações?

Estas medidas nunca visaram impedir a propagação das Sagradas Escrituras. Por exemplo, na Alemanha, o primeiro livro a ser impresso da História foi uma Bíblia, que foi impressa por Gutenberg,  e foi a bíblia em 2 volumes (1453-1456). Até 1477 saíram cinco edições da bíblia em alemão; de 1477 à 1522 houve nove edições novas (sete em Ausburgo, uma em Nurenberg e uma em Estrasburgo); de 1470 a 1520 apareceram 100 edições de “plenários”, ou seja, livros que continham as epistolas e os evangelhos de cada domingo. Isto mostra de forma claríssima como a Igreja estava longe de querer, a proibição da leitura da bíblia.

Na Itália, houve mais de 40 edições da Bíblia antes da primeira versão protestante aparecer, começando em Veneza em 1471 e 25 delas foram traduzidas em italiano antes de 1500, com a autorização expressa de Roma. Na França haviam 18 edições antes de 1547, a primeira foi impressa em 1478. A Espanha começou a publicar edições no mesmo ano, e emitiu Bíblias com a plena aprovação da Inquisição espanhola (é claro que dificilmente se pode esperar que os protestantes acreditem nisto). Na Hungria, até o ano de 1456, na Boêmia no ano de 1478, na Flandres antes de 1500, e em outras terras, sobre a jurisdiçào  de Roma, sabemos que as edições das Sagradas Escrituras tinha sido dadas largamente ao povo. Em suma de 626 edições da Bíblia,  198 eram em lingua vernácula, e haviam sido emitidas a partir da invensão imprensa, com a sanção e aprovação da Igreja, nos países onde ela reinou suprema, antes da primeira versão protestante das Escrituras sonhar em ser traduzida.  O que, então, torna-se uma ilusão patética, as argumentações protestantes de que o herege Lutero proporcionou alguma coisa para o mundo em relação a bíblia.  (GRAHAM, 1939)

No século XVI, quando Lutero e os seus discípulos fizeram da Escritura a “única fonte de fé”, donde manipulavam e retiravam suas inovações doutrinárias, os bispos da Igreja Católica novamente foram obrigados a tomar medidas necessárias para que o povo católico não fosse enganado pelas novas edições da Bíblia protestante. Por exemplo, Lutero quando traduziu a Bíblia para o Alemão, acrescentou várias palavras que não se encontravam no original grego como em Romanos 3, 28, em que ele diz que o “homem é justificado somente pela fé”: a palavra somente não se encontra no original grego. Esta palavra foi acrescentada para fundamentar os seus delírios e sua incompreensão da obra salvifíca divinda, alterando assim a Palavra de Deus. O texto grego nos mostra:

Λογιζμεθα ον πστει δικαιοσθαι νθρωπον (Rom 3, 28)

Em nenhum lugar vemos a palavra somente, que no grego seria μνον,  presente no texto. De fato o homem é justificado pela fé, mas não somente por ela, São Tiago vem nos mostrar que as boas obras também nos justificam:

“Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” (Tiago 2, 24)

A bíblia refuta sumariamente a tradução falsificada de Lutero, bem como a sua doutrina de Justificação somente por fé. Esta mesma passagem de Tiago, levou Lutero rejeitar também este livro por ser incompatível com sua doutrina, assim como ele fez com vários outros livros ao seu bel prazer.

Isto obrigou a Igreja Católica a restringir o uso das versões bíblicas vernáculas não autorizadas. Por isso, o Papa Pio IV, em 24 de Março de 1564, a bula “Dominici grecis” (Regra 4ª), determinou que o uso de traduções vernáculas da Sagrada Escritura ficava reservado aos fiéis a juízo do respectivo bispo ou de algum oficial com o proveito, para a sua fé e piedade. Em Portugal, os reis católicos, fiéis à Igreja, já haviam antecipadamente tomado essas medidas. (AQUINO, 2009)

As restrições eram apenas para as traduções vernáculas, ficando o texto latino da vulgata de uso livre para todos os fiéis. Não há dúvida, no século XVI, período de confusão religiosa e de inovações protestantes, mais ou menos subjetivas, a leitura da bíblia podia construir perigo para os fiéis não preparados.

Após esta fase, os Papas voltaram a estimular a leitura da Bíblia. Pio VI (1775-1799) escreveu ao arcebispo A. Martini, editor de um tradução italiana do texto bíblico, numa época em que os católicos ainda hesitavam sobre a oportunidade de tal obra:

Vossa excelência procede muito bem recomendando vivamente à leitura dos Livros Sagrados, pois são fontes particularmente ricas, às quais cada um deve ter acesso.

São Pio X (1903-1914) em carta ao cardeal Casseta declarou :

Nós, que tudo queremos instaurar em Cristo, desejamos com o máximo ardor que nossos filhos tomem o costume de ler os Evangelhos, não dizemos freqüentemente, mas todos os dias, pois é principalmente por este livro que se aprende como tudo pode e deve ser instaurado no Cristo… O desejo universalmente esparso de ler o Evangelho, provocado por vosso zelo, deve ser secundado por Vós, na medida em que se aumentar o número dos respectivos exemplares. E Oxalá jamais sejam propalados sem sucesso! Tudo isso será útil para dissipar a opinião de que a Igreja se opõe à leitura da Escritura Sagrada em língua vernácula ou lhe suscita alguma dificuldade” (Revista PR, Nº 11, Ano 1958, Página 452).

Muitas outras citações poderiam ser paqui colocadas. Se o  leitor desejar mais algumas provas é convidado a ler o documento do Vaticano II “Revelação Divina”, e as encíclicas papais de Leão XIII (1878-1903): “Sobre o estudo da Sagrada Escritura” (Providentissimus Deus – 1893), e Pio XII (1939-1958): “Promoção de Estudos Bíblicos” (Divino afflante Spiritu – 1943). Estes são encontrados às vezes no início de Bíblias católicas, e pode ser facilmente localizados na internet e no site Oficial do Vaticano.

BIBLIOGRAFIA


[1] BROWN, Robert McAfee, The Spirit of Protestantism, Oxford: Oxford Univ. Press, 1961, 172-173

[2] TOON, Peter, Protestants and Catholics, Ann Arbor, MI: Servant Books, 1983, 39)

[3] BOUYER, Louis, The Spirit and Forms of Protestantism, translated by A.V. Littledale, London: Harvill Press, 1956, 164-165

GRAHAM,  Henry G. Where We Got the Bible, St. Louis: B. Herder, revised edition: 1939.

ARMSTRONG, Dave.  Was the Catholic Church an Avowed Enemy of Scripture in the Middle Ages (or at any other time)?  Disponível em : < http://socrates58.blogspot.com.br/2006/08/was-catholic-church-avowed-enemy-of.html> . Acesso em 23/04/2012.

AQUINO, Felipe. Ciência e Fé em Harmonia. São Paulo: Editora Cleofas, 2009.

PARA CITAR


 RODRIGUES, Rafael. A Igreja católica proibiu a leitura da Bíblia? Disponível em <http://www.apologistascatolicos.com/index.php/apologetica/protestantismo/516-a-igreja-catolica-proibiu-a-leitura-da-biblia>. Desde 23/04/2012

São Jerônimo rejeitou os deuterocanônicos?

Fonte:  Apologistas Católicos

Este artigo é fragmento da obra “Manual de Defesa dos Livros Deuterocanônicos.” de autoria de Rafael Rodrigues, que será lançado nos próximos Meses.

São Jerônimo viveu entre os séculos IV e V, e foi secretário do Papa Damaso,  apedido deste começou a traduzir a Vulgata Latina (Tradução das escrituras do original para o Latim). Em 11 de dezembro de 384 o Papa Damaso morreu, então se mudou para Jerusalém onde fundou dois mosteiros e lá pôde continuar seu trabalho de tradução. (LIMA, 2007).

São Jerônimo é o Padre da Igreja mais freqüentemente usado pelos protestantes para dizer que, os pais negavam a inspiração do deuterocanônicos. Sua atitude em relação ao Deuterocanônicos é realmente, a primeira vista, a mais dura entre os Padres. Vamos aos seus relatos:

Este prefácio das para as escrituras [Samuel e Reis] podem servir como um ‘elmo’ introdutório para todos os livros os nos possamos ter certeza de que aqueles que não são encontrados em nossa lista devem ser colocados entre os escritos apócrifos. Sabedoria, o Livro de Sirac, e Judite, e Tobias e o Pastor não são canônicos. O primeiro livro de Macabeus eu encontrei em hebraico, o segundo em grego, como pode ser demonstrado de alto estilo” (JERÔNIMO, 430)

 Outro:

Nós temos o autêntico livro de Jesus, Filho de Sirac [Eclesiástico], e outro trabalho pseudo-epígrafo, intitulado Sabedoria de Salomão. Eu encontrei o primeiro no hebraico, com o título, ‘parábolas’, não eclesiástico como nas versões latinas […] O segundo de forma alguma se encontra nos textos hebraicos, e seu estilo aproxima-se de eloqüência grega: um número de escritores antigos afirma que é um trabalho do Judeu Fílon. Conseqüentemente, apenas como a Igreja lê Tobias, e os livros dos Macabeus, mas não são admitidos no cânon das Escrituras; a Igreja permite que estes 2 volumes sejam lidos, para a edificação das pessoas, não para darem suporte à autoridade das doutrinas eclesiásticas

Constata-se aqui, mais uma vez, que a Igreja da palestina não rejeitava estes livros, ou os tinha como heréticos, assim como os protestantes acusam, mas os tinha como de serventia para a “edificação das pessoas”, logo vemos que desde sempre estes livros estavam em posse da Igreja e amplamente usados.

Olhando de cara, São Jerônimo diz especificamente que os deuterocanônicos não são contidos no cânon das Escrituras e até diz que eles não devem ser usados para a doutrina. O mesmo caso de Orígenes e de Atanásio não se aplica a ele, pois aqui ele menciona claramente que não são usados para a doutrina, logo não estava fazendo nenhuma recomendação ou falando liturgicamente. De todos os Padres, ele tem a visão mais “negativa” dos deuterocanônicos, como é visto suas em declarações. No entanto, se formos ver na prática tempo depois de ter feitos essas declarações, São Jerônimo cita todos esses livros, que ele negou a canonicidade, como Escritura, e os mantém no mesmo nível de inspiração dos outros. Procuramos em suas obras, a que tivemos acesso, e encontramos diversas vezes ele se referindo aos deuterocanônicos como inspirados e faz menção a eles cerca de 55 vezes.

Perceba o leitor que ele não coloca o livro de Baruc entre os não canônicos, logo significa que ele aceitava a inspiração de Baruc.  Disse que Judite não era canônico, porém mais tarde ele mesmo vem reconhecer como canônico como podemos ler em seu relato:

Entre os hebreus do livro de Judite é encontrada entre os Hagiógrafos, a autoridade do qual para confirmar aqueles que entram em disputa é julgado menos apropriado. No entanto, tendo sido escrito em Língua caldéia, ele é contado entre as histórias. Mas porque este livro é encontrado, pelo Concílio de Nicéia, sendo contados entre o número das Sagradas Escrituras, tenho concordado com o seu pedido, de fato uma ordem, e trabalhando  tendo sido posto de lado a partir do qual eu estava com força reduzida, dei a este (livro) uma curta noite de trabalho, traduzindo mais sentido do sentido do que a palavra da palavra. […] Receba a viúva Judite, um exemplo de castidade, e declare honra triunfal com louvores perpétuos a ela.[…]” (Prólogo do livro de Judite).

Ou seja, ele reconhece o canonicidade de Judite devido uma promulgação do Concílio de Nicéia, tal citação não foi preservada nos cânones, cartas ou atas do concílio, só tomamos conhecimento disto através de Jerônimo. Portanto podemos ver, até agora, que ele aceitava Judite e Baruc como canônicos. Vejamos agora os que ele fala sobre os acréscimos de Daniel:

Livro II, 33. Em Referencia a Daniel minha resposta será que eu não disse que ele não era profeta; ao contrário eu confesso, no próprio início do prefácio, que ele era um profeta. Mas eu desejei mostrar qual era a opinião sustentadas pelos Judeus; e quais eram os argumentos que eles usavam para provar. Eu também disse ao leitor que a versão lidas nas Igrejas Cristãs não era a da septuaginta mas a se Teodocião. É verdade, Eu disse que a versão da septuaginta era neste livro muito diferente do original, e que foi condenada pelo justo julgamento das Igrejas de Cristo; Mas o erro não foi meu que relatei o fato, mas daqueles que lêem a versão. Nós temos 4 versões para escolher: aquelas de Áquila, Simáco, Septuaginta, e Teodocião. As Igrejas escolheram ler Daniel na versão de Teodocião. Que pecado eu cometi se segue o julgamento das igrejas? Mas quando eu repeti o que os judeus dizem contra história de Susana, o hino dos 3 Jovens, e a estória de Bel e o Dragão, que não estão contidos na bíblia hebraica, o homem que fez esta acusação contra mim prova que ele mesmo é um tolo e um caluniador. Pois eu expliquei não o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós. Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso para não parecer que eu não estava escrevendo um prefácio e sim um livro. Eu disse, portanto, ‘aqui não agora não é o momento para entrar em discussão sobre isto.’” (JERONIMO, 420)

Veja que ele aqui aceita a canonicidade dos acréscimos de Daniel, diz que as acusações não são suas, mas dos judeus:

 “Pois eu não relatei o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós.”.

Ele também mostra que não quis refutar os judeus para seu prefácio não ficar grande:

Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso […] Eu disse portanto, ‘aqui não agora não é o momento de entrar em discussão sobre isto.’”.

Até Aqui constatamos, portanto, que São Jerônimo aceitava como canônicos  Judite, Baruc, e os acréscimos de Daniel e Ester.

Vejamos o que diz sobre Eclesiástico:

A Escritura não diz: ‘não te sobrecarregue acima do teu poder’? (Eclesiástico 13, 2)” (A Eustóquio, Epístola CVIII)

São Jerônimo chama o livro do Eclesiástico, que ele  mesmo havia dito como não canônico, de Escritura. Assim, na prática, para apoiar a doutrina, ele o chama de Escritura. Esta citação, mesmo se não houvesse outras citações dele dos deuterocanônicos, já mostra que a sua visão sobre o que é e o que não é Escritura não pode ser vista somente a partir de citações mais antigas.

 “Não, meu querido irmão, estime meu valor pelo número de meus anos. Cabelos brancos não são sabedoria, é sabedoria, que é tão boa quanto os cabelos brancos Pelo menos é isso que Salomão diz: ‘a sabedoria que faz as vezes dos cabelos brancos’ (Sabedoria 4, 9). Moisés também na escolha dos setenta anciãos disse para tirar aqueles a quem ele sabia  que eram anciãos de fato, que não para selecionar-los por seus anos, mas por sua discrição (Números 11, 16) E, como um menino, Daniel, julgou os homens de idade  e na flor da juventude condenou a incontinência da idade (Daniel 13, 55-59)” (A Paulino, Epístola 58).

Aqui São Jerônimo mescla o uso do Livro da Sabedoria com o escrito de Moisés. Depois de se referir a Moisés, ele também se refere à história de Susanna para estabelecer um ponto. Ele não faz distinção, na prática, dos escritos de Moisés dos dois livros deuterocanônicos.

Gostaria de citar as palavras do salmista: ‘os sacrifícios de Deus são um espírito quebrado’, (Salmos 51, 17) e o de Ezequiel ‘Eu prefiro o arrependimento de um pecador ao invés de sua morte’, (Ezequiel 18, 23) e as de Baruc, ‘Levanta-te, levanta-te, ó Jerusalém’ (Baruc 5, 5) e muitos outras proclamações feitas pelas trombetas dos profetas.” (A Oceanus, Epístola 77, 4).

Observe como Jerônimo não faz distinção alguma entre o salmista, Ezequiel e Baruc. Eles são todos Inspirados, Palavras de Deus. Além disso  contrariamente ao que os protestantes dizem, que os deuterocanônicos não tinham profetas, Jerônimo chama Baruc de profeta. De acordo com Jerônimo, Baruc, portanto, com autoridade falou da Palavra de Deus. Ele usa Baruc em conjunto com esses profetas para provar que Davi no Salmo 51 está correto.

 

ainda a nossa alegria não se deve esquecer o limite definido pela Escritura, e não devemos ficar muito longe da fronteira da nossa luta. Seus presentes, de fato, lembram me dos livros sagrados, pois nele Ezequiel adorna Jerusalém com braceletes, (Ezequiel 16, 11) Baruc recebe cartas de Jeremias (Baruc 6) e o Espírito Santo desce na forma de uma pomba no batismo de Cristo (Mateus. 3, 16)” (A   Eustóquio, Epístola XXXI, 2 ).

 

Observe que São Jerônimo cita em referência às Escrituras, os Livros Sagrado. Em seguida, ele se menciona três passagens de Ezequiel, Baruc e Mateus. Agora, São Jerônimo aqui se refere às cartas (plural) de Jeremias  a Baruc, uma vez em Jeremias 36, e outra vez em Baruc 6. Assim, para Jerônimo,  Baruc é claramente Escritura, e ele é um dos autores do Volume Sagrado, a Bíblia.

 

Como nas boas obras é Deus quem lhes traz a perfeição, pois não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus que se compadece e dá-nos ajuda para que possamos ser capazes de alcançar a meta: então em coisas ímpias e pecadoras, as sementes dentro de nós dão o impulso, e estes são trazidos à maturidade pelo demônio. Quando ele vê que estamos construindo sobre o fundamento de Cristo com feno, madeira, palha, então ele se aplica no jogo. Vamos, então, construir com ouro, prata, pedras preciosas, e ele não vai se aventurar a tentar-nos: apesar de mesmo assim não há certeza e posse segura. Pois o leão espreita a emboscada para matar os inocentes. ‘ Os vasos do oleiro são provados pela fornalha, e os homens justos, pelo julgamento da tribulação’ (Eclesiástico 27, 5). E em outro lugar está escrito: ‘Meu filho, quando tu vires a servir ao Senhor, prepara-te para a tentação.’ (Eclesiástico 2, 1) Novamente, o mesmo Tiago diz: ‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla seu rosto natural no espelho, pois ele contempla a si mesmo, e vai embora, e logo se esquece que tipo de homem ele era’ .(Tiago 3, 22).  Seria inútil avisá-los para adicionar obras a fé, se não pudessem pecar depois do batismo.” (Contra Joviniano, Livro 2, 3)

 

Como vimos, “Está escrito” é uma frase que ambos os autores das Escrituras, e os Padres da Igreja usam apenas em referência às Escrituras. Jerônimo usa a frase identificando a citação como Escritura, e a mesma vem do  livro do Eclesiástico. Assim, Eclesiástico é Escritura. Ele então cita Tiago alternadamente e o põe ao mesmo nível de autoridade do Eclesiástico.

 “No entanto, o Espírito Santo no trigésimo nono Salmo, enquanto lamentando que todo homem anda numa vã aparência, e que eles estão sujeitos aos pecados, fala assim: ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6). Também após o tempo de Davi, no reinado de seu filho Salomão, lemos uma referência um tanto similar à semelhança divina. Pois no livro da Sabedoria, que está escrito com o nome dele, Salomão diz:. ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23) e mais uma vez, cerca de mil cento e onze anos depois, lemos no Novo Testamento que os homens não perderam a imagem de Deus. Pois Tiago, um apóstolo e irmão do Senhor, que eu mencionei acima – que não podemos ser enredado nas armadilhas de Orígenes – nos ensina que o homem possui a imagem e semelhança de Deus. Pois, depois de um breve discurso sobre  a língua humana, ele passou a dizer dela: ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9) Paulo, também, o ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15), que em sua pregação foi totalmente mantida a doutrina do evangelho, nos instrui que o homem é feito à imagem e à semelhança de Deus. ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7). Ele fala da ‘imagem simplesmente’, mas explica a natureza da semelhança com a palavra ‘glória’.

Em vez de três provas da Sagrada Escritura que você disse que iria satisfazê-lo se eu pudesse dá-las, eis que eu te dei sete”  (Carta LI, 6-7).

O próprio Jerônimo que havia escrito que o deuterocanônicos não eram utilizados para estabelecer doutrina, aqui em um contexto mais amplo falando de como somos feitos à imagem de Deus, prova uma doutrina e usa especificamente o Livro da Sabedoria para estabelece-la. São Jerônimo não faz distinções entre os outros livros bíblicos, que ele usa para falar sobre a doutrina, e o Livro da Sabedoria. Pra ele o livro foi uma das sete provas das Escrituras para estabelecer o significado da imagem de Deus.

 “Seu argumento é engenhoso, mas você não vê que é contra a Sagrada Escritura, que declara que, mesmo a ignorância não é sem pecado. Por isso, foi que Jó ofereceu sacrifícios por seus filhos, teste, por acaso, eles tinham involuntariamente pecado em pensamento. E se, quando se está cortando madeira, a cabeça de machado salta do punho e mata um homem, o proprietário é ordenado a ir para uma das cidades de refúgio e ficar lá até o sumo sacerdote morrer (Num. 35, 8); isto é, até que ele ser redimido pelo sangue do Salvador, seja no batistério, ou em penitência que é uma cópia da graça do batismo, através da inefável misericórdia do Salvador, que não quer ninguém pereça (Ezequiel 18, 23), nem se deleita na morte dos pecadores, mas sim que eles se convertam e vivam. […]

Você espera que eu explique os objetivos e planos de Deus? O Livro da Sabedoria dá uma resposta à sua pergunta tola: “Não olhe para as coisas acima de ti, e não procure coisas fortes demais para ti’ (Eclesiástico 3, 21). E em outro lugar ‘Não te faça exageradamente sábio, e não argumente mais do que é necessário.’(Eclesiastes 7, 16) E no mesmo lugar ‘em sabedoria e simplicidade de coração busca a Deus.’ Você talvez negará a autoridade deste livro […]” (Contra os Pelagianos, Livro I, 33)

 

Note, no início do seu depoimento, ele fala como ele vai provar o erro do pelagiano usando as Escrituras, então ele dá uma série de versículos para provar a loucura de seu oponente. Parte desses versículos dos quais ele faz uso para provar o seu ponto de vista é do livro do Eclesiástico. O livro do Eclesiástico, de acordo com Jerônimo, explica o plano e propósito de Deus, que refuta doutrina de seus adversários. Na verdade, embora ele diga que é a citação é da Sabedoria, na verdade é de Eclesiástico 3, 21, ou seja  ele está se referindo ao livro como Sabedoria de Sirac, como também é conhecido o livro de Eclesiástico. Assim, o livro faz parte das Escrituras aos olhos de Jerônimo, são citados por  ele para provar doutrina, e refutar uma pergunta tola. Ele diz que talvez o seu adversário vá negar a autoridade do livro, mas não ele mesmo. Assim, ele afirma sua autoridade.

 

E os provérbios de Salomão nos dizem que como ‘O vento norte traz chuva, e a língua fingida, o rosto irado.’ (Provérbios. 25, 23) Às vezes acontece que uma flecha quando é dirigida a um objeto duro ricocheteia sobre o arqueiro, ferindo o atirado, e assim, as palavras são cumpridas ‘viraram-se como um arco enganador’ (Salmo 78, 57) e em outra passagem: ‘aquele que lança uma pedra ao alto,  lança-a sobre sua própria cabeça’(Eclesiástico 27, 25)” (A Rusticus, Epístola 125, 19)

 

Aqui Jerônimo diz que as “palavras são cumpridas”, quais são as palavras que são cumpridas? Ele cita dois versículos, primeiro, o Salmo, em seguida, Eclesiástico. Se Eclesiástico fosse de um status inferior não faria sentido a frase Jerônimo dessa forma. Ele usa o termo, “outra passagem” em referência a Eclesiástico que confirma o mesmo ponto de vista, tornando assim o livro de nível equivalente de autoridade aos Salmos.

 

As passagens acima são claróssimas e referências explícitas aos livros deuterocaônicos, os quais, sem dúvida, Jerônimo considera como Escritura e os mostra-claramente como inspirados.

 

Existem outras referências a eles, onde ele não diz explicitamente: “Está escrito”, “A Escritura diz” ou “o Profeta diz”, porém, sem dúvida, define estes livros como Escrituras como ele fez nos exemplos anteriores. Na maioria dos tratamentos das passagens, se é Êxodo, Números, ou Eclesiástico, ele apenas dá a citação sem dizer explicitamente que é Escritura, assim como mencionado com outros padres. Ele assume  que essas passagens são Inspiradas, sem necessariamente dizer os indicadores de autoridade, como as passagens já vistas nos mostram.  Na verdade na maioria das citações dos Padres a respeito das escrituras, eles apenas as citam para apoiar o seu ponto de vista, sem fazer essa marca identificável. Assim, as passagens abaixo mostram que ele trata esses livros na prática  da mesma forma que trata os livros protocanônicos, dando-lhes status equivalente e identificando-os como Escritura, embora de forma menos explícita:

 

Deixe-me chamar em meu auxílio o exemplo dos três Jovens que, em meio ao fogo, fresco de cerco, cantava hinos, (Daniel 3, 14-94 ) em vez de chorar, e em torno daqueles turbantes e cabelos santos as chamas jogado sem causar danos. Deixe-me lembrar, também, a história do abençoado Daniel, em cuja presença, embora fosse sua presa natural, os leões agachados, com caudas abanando e bocas assustadas. (Daniel 6).  Deixe Susanna também subir na nobreza de sua fé ante os pensamentos de todos, que, depois de ter sido condenada por uma sentença injusta, foi salva por um jovem inspirado pelo Espírito Santo (Daniel 13, 45). Em ambos os casos a misericórdia do Senhor foi também mostrada, por enquanto Susanna foi libertada pelo juiz, de modo a não morrer pela espada, essa mulher, embora condenada pelo juiz, foi absolvida pela espada.” (Carta I, 9)

 

Essas coisas, querida filha em Cristo, eu te impressiono e freqüentemente repito, que você pode esquecer as coisas que estão para trás e chegar-vos as coisas que estão diante (Filipenses 3, 12). Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite de renome na história hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho. Ambas Tanto de dia como de noite viviam no templo e preservado o tesouro de sua castidade pela oração e pelo jejum. Uma delas era tipo a Igreja, que corta a cabeça do diabo (Judite 13, 8) e a outro primeiro recebeu nos braços o Salvador do mundo e lhe foi revelado os santos mistérios que estavam por vir (Lucas 2 , 36-38).” (A Salvina, Carta 79, 10).

Agora um relato de São Jerônimo sobre o Novo testamento a Dardano, o prefeito da Gália:

Isto deve ser dito a nosso respeito que aquela epístola que é intitulada ‘aos Hebreus’ é aceita como do apóstolo Paulo não somente pelas igrejas dos leste mas por todos os escritores da Igreja de língua grega dos tempos mais remotos, embora muitos a julguem para ser de Barnabé ou de Clemente. Agora não é importante quem é o autor, uma vez que é um trabalho de um homem da Igreja e recebido reconhecidamente dia a dia na leitura pública das Igrejas. Se o costume dos Latinos não o recebe entre as escrituras, de outro modo pela mesma liberdade, fazem as igrejas dos gregos ao aceitarem o apocalipse de João. Contudo nós aceitamos ambos, não seguindo o costume presente, mas dos escritores primitivos, que geralmente fizeram livre uso dos testemunhos de ambos os trabalhos. E isto eles fizeram, não querendo na ocasião citar escritos apócrifos, como fizeram usar exemplos da literatura pagã, as tratando-os como canônicos e eclesiásticos” (JERÔNIMO, 420)

Percebemos que nem o antigo testamento, nem mesmo o novo testamento, São Jerônimo cita a lista completa, pois havia ainda divergências quando a canonicidade de alguns livros como é no caso de Hebreus e Apocalipse, que a Igreja ainda não tinha dados como certos, dessa liberdade, portanto, vem a sentença de São Jerônimo a respeito de alguns deuterocanônicos, isso não significa que ele os repudiava, mas preferia ver o julgamento da Igreja a respeito. (LIMA, 2007).

Em suma, Jerônimo chama os deuterocanônicos de Escrituras. As provas que ele dá para provar doutrinas e em debates com hereges várias vezes vem dos deuterocanônicos. Ele chama Baruc de profeta, da mesma forma que  Ezequiel. Ele cita Sabedoria e Eclesiástico e dá-lhe a mesma autoridade que os outros livros e reclama que seu oponente irá negar a autoridade desses livros. Suas referências às partes deuterocanônicas de Daniel, incluindo Susanna, Bel e o Dragão, são em apoio a doutrina.  

Mostramos, portanto, que Jerônimo  refere-se a cada um dos livros deuterocanônicos como Inspirados e faz largo uso deles. Isto inclui Eclesiástico, Sabedoria, II Macabeus, Tobias, Ester, Baruc, e até mesmo as porções deuterocanônicas de Daniel, incluindo Susana, Bel e o Dragão e o Cântico dos Três Jovens, tratando cada um desses livros  com a mesma autoridade que os outros livros protocanônicos. Assim, o maior suposto “detrator” dos Deuterocanônicos, trato os como Inspirados e extrai doutrinas e ensinamentos deles, contrariando toda a crítica protestante.

 Para citar:

Rodrigues, Rafael. São Jerônimo Rejeitou os deuterocaônicos?; Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/deuterocanonicos/503-sao-jeronimo-rejeitou-os-deuterocanonicos>. Desde: 03/03/2012.

São Pedro foi “apenas” um Presbítero e não o Primeiro papa?

Em vários sítios de apologética protestantes, muitos textos contra o primado de Pedro vêm falando que Pedro Príncipe dos Apóstolos se denominava um simples presbítero logo não gozava de nenhuma suprema autoridade sobre a Igreja, o que não lhe fazia  em nada um Papa, apenas um simples sacerdote da Igreja.

O texto em que se baseiam é 1 Pedro 5, 1 onde lêem “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:” (Tradução João Almeida)

Presbitero em algumas Igreja protestantes “reformadas” diz respeito ao  líder espiritual de uma comunidade, algumas outras afirmam que presbitero é um pastor.

Na Igreja católica o título prebítero é  atribuido aos padres ordenados.

Mas será que Pedro quis dizer realmente que ele era um presbítero no sentido de um simples pastor da Igreja? Vamos fazer uma exegese mais acurada do texto em grego:

Πρεσβυτέρους τοὺς ἐν ὑμῖν παρακαλῶ ὁ συμπρεσβύτερος καὶ μάρτυς τῶν τοῦ χριστοῦ παθημάτων, ὁ καὶ τῆς μελλούσης ἀποκαλύπτεσθαι δόξης κοινωνός· (1Pe 5, 1 )

A palavra Πρεσβυτέρους (do grego antigo “πρεσβύτερος” de “πρέσβυς”) em negrito no texto, apesar de se pronunciar como “presbíteros” tem sua tradução não como “presbítero” como vulgarmente entendemos hoje, como um simples sacerdote da Igreja, mas sua real tradução significa, “Ancião”, logo Pedro não estava falando como um simples presbítero como imaginamos hoje, mais sim como um ancião que foi testemunha da paixão de Cristo.

E um presbítero , nas igrejas cristãs primitivas, era cada um dos anciãos aos quais era confiado o governo da comunidade cristã.

A palavra hebraica equivalente é za·qen e identificava os líderes do Antigo Israel, quer no Âmbito de uma cidade, da tribo ou em nível nacional.

Segundo o dicionário grego temos:

1. De idade avançada, freqüentemente subst. Pessoa (mais) velha Lc 15, 25; Jo 8, 9; At 2, 17; 1 Ti 5, 1b. De um período de tempo οἱ π. Homem antigo, nossos ancestrais Mt 15, 2; Mc 7, 3, 5; Hb 11, 2.

2. Como uma designação de um oficial idoso. presbitero.

Logo nenhuma tradução possível se encaixa como presbítero no sentido que entendemos hoje, de sacerdote, padre ou pastor.

Agora vamos analisar quantas vezes esta palavra Πρεσβυτέρους se repete na bíblia e a tradução João Almeida a traduz como ancião e não como presbítero:

Entre Judeus

Mt 16, 21

Grego:

Ἀπὸ τότε ἤρξατο ὁ Ἰησοῦς δεικνύειν τοῖς μαθηταῖς αὐτοῦ ὅτι δεῖ αὐτὸν ἀπελθεῖν εἰς Ἱεροσόλυμα, καὶ πολλὰ παθεῖν ἀπὸ τῶν πρεσβυτέρων καὶ ἀρχιερέων καὶ γραμματέων, καὶ ἀποκτανθῆναι, καὶ τῇ τρίτῃ ἡμέρᾳ ἐγερθῆναι.

João Almeida :

“Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia.”

Mt 27:41

Grego:

“ Ὁμοίως δὲ καὶ οἱ ἀρχιερεῖς ἐμπαίζοντες μετὰ τῶν γραμματέων καὶ πρεσβυτέρων καὶ Φαρισαίων ἔλεγον”

João Almeida:

“E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo…”

A mesma coisa se repete em Mc 14, 43, 53; Lc 7, 3; 9, 22; At 4, 23; 6, 12.

Entre os Cristãos

At 11, 30

Grego

ὃ καὶ ἐποίησαν, ἀποστείλαντες πρὸς τοὺς πρεσβυτέρους διὰ χειρὸς Βαρνάβα καὶ Σαύλου.”

João Almeida

O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.”

At 14, 23

Grego:

“ Χειροτονήσαντες δὲ αὐτοῖς πρεσβυτέρους κατ᾽ ἐκκλησίαν, προσευξάμενοι μετὰ νηστειῶν, παρέθεντο αὐτοὺς τῷ κυρίῳ εἰς ὃν πεπιστεύκεισαν. ”

João Almeida:

”E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao SENHOR em quem haviam crido.”

A mesma coisa se repete em 1 Tm 5:17,19; Tt 1, 5; Js 5, 14;  1 Pd5:5; 2 Jo 1; 3 Jo 1; Ap 4:4; 7:11.

Logo vemos que a Tradução João Almeida nada mais passa do que uma tradução tendenciosa. A palavra πρεσβυτέρους (ancião) se repete quase que 30 vezes no novo testamento e somente na que Pedro de refere a ele mesmo, a “João Almeida” traduz como presbítero. Logo na de Pedro!

E além de tudo os protestantes caem de boca em cima da passagem, não sabendo eles o real significado e a morfologia  da palavra e o como Pedro realmente se intitulou.

Apesar de hoje usarmos a palavra “Presbítero” como um sacerdote que preside uma Igreja particular, Pedro emprega o sentido etimológico da palavra que é “ancião” em oposição ao que ele vai falar aos Jovens no versículo 5 do mesmo capítulo onde lemos:

“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos . . .” (1 Peter 5, 5 – João Almeida)

Note que no versículo 1 já analisado a João Almeida traduz  πρεσβυτέρους como Presbítero por que Pedro se referia a ele próprio, mas 4 versículos depois a mesma João Almeida traduz a mesma palavra πρεσβυτέρους como Ancião, logo podemos ver a tradução tendenciosa.

Por Que Pedro Não Poderia Ser Um Simples Presbítero, no sentido atual da palavra?

Existe uma hierarquia na Igreja e Pedro só poderia estar no todo dela, como apostolo:

Ef 4, 11 “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores…”

Cada um na Igreja tem sua função logo, Pedro não teria 2 cargos:

1 Cor 12, 29 Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?

Pedro é notável e coluna da Igreja (Gl 2, 1-9)

É freqüentemente chamado por Paulo de Cefas. Κηφᾶς, ᾶ, ὁ (Aramaico = ‘rocha’) (Jo 1, 42; 1 Cor 1, 12; 3, 22; 9, 5; 15, 5; Gal 1, 18; 2, 9, 11, 14).

Seu nome está na frente todas as listas dos apóstolos e dos grupo intimo de Jesus (Mt 10,2; Mt 17,1; Mt 26,37.40; Mc 3,16Mc 5,37; Mc 14,37; Lc 6,14; At 1,13)

Pedro – Pedra sobre a qual Jesus edificou sua Igreja (Mt 16,18)

Jesus paga imposto por ele e por Pedro (Mt 17,26)

Jesus confia aos apóstolos a papel de Ensinar as pessoas tudo que prescreveu (Mt 28,20)

Pedro é sempre destacado dos demais apóstolos (Mc 1,36; Mc 16,7; Lc 9,32Jo 13,6-9Jo 21,7-8;  At 2,37; At 5,29;  ICor 15,5)

Jesus Roga por Pedro para que ele Confirme os irmãos (Lc 22,31s)

Cristo Ressuscitado aparece primeiro a Pedro (Lc 24,34; 1Cor 15,5s)

Jesus manda Pedro a apascenta as ovelhas dele (Jo 21,15ss)

É sempre ele que toma as decisões e toma a palavra entre os apóstolos (Mt 18,21; Mc 8,29; Lc 9,5; Lc12,41; Jo 6,67ss; At 1,15.22; At 2,14; At 10,1; At 15,7-12)

Pedro realiza o primeiro milagre da Era da Igreja, curando um aleijado (At 3,6-12)

Pedro lança a primeira excomunhão a Safira e Ananias (At 5,2-11)

Pedro é a primeira pessoa após Cristo a ressuscitar um morto (At 9,40)

Cornélio, o 1º pagão convertido, é orientado por um anjo a procurar Pedro para ser instruído no cristianismo (At 10,1-6)

Pedro abre, preside e encerra o primeiro Concílio da Cristandade (At 15,7-11)

S.Paulo vai conhecer Pedro e fica 15 dias com ele (Gál 1,18)

Logo Pedro se referiu a ele mesmo como ancião e não como “presbítero” atual como andam colocam as palavras na boca de Pedro.

Fica provado portanto que Pedro nunca quis dizer que ele era um simples presbitério como pensam os protestantes e insinua a tendenciosa tradução protestante da bíblia, de João Almeida.

Rafael Rodrigues.

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