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Vaticano apresenta novos prêmios sobre o pensamento de Bento XVI

Vaticano, 26 Set. 17 / 02:30 pm (ACI).- Erguer pontes entre ciência e fé e expor o pensamento do Papa Emérito Bento XVI são os dois principais objetivos dos prêmios que a Fundação Joseph Ratzinger-Bento XVI entregará na quarta-feira, 27 de setembro e em novembro.

A Fundação apresentou várias iniciativas na Sala de Imprensa do Vaticano, na qual estiveram presentes o Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura e membro do Comitê Científico da Fundação, e o Presidente do Conselho de Administração, Pe. Federico Lombardi, ex-porta-voz da Santa Sé, que destacou alguns detalhes.

“A fundação foi instituída em 2010 com o objetivo de promover estudos e publicações sobre o trabalho e o pensamento de Joseph Ratzinger-Bento XVI e promover estudos teológicos nas disciplinas conectadas”, assinalou o também ex-diretor da Sala de Imprensa do Vaticano.

A principal novidade é a entrega dos prêmios “Razão Aberta”, cuja primeira edição será na quarta-feira, 27 de setembro, no Vaticano, em colaboração com a Universidade Católica Francisco de Vitoria, de Madri (Espanha).

Os novos prêmios “foram inspirados em uma ideia central do pensamento de Ratzinger. Essa ideia insiste na necessidade de ter uma visão ampla e aberta da razão e do seu exercício na busca da verdade e da resposta às perguntas fundamentais sobre a humanidade e seu destino”. Algo que serve para o “diálogo entre a Igreja e a cultura moderna, e entre as ciências e a filosofia e a teologia”.

Por sua parte, o reitor da Universidade Francisco de Vitória, o professor Daniel Sada, destacou que as universidades católicas deveriam responder à pergunta: “o que uma universidade católica faz para a evangelização?”. “Bento XVI convida as universidades católicas a usarem a razão. Será católica pelo que também acontece em suas salas de aula, por isso é muito importante ensinar desde uma razão aberta, ampliada e assim surgiu o nome dos prêmios”. Também é “uma forma de sair às periferias do conhecimento e da cultura”.

Em declarações ao Grupo ACI, Sada explicou que a sua universidade propôs “empreender um projeto que responda ao legado principal de Ratzinger, de pedir às universidades de todo o mundo para que sejam capazes de produzir ciência e de ensinar uma ciência a partir uma razão aberta, superando a natureza fragmentada do saber”.

Em sua opinião, as universidades católicas devem “criar e ensinar uma ciência e preparar para profissões a partir de uma visão de mundo cristã. A única maneira é pensar as próprias ciências a partir dessa razão aberta proposta pelos prêmios”.

Os vencedores da primeira edição são Darcia Narvaéz, da Universidade de Notre Dame; Claudia Vanney e Juan F. Franck, da Universidade Austral; e Michael Schuck, Nancy C. Tuchman e Michael J. Garanzini, da Universidade de Loyola. Também a religiosa Laura Baritz, da Keteg Oikonomía Research Institute Foundation.

Por outro lado, o prestigioso Prêmio Ratzinger terá a sua sétima edição em 18 de novembro e, de 20 de novembro a  1º de dezembro, acontecerá em San José, Costa Rica, o simpósio internacional sobre ecologia Laudato Si, que tratará sobre o tema “O cuidado da Casa Comum, uma conversa necessária para a Ecologia Humana”.

Fé e razão não se excluem e juntas permitem chegar a Deus, recorda o Papa Bento XVI

VATICANO, 16 Jun. 10 / 12:34 pm (ACI).- Em sua habitual catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI continuou a reflexão sobre Santo Tomás de Aquino, conhecido como o “Doutor Angélico” a quem se referiu como um exemplo da necessária relação e complementaridade entre fé e razão, entre a filosofia e a teologia que permitem chegar à verdade e assim a Deus.

Depois de recordar que este Santo é Padroeiro das universidades católicas, o Santo Padre assinalou que Tomás de Aquino se concentra na distinção entre filosofia e teologia, porque em sua época, à luz por uma parte da filosofia aristotélica e platônica e por outra da elaborada pelos Padres da Igreja, “a questão urgente era se o mundo da racionalidade, a filosofia pensada sem Cristo e o mundo da fé eram compatíveis ou se excluíam”.

“Tomás estava firmemente convencido de sua compatibilidade, mais ainda de que a filosofia elaborada sem conhecer Cristo esperava quase a luz de Jesus para ser completa. Esta foi a novidade de Tomás, que determina seu caminho de pensador: Mostrar a independência da filosofia e teologia e ao mesmo tempo sua relação”.

Para o Santo “a fé consolida, integra e ilumina o patrimônio de verdade que a razão humana adquire. A confiança que Santo Tomás concede a estes dois instrumentos de conhecimento –a fé e a razão– se remonta à convicção de que ambos provêm da única fonte de toda verdade, o Logos divino, que opera tanto no âmbito da criação como no da redenção”.

Uma vez estabelecido este princípio da razão e da fé, Santo Tomás precisa que estas se valem de processos cognitivos diversos: “A razão aceita uma verdade em virtude de sua evidência intrínseca, mediata ou imediata, a fé, por outra parte, aceita uma verdade sobre a base da Palavra de Deus revelada”.

“Esta distinção garante a autonomia seja das ciências humanas como das ciências teológicas. Entretanto, isto não equivale a uma separação, mas implica em realidade a cooperação recíproca. A fé, de fato, protege a razão de toda tentação de desconfiança em sua capacidade e a estimula a abrir-se a horizontes cada vez mais amplos”.

Por outra parte, “a razão com seus meios pode fazer algo importante para a fé, prestando-lhe um triplo serviço que Santo Tomás resume assim: ‘Demonstrar os fundamentos da fé, explicar mediante semelhanças as verdades da fé, rechaçar as objeções que se expõem contra a fé. Toda a história da teologia é, depois de tudo, o exercício deste esforço de inteligência, que demonstra a inteligibilidade da fé, sua articulação e harmonia interior, sua racionalidade e sua capacidade para promover o bem do homem’”.

“A exatidão dos raciocínios teológicos e seu significado cognitivo real se apóiam no valor da linguagem teológica, que é, segundo Santo Tomás, sobre tudo uma linguagem da analogia”. A analogia reconhece no mundo criado e em Deus perfeições comuns e Tomás fundamenta sua doutrina da analogia, “ademais dos argumentos filosóficos, com o fato de que com a Revelação Deus mesmo falou e por isso nos autorizou a falar Dele”.

O Papa ressaltou a importância desta doutrina, que “nos ajuda a superar algumas objeções do ateísmo contemporâneo, que nega que a linguagem religiosa tenha um sentido objetivo, e argumenta em contraposição que só tem um valor subjetivo ou emocional. À luz dos ensinamentos de Santo Tomás, a teologia afirma que embora a linguagem seja limitada,ela tem um significado religioso, como uma flecha que aponta à realidade que isto significa”.

Também sua teologia moral resulta de grande atualidade, quando afirma que “as virtudes humanas, teologais e morais estão arraigadas na natureza humana” e que “a graça divina acompanha, apóia e fomenta o compromisso ético, mas, de acordo com Santo Tomás, por si mesmos todos os homens, crentes e não crentes, estão chamados a reconhecer as exigências da natureza humana, que se expressam na lei natural e a inspirar-se nela na hora de formular leis positivas, quer dizer as emanadas pelas autoridades civis e políticas para regular a convivência humana”.

“Quando se negam a lei natural e as responsabilidades que suporta se abre tragicamente o caminho ao relativismo ético no âmbito individual e ao totalitarismo do Estado no âmbito político. A defesa dos direitos humanos universais e a afirmação do valor absoluto da dignidade humana se apóiam em um fundamento. Não é a lei natural esse fundamento, com os valores não negociáveis que indica?”.

Finalmente o Santo Padre assinalou que “Tomás oferece um conceito da razão humana amplo e confiante: amplo porque não se limita ao espaço da denominada razão empírico-científica, senão aberto a todo o ser e portanto às questões fundamentais e irrenunciáveis da vida humana; confiante porque a razão humana, sobre tudo se acolhe a inspiração da fé cristã, é promotora de uma civilização que reconhece a dignidade da pessoa, a inviolabilidade de seus direitos e a convicção de seus deveres”.

Em sua saudação em português, o Papa Bento disse:
“Saúdo cordialmente todos os peregrinos lusófonos, em particular os brasileiros da paróquia São Vicente Mártir de Porto Alegre e os irmãos da Misericórdia de Maringá, como também os professores e alunos portugueses do Centro Cultural Sénior de Braga, para todos implorando uma vontade que procure a Deus, uma sabedoria que O encontre, uma vida que Lhe agrade, uma perseverança que por Ele espere e a confiança de chegar a possuí-Lo. São os meus votos e também a minha Bênção!”

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