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A Paz e o Papado

G.K. Chesterton

Há um famoso ditado que a alguns parece falta de reverência, embora de fato seja um esteio de uma parte importante da religião: “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-Lo.” Isso não é totalmente diferente de algumas das ousadas questões com que Santo Tomás de Aquino inicia sua grande defesa da fé.

Alguns dos modernos críticos de sua fé, especialmente seus críticos protestantes, cometeram um erro divertido, por causa de sua ignorância do latim e do antigo uso da palavra DIVUS, e acusaram os católicos de descreverem o Papa como Deus. Os católicos, preciso dizer, estão tão próximos a chamar o Papa de Deus quanto de chamar um gafanhoto de Papa. Mas há um sentido em que eles realmente reconhecem uma correspondência eterna entre a posição do Rei dos Reis no universo e a do seu Vigário no mundo, como a correspondência entre uma coisa real e sua sombra; uma similaridade parecida com a similaridade imperfeita e defeituosa entre Deus e a imagem de Deus. E entre as coincidências dessa comparação pode ser colocado o caso deste epigrama. O mundo se encontrará mais e mais na posição em que mesmo os políticos e os homens práticos se pegarão dizendo: “Se o Papa não existisse, seria necessário inventá-lo.”

Não é de todo impossível que eles possam realmente tentar inventá-lo. A verdade é que milhares deles já teriam aceitado o Papa desde que ele não fosse chamado Papa. Acredito firmemente que seria muito possível, nessa questão e em muitas outras, pregar uma espécie de peça piedosa e prática em grande número de hereges e pagãos. Imagino que seria muito factível descrever com precisão, mas em termos abstratos, a idéia geral de um cargo ou obrigação que corresponda exatamente à posição do Papa na história, e que fosse aceitável em termos éticos e sociais por muitos protestantes e livre-pensadores; até que descobrissem, com uma reação de ira e assombro que eles foram levados a aceitar a arbitragem internacional do Papa. Suponha que alguém apresentasse a antiga idéia como se fosse uma nova idéia; suponha que se dissesse: “Proponho que seja erguido em alguma cidade central, na parte mais civilizada de nossa civilização o gabinete de uma autoridade permanente para representar a paz e a base do entendimento de todas as nações circundantes; que ele seja, pela natureza de seu cargo, posto a parte de todos e, mesmo assim, que ele jure considerar os acertos e os erros de todos; que ele seja colocado lá como um juiz para elucidar uma lei ética e um sistema de relações sociais; que ele seja de certo tipo e treinado de certa maneira, diferente da que encoraje as ambições ordinárias da glória militar ou mesmo dos elos da tradição tribal; que ele seja protegido, por um sentimento especial, da pressão de reis e príncipes; que ele jure, de forma especial, considerar os homens como homens.” Não são poucos já, e logo serão muito mais, os que seriam perfeitamente capazes de propor tal instituição internacional ideal; há também muitos que suporiam realmente, em sua inocência, que isso nunca tivesse sido tentado antes.

É verdade que até agora muitos de tais reformadores recuariam ante a idéia de uma instituição ser um indivíduo. Mas mesmo esse preconceito está enfraquecendo pelo desgaste da experiência política real. Podemos estar ligados, como muitos de nós estamos, ao ideal democrático; mas muitos de nós já percebemos que a democracia direta, a única democracia verdadeira que satisfaz o verdadeiro democrata, é uma coisa aplicável a algumas coisas e não a outras; e ela não é absolutamente aplicável à uma questão como esta. A voz real de uma vasta civilização internacional, ou de uma vasta religião, não será, de qualquer forma, as vozes e clamores distintos e articulados de todos os milhões de fiéis. Não seria o povo o herdeiro de um Papa destronado; seria algum sínodo ou grupo de bispos. Não é uma alternativa entre monarquia e democracia, mas uma alternativa entre monarquia e oligarquia. E, sendo eu um dos democratas idealistas, não tenho a menor hesitação em minha escolha entre as duas formas anteriores de privilégio. Um monarca é um homem, mas uma oligarquia não são homens; são poucos homens formando um grupo pequeno o suficiente para ser irresponsável. Um homem na posição de um Papa, a menos que seja literalmente louco, deve ser responsável. Mas aristocratas podem sempre jogar a responsabilidade uns nos outros; e ainda criar uma sociedade corporativa cuja visão do resto do mundo seja completamente obscurecida. Estas são conclusões a que estão chegando muitas pessoas no mundo; e muitos estariam ainda mais assombrados e horrorizados em descobrir aonde levam essas conclusões. Mas o ponto de discussão aqui é que mesmo se nossa civilização não redescobrir a necessidade do Papado, é extremamente provável que, cedo ou tarde, ela tentará suprir a necessidade com algo parecido com o Papado; mesmo se tentar fazê-lo por conta própria. Esta será realmente uma situação irônica. O mundo moderno estabelecerá um novo Anti-Papa, mesmo considerando que, como no romance de D. Benson, o Anti-Papa tenha o caráter de um Anticristo.[1]

A questão é que os homens tentarão colocar algum tipo de poder moral fora do alcance dos poderes materiais. A fraqueza de muitas tentativas valorosas, bem intencionadas e atuais de justiça internacional é que o conselho internacional dificilmente pode evitar ser meramente um microcosmos ou um modelo do mundo externo, com todas as pequenas e grandes coisas, inclusive as coisas excessivamente grandes. Suponha que em trocas internacionais do futuro alguma potência, digamos a Suécia, seja considerada injusta ou problemática. Se a Suécia for poderosa na Europa, ela será poderosa no conselho da Europa. Se a Suécia for muito poderosa na Europa, ela será muito poderosa no conselho da Europa. E porque ela é a própria coisa irresistível, ela é a própria coisa a ser resistida; ou, de qualquer forma, a ser restringida. Não vejo como a Europa possa escapar desse dilema lógico, exceto se descobrir novamente uma autoridade que seja puramente moral e que seja a guardiã reconhecida de uma moralidade. Pode ser dito sensatamente que mesmo aqueles dedicados a essa tarefa podem nem sempre praticar o que professam. Mas os outros governantes do mundo nunca estão obrigados a professá-lo.

Muitas vezes na história, especialmente na história medieval, o Papado interveio no interesse da paz e da humanidade; tal como os grandes santos se jogavam entre espadas e adagas de facções em luta. Mas se não houvesse um Papado, algum santo, ou a Igreja Católica, o mundo, abandonado à sua própria sorte, certamente não teria substituído credos teológicos por abstrações sociais. Em geral, a humanidade esteve longe de ser humanitária. Se o mundo fosse abandonado à própria sorte, digamos na era do feudalismo, todas as decisões teriam sido rígida e brutalmente na linha do feudalismo. Havia apenas uma instituição humana que existira antes do feudalismo. Havia apenas uma instituição que podia possivelmente trazer consigo alguma débil memória da República e da Lei romanas. Se o mundo tivesse sido abandonado à sua própria sorte na época da Renascença e da política italiana do Príncipe, ele teria se organizado inteiramente ao modo da glorificação dos príncipes. Havia apenas uma instituição que podia a qualquer momento ser forçada a repetir: “Não coloque sua confiança em príncipes.” Tivesse ela ausente, o único resultado teria sido que o famoso acordo de CUJUS REGIO EJUS RELIGIO teria sido todo REGIO com muito pouca RELIGIO. E então, nossos dias atuais têm seus dogmas inconscientes e seus preconceitos universais; e precisamos uma separação especial, sagrada e, o que parece a muitos, inumana que esteja acima de nós, para ver além.

Sei que se abusou deste ideal como de nenhum outro; digo apenas que mesmo aqueles que mais denunciaram a realidade provavelmente começarão de novo a busca pelo ideal. Mas, de fato, não proponho que qualquer tribunal espiritual deveria agir como um tribunal comum ou que a ele seja dado poderes de interferência prática nos governos nacionais. Tenho firme convicção de que tal tribunal não deveria nunca aceitar qualquer envolvimento material. Tampouco desejo, nesta questão, que qualquer tribunal secular agora constituído no interesse da paz internacional interfira com a nacionalidade ou com a liberdade local. Preferiria muito mais dar tal poder a um papa do que a políticos e diplomatas do tipo daqueles a quem o mundo está entregue. Mas não desejo dá-lo a ninguém e a autoridade em questão não deseja aceitá-lo de ninguém. A coisa de que falo é puramente moral e não pode existir sem certa lealdade moral; é uma espécie de atmosfera ou mesmo de um sentimento de afeição. Não há espaço para descrever aqui a maneira em que tal elo popular se desenvolve; mas não há a mínima dúvida de que ele já se desenvolveu em torno do centro religioso de nossa civilização; e não é provável que cresça de novo, exceto se ele se dirigir a um padrão de humildade e caridade muito mais alto que o padrão ordinário do mundo. Os homens não sentem afeição pelos imperadores dos outros, ou mesmo pelos políticos dos outros; sabe-se que a afeição deles se esfriou até mesmo em relação aos seus próprios políticos. Não vejo nenhuma perspectiva de qualquer núcleo positivo de amizade, exceto em certo entusiasmo por algo que move as partes mais íntimas da natureza moral do homem; algo que pode nos unir não por ser inteiramente internacional (como dizem os arrogantes), mas por ser universalmente humano. Os homens não conseguem concordar sobre o nada, tanto quanto não conseguem discordar sobre o nada. E algo amplo o suficiente para proporcionar tal acordo deve ser ele mesmo maior que o mundo.

Fonte: CHESTERTON, G.K. A Paz e o Papado. Chesterton Brasil. [Traduzido por Antonio Emilia Angueth de Araujo, retirado do Capítulo do livro The Thing (A Coisa), publicado em 1929]. Disponivel em: http://www.chestertonbrasil.org/ Acesso em: 17 Dezembro 2010.

Estar em sintonia com Deus para obrar sempre o bem e evitar o mal, pede o Papa

CASTEL GANDOLFO, 24 Jul. 11 / 02:38 pm (ACI/EWTN Noticias)

Ao presidir a reza do Ângelus dominical na residência de Castelgandolfo, o Papa Bento XVI exortou os católicos a terem uma consciência sensível à verdade, a Deus, que permita obrar sempre o bem e evitar o mal onde quer que estejam, segundo o exemplo do rei Salomão.

Ante os milhares de fiéis que o acompanharam na oração Mariana, o Santo Padre recordou a história do rei Salomão quem pediu ao Senhor: “’Dai, pois, ao vosso servo um coração dócil, capaz de julgar o vosso povo e discernir entre o bem e o mal’. E o Senhor responde à sua oração, de tal forma que Salomão se torna célebre em todo o mundo pela sua sabedoria e os seus retos julgamentos”.

O Papa explicou que este “coração” se refere à consciência humana. No caso do Salomão, prosseguiu, “o pedido é motivado pela responsabilidade de guiar uma nação, Israel, o povo que Deus escolheu para manifestar ao mundo o seu projeto de salvação”.

“O rei de Israel, portanto, deve buscar estar sempre em sintonia com Deus, em atitude de escuta à Sua Palavra, para guiar o povo nos caminhos do Senhor, o caminho da justiça e da paz. Mas o exemplo do Salomão é válido para cada homem”.

O Pontífice ressaltou que “Cada um de nós tem uma consciência para a qual ser, em certo sentido, “rei”, isto é, para exercitar a grande dignidade humana de agir segundo a reta consciência, fazendo o bem e evitando o mal”.

“A consciência moral pressupõe a capacidade de escutar a voz da verdade, de ser dócil às suas indicações. As pessoas chamadas a tarefas de governo têm, naturalmente, uma responsabilidade a mais e, portanto – como ensina Salomão –, têm ainda mais necessidade do auxílio de Deus. Mas cada um tem a própria parte a fazer, na situação concreta em que se encontra”.

O Papa assinalou também que “uma mentalidade errada sugere-nos pedir a Deus coisas ou condições favoráveis; na realidade, a verdadeira qualidade da nossa vida e da vida social depende da reta consciência de cada um, da capacidade de cada um e de todos de reconhecer o bem, separando-o do mal, e de buscar pacientemente concretizá-lo”.

“Peçamos, por isso, o auxílio da Virgem Maria, Sede da Sabedoria. O seu “coração” é perfeitamente “dócil” à vontade do Senhor. Embora sendo uma pessoa humildade e simples, Maria é uma rainha aos olhos de Deus e, como tal, a veneramos”, destacou Bento XVI.

Ao final o Sumo Pontífice pediu que “a Virgem Santa ajude também a nós a formarmos, com a graça de Deus, uma consciência sempre aberta à verdade e sensível à justiça, para servir o Reino de Deus”.

Como cair no recurso ao estereótipo sem dar conta

A homilia de Raniero Cantalamessa na Sexta-Feira Santa (2 de Abril) provocou aquilo que ela própria queria evitar: violência. Verbal, mas violência.

No Domingo, o “Diário de Notícias” titulava “Críticas judaicas abrem nova crise para o Vaticano” (4 de Abril). E o “Público”: “Rabis e vítimas indignadas com comparação ao anti-semitismo”. Na entrada, este último (texto de Ana Fonseca Pereira) afirma: “Padre Cantalamessa equiparou ataques à Igreja com perseguição aos judeus. Polémica adensa uma crise que ensombra esta Páscoa”.

Comparou mesmo? Talvez. Mas quem fez primeiro a comparação foi um judeu.

Se eu me sentisse perseguido, como muitos responsáveis da Igreja se dizem sentir, e se tivesse recebido um carta de alguém que pertence a um povo que foi a maior vítima do século XX, julgo que a usaria, como fez Cantalamessa. Não reivindicaria para mim tal estatuto de vítima – nem ele o fez. O Holocausto, o cúmulo do anti-semitismo, foi algo inominável e não é invocável para autodefesa por quem nele não participou. Mas se um elemento do povo judeu adverte para mecanismos semelhantes aos do anti-semitismo, de “recurso ao estereótipo” e de “passagem da responsabilidade pessoal para a colectividade”, nos tempos de hoje, em relação à Igreja, não poderei eu usar essas palavras?

O melhor é ler que o pregador do Papa disse (versão brasileira da Zenit, aqui):

«Por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu. Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência coletiva e também estão aptos a reconhecer os sintomas recorrentes. Recebi nestes dias uma carta de um amigo judeu e, com sua permissão, compartilho um trecho convosco. Dizia:

“Tenho acompanhado com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os féis do mundo inteiro. O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a coletividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo. Desejo, portanto, expressar à ti pessoalmente, ao Papa e à toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade. A nossa Páscoa e a vossa têm indubitáveis elementos de alteridade, mas ambas vivem na esperança messiânica que seguramente reunirá no amor do Pai comum. Felicidades a ti e a todos os católicos e Boa Páscoa”».

A citação no final de um belíssimo texto contra a violência (de como com a morte de Jesus se ultrapassa a violência que á alma de um certo tipo de sagrado) transformou-se em mais um episódio de violência mediática. Chamou-se “obsceno”, “inapropriado” e “moralmente errado” ao sermão de Cantalamessa (via “Público”), quando as palavras são de um judeu. Foi imprudente Cantalamessa? Dizer que sim é admitir que a pressão mediática nos priva de liberdade.

A reacção ao sermão por parte de judeus e de vítimas de abusos, apesar de o porta-voz do Vaticano ter vindo dizer que havia palavras que podiam ser mal interpretadas, revela que a violência verbal está latente na nossa sociedade. Como já nem se olha aos factos e aos contextos, como já não se distingue e muito se confunde, começo a pensar que a Igreja está mesmo a ser perseguida (mas nada desculpa os abusos). Ou pelo menos é um alvo fácil para quem quer fazer pontaria.

Fonte: Tribo de Jacob

Bento XVI: João Paulo II “consumiu-se” por Cristo e por todo o mundo por amor

VATICANO, 30 Mar. 10 / 06:32 am (ACI).- Ao presidir na tarde de ontem na Basílica de São Pedro, a Eucaristia ao celebrar o 5° aniversário da morte do Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI ressaltou a profunda fé, a grande esperança e a total caridade que marcou a vida de Karol Wojtyla e como “consumiu-se por Cristo, a Igreja” e o mundo inteiro por amor.

Em sua homilia da Missa de ontem ao celebrar o 5º aniversário da morte de João Paulo II ocorrida em 2 de abril de 2005, o Papa Bento XVI explicou que um “servo de Deus” é aquele que atua com firmeza inquebrável, com uma energia que não diminui até que ele tenha realizado a tarefa que lhe foi atribuída, e que, não obstante de carecer dos meios humanos que parecem necessários para alcançar o objetivo, entretanto se apresenta com a força da convicção, sendo o Espírito que Deus pôs nele, que lhe dará a capacidade de atuar com humildade e força, assegurando-lhe o êxito final.

Conforme indica a Rádio Vaticano, o Santo Padre assinalou que “aquilo que o profeta inspirado diz do Servo, podemos aplicar ao amado João Paulo II: o Senhor o chamou a seu serviço e, ao confiar-lhe tarefas de maior responsabilidade, acompanhou-o com sua graça e com sua contínua assistência. Durante seu pontificado, ele se prodigalizou em proclamar o direito com firmeza, sem debilidades nem hesitações, sobre tudo quando tinha que medir-se com resistências, hostilidades e rechaços. Sabia ter sido tomado pela mão do Senhor, e isto lhe possibilitou exercitar um ministério fecundo, pelo qual, uma vez mais, damos férvidas graças a Deus”.

Bento XVI depois se referiu ao evangelho da Segunda-feira Santa, onde São João apresenta o encontro do Jesus com Lázaro, Maria e Marta, destacando que o relato apresenta os “pressentimentos da morte iminente” de Jesus: seis dias antes da páscoa, a sugestão da traição de Judas, a resposta de Jesus que faz alusão aos atos de piedade antes de sua sepultura que fez Maria ao derramar o perfume sobre ele.

O Papa destacou a atitude de Maria como uma expressão de fé e de amor grande para o Senhor, um amor que não calcula, não mede, não se detém em gastos, não põe barreiras, mas que se dá com alegria e busca o bem do outro, que vence as mesquinharias, os ressentimentos, as teimosias que o homem leva às vezes em seu coração. O amor, como o expressou Maria neste gesto, é a regra que Jesus põe para a sua comunidade, um amor que sabe servir até doar a vida.

“O significado do gesto de Maria, que é resposta ao Amor infinito de Deus, difunde-se entre todos os convidados; cada gesto de caridade e de devoção autêntica para Cristo, não permanece como um ato pessoal, não está só relacionado entre o indivíduo e o Senhor, mas relacionado com todo o corpo da Igreja, é contagioso: infunde amor, alegria, luz”, disse o Santo Padre

O Papa Bento XVI depois fez alusão à atitude de Judas, que com o pretexto de oferecer ajuda aos pobres, esconde o egoísmo e a falsidade do homem fechado em si mesmo, encadeado à avidez da posse de bens, que não deixa brotar o bom perfume do amor divino. Um amor que tinha intuído Maria como amor de Deus, um Amor que encontrará sua máxima expressão no madeiro da Cruz. Um amor que durante se expressou durante toda a vida do João Paulo II.

“Toda a vida do venerável João Paulo II se desenvolveu no signo desta caridade, da capacidade de doar-se de maneira generosa, sem reservas, sem medidas, sem cálculo. Aquilo que o movia era o amor para Cristo, a quem tinha consagrado a vida, um amor superabundante e incondicionado. E precisamente porque se aproximou sempre mais a Deus no amor, ele pôde fazer-se companheiro de viagem para o homem de hoje, derramando no mundo o perfume do Amor de Deus”.

“Quem teve a alegria –continuou o Papa– de conhecê-lo e freqüentá-lo, pôde tocar com a mão como estava viva nele a certeza de contemplar a bondade do Senhor na terra dos viventes, como escutamos no salmo responsorial; certeza que o acompanhou no curso de sua existência e que, de maneira particular, manifestou-se durante o último período de sua peregrinação nesta terra: a progressiva debilitação física, em efeito, não derrubou sua forte fé, sua luminosa esperança e sua fervente caridade”.

“Deixou-se consumir por Cristo, pela Igreja, pelo mundo inteiro: o seu, foi um sofrimento vivido até o final por amor e com amor”, concluiu Bento XVI.

Dom Tomasi critica cultura ocidental que ridiculariza religião

ROMA, terça-feira, 30 de março de 2010 (ZENIT.org).- Atualmente, no Ocidente, são muitos os que concebem a religião como algo antiquado e a ridicularizam, uma atitude que leva ao preconceito.

Assim indicou o representante permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e instituições internacionais em Genebra, Dom Silvano Tomasi, em uma entrevista realizada no dia 24 de março pela Rádio Vaticano.

No Ocidente, “a religião é vista como algo antiquado que impede o desenvolvimento e o progresso científico”, afirmou.

“Ainda existem muitos funcionários – inclusive na União Europeia –, grupos e correntes de pensamento que veem na religião um obstáculo para a modernidade”, acrescentou.

“Esta atitude incita depois ao preconceito com relação à população crente – denunciou. Penso que uma cultura pública ocidental que ridiculariza a religião não presta um bom serviço, e sim cria problemas para o seu futuro.”

Na entrevista, o prelado quis reafirmar “o direito da pessoa à liberdade religiosa” e lamentou que os cristãos sejam hoje “os mais discriminados”.

Referiu-se à defesa da liberdade religiosa e recordou que “a comunidade internacional deve assumir uma responsabilidade, tratando destas questões de maneira sistemática”.

Também recordou a importância dos meios de comunicação e da educação, evitando, por exemplo, os manuais ou textos escolares “que apoiam as posições fundamentalistas ou incitam ao ódio às demais religiões”.

Santa Sé: não focalizar só na Igreja as acusações de abusos

Apoia a forma como a Igreja na Europa está enfrentando esta ampla questão

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 9 de março de 2010 (ZENIT.org).- Os abusos a menores por parte de responsáveis eclesiais são especialmente reprováveis, mas a questão é mais ampla e focalizar as acusações na Igreja falseia a perspectiva.

Esta foi a advertência do porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, SJ, em uma nota lida diante dos microfones da Rádio Vaticano, com relação ao debate sobre os abusos sexuais a menores de idade.

“Certamente, os erros cometidos nas instituições e por responsáveis eclesiais são particularmente reprováveis, dada a responsabilidade educativa e moral da Igreja”, indicou.

“Mas todas as pessoas objetivas e informadas sabem que a questão é muito mais ampla e concentrar as acusações somente na Igreja leva a falsear a perspectiva”, acrescentou.

O Pe. Lombardi ilustrou esta realidade com um exemplo dado recentemente pelas autoridades da Áustria.

Segundo estas, “em um mesmo período, os casos encontrados em instituições vinculadas à Igreja foram 17, enquanto se produziram outros 510 em outros ambientes”, explicou o porta-voz vaticano, acrescentando que “seria bom preocupar-se também com estes”.

A nota indica que, contra os abusos, a Igreja elabora as respostas apropriadas, que se inserem “em um contexto e em uma problemática mais ampla, que se refere à proteção – das crianças e jovens – dos abusos sexuais na sociedade”.

O Pe. Lombardi se referiu à iniciativa, promovida pelo Ministério da Família da Alemanha, de convocar uma mesa redonda das diversas realidades educativas e sociais para enfrentar a questão a partir de uma perspectiva complexa e adequada.

“A Igreja está naturalmente disposta a participar e comprometer-se – indicou. Provavelmente, sua dolorosa experiência pode ser uma contribuição útil também para os demais.”

“A chanceler, Sra. Merkel, reconheceu justamente a Igreja na Alemanha pelo seu compromisso sério e construtivo”, acrescentou.

O porta-voz vaticano também destacou que “a Igreja vive inserida na sociedade civil e nela assume sua responsabilidade, ainda que também tenha seu ordenamento específico diverso, o ‘canônico’”.

Federico Lombardi iniciou sua nota com uma referência aos abusos sexuais a menores cometidos em instituições gestionadas por entidades eclesiásticas e por pessoas com responsabilidade na Igreja, particularmente sacerdotes, na Irlanda.

E explicou que o Papa, após reunir-se com os mais altos representantes do episcopado e depois com todos os bispos ordinários da Irlanda, “prepara a publicação de uma carta sobre o tema para a Igreja na Irlanda”.

Logo depois, o sacerdote abordou o debate sobre abusos sexuais a menores que, nas últimas semanas, está envolvendo a Igreja na Alemanha, Áustria e Holanda.

Sobre estes casos, o porta-voz avaliou as atuações para enfrentar os abusos, levadas a cabo pelas principais instituições eclesiásticas envolvidas: as conferências episcopais da Alemanha, Áustria e Holanda e a província alemã dos jesuítas.

A Santa Sé considera que estas “decidiram manifestar-se sobre o problema de maneira oportuna e com decisão”.

“Demonstraram sua vontade de transparência – continua a nota; de certa forma, aceleraram o surgimento do problema convidando as vítimas a falarem, também quando se tratava de casos antigos.”

O Pe. Lombardi prosseguiu destacando que “agindo assim, enfrentaram os problemas ‘com o pé direito’, porque o ponto de partida correto é o reconhecimento do que ocorreu e a preocupação pelas vítimas e as consequências dos atos cometidos contra elas”.

“Além disso – acrescentou –, levaram em consideração as ‘Diretivas’ já existentes ou previram novas indicações operativas para levar a cabo também a estratégia de prevenção.”

Federico Lombardi afirmou que “não se pode negar a gravidade da aflição que a Igreja está atravessando”.

E concluiu destacando que “não se pode renunciar a fazer tudo o que for possível para obter finalmente também resultados positivos, de melhor proteção da infância e da juventude na Igreja e na sociedade, e de purificação da própria Igreja”.

Papa a sacerdotes: usai meios de comunicação

Tema para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2010

CASTEL GANDOLFO, terça-feira, 29 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos meios a serviço da Palavra” é o tema escolhido por Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2010.

A Mensagem para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais se dirige especialmente aos sacerdotes, neste Ano Sacerdotal e após a celebração da 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

O pontífice os convida a “considerar os novos meios como um poderoso recurso para seu ministério a serviço da Palavra e quer dirigir uma palavra de alento para enfrentar os desafios derivados da nova cultura digital”.

Assim indica um comunicado do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais que anuncia o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé hoje, festa dos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael.

“Se os novos meios forem conhecidos e avaliados adequadamente, podem oferecer aos sacerdotes e a todos os agentes de pastoral uma riqueza de dados e conteúdos que antes eram de difícil acesso, e facilitam formas de colaboração e de crescimento de comunhão impensáveis no passado”, explica o Conselho Pontifício.

O comunicado destaca que, “graças aos novos meios, os que pregam e dão a conhecer o Verbo da vida podem chegar, com palavras, sons e imagens – verdadeira e expressiva gramática da cultura digital – a indivíduos e a comunidades inteiras de todos os continentes”.

Isso permite “criar novos espaços de conhecimento e de diálogo e chegar a propor e realizar itinerários de comunhão”.

“Se forem usados sabiamente, com a ajuda de especialistas em tecnologia e cultura da comunicação, os novos meios podem converter-se, para os sacerdotes e para todos os agentes de pastoral, em um válido e eficaz instrumento de verdadeira e profunda evangelização e comunhão”, indica.

E deseja: “Serão uma nova forma de evangelização, para que Cristo chegue e, diante das portas das nossas casas, diga novamente: ‘Vede que estou à porta e chamo; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, comerei com ele e ele comigo'”.

O comunicado também recorda que “a principal responsabilidade do sacerdote é anunciar a Palavra de Deus feita carne, homem, história, convertendo-se, assim, em sinal dessa comunhão que Deus realiza com o homem”.

A eficácia deste ministério requer, portanto, que o sacerdote viva uma relação íntima com Deus, radicada em um amor profundo e em um conhecimento vivo das Sagradas Escrituras, “testemunho” escrito da Palavra divina.

Em 2009, o Dia Mundial das Comunicações Sociais foi dedicado ao tema “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade”.

Em sua mensagem para aquela ocasião, o Papa convidava “todos os que empregam as novas tecnologias da comunicação, em especial os jovens, a utilizá-las de uma maneira positiva e a compreender o grande potencial desses meios para construir laços de amizade e solidariedade que possam contribuir para um mundo melhor”.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração mundial convocada pelo Concílio Vaticano II e é realizado em quase todos os países do mundo no domingo precedente a Pentescostes.

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