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Ateus nos EUA atacam diretor de escola por compartilhar passagens bíblicas com estudantes

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DALLAS, 24 Mar. 15 / 03:44 pm (ACI).- O grupo ateu Fundação da Libertação da Religião (FFRF, por suas siglas em inglês) atacou um diretor de escola em White Oaks, Texas (Estados Unidos), por usar passagens bíblicas nas mensagens matutinas que dirige a seus estudantes.

A FFRF soube do caso após a divulgação de um blog de áudios gravados por estudantes da escola secundária de White Oaks.

Conforme informou o superintendente das escolas públicas de White Oaks, Michael Gilbert, um representante da FFRF e dois pais da zona entraram em contato com ele, para denunciar que o diretor da escola secundária, Dan Noll, citava versículos da Bíblia durante os pronunciamentos da manhã.

Em uma carta enviada a Gilbert a inícios de março, Sam Grover, advogado da FFRF, assegurou que a prática do diretor Noll “é de caráter inconstitucional e não pode continuar”.

Grover exigiu também que o diretor Noll se desculpe e explique aos seus alunos “por que está errado que a escola respalde o cristianismo assim como qualquer religião ou não religião”.

Por sua parte, o superintendente Gilbert defendeu o diretor de escola e considerou o caso como “uma tentativa de levar-nos a um concurso de palavras com o único propósito de dar à FFRF uma grande quantidade de imprensa/reconhecimento grátis, que eles e seus pouquíssimos membros (1200 no Texas) não merecem”.

Em uma publicação em seu blog no dia 10 de março, a autoridade educativa criticou que a FFRF “e outros grupos como esse querem que ofereçamos aos estudantes citações ruins que possam usar para promover a sua agenda”.

“Podemos e faremos ajustes necessários para assegurar que nossos estudantes experimentem uma educação moralmente sã, baseada em um caráter positivo”, disse.

Gilbert assinalou que “(em minha opinião) não violamos os direitos de ninguém e/ou submetemos ninguém a um estresse indevido. Estudos bíblicos e das escrituras estão permitidos nas escolas. O requisito é que o material seja apresentado de uma forma neutra. A minha posição é que cumprimos esse padrão com os pronunciamentos matutinos”.

“Minha resposta recomendada para a FFRF é ‘lamento que se sinta assim. Estarei rezando por ti e pela sua equipe de trabalho diariamente’”.

Ao final de sua mensagem, o superintendente escolar alentou os seus leitores a “não desperdiçarem o seu tempo e esforços nestes poucos caluniadores”.

Apesar de seu firme rechaço inicial, informações recentes asseguram que devido à pressão do grupo ateu, o superintendente Gilbert teria anunciado que a partir de agora a mensagem matutina do diretor Noll “não incluirá capítulos e versículos da Bíblia”.

Miss Líbano e atriz: Jesus Cristo é a minha vida, sou cristã

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“Eu respeito o islã e a fé em Deus, mas a minha religião é o cristianismo”, afirmou Nadine

Nadine Nassib Najim, atriz libanesa que foi Miss Líbano em 2004, surpreendeu todos com sua resposta a vários fãs no Twitter, em um tuíte no qual respondia se era muçulmana ou cristã. Ela escreveu como resposta: “A religião é a minha esperança! Cristo é a minha vida e minha única religião é o cristianismo. Respeito o islã“.

A atriz denuncia que se sente pressionada por pessoas que querem que ela renuncie à sua religião e abrace o islã: “Eu gostaria de parassem de me perguntar se sou cristã ou muçulmana! Espero que todos orem por mim, para que Deus me guie. Mas não quero ser muçulmana, estou orgulhosa de ser cristã“.

A jovem mulher, hoje com 30 anos, é modelo desde os 16 e atriz de seriados em seu país desde 2008. Já fez dois filmes e recebeu diversos prêmios pelo seu talento.

Fonte: Aleteia

O restaurante que dá 15% de desconto para quem agradece a Deus pela refeição

Não tenha vergonha de orar em silêncio no meio do público – enquanto ainda temos esse direito

Quando foi a última vez que você orou em público? Hoje de manhã? Na semana passada? No ano passado? Alguma vez na vida? E, se você orou em público, fez o sinal da cruz e rezou em voz alta, murmurou algo ou rezou mentalmente?

Bom, se você der graças a Deus pela sua refeição no Mary’s Gourmet Diner, em Winston-Salem, no Estado norte-americano da Carolina do Norte, poderá acabar encontrando no seu recibo, quando for pagar a conta, um desconto de 15% por “orar em público”. Os administradores do restaurante têm dado o desconto há cerca de quatro anos, mas o fato atraiu ampla atenção quando um cliente postou a foto de um recibo no Facebook e ela se tornou viral.

O desconto é dado aleatoriamente, de forma voluntária, e não está ligado a nenhuma religião ou espiritualidade em particular. É apenas uma forma de mostrar apreço pelas pessoas que dão graças a Deus pela refeição, já que esse gesto indica a consciência de que milhões de outras pessoas não têm a mesma possibilidade e que, portanto, essa bênção aparentemente tão singela merece ser reconhecida com gratidão e humildade.

O caso do Mary’s Gourmet Diner demonstra também que mesmo pequenas ações realizadas por pessoas de fé podem impactar os outros. Uma pessoa orando em público, seja num restaurante, numa parada de ônibus ou dirigindo o próprio carro, pode ser um impulso para os outros acharem a coragem de fazer o mesmo.

Alguns anos atrás, nós tivemos que levar um dos nossos filhos para a emergência de um hospital. Durante os encaminhamentos da situação, eu passei por uma sala de espera e vi um grupo de pessoas sentadas, com as cadeiras dispostas em círculo, de mãos dadas e orando. Pela idade e configuração do grupo, eu supus que fosse uma família. Uma das mulheres, talvez a mãe, conduzia a oração. Ela rezava em tom de voz baixo e os outros ouviam atentamente, com as cabeças inclinadas.

Quando voltei à área do pronto-socorro, o grupo já tinha se desfeito e seus membros estavam espalhados por toda a sala de espera, em silêncio. Seus rostos mostravam preocupação. Vi a mulher que tinha orado em voz alta e fui até ela.

“Era você que estava rezando agora há pouco?”, perguntei.

Ela pareceu assustada e, hesitante, assentiu com a cabeça e respondeu: “Sim”.

“Obrigada”, disse eu, sorrindo para ela. “Eu fiquei bem impressionada. Eu nunca tinha visto isso antes”.

“Obrigada”, ela sorriu de volta.

Algumas pessoas dizem que não oram em público porque não querem ofender ninguém nem empurrar a sua religião para os outros. Eu discordo. A oração pode ser feita de forma sensível e muito respeitosa, como a da família naquela sala de espera da emergência. Quase ninguém tinha prestado atenção a eles; não havia nenhum indício de que alguém tivesse se ofendido. Mesmo eu, quando passei por eles, tive que forçar os ouvidos para ouvir o que eles estavam dizendo e parei de escutar quando ouvi o nome de Jesus, por respeito à sua privacidade. Eles não estavam tentando empurrar a sua religião para ninguém: suas orações eram privadas e sem espalhafato algum.

Eu acho que a proprietária do Mary’s Gourmet Diner faz a mesma coisa, embora de um jeito diferente. Ela não está fazendo uma oração em público. Ela está simplesmente oferecendo um lugar público onde orar é um ato bem-vindo.

Nos Estados Unidos, nós ainda temos o direito de rezar em público, se quisermos, com base na Primeira Emenda à nossa Constituição. Enquanto isso não mudar, e Deus permita que nunca mude, nós podemos tranquilamente dar graças a Ele antes das nossas refeições, reunir-nos para rezar em família numa sala de espera da emergência de um hospital ou passear pela rua dedilhando as contas do nosso rosário. Nós podemos, mas muitas vezes não fazemos, porque temos medo de passar vergonha ou de ser olhados com desaprovação.

Há milhões de pessoas em outras partes do mundo que dão a vida para ter a possibilidade que nós temos de viver a nossa fé tanto no âmbito particular quanto no público. E dão a vida literalmente, sendo perseguidas e mortas por causa do direito à fé.

O que aconteceria se nós apoiássemos ativamente a oração em público? E se o desconto que Mary Haglund oferece no seu Mary’s Gourmet Diner sensibilizasse outros proprietários de restaurante e eles também reconhecessem e incentivassem a oração de gratidão em seus estabelecimentos? E se as famílias rezassem pelos seus entes queridos nas salas de espera dos hospitais, não apenas na mente e no coração, mas de mãos dadas e com a cabeça inclinada, orando baixinho e com discrição, mas aberta e espontaneamente? O que aconteceria se déssemos graças a Deus antes de cada refeição?

Deus estaria ainda mais presente em nosso mundo, “porque onde dois ou três se reúnem em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20).

Fonte: Aleteia

Jornalista muçulmana sai em defesa dos cristãos perseguidos no Iraque

“Não permanecerei calada diante desta injustiça”, disse a jornalista, que entrou no ar com uma cruz durante transmissão

“Somos todos cristãos”: este é o título de uma campanha lançada pela jornalista iraquiana Dalia Al Aqidi, de religião islâmica, para expressar a própria contrariedade à perseguição que sofrem os cristãos de Mossul.

Entrevistada pelo jornal libanês “Annahar”, a jornalista explicou sua decisão de usar a cruz, enquanto apresentava o jornal, explicando o seu gesto com estas palavras: “O pluralismo religioso foi aquilo que fez do Iraque o berço da civilização, das ciências e da cultura”.

Al Aqide se pergunta: “que benefícios teria a história e a civilização se estivermos voltando atrás? Os cristãos são o povo desta terra e não podemos ir adiante sem eles, ou na ausência de qualquer componente do Iraque”.

Depois dirigiu suas palavras a “quem acusa os outros de infidelidade, vocês é que não crêem, que são apóstatas, politeístas, vocês cortadores de cabeças. Sou um simples ser humano que defende os direitos dos filhos do próprio país independente da identidade deles”.

A jornalista muçulmana concluiu: “a nossa é uma religião de tolerância, e o fascismo islâmico político induziu os muçulmanos moderados, como eu, a se envergonharem da própria religião. O medo levou tantos ao silêncio, mas eu não permanecerei calada diante desta injustiça”.

Fonte: Aleteia

A grandeza na Liturgia aponta para a Beleza de Deus

Os sinais externos da sagrada Liturgia não são um insulto à pobreza material dos filhos da Igreja, mas um incentivo à piedade dos fiéis

O venerável Papa Pio XII, em sua encíclica sobre a sagrada Liturgia, explicava que “todo o conjunto do culto que a Igreja rende a Deus deve ser interno e externo”. Esta realidade decorre da própria constituição humana, ao mesmo tempo física e espiritual, e da vontade do Senhor, que “dispõe que pelo conhecimento das coisas visíveis sejamos atraídos ao amor das invisíveis”.

Este ensinamento explica porque os atos litúrgicos da Igreja sempre foram realizados em templos majestosos, com materiais tão nobres e paramentos trabalhados com inúmeros detalhes. Assim é, não porque a Igreja esteja apegada aos bens materiais ou preocupada em entesourar riquezas, mas porque ao Senhor deve ser oferecido sempre o melhor e o mais belo.

Assim pensava São Francisco, o poverello de Assis. Ele passou toda a sua vida como um pobre entre os pobres, mas, quando falava de Jesus eucarístico, condenava o desprezo e o pouco caso com que muitos celebravam os santos mistérios. Em uma carta aos sacerdotes, Francisco pedia a eles que considerassem dentro de si “como são vis os cálices, os corporais e panos em que é sacrificado” muitas vezes nosso Senhor. E insistia: “Onde quer que o Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo for conservado de modo inconveniente ou simplesmente deixado em alguma parte, que o tirem dali para colocá-lo e encerrá-lo num lugar ricamente ordenado” 01.

Na França do século XIX, os lojistas comentavam entre si: “No campo há um pároco magro e mal arranjado, com ares de não ter um centavo no bolso, mas que compra para sua igreja tudo o que há de melhor”. Era São João Maria Vianney, que vivia em pobreza extrema, mas não hesitava em ornar a casa de Deus com o mais nobre e o mais digno. Em 1820, escreveu ao prefeito de Ars: “Desejaria que a entrada da igreja fosse mais atraente. Isso é absolutamente necessário. Se os palácios dos reis são embelezados pela magnificência das entradas, com maior razão as das igrejas devem ser suntuosas”02.

Toda esta preocupação do Cura d’Ars mostrava um verdadeiro amor a Deus e às almas. Ele encheu a igreja de sua cidade com belíssimas imagens e pinturas, porque, dizia ele, “não raro as imagens nos abalam tão fortemente como as próprias coisas que representam”. O santo francês compreendia mais do que ninguém como não só era possível, mas também salutar, que o material e o terreno apontassem para as realidades celestes.

No entender do cardeal Giovanni Bona, um monge cisterciense do século XVII citado por Pio XII, “Se bem que, com efeito, as cerimônias, em si mesmas, não contenham nenhuma perfeição e santidade, são todavia atos externos de religião que, como sinais, estimulam a alma à veneração das coisas sagradas, elevam a mente à realidade sobrenatural, nutrem a piedade, fomentam a caridade, aumentam a fé, robustecem a devoção, instruem os simples, ornam o culto de Deus, conservam a religião e distinguem os verdadeiros dos falsos cristãos e dos heterodoxos.”03

Percebe-se, deste modo, como pondera mal quem diz que a beleza das igrejas do Vaticano e o esplendor dos vasos e ornamentos sagrados deveriam ser renunciados, como se, com isto, a Igreja estivesse se exibindo indevidamente ou ofendendo os mais pobres.

Quem pensa desta forma ainda não compreendeu o que é verdadeiramente a Liturgia e qual é o seu verdadeiro tesouro. Não entendeu que até os sinais externos das ações litúrgicas, manifestados especialmente na Santa Missa, devem indicar Aquele que é a Beleza. E não pense que, persistindo nesta mentalidade, diverge em um ponto pouco importante da fé da Igreja. Nunca é tarde para recordar o anátema do Concílio de Trento: “Se alguém disser que as cerimônias, as vestimentas e os sinais externos de que a Igreja Católica usa na celebração da Missa são mais incentivos de impiedade do que sinais de piedade — seja excomungado”.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Referências

  1. Carta 2 aos clérigos
  2. São João Maria Vianney, Patrono dos párocos
  3. I. Card. Bona, De divina psalmodia, c 19, § 3,1. Apud Carta Encíclica Mediator Dei, sobre a Sagrada Liturgia, 20 de novembro de 1947, Papa Pio XII

A ortodoxia ateísta que me trouxe à fé

Megan Hodder era uma jovem e ávida leitora do neoateísmo, mas sua vida mudou quando ela leu o trabalho dos seus inimigos católicos

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Cena do filme da vida de Edith Stein, do ateísmo para os altares.

Na última Páscoa, quando eu estava começando a explorar a possibilidade de que deveria haver algo a mais na fé católica, além do que eu tinha acreditado e sido levada a crer, eu li “Cartas a um jovem católico”, de George Weigel01. Uma passagem em particular chamou-me a atenção.

Falando dos milagres do Novo Testamento e do significado de fé, Weigel escreve: “No jeito católico de ver as coisas, andar sobre as águas é algo totalmente sensato a se fazer. Ficar no barco, atendo-se tenazmente às nossas pequenas comodidades, é loucura.”

Nos meses seguintes, aquela vida fora do barco – a vida da fé – começou a fazer bastante sentido para mim, a ponto de eu não poder mais justificar ficar parada. No último fim de semana eu fui batizada e confirmada na Igreja Católica.

Megan Hodder É claro, isso não deveria acontecer. Fé é algo que a minha geração não considera, mas deixa de lado e ignora. Eu cresci sem nenhuma religião e tinha oito anos quando aconteceu o atentado de 11 de setembro.

A religião era irrelevante na minha vida pessoal e, durante meus anos na escola, a religião só proporcionava um fundo de notícias de violência e extremismo. Eu lia avidamente Dawkins, Harris e Hitchens, cujas ideias eram tão parecidas com as minhas que eu empurrava quaisquer dúvidas para o fundo da minha mente. Afinal, qual alternativa havia lá para o ateísmo?

Como uma adolescente, eu percebi que precisava ler além dos meus polemistas favoritos, como começar a pesquisar as ideias dos mais egrégios inimigos da razão, os católicos, a fim de defender com mais propriedade minha visão de mundo. Foi aqui, ironicamente, que os problemas começaram.

Eu comecei lendo o discurso do Papa Bento XVI em Ratisbona, ciente de que tinha gerado controvérsia na ocasião e era uma espécie de tentativa – fútil, é claro – de reconciliar fé e razão. Também li o menor livro de sua autoria que pude encontrar, On Conscience02. Eu esperava – e desejava – achar preconceitos e irracionalidade para sustentar meu ateísmo. Ao contrário, fui colocada diante de um Deus que era o Logos; não um ditador sobrenatural esmagador da razão humana, mas o parâmetro de bondade e verdade objetiva que se expressa a Si mesmo e para o qual nossa razão se dirige e no qual ela se completa, uma entidade que não controla nossa moral roboticamente, mas que é a fonte de nossa percepção moral, uma percepção que requer desenvolvimento e formação por meio do exercício consciente do livre-arbítrio.

Era uma percepção da fé mais humana, sutil e fiável do que eu esperava. Não me conduziu a uma epifania espiritual dramática, mas animou-me a buscar mais no catolicismo, a reexaminar com um olhar mais crítico alguns dos problemas que tinha com o ateísmo.

Primeiro, moralidade. Para mim, uma moralidade ateísta conduzia a duas áreas igualmente problemáticas: ou era subjetiva a ponto de ser insignificante ou, quando seguida racionalmente, implicava resultados intuitivamente repulsivos, como a postura de Sam Harris sobre a tortura. Mas as mais atraentes teorias que poderiam contornar esses problemas, como a ética das virtudes, geralmente o faziam a partir da existência de Deus. Antes, com minha compreensão caricata de teísmo, eu acharia isso absurdo. Agora, com o discernimento mais profundo que eu tinha começado a desenvolver, eu não tinha tanta certeza.

Depois, metafísica. Eu percebi rapidamente que confiar nos neoateístas para argumentar contra a existência de Deus era um erro: Dawkins, por exemplo, dá um tratamento dissimuladamente superficial a Tomás de Aquino em “Deus, um delírio”, abordando apenas o resumo das cinco vias de São Tomás – e distorcendo as provas resumidas, para variar.Informando-me melhor sobre as ideias aristotélico-tomistas, eu as considerei uma explanação bastante válida do mundo natural, contra a qual os filósofos ateístas não tinham conseguido fazer um ataque coerente.

O que eu ainda não entendia era como uma teologia que operava em harmonia com a razão humana poderia ser, ao mesmo tempo, nas palavras de Bento XVI, “uma teologia fundamentada na fé bíblica”. Eu sempre considerei que a sola scriptura, mesmo com suas evidentes falácias e deficiências, era de certo modo consistente, acreditando nos cristãos que leem a Bíblia. Então eu fiquei surpresa ao descobrir que esta visão poderia ser refutada com veemência tanto pelo ponto de vista católico – lendo a Bíblia através da Igreja e de sua história, à luz da Tradição – como pelo ateu.

Eu procurei por absurdos e inconsistências na fé católica que pudessem descarrilhar minhas ideias da inquietante conclusão à qual eu me dirigia, mas o irritante do catolicismo é sua coerência: uma vez que você aceita a estrutura básica de conceitos, todas as outras coisas se ajustam com uma rapidez incrível. “Os mistérios cristãos são um todo indivisível”, escreveu Edith Stein em “A ciência da cruz”03. “Se entramos em um, somos levados a todos os outros”. A beleza e autenticidade até das mais aparentemente difíceis partes do catolicismo, como a moral sexual, se tornaram claras quando não eram mais vistas como uma lista descontextualizada de proibições, mas como componentes essenciais no corpo complexo do ensinamento da Igreja.

Havia um último problema, porém: minha falta de familiaridade com a fé como algo vivido. Para mim, toda a prática e a língua da religião – oração, hinos, Missa – eram algo totalmente estranho, em direção ao qual eu relutava em dar o primeiro passo.

Minhas amizades com católicos praticantes finalmente convenceram-me que eu tinha que fazer uma decisão. Fé, no fim das contas, não é meramente um exercício intelectual, um assentimento a certas proposições; é um radical ato da vontade, que engendra uma mudança total da pessoa. Os livros levaram-me a ver o catolicismo como uma conjectura plausível, mas o catolicismo como uma verdade viva eu só entendi observando aqueles que já serviam a Igreja por meio da vida da graça.

Eu cresci numa cultura que tem amplamente virado as costas para a fé. Por isso eu era capaz de levar minha vida adiante com meu ateísmo mal concebido e incontestado, e isso explica pelo menos parcialmente a grande extensão de apoio popular que têm os neoateístas: para cada ateu ponderado e bem informado, existirão outros com nenhuma experiência pessoal de religião e nenhum interesse em argumentar simplesmente indo na onda da maré cultural.

Enquanto a popularidade do ateísmo beligerante e reacionário diminui, cristãos sérios capazes de explicar e defender sua fé serão uma presença crescentemente vital na esfera pública. Eu espero que eu seja um pequeno exemplo da força de atração que o catolicismo ainda carrega em uma época que lhe parece às vezes irascivelmente oposta.

Por Megan Hodder, 24 de maio de 2013

Fonte: The Catholic Herald | Tradução: Equipe Christo Nihil Praeponere

O texto de Mateus 16 é autêntico?

Autor: Pe. Miguel Ángel Fuentes
Fonte: http://www.teologoresponde.com.ar/
Tradução: Carlos Martins Nabeto

[Quanto a isso,] tenho me expressado de vários modos, por exemplo:

“Estimado irmão em Cristo: Folheando um antigo tratado de religião, li um trecho que dizia que muitas seitas ou ‘igrejas’ acreditam que os versículos 18 e 19 do capítulo 16 do Evangelho de Mateus foi um acréscimo posterior para justificar o poder do Papa e da Igreja Católica. O que há de certo nisso? Faz parte do manuscrito original? Pode ter havido alguma modificação em algum dos Evangelhos e justo neste em especial?”

Os especialistas em Sagradas Escrituras têm estudado muito esse tema. Para responder a esta consulta, me baseio no que apontam Leal, Del Páramo e Alonso, em seu comentário a esta passagem[1]. Tem havido aqueles que afirmaram que os versículos 17 a 19 do capítulo 16 de Mateus foram interpolados no Evangelho em fins do século II, ou entre os anos 110 a 120, ou ainda no tempo de Adriano (117-138), pela Igreja romana. Harnack acredita que apenas foram interpoladas as palavras “e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”; o texto original diria: “E as portas do Hades não te vencerão”, por cujas palavras se prometia apenas a Pedro – unicamente – a imortalidade (segundo esse autor). Porém, estas afirmações são contrárias a todos os códices e antiquíssimas versões, dos autores mais antigos da Cristandade, que unanimemente leem o texto como a Igreja sempre leu. Por outro lado, o colorido semítico bem marcado que esses versículos apresentam não pode ter uma origem romana, conforme afirmam esses críticos.

Outros autores não têm dificuldade em admitir que essas palavras foram efetivamente escritas por São Mateus, mas pretendem que não foram ditas por Cristo. Refletiriam, ao contrário, o conceito que a Igreja primitiva de Jerusalém já fazia de São Pedro e sua relação com a Igreja. Efetivamente, Pedro, como primeira testemunha do Cristo ressuscitado (cf. 1Coríntios 15,5) e como primeiro pregador da ressurreição (cf. Atos 2,14ss), teve, desde o princípio, na mente dos primeiros cristãos, um lugar privilegiado e foi considerado chefe de toda a comunidade. Este conceito – dizem esses autores – teria sido deixado por São Mateus, colocando na boca de Cristo as palavras dirigidas a São Pedro nessa seção.

Esta teoria que, como vemos, acaba por questionar a probidade e fidelidade histórica de Mateus, fundamenta-se em princípios apriorísticos e hipóteses arbitrárias, tal como, principalmente, supor gratuitamente uma evolução dos atos e palavras de Cristo ao fim de uns tantos anos, isto é, quando ainda viviam testemunhas oculares dos acontecimentos. Supõe ainda, falsamente, que a origem e o progresso da religião e doutrina cristã foram lançados ao arbítrio da fantasia popular e, finalmente, atira por terra o verdadeiro conceito e valor da Tradição Apostólica. Como quer que seja, os mesmos que sustentam que tal seção foi tardiamente interpolada no Evangelho são obrigados a reconhecer que São Justino, antes do ano 165 (data da sua morte), já a conhecia como pertencente ao episódio de Cesareia[2].

Esta teoria da interpolação está hoje praticamente abandonada, tanto por argumentos externos quanto internos. Externamente, pelo testemunho unânime dos códices, das versões antigas e citações dos Padres; por unanimidade, as fontes em favor da autenticidade não autorizam a alegação de texto interpolado; e quem o afirma, o faz gratuitamente e sem testemunhos antigos que lhe sejam favoráveis. A partir do ponto de vista da crítica interna, fica demonstrado o caráter semítico de várias expressões que se encontram nesses versículos, indicando a origem palestinense da Tradição que preservou esse logion, já que demonstra que foi entregue na língua aramaica antes de ter sido traduzida para o grego. Essas expressões semíticas são:

a) Simon bar Iona;
b) Carne e sangue (expressão semítica para indicar o homem mortal, abandonado às suas próprias forças);
c) Pai… que está nos céus;
d) Tu és Pedro e sobre esta pedra (palavras que em aramaico correspondem-se perfeitamente: “Kefa”…”Kefa”);
e) Chaves do reino dos céus… será desatado nos céus (os judeus usavam esta palavra para evitar [pronunciar] o nome santo de Deus);
f) Atar-desatar (expressão usada pelos rabinos).

Porém, inclusive, deve-se dizer que não se trata apenas de algumas palavras semitas, mas “a própria estrutura da passagem por completo (…) E tão claro é isso que o próprio [biblista protestante] Bultmann diz: ‘Não vejo condições de sua origem ter sido realizada em outra comunidade primitiva, a não ser a de Jerusalém’. Assim, a passagem demonstra que não foi redigida em um ambiente romano, como se pretendia”[3]. Vejamos em maiores detalhes algumas das expressões mais caracteristicamente semitas:

a) O nome de Pedro: duas coisas são ditas sobre o nome do Apóstolo Pedro, que nos indicam a inconfundível autenticidade do texto:

– A primeira é a expressão “Filho de Jonas”, expressão “saborosa”, pois era costume judeu apontar, depois do nome das pessoas, especialmente quando se queria fixar bem a mesma, com precisão e exatidão, o nome de seu pai, expresso pela palavra “ben” (=filho de) ou na forma aramaica empregada aqui “bar” (podemos ver outros exemplos em: Isaías 1,1; Jeremias 1,1; Ezequiel 1,1 etc). Manuel de Tuya[4] aponta que a expressão “bar Yona” (pombo) não era um nome raro em Israel (cf. 2Reis 14,25; Jonas 1,1). Seguindo São Jerônimo, alguns pensaram que a forma “Yona” fosse uma abreviação do nome Yohanan (=João), visto que posteriormente Pedro é chamado de “filho de João” (cf. João 21,15). Porém, os autores semitas não costumam a admitir a abreviação de João, já que tal uso não se verifica; ao contrário, pensam que o nome de João, patronímico de Simão, poderia ser um sobrenome grego escolhido por sua semelhança com o verdadeiro nome hebreu. O fato que aqui nos interessa é o seu forte valor aramaico e, portanto, nos torna possível rejeitar o caráter interpolado ou posterior deste texto; ao contrário, nos faz inclinar a aceitar o seu caráter arcaico e original.

– A segunda expressão é “és pedra”: “Petrus”, em latim; “Petros”, em grego, “Kefa” ou “Kefas”, em aramaico (segundo se translitere). (…) O nome próprio deste filho de Jonas foi “Simão” ou “Simeão”, e assim é transliterado no Novo Testamento em grego. Porém, todos os evangelistas atestam que Jesus lhe aplicou um novo nome, que em grego se escreve “Kefas” ou “Petros” (cf. João 1,42; Lucas 6,14; Mateus 10,2).

No tempo em que Paulo escreveu sua carta aos Gálatas (ano 54) e a primeira aos Coríntios (ano 57), as igrejas paulinas conheceram aquele apóstolo da circuncisão não pelo seu nome próprio (“Simão”, que Paulo nunca usa), mas pelo seu novo nome (“Kefas”, que Paulo quase sempre usa; ou “Petros”, que Paulo usa duas vezes [Gálatas 2,7-8]). Paulo supõe que seus ouvintes conhecem bem quem é este “Kefas” ou “Petros”). Portanto, nas igrejas paulinas, até o ano 55, o uso daquele nome novo de tal modo havia prevalecido, que o nome próprio “Simão” havia sido abandonado.

Contudo, os evangelistas, tratando do príncipe dos Apóstolos, não empregavam o nome “Kefas”: Marcos e Lucas o chamam de “Simão” até o momento da vocação dos Doze (Marcos 3,16; Lucas 6,14), depois disso chamam-no de “Petros”; Mateus o chama “Petros” desde o início; João o chama de “Petros” ou “Simão Petros”; porém, observam que Jesus usa o nome de “Simão” até o fim (p.ex.: Mateus 16,17; 17,25; Marcos 14,37; Lucas 22,31; João 21,15-17). Portanto, quando os evangelistas habitualmente o chamam de “Petros”, evidentemente empregam o nome usado pela Igreja no tempo em que escreveram.

Levando isto em conta, podemos nos perguntar: como se explica o fato de que aquele nome novo (“Kefas” ou “Petros”) prevalecesse tão universalmente na Igreja primitiva, de tal forma que o nome próprio daquele homem (“Simão”) acabou sendo quase esquecido? Não parece que isto se explique adequadamente apenas pelo fato de que o próprio Jesus lhe impôs este nome, já que Jesus também chegou a impor um nome a João e Tiago (“Boanerges”, cf. Marcos 3,17) e este não prevaleceu. Tampouco parece que possa explicar-se por que prevaleceu tão universalmente, a não ser pelo fato de a Igreja ter reconhecido a grande importância que tinha o significado daquele nome e porque esse significado fazia parte da Tradição querigmática: consideremos que nem “Kefas” nem “Petros” eram conhecidos como nome masculino antes do uso que lhe dará Cristo ao aplicar-lhe a Simão. É um nome novo, usado pela primeira vez na Igreja cristã. A formação do nome grego “Kefas” a partir da palavra aramaica escrita com caracteres gregos e terminação de gênero masculino demonstra que a Igreja sabia que Jesus aplicou a Simão a voz “Kefa”. Em grego, “petra” é a massa pétrea; “petros” é a pedra. Pois bem: há que se observar que segundo a lei linguística comum, os nomes próprios não se traduzem, mas são transpostos tal qual em outras línguas. Exemplos são os nomes de Jesus, Maria, José e João: todos significam alguma coisa apenas na língua hebraica; no entanto, esses nomes nunca são traduzidos quando recebidos pelas línguas grega, latina ou modernas. Portanto, foi uma exceção à essa regra o fato de que a Igreja não se reteve no nome “Kefas”, mas que o uso sancionou a versão deste nome, isto é, “Petros”. Tal exceção de regra linguística exige uma explicação, a qual não parece ser outra senão a consciência da Igreja quanto ao significado deste nome.

Em suma: a Igreja primitiva não apenas sabia que Jesus tinha imposto este nome a Simão como também conhecia a Tradição que justificava a grande importância dada a este nome. Tais fatos confirmam a historicidade deste logion.

b) “Eu te darei as chaves do reino dos céus”: Esta é outra das metáforas de inconfundível origem palestinense e ambiente bíblico. A expressão “reino dos céus” responde ao uso judaico de se evitar [pronunciar] o santo Nome de Deus, ao que Mateus adere em seu Evangelho: por isso, onde Mateus diz “reino dos céus”, se o texto possui paralelo em outros evangelistas, encontraremos “reino de Deus”. Com efeito, “chaves dos céus” ou “chaves do reino dos céus” é a mesma coisa que “chaves do reino de Deus”. “Reino de Deus”, na boca de Jesus, não significa tão somente aquele domínio absoluto de Deus que se iniciará no Juízo Final, mas que também significa aquele domínio de Deus já exercitado e reconhecido nesta Terra, tanto na pessoa e obras de Cristo quanto na Igreja que Ele mesmo quis fundar.

A metáfora de “dar as chaves” possui amplo uso bíblico e judaico. Exemplo claríssimo desse uso pode-se encontrar em Isaías 22,19-22. Nessa passagem fica claro o sentido da metáfora: aquele que possui as chaves da casa real (porque Davi é rei por excelência) possui verdadeira autoridade sobre os habitantes daquele reino, autoridade essa que exerce como vigário do próprio rei. Strack-Billerbeck propõe muitos exemplos desta imagem na literatura judaica e conclui: “a entrega das chaves significa a entrega do poder de uma cidade”. No Novo Testamento, o próprio Cristo é descrito como o Santo e Verdadeiro que possui a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, fecha e ninguém abre (Apocalipse 3,7). Trata-se, incontestavelmente, do exercício da autoridade real.

No texto de Mateus 16,19, Cristo – que possui as chaves de Davi – diz a Pedro: “E te darei as chaves do reino dos céus”. “Dar as chaves” é entregar o poder vicarial. Isto quer dizer que Pedro é constituído “porteiro do céu”, com o poder de permitir ou impedir a entrada no céu? Ou é constituído vigário de Cristo, com autoridade sobre o povo de Deus nesta Terra? A resposta provém da própria noção de poder vicarial: nos céus, o próprio Cristo está presente para reger e não precisa de vigário; ao contrário, na Terra, não está visivelmente presente para reger visivelmente os homens. Esta resposta se confirma pelo contexto imediato desta promessa. Isto porque não são três promessas diferentes, mas uma só promessa sob uma tripla imagem. Na primeira metáfora, vimos que Cristo fala de sua Igreja ou de seu Povo, como de uma casa que será edificada sobre um homem, Pedro. Sem dúvida nenhuma, trata-se da Igreja que será fundada nesta Terra, de forma social, de modo que possa ser edificada sobre um homem visível. Na terceira metáfora, fala-se do poder de Pedro nesta Terra: “tudo o que atares… desatares na Terra”; logo, o poder das chaves será exercido nesta Terra.

c) A metáfora de “atar e desatar”: “E tudo o que atares na Terra será atado no Céu; e tudo o que desatares na Terra, será desatado no Céu”. O sentido desta metáfora indica o poder moral de proibir ou permitir, de excluir ou admitir na comunidade. A universalidade deste poder tem explicação na expressão repetida “tudo o que”. A ratificação divina é expressa pela frase “no céu”, que significa “diante de Deus”.

Resta tratarmos uma questão: podemos dizer que aqui se promete a Pedro a autoridade suprema e universal, já que posteriormente o mesmo poder de atar e desatar será dado aos demais Apóstolos? O contexto nos oferece a resposta: a intenção de Cristo ao empregar a tripla imagem é que cada uma ilumine e esclareça as outras. O poder de atar e desatar explica melhor o poder das chaves, que é entregue apenas a Pedro; e ilumina sua função como única pedra sobre a qual a Igreja será edificada. Portanto, este poder de atar e desatar é prometido agora àquele único homem que será pedra de toda a Igreja, o único que possuirá as chaves do reino. Retamente se conclui que Cristo quis dar-lhe o poder supremo e universal; é então irrelevante que em outro lugar se prometa a todo o Colégio Apostólico o poder de atar e desatar, já que a autoridade suprema e universal que um possui, não exclui uma verdadeira autoridade também participativa pelos demais. O poder supremo não é, por si só, poder único e exclusivo.

O que se deve destacar aqui é a força bíblica dessa expressão: os verbos gregos “deses” (atar)  e “luses” (desatar) traduzem literalmente os verbos hebraicos “asar” e “natar” ou “shera”, em aramaico. Assim, por exemplo, por volta do ano 70 d.C., o rabi Jeconias iniciou sua escola com uma oração em que pedia a Deus “não proibir” (=atar) o que é permitido (=desatado), nem “permitir” (=desatar) o que é proibido (=atado)”[5]

d) “Carne e sangue”: Cristo diz que isto “não te revelou nem a carne e nem o sangue”, expressão bastante frequente na linguagem bíblica, que responde à forma “basar wadam”, com que se expressa nesse caso, com circunlóquio, o homem em seu aspecto de debilidade inerente à sua condição humana, máxime em sua contraposição à Deus. São Paulo, em Gálatas 1,16, também a emprega: “sem pedir conselho nem à carne nem ao sangue”, isto é, a homem nenhum. E em Efésios 6,12: “Nossa luta não é contra a carne e o sangue”, ou seja, não é contra homens.

Portanto, mediante estas imagens, cada qual iluminando e confirmando a outra, Cristo promete a um só Apóstolo – Pedro – a autoridade suprema e universal para reger a Igreja. Notemos que a força do argumento encontra-se principalmente nestas duas razões:

1) No sentido bíblico e judaico dessas imagens – trata-se da mentalidade dos antigos;

2) Na perfeita coerência e mútua confirmação das três imagens no sentido de autoridade vicarial.

Talvez somente a imagem de pedra não tivesse bastado; porém, não está só, mas une-se com a promessa de invicta estabilidade da Igreja assim fundamentada: na promessa das chaves; na promessa do poder de atar e desatar; na promessa de ratificação do exercício desse poder inclusive diante de Deus. A única interpretação admissível é a que explica não apenas uma ou outra imagem, independentes uma das outras, mas a que todas, tomadas conjuntamente, explica e demonstra como concordam entre si. A esta exigência de uma sã exegese, somente a noção de autoridade vicarial satisfaz.

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NOTAS:
[1] Cf. “Sagrada Escritura – Texto e Comentário pelos Professores da Companhia de Jesus”. BAC, 1964, tomo 1, pp. 183-184.
[2] Cf. “Bíblia Comentada pelos Professores de Salamanca”. BAC, 1964
, tomo 2 (Evangelhos), p. 379. O tomo dedicado aos Evangelhos está a cargo de Manuel de Tuya, O.P.
[3] Cf. Tuya, obra citada, p. 380.
[4] Cf. Tuya, obra citada, p. 379.
[5] Strack-Bilerbeck, citado por Tuya, obra citada, p. 378. Cf. Bonsirven, “Textes Rabbiniques”, 1955 nºs 1195, 624, 831, 842, 1984, 423.

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