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Orientações do Vaticano para uma leitura correta das Sagradas Escrituras

Fonte: Dominus Vobiscum

Além dos cinco pontos que citei no post [Que parâmetros devemos ter para ler as Sagradas Escrituras?] para uma leitura correta das Sagradas Escrituras, encontrei algumas observações interessantes na Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II sobre a Revelação divina, Dei Verbum, que recomenda três pontos ao se ler a Palavra de Deus:

1. Conteúdo e unidade da Escritura inteira – Quer dizer, não interpretar uma parte da Escritura fora do seu contexto integral. Muitas vezes um versículo só será bem entendido quando lido juntamente com outros.

Lembro-me de uma história que me contaram. Uma mulher estava com depressão, com vontade de morrer e resolveu “abrir a bíblia” para ver se havia um versículo que lhe desse uma direção. Ela abriu a bíblia e caiu no Evangelho…

Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.
(Mt 27,5)

Óbvio que aquela Senhora assustou-se com a palavra. Resolveu pegar uma outra palavra. E veio esta:

…Vai, e faze tu o mesmo…
(Lc 10,37)

Portanto, não podemos analisar a Bíblia fora do seu contexto. Um velho jargão nos ensina que: Um texto fora do contexto vira pretexto. Eu não posso sair por ai, interpretando a bíblia do meu jeito. Não posso sair “abrindo a bíblia” e interpretando um versículo isolado sem ler o contexto da palavra.

2. A Tradição viva da Igreja – A interpretação da Palavra de Deus nunca pode estar em desacordo com a Tradição da Igreja e vice-versa. A Palavra e a Tradição nunca andam desalinhadas. A palavra dos Papas, Santos Padres da Igreja e seus doutores estão sempre de acordo com a Palavra.

3. Analogia da fé – Como havia dito antes. Uma parte da Bíblia nunca poderá estar em desacordo com a outra. Precisamos sempre verificar a coesão das verdades da fé entre si. Uma não pode ser oposta a outra, pois o Espírito Santo não se contradiz.

Pregador do Papa: “A resposta cristã ao racionalismo”

Terceira meditação do Pe. Cantalamessa diante do Papa e da Cúria Romana

CIDADE DO VATICANO, domingo, 19 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) – Publicamos a terceira meditação do Advento do Pe. Raniero Cantalamessa OFM cap, pregador da Casa Pontifícia, pronunciada na sexta-feira passada, diante de Bento XVI e da Cúria Romana.

* * *

Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap.

3ª Pregação do Advento

“ESTAI SEMPRE PRONTOS A DAR A RAZÃO DA VOSSA ESPERANÇA.”

(1 Pe 3,15)

A resposta cristã ao racionalismo

1. A razão usurpadora

O terceiro obstáculo que faz parte da cultura moderna, “refratária” ao Evangelho, é o racionalismo. Sobre isso falaremos nesta última meditação do Advento.

O cardeal e, agora, Beato John Henry Newman, deixou-nos um discurso memorável, proferido em 11 de dezembro de 1831, na Universidade de Oxford, intitulado The Usurpation of Raison, a usurpação ou a prevaricação da razão. Neste título já está a definição do que entendemos como racionalismo1. Numa nota explicativa a este discurso, escrita no prefácio à sua terceira edição, de 1871, o autor explica o que quer dizer com esse termo. Por usurpação da razão – diz – se entende “certo abuso generalizado dessa faculdade quando se fala de religião sem um conhecimento íntimo ou sem o respeito devido aos princípios fundamentais desta. Essa ‘razão’ é chamada ‘sabedoria do mundo’ nas Escrituras é a compreensão de religião dos que têm a mentalidade secularista e se baseiam em máximas do mundo, que lhes são intrinsecamente alheias” 2.

Em outro de seus sermões na universidade, intitulado “Fé e Razão comparadas”, Newman ilustra por que a razão não pode ser o juiz supremo em matéria de religião e de fé, com a analogia da consciência:

“Ninguém – escreve – dirá que a consciência se opõe à razão, ou que seus preceitos não podem ser apresentados em forma de argumento; no entanto, quem, a partir disso, argumentará que a consciência não é um princípio original, mas que, para atuar, precisa atender o resultado de um processo lógico-racional? A razão analisa os fundamentos e os motivos da ação, sem ser ela mesma um destes motivos. Portanto, a consciência é um elemento simples da nossa natureza e, no entanto, suas operações admitem ser justificadas pela razão, sem com isso depender realmente dela […]. Quando se diz que o Evangelho exige uma fé racional, pretende-se dizer somente que a fé concorda com a reta razão em abstrato, mas não que seja realmente seu resultado”3.

Uma segunda analogia é a da arte. “O crítico de arte – escreve – avalia o que ele mesmo não sabe criar, assim também a razão pode dar sua aprovação ao ato da fé, sem por isso ser a fonte da qual a fé emana”4.

A análise de Newman possui recursos novos e originais; destaca a tendência, imperialista, por assim dizer, da razão a submeter todo aspecto da realidade aos próprios princípios. É possível, entretanto, considerar o racionalismo ainda de um outro ponto de vista, intimamente ligado ao anterior. Para ficar na metáfora política empregada por Newman, podemos definir como atitude de isolamento, de fechar-se a essa mesma razão. Isso não consiste tanto em invadir o campo de outros, mas em não reconhecer a existência de outro campo fora do seu próprio. Em outras palavras, na negação de que possa haver verdade fora da que passa através da razão humana.

Desse modo,o racionalismo não nasceu com o iluminismo. É uma tendência contra a qual a fé sempre teve de lidar. Não só a fé cristã, mas também a hebraica e a islâmica, pelo menos na IdadeMédia, conheceram esse desafio.

Contra essa afirmação de absolutismo da razão, levantose em cada época a voz não só de homens de fé, mas também de militantes no campo da razão, filosofia e ciência. “O ato supremo da razão, escreveu Pascal, está em reconhecer que existe uma infinidade de coisas que a sobrepassam.”5 No mesmo instante em que a razão reconhece seu limite, ela o rompe e o supera. É por obra da razão que se produz este reconhecimento que é, por isso, um ato puramente racional. Essa é, literalmente, uma “douta ignorância”6. Um ignorar “com conhecimento de causa”, sabendo que se está ignorando.

Devemos, portanto, dizer que estabelece um limite para a razão e a humilha aquele que não reconhece nela esta capacidade de transcender-se. “Até agora, escreveu Kierkegaard, sempre se falou assim: ‘Dizer que não se pode entender esta coisa ou aquela não satisfaz a ciência que deseja conhecer’. Esse é o erro. É preciso dizer exatamente o oposto: onde a ciência humana não quer reconhecer que há algo que ela não pode compreender ou – ainda mais preciso – qualquer coisa que da qual a ciência, pode entender com clareza ‘que não pode entender’, então tudo estará desordenado. É, portanto, uma tarefa do conhecimento humano compreender que existem essas coisas e quais são essas coisas que ela não pode compreender.”7

2. Fé e sentido do sagrado

Espera-se que este tipo de desafio mútuo entre fé e razão continue no futuro. É inevitável que cada época refaça o o caminho por conta própria, mas nem os racionalistas converterão as pessoas de fé e nem serão convertidos por elas. É preciso encontrar uma maneira de romper com esse círculo e liberar a fé desse gargalo. Em todo esse debate sobre a razão e a fé, é a razão que impõe sua escolha e força a fé, por assim dizer, a jogar fora de casa e na defensiva.

Disso, o cardeal Newman estava bem consciente, e, em outro de seus discursos universitários, adverte contra o risco da mundanização da fé em seu desejo de correr atrás da razão. Ele dizia entender, embora sem poder aceitar plenamente, as razões dos que são tentados a separar completamente a fé da investigação racional, por causa do “antagonismo e das divisões fomentadas da argumentação e debates, a confiança orgulhosa que geralmente acompanha o estudo das provas apologéticas, a frieza, o formalismo, o espírito secularista e carnal, enquanto a Escritura fala da religião como de uma vida divina, radicada no afeto e manifestada na graça espiritual”8.

Em todo trabalho de Newman sobre a relação entre razão e fé, então não menos debatida que hoje, há uma ressalva: não é possível combater um racionalismo com outro, talvez contrário. É necessário encontrar outro caminho que não pretenda substituir a da defesa racional da fé, mas, que, pelo menos, a acompanhe, ainda porque os destinatários do anúncio cristão não são os intelectuais, capazes de envolver-se nesse tipo de confronto, mas a massa de pessoas comuns indiferente a isso e mais sensível a outros argumentos.

Pascal propunha o caminho do coração: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”9; os românticos (Schleiermacher, por exemplo) propunham o do sentimento. Ainda existe, penso, um caminho a percorrer: a da experiência e do testemunho. Não pretendo aqui falar da experiência pessoal, subjetiva, da fé, mas de uma experiência universal e objetiva que podemos, por isso, fazer valer mesmo no confronto com pessoas alheias à fé. Ela não nos leva à fé plena e salvadora, a fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado, mas pode ajudar a criar nessas pessoas a base que é a abertura ao mistério, a percepção de algo que está acima do mundo e da razão.

A contribuição mais notável que a moderna fenomenologia da religião ofereceu à fé, principalmente na forma que ela toma na clássica obra de Rudolph Otto, “O Sagrado”10, é ter demonstrado que a afirmação tradicional que de existe algo que não se explica com a razão, não é um pressuposto teórico ou de fé, mas um dado primordial de experiência.

Existe um sentimento que acompanha a humanidade desde seus primórdios até o presente em todas as religiões e culturas: o autor o chama de o sentimento do numinoso. (No intuito de elucidar as características irracionais peculiares do sagrado, o autor cria o neologismo numinoso, derivado do termo latino numen, que significa deidade ou influxo divino. Explica ele que o elemento numinoso pode ser identificado como um princípio ativo presente na totalidade das religiões, portador da ideia do bem absoluto. Quando se refere ao numinoso, esclarece que é “uma categoria especial de interpretação e de avaliação e, da mesma maneira, de um estado de alma numinoso que se manifesta quando esta categoria se aplica, isto é, sempre que um objeto se concebe como numinoso”, N. da T.) 11. Esse é um dado primário, irredutível a qualquer outro sentimento ou experiência humana; toma o homem como uma emoção quando, por qualquer circunstância externa ou interna a ele, se encontra diante da revelação do mistério “tremendo e fascinante” do sobrenatural.

Otto designa o objeto desta experiência com o adjetivo “irracional” (o subtítulo da obra é “Sobre o Irracional na Ideia do Divino e sua Relação com o Irracional”); mas toda a obra demonstra que o sentido que ele dá ao termo “irracional” não é o de “contrário à razão”, mas o de “além da razão”, de não traduzível em termos racionais. O numinoso se manifesta em graus diferentes de pureza: do estado mais bruto, que é a reação mais inquietante suscitada pelas histórias de espíritos e fantasmas, ao estado mais puro, que é a manifestação da santidade de Deus – o Qadosh bíblico – como na célebre cena da vocação de Isaías (Is. 6, 1ss).

Se é assim, a evangelização do mundo secularizado passa também pela recuperação do sentido do sagrado. O terreno de cultura do racionalismo – sua causa e, ao mesmo tempo, seu efeito – é a perda do sentido do sagrado. É necessário, por isso, que a Igreja ajude os homens a subir a montanha e redescobrir a presença e a beleza do sagrado no mundo. Charles Péguy disse que “a assustadora penúria do sagrado é a marca profunda do mundo moderno”. Isso é evidente em cada aspecto da vida, mas especialmente na literatura e na linguagem de todos os dias. Para muitos autores, ser definido como “dessacralizado” não é mais uma ofensa, mas um elogio.

A Bíblia foi acusada por vezes de ter “dessacralizado” o mundo por ter perseguido ninfas e divindades das montanhas, dos mares e dos bosques e ter feito destas simples criaturas a serviço do homem. Isso é verdade, mas foi justamente despojando-lhes desse falso pretexto de divindade que a Escritura pôde restituir-lhes sua genuína natureza de “sinal” do divino. A Bíblia combate a idolatria das criaturas, não sua sacralidade.

Assim, “secularizado”, o criado tem agora mais poder de provocar a experiência do numinos e do divino. De uma experiência desse gênero carrega o sinal, em minha opinião, a célebre declaração de Kant, o representante mais ilustre do racionalismo filosófico:

“Duas coisas enchem o coração de admiração e veneração, sempre novas e sempre crescentes, à medida que a reflexão se dirige e se consagra a elas: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim (…) o primeiro espetáculo, de uma inumerável multidão de mundos, aniquila, por assim dizer, a minha importância, por ser eu uma criatura animal que deve voltar à matéria de que é formado o planeta (um simples ponto no Universo) depois de (não se sabe como) ter sido dotada de força vital durante curto espaço de tempo. O segundo espetáculo, ao contrário, eleva infinitamente o meu valor, como o de uma inteligência por minha personalidade, na qual a lei moral me manifesta uma vida independente da animalidade e até mesmo de todo o mundo sensível (1994, p.102).”12

Um cientista vivo, Francis Collins, há pouco nomeado acadêmico pontifício, em seu livro “A Linguagem de Deus”, descreve assim o momento de sua volta à fé: “Numa bela manhã de outono, enquanto, pela primeira vez, passeando pela montanha, fui empurrado para o oeste do Mississipi, a majestosidade e beleza da criação venceram minha resistência. Entendi que a busca tinha chegado ao fim. Na manhã seguinte, quando o sol surgiu, ajoelhei-me sobre na grama molhada e me rendi a Jesus Cristo.”13

As mesmas descobertas maravilhosas da ciência e da tecnologia, ao invés de levarem ao desencantamento, podem chegar a ser ocasiões de admiração e de experiência do divino. O momento final da descoberta do genoma humano é descrito pelo próprio Francis Collins, que foi o chefe da equipe que chegou a tal descoberta, “uma experiência de exaltação científica e ao mesmo tempo de adoração religiosa”. Entre as maravilhas da criação, nada é mais maravilhoso que o homem e, no homem, sua inteligência criada por Deus.

A ciência se desespera agora para tocar um limite extremo na exploração do infinitamente grandioso que é o universo e na exploração do infinitamente pequeno que são as partículas sub-atômicas. Alguns fazem desta “desproporção” um argumento a favor da inexistência de um Criador e da insignificância do homem. Para os crentes, esses são o sinal por excelência não só da existência, mas também dos atributos de Deus: a vastidão do universo é sinal de sua infinita grandeza e transcendência; a pequenez do átomo, da sua imanência e da humildade da sua encarnação, que o levou a fazer-se criança no seio de uma mãe e minúsculo pedaço de pão nas mãos do sacerdote.

Mesmo na vida humana, não faltam ocasiões nas quais é possível fazer a experiência de uma “outra” dimensão: a paixão, o nascimento do primeiro filho, uma grande alegria. É preciso ajudar as pessoas a abrir os olhos e reencontrar a capacidade de surpreender-se. “Quem se surpreende, reinará”, afirma um ditado atribuído a Jesus fora dos Evangelhos14. No romance “Os Irmãos Karamazov”, Dostoiévski refere as palavras que o starets Zózimo, ainda um oficial do exército, fala aos presentes, no momento em que, tocado pela graça, renuncia a duelar com o adversário: “Senhores, olhai em volta os dons de Deus: este céu límpido, este ar puro, essa grama terna, estes passarinhos; a natureza é tão bela e inocente, enquanto nós, só nós, estamos longe de Deus e somos estúpidos e não compreendemos que a vida é um paraíso, uma vez que seria suficiente que quiséssemos compreender e, imediatamente aquilo se instauraria com toda sua beleza e nós nos abraçaríamos e romperíamos em lágrimas”15. Este é o verdadeiro sentido da sacralidade do mundo e da vida!

“Verbum Domini”, exortação apostólica em sintonia com “Dei Verbum”

Segundo o prefeito da Congregação para os Bispos, Marc Ouellet

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 11 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – A exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, divulgada hoje, “retoma a mesma mensagem 45 anos depois” da constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II.

Assim afirmou o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet PSS, durante a apresentação do documento pontifício, realizada hoje na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na coletiva de imprensa, intervieram também: Dom Nikola Eterovic, secretário-geral do Sínodo dos Bispos; seu subsecretário, Dom Fortunato Frezza; e Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura.

A Verbum Domini, escrita por Bento XVI, é fruto da 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, realizada de 5 a 26 de outubro de 2008.

Reflexão sobre a Bíblia

O cardeal Ouellet afirmou que a Verbum Domini responde às necessidades da Igreja neste nascente terceiro milênio.

Disse também que, ainda que no século 20 tenha havido um renascer de consciência da necessidade da Palavra de Deus em temas como a reforma litúrgica, a catequese e os estudos bíblicos, “existe um déficit que deve ser suprido em relação à vida espiritual do povo de Deus”.

“Este tem o direito de ser mais inspirado e nutrido por uma aproximação mais orante e mais eclesial das Sagradas Escrituras”, declarou o purpurado.

Em vários pontos da exortação apostólica, Bento XVI insiste em que o cristianismo “não é fruto de uma sabedoria humana ou de uma ideia genial”, destacou o cardeal Oullet, e sim “de um encontro e de uma aliança com uma Pessoa que dá à existência humana sua orientação e forma decisivas”.

A Verbum Domini “oferece, assim, a contemplação pessoal e eclesial da Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras, na Divina Liturgia e na vida pessoal e comunitária dos fiéis”, disse o prefeito.

Interpretação das Escrituras

O purpurado se referiu também às quase 40 páginas nas quais Bento XVI destaca a necessidade de apresentar uma hermenêutica de forma “clara, construtiva, situando a ciência bíblica, exegética e teológica no interior e ao serviço da fé da Igreja”.

Faz-se necessária uma interpretação das Sagradas Escrituras que deve ser complementada com uma leitura teológica e científica e que, além disso, exige “o valor da exegese patrística” e que convida “os exegetas, teólogos e pastores a um diálogo construtivo para a vida e para a missão da Igreja”.

Igualmente, concluiu o purpurado, a meditação da Bíblia “expõe também a atividade missionária e a evangelização” e por isso “renova a consciência da Igreja de ser amada e sua missão de anunciar a Palavra de Deus com audácia e com confiança na força do Espírito Santo”.

(Carmen Elena Villa)

Por que os protestantes não lêem as obras de Lutero?

Nos debates entre católicos e protestantes, nós, católicos, notamos que nossos opositores são bastante exigentes em relação ao detalhamento das doutrinas da Igreja. Geralmente submetem-nos a diversas perguntas, sejam elas bem ou mal formuladas. O apologista católico, então, deve estar preparado, estudar a doutrina de sua Igreja, ler as obras dos padres apologistas, e responder a esses fundamentalistas satisfatoriamente (infelizmente, eles não se satisfazem com respostas). Mas, será que os protestantes buscam nos seus “pais” a resposta para nossas questões?

Vocês, leitores, já perceberam que os protestantes geralmente buscam suas fontes a partir de grandes teólogos do passado e do presente, mesmo de Calvino, no caso dos calvinistas, e vários outros teólogos modernos? Entretanto, geralmente falta um personagem, o personagem principal, no âmbito reformado: Martinho Lutero.

Já é ampla a nossa cobertura da revolta protestante do século 16, mas muito ainda falta ser dito. Os protestantes costumam colocar Lutero como um príncipe, um homem iluminado, que trouxe à luz a Igreja que jazia nas trevas da “corrupção”. Em todos os meios protestantes, Lutero foi um homem que, ao ler “um livro proibido”, a Bíblia, descobriu em suas letras simples a doutrina até então “obscura” de Cristo: a salvação somente pela fé. Desde então Lutero é uma figura ímpar na história do protestantismo. Inclusive alguns teólogos católicos reconhecem em Lutero valores dignos dos grandes doutores da Igreja.

Porém, seus escritos praticamente desapareceram da estante dos protestantes modernos (ou pelo menos, de suas obras). O que vemos hoje é que os protestantes fundamentalistas se baseiam mais em sua própria opinião “errada” das Escrituras do que num fundamento ao menos mais criterioso. Entretanto, será que é válida a fundamentação da teologia protestante na herança dos estudos de Lutero?

Quantos protestantes, mesmo pastores, já leram obras de Lutero. Dificilmente um católico que não seja estudioso do assunto leria. Mas espera-se que os protestantes tenham uma certa noção dos escritos dos seus pais. Nós católicos buscamos ler e entender o que pensavam e ensinavam os pais da Igreja: Inácio, Clemente, Leão, Tertuliano, Gregório, Agostinho, Vicente, Aquino. Entre milhares de outros. É uma vasta literatura, mas todo católico que esteja interessado nas suas doutrinas busca conhecer a sua patrologia.

Lutero deixou uma obra extensa, da qual em português creio não existir nem metade. Suponho, também, que nem metade dos protestantes já leu as obras dele. O que será que encontrariam? Talvez não gostem muito do que encontrarão, caso se aventurem. Na realidade, apesar de ser um estudioso da Bíblia, ter causado uma revolução no seio da Igreja, muitas vezes Lutero foi um blasfemo. Ao menos, pelos seus escritos, é o que nos parece.

Muitos protestantes questionam os católicos acerca do que falaram os seus teólogos do passado. Muitos dizem que Papas pecaram, disseram isso ou aquilo. Tudo isso, para eles, é prova de que a Igreja Católica não é a Igreja fundada por Jesus, nosso Senhor. Que o Espírito Santo não pode conduzir uma Igreja que ensina a “venda do perdão”, por exemplo. Outros alegam que a Igreja não podia ter transferido a um homem o poder que somente Deus contém. Entre várias outras alegações, os erros do passado são, para os protestantes, prova mais que suficiente de que a Igreja é demoníaca.

No nosso país, é comum o uso de “ditados populares”. Um deles, que podemos até aplicar aqui, é “Cuidado! O peixe morre pela boca”.

Muito do que Lutero escreveu, em confronto com o Papa e a autoridade da Igreja, é defendida até o fim pelos seus idealistas. Mas será que  defenderiam com a mesma vontade o Lutero que vamos apresentar aqui? Talvez fiquem surpresos, digam que ele não quis dizer o que está aparentado, que existem outros escritos dele que dizem o contrário. Ora, pelo que vamos ler, parece que não há como entender outro contexto, o que faz com que entendamos exatamente o que Lutero quis dizer quando da redação das obras. E se existem outros escritos dele que dizem o contrário, isto não é um fator de alívio, mas de complicação.

Questionando os Protestantes – VIII

Quem elegeu Pedro como Pastor da Igreja de Jerusalém?

Pedro não foi eleito. Pedro, bem como os outros Apóstolos, foram indicados para o oficio diretamente por Jesus. Nas Igrejas Evangélicas os pastores são, na maioria dos casos, eleitos pelo voto da congregação. Qual é a evidência bíblica para se eleger pastores? Não há nenhuma. A Igreja de Jerusalém nomeou diáconos, mas não há nenhuma evidência nas Escrituras para eleger pastores. Depois que os diáconos foram nomeados, foram ainda ordenados pelos apóstolos. Os apóstolos ordenaram sete diáconos através de preces e imposição das mãos sobre eles.

Durante suas viagens, Paulo ordenou Tito e Timóteo. Paulo deu a Tito e a Timóteo a autoridade de ordenar anciãos:

“Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei” (Tt 1,5)

“A ninguém imponhas as mãos inconsideradamente, para que não venhas a tornar-te cúmplice dos pecados alheios” (1Tim 5,22).

A ordenação dos anciãos e diáconos está implicitamente indicada.

O Novo Testamento não nos fala em nenhum momento da congregação elegendo seus anciãos/pastores. Em vez disto, os anciãos eram indicados pelos apóstolos ou por aqueles que receberam a autoridade dos apóstolos. Esta forma de governo da Igreja é chamada governo episcopal. Somente após a Reforma houve Igrejas que utilizaram governos presbiterais ou congregacionais.

Por que você obedece a uma igreja que tem governo presbiteral ou congregacional já que a Bíblia ensina a forma de governo episcopal?

Fonte: Site “Glory to Jesus Christ!”. Tradução: José Fernandes Vidal.

Questionando os Protestantes – II

Tem a Bíblia um índice de Livros inspirados? Ou contém a Bíblia uma lista que declara autoritariamente quais livros devem fazer parte dela?

Não, não tem. A lista dos livros que compõem o Cânon do Novo Testamento foi discutida durante os primeiros quatro séculos da história cristã.

O Apocalipse, Hebreus, Tiago, 2Pedro e Judas são alguns dos livros cuja canonicidade foi controvertida. Em adição, alguns cristãos primitivos julgaram que obras como a Didaqué, a Epístola de Barnabé, o Pastor de Hermas e a Epístola de Clemente eram inspiradas. Não foi senão quase no século V (Concílio de Cartago, ano 397) que o Cânon oficial foi definido. Isto quanto ao Novo Testamento, mas quanto ao Antigo Testamento? Foi também tema de discussões definir quais os livros pertenciam ao Cânon do Antigo Testamento. [O próprio Concílio de Cartago tratou do assunto]. Santo Agostinho sustentou que os Apócrifos (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1-2Macabeus e adições gregas a Ester e Daniel) eram canônicos, enquanto que São Jerônimo não os considerava como canônicos. De fato, o nome “Apócrifos” foi dado por São Jerônimo quando se empenhava no trabalho da Vulgata (tradução latina das Escrituras). Na versão hebraica das Escrituras, os Apócrifos eram comumente deixados de lado, enquanto que na versão grega (a Septuaginta) os Apócrifos foram incluídos.

Desde aproximadamente o século V, os Apócrifos foram considerados Escrituras, embora não tivesse havido uma declaração que pusesse um ponto final.

Tudo isso mudou quando os Reformadores determinaram o seu Cânon das Escrituras e rejeitaram os Apócrifos. Como resposta, a Igreja Católica, no Concílio de Trento, declarou a canonicidade dos livros Apócrifos, chamando-os “Deuterocanônicos”, ou seja, do Segundo Cânon.

Por fim, sabemos que o eminente teólogo protestante Dr. RC Sproul os denomina “uma coleção falível de livros infalíveis”. Atualmente, os Luteranos não têm um Cânon estabelecido das Escrituras. São livres para considerar Hebreus, Tiago, 2 Pedro e São Judas (Epístolas) como não canônicos, e estão, também, livres para aceitar alguns livros Deuterocanônicos do Antigo Testamento como canônicos. Lutero originalmente chamou o livro de Tiago uma “epístola de palha” e não a aceitou como canônica. Quando os Reformadores Presbiterianos surgiram com sua lista canônica, usaram dois critérios: autoria apostólica e testemunho interior do Espírito.

Desde que bons cristãos através dos tempos (Jerônimo e Agostinho, justamente esses dois) discordaram sobre quais livros eram inspirados, “o testemunho interior” de canonicidade não parece ser uma boa medida para determinar a canonicidade. Para a Cristandade histórica, o ensinamento da Igreja, que é “a coluna e o fundamento da Verdade”, é considerado como a autoridade para determinar quais dos escritos primitivos fazem parte do Cânon das Escrituras.

A menos que você tenha uma fonte infalível para determinar quais livros compõem a Bíblia, que autoridade ela pode ter?

Fonte: Site “Glory to Jesus Christ!”. Tradução: José Fernandes Vidal.

Este sábado se inicia exibição do Santo Sudário em Turim

VATICANO, 09 Abr. 10 / 11:20 am (ACI).- Este sábado 10 de abril se inicia na Catedral da cidade italiana de Turim a exibição do Santo Sudário. Este importante evento concluirá em 23 de maio e terá entre seus visitantes o Papa Bento XVI quem presidirá uma Solene Eucaristia no domingo 2 de maio na Praça de São Carlos.

Nos dias da exibição, a Missa se celebra na Catedral, diante do Sudário, cada manhã às 7:00. Ao final, rezarão as laudes. O Santíssimo Sacramento fica exposto na penitenciaria, no Palazzo Chiablese ao longo de toda a jornada. A capela está reservada à oração silenciosa e à adoração eucarística.

Na mesma penitenciaria estarão sacerdotes para administrar o sacramento da Reconciliação. Desde o final da Missa até às 8:00 p.m. o percurso está aberto à visita do Sudário. Para isso é indispensável ter feito a reserva através da Web: www.sindone.org

Também será possível chegar à catedral entrando pela porta central, mas desde ali só será possível ver o Sudário de longe. O espaço da abóbada central está reservado à oração e à reflexão silenciosa. De noite, segundo o que se indicará no calendário, a catedral poderá ficar aberta para acolher celebrações particulares ou iniciativas culturais de caráter religioso.

Alguns dados

Uma sólida tradição demonstra que o Santo Sudário de Turim é o sudário que envolveu o corpo de Jesus Cristo depois de sua morte. Esta é uma peça de linho tecida que mede 4,37 metros de comprimento e 1,11 de largura.

O manto leva a imagem detalhada da frente e as costas de um homem que foi crucificado de maneira idêntica a Jesus de Nazaré conforme descrevem as Escrituras.

O manto está em Turim, Itália, desde 1578 e é posto em exposição pública aproximadamente uma vez por cada geração.

Com o fim de determinar o modo como a imagem foi impressa no Lençol, mais de 1000 investigações científicas das mais diversas especialidades foram realizadas e se tomaram 32 mil fotografias.

No sítio www.sindone.org se recolhem os textos e as informações relativas a todos os aspectos da organização da exibição.

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