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Chesterton: o contrário do cristianismo não é o ateísmo, mas a tristeza

Com um estilo pessoal e original, o escritor inglês defendeu o cristianismo e a Igreja no século XX

Para Gilbert K. Chesterton, o cristianismo é alegria, felicidade. No cristianismo se encontram “as danças das crianças e o vinho dos homens”.

O contrário do cristianismo não é o ateísmo, nem o paganismo. O contrário do cristianismo é a tristeza.

Chesterton sustenta que o ateísmo e o paganismo nas Sagradas Escrituras são sempre uma boa notícia, porque aqueles períodos são terminados sistematicamente no cristianismo histórico. Por sua ideia, tudo deriva do cristianismo.

Tudo no mundo moderno é de origem cristã, incluindo aquilo que parece mais anti-cristão: “A Revolução francesa é de origem cristã. O cotidiano é de origem cristã. Os anarquistas são de origem cristã. O ataque ao cristianismo é de origem cristã”. Também as leis físicas e a criação são de origem cristã.

A única coisa que não é cristã no mundo moderno é o próprio cristianismo, porque o seu fundamento procede da eternidade do Pai e nasceu no tempo a partir de uma Mulher.

Por isso, a coisa grave não é encontrar um ateu ou um pagão, que terminará por ser cristão. Para Chesterton, a coisa realmente grave é encontrar um cristão triste.

Gilbert K. Chesterton é o escritor inglês que com estilo mais pessoal e com maior originalidade defendeu o cristianismo e a Igreja no século XX.

A simpatia pela Igreja de Roma

G. K. Chesterton viveu um processo de conversão relativamente longo. Na juventude tinha adotado o socialismo marxista, muito na moda no final do século XIX entre os jovens da Inglaterra, país onde Marx tinha publicado “O capital”. Ele também fundou e dirigiu publicações anarquistas, buscando respostas até mesmo em experiências espiritualistas.

Em suas obras “Hereges” (1905) e “Ortodoxia” (1908), não sendo ainda batizado, Chesterton se sentia já católico “no coração”.

O seu biógrafo J. Pierce recolheu testemunhos de conversões de jovens universitários que lendo as duas obras citadas se converteram, ainda antes que o próprio autor se convertesse.

Atração pela virtude alegre, “sem limite”, da Graça

As virtudes da Graça são a parte a relação do homem com Deus que não ficaram danificadas pelo pecado original, porque vão além do limite da Criação, na transcendência. Por isso, podemos encontrá-las no Antigo Testamento.

Contudo, a Igreja explica que existem três virtudes da Graça (ou teologais): fé, esperança e caridade. Os anglicanos entendem que o homem se salva somente mediante a fé. Por isso, reconhecem somente a virtude da fé.

Os anglicanos, e também os filósofos pagãos, reconhecem as virtudes “humanas”. De fato, precisamos praticar todas, mas Chesterton não as considera absolutamente atraentes. Para ele, estas virtudes têm um problema grave.

O que é este grave inconveniente? As virtudes humanas são chatas. Trata-se de colocar uma medida humana às atividades que realizamos. Colocar um limite humano para comer – diz – se chama “temperança”. A “justiça” é dar a cada um aquilo que é devido ao ser humano.

Para Chesterton as virtudes alegres são aquelas “cristãs”. Chamava a sua atenção o fato da Igreja de Roma apresentar um Deus alegre, exuberante, sem limites.

Amar é perdoar sem limites, ou não amar, escrevia em “Hereges”.

A fé é crer no inacreditável, ou não é virtude.

Esperança significa esperar quando já não há esperança.

Era este “sem limite”, esta exuberância e esta alegria da virtude cristã, que ensinava somente a Igreja de Roma, que atraia o nosso autor. Gilbert K. Chesterton tinha iniciado o seu caminho de conversão.

(Tradução e adaptação: Clarissa Oliveira)

Fonte: Aleteia

Papa Francisco: Não há cristianismo sem cruz!

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VATICANO, 08 Abr. 14 / 12:34 pm (ACI).- Nesta terça-feira, 8, na homilia de sua missa diária na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco afirmou que “a Cruz não é só um ornamento para nossas igrejas, nem um mero símbolo que nos distingue dos outros; é o mistério do Amor de Deus”. O Papa enfatizou que não pode haver vida cristã sem a presença da Cruz.

Comentando o Evangelho de hoje, Francisco frisou que Jesus alerta os fariseus dizendo-lhes: ‘Morrereis no vosso pecado’. “Não há possibilidade de sair sozinhos do nosso pecado –prosseguiu- estes doutores da lei, estas pessoas que ensinavam a lei não tinham uma ideia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas sentiam-se fortes, auto-suficientes, sabiam tudo.”

“O cristianismo não é uma doutrina filosófica, não é um programa de vida para sobreviver, para ser educados, para fazer a paz. Estas são consequências. O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa erguida, na Cruz, uma pessoa que se aniquilou a sí própria para nos salvar; fez-se pecado. E assim como no deserto foi erguido o pecado, aqui foi erguido Deus, feito homem e feito pecado por nós. E todos os nossos pecados estavam ali. Não se percebe o cristianismo sem se perceber esta humilhação profunda do Filho de Deus, que humilhou-se a si próprio fazendo-se servo até à morte de Cruz, para servir.”

“Assim, O coração da salvação de Deus, é seu filho que assumiu sobre si todo os nossos, a nossa soberba, as nossas seguranças, a nossa vaidade, nossa vontade de ser como Deus. Um cristão que sabe gloriar-se em Cristo Crucificado, não entendeu o que significa ser cristão”.

Falando sobre a Cruz e a redenção, Francisco afirmou: “A cruz não é um ornamento, que nós devemos meter sempre nas igrejas sobre o altar. Não é um símbolo que se distingue dos outros. A Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que se humilha a si próprio, faz-se um nada, faz-se pecado.”

“O perdão que nos dá Deus são as chagas do seu Filho na Cruz, erguido na Cruz. Que Ele nos atraia para Si e que nós nos deixemos curar”, concluiu o Santo Padre.

A Fé Cristã Primitiva – Coletânea de sentenças Patrísticas (Edição Master)

O que se tornou mais relativo em nossos dias do que a Fé Cristã? Infelizmente somos bombardeados diariamente com teorias e conjecturas diversas que provocam enorme confusão nos corações dos cristãos semeando “joio no meio do trigo” (São Mateus 13,25). Tornou-se latente a necessidade de algo que nos guie de volta às origens do cristianismo, algo que nos mostre qual o caminho a ser trilhado, uma vez que em meio a tantas opiniões nem sempre é fácil discernir entre o certo e o errado.

Pela sua proximidade com as raízes do Cristianismo, o pensamento dos Santos Padres é um porto seguro no qual se pode ancorar, tendo a certeza de estarmos em contato direto com a pura revelação de Deus. Estes grandes homens enfrentaram “lobos cruéis” (Atos 20,29) que tentavam destruir a obra de Cristo e mesmo assim souberam superar todas as adversidades de sua época.

Nesta excepcional obra, Carlos Martins Nabeto percorre com maestria os oito primeiros séculos da historia da Igreja – conhecido como período patrístico – fazendo uma pesquisa detalhada nas obras dos Santos Padres e trazendo ao leitor uma meticulosa coletânea de citações patrísticas até então sem precedentes na língua portuguesa.

Evágrio Pôntico (346-399) certa vez disse: «Quanto mais perto estiver de Deus, tanto melhor será o homem». Podemos dizer que este sempre foi o objetivo comum dos Santos Padres, ou seja, a defesa da Palavra de Deus confiada à Igreja, a objeção frontal às heresias e a consequente aproximação entre a criatura e o Criador.

Esta nova edição de “A Fé Cristã Primitiva” nos da todas as armas para também nós entrarmos nesta luta, defendendo a Palavra de Deus dos ataques heréticos. Roguemos a Deus para que juntamente com São Paulo possamos um dia dizer: “Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé.” (2 Timóteo 4,7). [Wellington Campos Pinho – Site “Bíblia Católica”: //www.bibliacatolica.com.br]

Características
Número de páginas: 700
Edição: 2(2012)
Formato: A4 210×297
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Capa dura
Tipo de papel: Offset 75g

O livro esta disponível através do Clube dos Autores e também da AGBook

Uma amostra dessa grande obra pode ser baixada no seguinte endereço: http://bit.ly/YLE1PD

 

 

 

 

Eurodeputado Cristiano Magdi Allam suplica ao Papa para que acolha no seio da Igreja os muçulmanos convertidos.

Por Edson Carlos de Oliveira – Sou conservador sim, e daí?

Publicamos abaixo a íntegra da carta do eurodeputado Cristiano Magdi Allan direcionada ao Papa Bento XVI suplicando que a Igreja acolha os muçulmanos que, como ele, se converteram ao catolicismo. A missiva foi publicada no jornal Il Giornale no dia 15 de outubro último.

* * *

Caro Papa, acolhei no Vaticano os muçulmanos convertidos a Jesus

Peço ao Papa que teve a coragem de conceder-me o batismo, vencendo o medo da vingança islâmica e a resistência interna da Igreja, de acolher-me junto com uma delegação de muçulmanos convertidos ao cristianismo na Europa e no mundo.

 Bento XVI batiza Cristiano Magdi na Basília de São Pedro. Bento XVI batiza Cristiano Magdi na Basílica de São Pedro.

A ideia, que eu aceitei imediatamente com entusiasmo, é de Mohammed Christophe Bilek, franco-argelino que fundou a associação Notre Dame de Kabyla. Através do site www.notredamedekabylie.net, ele promove uma missão para a conversão dos muçulmanos ao cristianismo por meio de um diálogo baseado na certeza da nossa fé e na exortação constante de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15-18).

Embora o fenômeno esteja envolto na discrição, tornando, portanto, difícil dizê-lo com certeza, pode-se afirmar a partir de diversas fontes que seriam muitíssimos os muçulmanos que abraçam a fé de Jesus Cristo.
Em 2006, entrevistado pela [televisão] Al-Jazeera, o xeque Ahmad al-Qataani deu estes números: “A cada hora, 667 muçulmanos se convertem ao cristianismo. A cada dia, 16 mil muçulmanos se convertem ao cristianismo. A cada ano, 6 milhões de muçulmanos se convertem ao cristianismo”.

Falando ontem em Paris, Bilek disse que até na Arábia Saudita, berço do Islã e reduto dos dois principais lugares de culto islâmicos, haveria 120.000 muçulmanos convertidos ao cristianismo.

Os dados de 2008 indicam que os muçulmanos convertidos somavam 5 milhões no Sudão, 250 mil na Malásia, mais de 50 mil no Egito, de 25 a 40 mil no Marrocos, 50 mil no Irã, 5 mil no Iraque, 10 mil na Índia, 10 mil no Afeganistão, 15 mil no Cazaquistão e 30 mil no Uzbequistão.

Estive em Paris neste fim de semana, para pronunciar uma palestra intitulada “A Europa e suas raízes face ao acosso da cristianofobia”, organizada pelas associações Tradição Família e Propriedade, presidida por Xavier da Silveira, e Chrétienté-Solidarité, fundada por Bernard Antony.

Era o dia depois do anúncio da atribuição do Prêmio Nobel da Paz à União Europeia. Que escândalo no momento em que a União Europeia está alinhada na Síria com os extremistas islâmicos que estão perpetrando ao pé da letra um genocídio contra os cristãos!

No fim da tarde, na praça em frente à igreja de Santo Agostinho, junto com um argelino berbere que também se converteu, participei de uma vigília de oração e solidariedade com os cristãos perseguidos.
Em meu discurso, ousei fazer esta previsão:

“Quanto mais eu vou adiante, mais eu olho em volta, mais eu valorizo tudo, mais eu estou convencido de que o futuro da civilização laica e liberal, da democracia e do Estado de Direito, vai depender de sua capacidade de tomar distâncias em relação ao Islã enquanto religião, sem discriminar os muçulmanos enquanto pessoas.

“Eis por que eu fico cada vez mais convencido de que seremos salvos pelos cristãos que fugiram da perseguição islâmica. Só quem já experimentou pessoalmente a tirania islâmica saberá convencer o Ocidente sobre a verdade do Islã.

“Aqueles que se mantiveram firmes na fé de Jesus Cristo derrotarão o Islã, salvarão o Cristianismo neste Ocidente descristianizado e salvarão nossa civilização. Obrigado, Jesus”.

E, imediatamente após a minha palestra, diante de 500 pessoas que testemunham a resistência do cristianismo, Bilek me fez o convite de promover uma associação que reúna os muçulmanos convertidos ao cristianismo em toda a Europa.

Para mim, a ideia de ser classificado de “ex”muçulmano verdadeiramente não me compraz. Sinto-me e quero ser considerado exclusivamente cristão, do mesmo modo que sou orgulhosamente italiano, embora de origem egípcia.

Mas faço meu o conteúdo da mensagem: é preciso dar à luz uma instituição que encoraje os muçulmanos a superarem o medo, para serem batizados publicamente, para viverem abertamente sua nova fé.

Nós dois estamos cientes de que o verdadeiro problema provém dos cristãos natos, porque eles são os primeiros a terem medo. São inúmeras as denúncias de muçulmanos que gostariam receber o batismo, mas que sofrem a recusa de padres católicos, que não querem violar as leis dos países islâmicos que proíbem e punem com prisão – e por vezes com a morte – tanto quem faz o trabalho de proselitismo como quem incorre no “crime” de apostasia. É paradoxal que enquanto as igrejas vão se esvaziando cada vez mais, a ponto de serem colocadas à venda e acabarem se transformando em mesquitas, a Igreja bloqueie a conversão de muçulmanos ao cristianismo.

É por isso que apelo ao Santo Padre: acolha no Vaticano aos convertidos ao cristianismo, a fim de enviar uma mensagem forte e clara a todos os pastores da Igreja em favor da evangelização dos muçulmanos. Serão eles que nos libertarão da ditadura do relativismo religioso que nos obriga a legitimar o Islã, que restaurarão entre nós a fé sólida na verdade em Cristo, e que salvarão nossa civilização laica e liberal que, gostemos ou não, está baseada no cristianismo.

* * *

Observação deste blog (Sou conservador sim, e daí?): Não podemos concordar com a última frase dessa carta. Escreveríamos de outra maneira: se há ainda algo de bom em nossa sociedade laica e liberal é o que resta de cristianismo nela.

Registro da dormição da Virgem Maria nos escritos do primeiro século confirmam dogma Católico

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Os cristãos sempre sofreram intensas perseguições, matanças e saques durante o transcorrer dos séculos, principalmente no início da formação da Igreja. Por essa razão muitos dos escritos produzidos pelos primeiros cristãos foram queimados ou destruídos de outra forma. Sendo assim, a memória da Igreja, às vezes, tem dados insuficientes sobre a vida e a obra de santos e mártires do seu passado mais remoto. Para que essas poucas evidências não se perdessem, ela se valeu das fontes mais fiéis da literatura mundial, que nada mais são do que as próprias narrações das antigas tradições orais cristãs preservadas pela humanidade.

Interessante é o caso dos dois santos com o nome de Dionísio, venerados  no cristianismo. A data de 3 de outubro é consagrada ao Areopagita, enquanto o outro santo, o primeiro bispo de Paris, é festejado no dia 9 deste mês. O Dionísio homenageado ao dia  3 foi convertido pelo apóstolo Paulo (At 17,34) durante a sua pregação aos gregos no Areópago, daí ter sido agregado ao seu nome o apelido de Areopagita.

O Areópago era o tribunal supremo de Atenas, na Grécia, onde eram decididas as leis e regras gerais de conduta do povo. Só pertenciam a ele cidadãos nascidos na cidade, com posses, cultura e prestígio na comunidade. Dionísio era um desses areopagitas.

Nascido na Grécia, no seio de uma nobre família pagã, estudou filosofia e astronomia em Atenas. Em seguida, foi para o Egito finalizar os estudos da matemática. Ao regressar a Atenas, foi nomeado juiz. Até ele chegou o apóstolo Paulo, quando acusado ante o tribunal em que se encontrava Dionísio. Dionísio, ao assistir à eloqüente pregação de Paulo, foi o primeiro a converter-se. Por isso conseguiu para si inimigos poderosos entre a elite pagã que comandava a cidade. Foi então que são Paulo acolheu o areopagita entre seus primeiros discípulos.

Logo em seguida, Dionísio foi consagrado pelo próprio apóstolo como bispo de Atenas. Nessa condição, ele fez muitas viagens a terras estrangeiras, para pregar e aprender a cultura dos outros povos. Segundo se narra, nessas jornadas teria conhecido pessoalmente são Pedro, são Tiago, são Lucas e outros apóstolos. Além de os registros antigos fazerem referência sobre ele na dormição e Assunção da Virgem Maria, a mãe do Filho de Deus.

Em Atenas, seus opositores na política conseguiram sua condenação à morte pelo fogo, mas ele se salvou, viajando para encontrar-se com o papa, ou bispo de Roma. Depois, só temos a informação do Martirológio Romano, na qual consta que são Dionísio Areopagita morreu sob a perseguição contra os cristãos no ano 95.

Dionísio o Areopagita (+ 96dC), sobre a Dormição da Deípara:

“Pois até mesmo entre os nossos hierarcas inspirados, quando, como tu sabes, nós juntamente com ele [um presbítero ateniense chamado Hierotheos] e muitos de nossos santos irmãos se reuniram para contemplar aquele corpo mortal [de Maria], Fonte da Vida, que recebeu o Deus encarnado, e Tiago, irmão de Deus [isto é, Tiago de Jerusalém] estava lá, e Pedro, o chefe maior dos escritores sagrados, e então, depois de terem contemplado isso, todos os hierarcas ali presentes celebraram, segundo o poder de cada um a bondade onipotente da fraqueza Divina [ou seja, que Deus se fizesse homem]”.

“Naquela ocasião, eu digo, ele [isto é, Hierotheos] ultrapassou todos os Iniciados com exceção dos escritores divinos, sim, ele estava completamente transportado, completamente absorto, e ficou tão emocionado através da comunhão com aqueles mistérios que ele estava comemorando, que todos os que o ouviram, viram e conheceram (ou melhor, não o conheceram) considerou que ele foi arrebatado por Deus e um hinografo divino”.  (Dionísio o Areopagita -Sobre os Nomes Divinos 3:2)

Rezar a Deus Pai nos ensina a verdadeira noção de paternidade

Um comentário sobre a audiência geral do Papa da quarta-feira, 23 de maio

Por Massimo Introvigne

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 24 de maio de 2012 (ZENIT.org) – Na audiência geral do 23 de maio, Bento XVI continuou na sua “escola de oração”, dedicada a São Paulo. Na semana passada, o Papa tinha mostrado como São Paulo nos ensina a deixar-nos guiar pelo Espírito Santo na oração.

Esta semana o Papa insiste sobre a forma como o Espírito Santo, por sua vez, nos leva a dirigir-nos ao Pai como tinha feito Jesus no Getsêmani: “Abbá! Pai! Tudo é possível para vós: afasta de mim este cálice! No entanto, não se faça a minha vontade, mas a vossa”(Mc 14,36). E a catequese se transforma assim em ocasião para algumas reflexões profundas sobre um conceito em crise hoje, o da paternidade.

A referência a Deus como Pai, que ressoa no Pai Nosso, aparece também em dois textos de São Paulo. A primeira tirada da Carta aos Gálatas: ” A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” “(Gl 4,6). A segunda, tirada da Epístola aos Romanos: “Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! (Rm 8,15).

Depois de ter observado mais uma vez que “o cristianismo não é uma religião do medo, mas da confiança e de amor ao Pai que nos ama”, Bento XVI explicou que em ambas as passagens São Paulo refere-se à uma nossa “relação filial análoga àquela de Jesus” com Deus Pai.

Obviamente, “diferente é a origem, diferente é a espessura: Jesus é o Filho eterno de Deus que se fez carne, nós, ao contrário, nos tornamos filhos Nele, no tempo, por meio da fé e dos Sacramentos do Batismo e da Confirmação”. Na Carta aos Efésios o mesmo São Paulo nos assegura que Deus, em Cristo, “nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos. No seu amor nos predestinou para sermos adotados como filhos seus por Jesus Cristo” (Ef 1,4).

O Papa lamenta – e não é a primeira vez – a nossa perda da capacidade de maravilhar-nos diante do mistério da paternidade de Deus. “Talvez o homem de hoje não perceba a beleza, a grandeza e a consolação profunda contida na palavra “pai” com a qual nos podemos dirigir a Deus na oração”.

Mas isto, hoje, tem também uma possível explicação psicológica e sociológica: “a figura paterna muitas vezes hoje não está suficientemente presente, também muitas vezes não é suficientemente positiva na vida cotidiana. A ausência do pai, o problema de um pai não presente na vida da criança é um grande problema do nosso tempo, por isso se torna difícil entender na sua profundidade o que significa dizer que Deus é Pai para nós”.

Mas nada está definitivamente perdido. Do ensinamento de Jesus sobre a paternidade de Deus podemos aprender muito sobre o papel humano do pai. “Críticos da religião disseram que falar do” Pai”, de Deus, seria uma projeção celeste dos nossos pais. Mas é verdade o contrário: no Evangelho, Cristo nos mostra quem é o pai e como é um verdadeiro pai, de tal forma que podemos intuir a verdadeira paternidade, aprender também a verdadeira paternidade”.

Devemos, portanto, “deixar aquecer o nosso coração” a partir desta noção da paternidade que Jesus nos ensina, e que tem duas dimensões: a criação e a adoção. Primeiramente, Deus é nosso Pai, porque é nosso Criador. “Cada um de nós, cada homem e cada mulher é um milagre de Deus, é querido por Ele e é conhecido pessoalmente por Ele”: “para Ele não somos seres anônimos, impessoais, mas temos um nome”. “As suas mãos me formaram”, diz o salmista (Sl 119, 73), com uma imagem que o papa afirma amar especialmente.

Depois, há o segundo elemento, a adoção, com a qual Jesus “nos acolhe na sua humanidade e no seu mesmo ser Filho, assim também nós podemos entrar na sua específica pertença a Deus”. Também aqui trata-se de analogia,  não de identidade: “o nosso ser filhos de Deus não tem a plenitude de Jesus: nós devemos tornar-nos sempre mais, ao longo do caminho de toda a nossa existência cristã, crescendo na sequela de Cristo, na comunhão com ele para entrar sempre mais intimamente na relação de amor com Deus Pai, que sustenta a nossa vida”. Mas nem sequer se trata de uma simples metáfora. “Nós realmente entramos além da criação na adoção com Jesus; estamos realmente unidos em Deus e filhos de um novo modo, numa nova dimensão”. Voltemos às duas passagens de São Paulo, e notemos que têm “um tom diferente”. Na carta aos Gálatas São Paulo afirma que o Espírito grita em nós “Aba!, Pai “. Na Epístola aos Romanos nos diz ao contrário que somos nós que gritamos “Aba!, Pai “.

Aqui o Apóstolo “quer nos fazer entender que a oração cristã nunca é, nunca acontece numa só direçao de nós para Deus, não é só um “agir nosso”, mas é expressão de uma relação recíproca na qual Deus age primeiro: é o Espírito Santo que grita em nós, e nós podemos gritar porque o impulso vem do Espírito Santo”.

Dito em termos que lembram Santo Agostinho – que é sempre um ponto de referência de Bento XVI – nós “não poderíamos rezar se não estivesse escrito na profundidade do nosso coração o desejo de Deus, o ser filhos de Deus. Desde quando existe, o homo sapiens está sempre em busca de Deus, busca falar com Deus, porque Deus escreveu a si mesmo nos nossos corações”. A primeira iniciativa na oração vem sempre de Deus, e “a sua presença abre a nossa oração e a nossa vida, abre os horizontes da Trindade e da Igreja”.

Um segundo aspecto muito importante é que “a oração do Espírito de Cristo em nós e a nossa Nele, não é somente um ato individual, mas um ato de toda a Igreja”. Não somente “quando nos dirigimos ao Pai no nosso quarto interior, no silêncio e no recolhimento, nunca estamos sozinhos”, mas não estamos inventando um relacionamento com Deus, mais ou menos fantasioso.

Ao contrário, “estamos na grande oração da Igreja, fazemos parte de uma grande sinfonia que a comunidade cristã espalhada em todas as partes da terra e em todos os tempos eleva a Deus; é verdade, os músicos e os instrumentos são diferentes – e isso é um elemento de riqueza -, mas a melodia de louvor é única e em harmonia”. São Paulo mesmo o explica aos cristão de Corinto: “Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.” (1 Cor 12, 4-6). É tudo “um único grande mosaico da família de Deus, onde cada um tem um lugar e um papel importante, em profunda unidade com o todo”.

Um terceiro aspecto é que a nossa oração “Abba!, Pai!” sempre acontece em união “também com Maria, a Mãe do Filho de Deus. A realização da plenitude dos tempos, da qual São Paulo fala em Gálatas (cf. 4 , 4), acontece no momento do “sim” de Maria, da sua adesão plena à vontade de Deus: ‘Eis aqui a serva do Senhor’” (Lc 1, 38).

Só então é realmente possível que “a nossa oração troque, converta constantemente o nosso pensar, o nosso agir para torná-lo sempre mais conforme àquele do Filho Unigênito, Jesus Cristo”.

[Tradução Thácio Siqueira]

Trindade é amor!

Gênesis, 18 Padre Raniero Cantalamessa explica o mistério da Trindade como fundamento do Cristianismo

Por Antonio Gaspari

ROMA, sexta-feira, 16 de março de 2012 (ZENIT.org) – Trindade é amor e sem Trindade o cristianismo não teria fundamento.

Isto é o que explicou hoje, 16 de março, o Pe. Raniero Cantalamessa na sua segunda pregação da Quaresma.

O Pregador da Casa Pontifícia fez referência à São Gregório Nazianzeno (329 – 390 aprox.), bispo de Constantinopla, Doutor e Padre da Igreja, mais conhecido como “o cantor da Trindade”.

Como escreveu João no Evangelho “Deus é amor” (1 Jo 4,10) “e Santo Agostinho acrescentou: “Por isso, ele é Trindade!” porque “o amor supõe alguém que ama, alguém que é amado e o próprio amor”.

Padre Cantalamessa disse que “O Pai é, na Trindade, aquele que ama, a fonte e o princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado; o Espírito Santo é o amor com o qual se amam.”

Os pensadores gregos e, no geral, as filosofias religiosas de todos os tempos, concebem a Deus principalmente como “pensamento”, ou seja, Deus que pensava a si mesmo “pensamento puro”, “pensamento do pensamento”.

“Mas isto – acrescentou o Pregador – não é mais possível, desde o momento no qual dizemos que Deus é antes de tudo amor, porque o “puro amor de si mesmo “seria puro egoísmo, que não é a exaltação máxima do amor, mas a sua total negação”.

Assim como – disse o padre Cantalamessa – “um Deus que fosse puro Conhecimento ou pura Lei, ou puro Poder não teria nenhuma necessidade de ser Trino; mas um Deus que é acima de tudo Amor sim, porque “em menos do que dois não pode ter amor”.

“É preciso – escreveu o cardeal francês Henri Marie de Lubac – que o mundo saiba: a revelação do Deus amor transforma toda aquela concepção que ele tinha da divindade”.

De acordo com o pregador da Casa Pontifícia”, a Trindade  está tão mergulhada na teologia, na liturgia, na espiritualidade e em toda a vida cristã que renunciar a ela significaria começar outra religião, completamente diferente.”

Por esta razão seria necessário “tirar este mistério dos livros de teologia e colocar na vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e devidamente formulado, mas vivido, adorado e gozado”.

A vida cristã de fato se desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade.

Na aurora da vida, fomos batizados “em nome do Pai e do Filho, do Espírito Santo”, e no final de nossas vidas como cristãos, são recitadas as palavras: “Parte, alma cristã, deste mundo: em nome do Pai que te criou, do Filho que te redimiu e do Espírito Santo que te santificou”.

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os esposos se unem no Matrimônio e colocam um no outro a aliança e os sacerdotes e os bispos são consagrados”, no nome da Trindade começavam certa vez os contratos, os julgamentos e todo ato importante da vida civil e religiosa.

Padre Cantalamessa concluiu a segunda pregação da Quaresma lembrando que a doxologia que conclui o cânon da Missa constitui a mais breve e a mais densa oração trinitária da Igreja: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém”.

[Tradução Thácio Siqueira]

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