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Bento XVI: “Deus não abandona nunca seus filhos”

Ao ser nomeado cidadão de honra de Romano Canavese

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 18 de março de 2010 (ZENIT.org).- Deus “não abandona nunca seus filhos”, por esse motivo, não há que perder nunca a confiança n’Ele.

Foi o que recordou esta quarta-feira de manhã Bento XVI, ao receber a cidadania de honra da localidade italiana de Romano Canavese, na província de Turim, um dos lugares visitados no verão passado pelo Papa, durante sua permanência no Vale D’Aosta.

O Papa afirmou estar “muito feliz” de receber esta distinção e sublinhou os “vínculos de afeto” que o ligam a Romano Canavese: por ser a localidade natal do secretário de Estado, cardeal Tarcísio Bertone, “a quem conheço e estimo há muitos anos”, e por ter visitado pessoalmente.

“Eu mesmo, no dia 19 de julho do ano passado, tive a alegria de visitar vossa localidade e de encontrar a laboriosa gente de Canavese”, afirmou.

“A cidadania honorífica demonstra vossa estima, proximidade e afeto”, observou o pontífice, que declarou que com este gesto se sente acolhido “na grande família de Romano Canavese, ainda que minha presença não poderá ser física, mas certamente cordial e paterna”.

O Papa recordou que o que caracteriza Romano Canavese, além da “gloriosa história que funde suas raízes no século II antes de Cristo e que teve momentos de particular relevância, especialmente na Alta Idade Média e no século XIX”, é sobretudo “uma longa história de fé, que começa com o sangue dos mártires, entre eles São Solutor, e que chega até nossos dias”.

Por este motivo, com ocasião da nomeação como cidadão de honra, Bento XVI renovou aos habitantes da pequena cidade “o convite de custodiar e cultivar os valores genuínos de vossa tradição e de vossa cultura, que se arraigam no Evangelho”.

Em particular, exortou a “dar testemunho com empenho sempre novo da fé no Senhor crucificado e ressuscitado, do apego à família, do espírito de solidariedade”.

“Tenham sempre confiança na ajuda de Deus, que não abandona nunca seus filhos e que está próximo, com sua amorosa solicitude, de quantos trabalham pelo bem, a paz e a justiça”, concluiu.

Espanha: três de cada quatro alunos escolhem aula de religião católica

MADRI, terça-feira, 9 de março de 2010 (ZENIT.org).- Três de cada quatro alunos escolheram voluntariamente estudar, nas escolas espanholas, a disciplina de ensino religioso e moral católica, durante o curso atual, 2009-2010.

Isso é demonstrado pelo relatório anual sobre o número de alunos que recebem esta formação, da Comissão Episcopal de Educação e Catequese da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), que foi divulgado na sexta-feira.

Segundo a CEE, atualmente, 3.430.654 de alunos estudam a matéteria de religião, em um total de 4.759.190, o que representa 72,1%.

Por tipos de escola, a porcentagem de alunos que estudam religião em escolas católicas aumentou para 99,5%.

Em escolas estaduais, a média percentual entre todas as etapas é de 64,1% e nas escolas particulares a média é de 71%.

Para os bispos, “os dados são significativos se levarmos em conta as dificuldades que são enfrentadas no ambiente de ensino”.

O episcopado denunciou várias vezes que a Lei Orgânica de Educação (LOE) introduziu novas barreiras para a escolha da disciplina de religião.

Entre elas, destaca “a configuração da matéria de religião como um peso desnecessário ao currículo escolar”, segundo um comunicado da CEE.

Os bispos agradecem a confiança de professores e alunos, que, “apesar das graves dificuldades, exercem a cada ano, voluntariamente, seu direito fundamental de escolher a formação religiosa e moral católica”.

Também a dedicação dos professores de religião que “em meio de tantos obstáculos jurídicos, acadêmicos e sociais, servem com empenho e dedicação para a formação religiosa de seus alunos”.

"Quem reza não perde nunca a esperança", lembra Bento XVI

VATICANO, 13 Ago. 08 / 01:01 pm (ACI).- O Papa Bento XVI destacou que “quem reza não perde nunca a esperança, ainda quando chegasse a encontrar-se em situações difíceis e inclusive humanamente desesperadas. Isto nos ensinam as Sagrada Escritura e isto testemunha a história da Igreja“, durante a Audiência Geral de hoje.

No Palácio Apostólico de sua Residência de Castel Gandolfo, aonde não se celebravam audiências gerais faz 30 anos, o Santo Padre retomou esta habitual atividade das quartas-feiras. Ao dirigir-se aos milhares de peregrinos presentes agradeceu a todos aqueles que o acolheram nos dias recentes na localidade de Bressanone aonde passou alguns dias de descanso.

O Pontífice destacou que nesses dias “foram muitíssimos os que me escreveram me pedindo rezar por eles. Manifestavam-me suas alegrias, suas preocupações, seus projetos de vida, assim como seus problemas familiares e de trabalho, suas esperanças que levam no coração, junto às angústias relacionadas com as incertezas que a humanidade vive neste momento”.

“Posso assegurar que para todos e cada um tenho uma lembrança, especialmente na cotidiana celebração da Santa Missa e na reza do Santo Rosário. Sei bem que o primeiro serviço que posso dar à Igreja e a humanidade é o da oração, porque rezando ponho nas mãos do Senhor com confiança o ministério que Ele mesmo me confiou, junto à sorte de toda a comunidade eclesiástica e civil”, explicou logo.

Seguidamente se referiu ao exemplo de oração esperançada e confiada de dois Santos cuja memória se celebra em 9 e em 14 de agosto, respectivamente: Santa Teresa Benedita da Cruz, judia convertida ao catolicismo e cujo nome originalmente foi Edith Stein; e São Maximiliano Maria Kolbe; ambos assassinados no campo de concentração de Auschwitz.

“Aparentemente suas vidas poderiam ser consideradas como uma derrota, mas é justamente em seu martírio que resplandece o fulgor do amor que vence às trevas do egoísmo e do ódio”, disse.

Depois de lembrar que Edith Stein foi assassinada em 6 de agosto de 1942, o Papa destacou que “a oração foi o segredo desta Santa Co-padroeira da Europa”.

Ao referir-se logo a São Maximiliano Kolbe, o Pontífice indicou que “do amor foi a heróica prova o generoso oferecimento que ele mesmo fez de si ao trocar-se por um companheiro da prisão, oferecimento culminado na morte no bunker da fome em 14 de agosto de 1941”.

“‘Ave Maria!’: foi a última invocação dos lábios de São Maximiliano Maria Kolbe enquanto sustentava o braço de quem o matava com uma injeção de ácido fénico. É comovente constatar como o recurso humilde e fiel à Virgem é sempre fonte de valor e serenidade”.

Finalmente, Bento XVI alentou a que “enquanto nos preparamos a celebrar a Solenidade da Assunção, que é uma das festividades marianas mais queridas da tradição cristã, renovamos nossa confiança a quem do Céu cuida de nós com amor materno em todo momento. Isto é o que de fato dizemos na familiar oração do Ave Maria, lhe pedindo rezar por nós ‘agora e na hora de nossa morte'”.

Papa convida jovens a sonharem com as coisas grandiosas que Deus quer para eles

Mensagem no centenário da peregrinação de jovens franceses a Lourdes e Jambville

CIDADE DO VATICANO, domingo, 27 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI alentou os jovens a sonharem com as grandiosas coisas que Deus pensou para eles.

É a proposta que apresenta em uma mensagem enviada aos dez mil jovens dentre 15 e 17 anos, que celebram de 22 a 27 de abril, em Lourdes, o centenário do «Frat» (Fraternel), peregrinação de jovens das dioceses de Paris que se reúnem todos os anos alternativamente na cidade mariana ou em Jambville, lugar de encontros dos escoteiros.

Por ocasião de sua estância no lugar das aparições da Virgem Maria a Bernadette Soubirous, há 150 anos, o Papa assegura aos jovens que «Cristo vos faz dignos de sua confiança e deseja que possais realizar vossos sinais mais nobres e mais elevados de autêntica felicidade».

«Esta felicidade é antes de tudo um dom de Deus que se recebe empreendendo os caminhos inesperados de sua vontade. Estes caminhos são exigentes, mas também fonte de alegria profunda», acrescenta na carta, dirigida ao arcebispo de Paris ao cardeal André Vingt-Trois, presidente da Conferência Episcopal Francesa.

«Nosso “sim” a Deus gera a fonte da verdadeira felicidade: este “sim” liberta o próprio eu de tudo o que o encerra em si mesmo. Faz que a pobreza de nossa vida penetre na riqueza e na força do projeto de Deus, sem eliminar nossa liberdade nem nossa responsabilidade».

«Abre nosso pequeno coração às dimensões da caridade divina, que são universais. Conforma nossa vida com a própria vida de Cristo, na qual entramos com nosso Batismo», sublinha.

Por último, o Papa lança um chamado aos jovens reunidos em Lourdes: «que aqueles dentre vós que sintam o chamado a segui-lo no sacerdócio ou na vida consagrada, seguindo a linha marcada por numerosos jovens que participaram no “Frat”, respondam “sim” ao convite do Senhor a colocar-se totalmente a serviço da Igreja, em uma vida totalmente entregue pelo Reino dos Céus. Não ficarão decepcionados».

Bento XVI: Reconstruir a confiança após escândalos de sacerdotes

Discurso aos bispos da Irlanda

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 7 de novembro de 2006 (ZENIT.org).- Publicamos o discurso que dirigiu Bento XVI aos bispos da Conferência Episcopal da Irlanda ao receber-lhes por ocasião de sua visita «ad limina apostolorum» em 28 de outubro.

* * *

Queridos Irmãos Bispos

Segundo as palavras de uma tradicional saudação irlandesa, dirijo-vos cem mil boas-vindas, Bispos da Irlanda, na circunstância da vossa visita ad Limina. Ao venerardes os túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo, possais haurir inspiração da coragem e da visão destes dois grandes Santos, que tão fielmente guiaram o caminho da missão da Igreja de proclamar Cristo ao mundo. Hoje, viestes para fortalecer os vínculos de comunhão com o Sucessor de Pedro, e manifesto com alegria o meu apreço pelas amáveis palavras que me foram dirigidas em vosso nome pelo Arcebispo D. Seán Brady, Presidente da vossa Conferência Episcopal. O testemunho constante de inumeráveis gerações do povo irlandês na sua fé em Cristo, e a sua fidelidade à Santa Sé, forjaram a Irlanda no nível mais profundo da sua história e da sua cultura. Todos nós estamos conscientes da contribuição saliente que a Irlanda tem oferecido para a vida da Igreja, e da extraordinária coragem dos seus filhos e das suas filhas missionários, que levaram a mensagem do Evangelho muito além do seu litoral. Entretanto, a chama da fé continuou a arder intrepidamente na pátria, através das provações que afligiram o seu povo ao longo da sua história. Em conformidade com as palavras do Salmista: “Hei-de cantar para sempre o amor do Senhor; a todas as gerações hei-de anunciar a sua fidelidade” (Sl 89 [88], 1).

O momento presente oferece numerosas novas oportunidades para dar testemunho de Cristo e dos renovados desafios para a Igreja na Irlanda. Vós falastes sobre as consequências para a sociedade, do aumento da prosperidade que se verificou ao longo dos últimos quinze anos. Depois de séculos de emigração, que envolveu a dor da separação para muitas famílias, pela primeira vez estais a receber uma onda de imigração. A tradicional hospitalidade irlandesa está a passar por renovadas e inesperadas manifestações. Como o sábio pai de família, que “tira coisas novas e velhas do seu tesouro” (Mt 13, 52), o vosso povo tem necessidade de considerar com discernimento as mudanças que estão a verificar-se na sociedade, e nisto ele busca a vossa orientação. Ajudai-o a reconhecer a incapacidade que a cultura secular e materialista tem de suscitar satisfação e alegria autênticas. Tende a coragem de lhes falar da alegria que provém do anúncio de Cristo e de uma vida levada em conformidade com os seus mandamentos. Recordai-lhe que os vossos corações foram criados para o Senhor e que estão inquietos, enquanto não descansam nele (cf. Santo Agostinho, Confissões, 1, 1).

Com muita frequência, o testemunho contracorrente oferecido pela Igreja é entendido de modo equívoco, como se fosse algo atrasado e negativo para a sociedade contemporânea. Eis por que motivo é importante pôr em evidência a Boa Nova, a mensagem evangélica que dá vida e a dá em abundância (cf. Jo 10, 10). Embora seja necessário falar vigorosamente contra os males que nos ameaçam, contudo temos o dever de corrigir a ideia de que o catolicismo é meramente “uma colectânea de proibições”. Aqui são necessárias uma catequese sólida e uma atenta “formação do coração”, e a este propósito na Irlanda tendes a bênção de dispor de sólidos recursos na vossa rede de escolas católicas, e em numerosos religiosos empenhados e professores leigos, que estão comprometidos seriamente na educação dos jovens. Continuai a encorajá-los na sua tarefa e certificai-vos de que os seus programas catequéticos permaneçam alicerçados no Catecismo da Igreja Católica, assim como no novo Compêndio. É necessário evitar apresentações superficiais do ensinamento católico, pois somente a plenitude da fé pode comunicar o poder libertador do Evangelho. Mediante o exercício da vigilância sobre a qualidade dos programas de estudo e dos livros de texto utilizados, e através da proclamação da doutrina da Igreja na sua integridade, vós assumis a vossa responsabilidade de “anunciar a palavra… oportuna e inoportunamente… com toda a magnanimidade e doutrina” (2 Tm 4, 2).

Na prática do vosso ministério pastoral tivestes que responder, ao longo destes últimos anos, a muitos e dilacerantes casos de abuso sexual contra menores. E eles são ainda mais trágicos, quando quem abusa é um clérigo. As feridas causadas por tais actos são profundas, e é urgente a tarefa de reconstruir a confidência e a confiança, onde elas foram prejudicadas. Nos vossos esforços permanentes em vista de resolver eficazmente este problema, é importante estabelecer a verdade a respeito daquilo que aconteceu no passado, dar todos os passos que forem necessários para impedir que ele volte a ocorrer, assegurar que os princípios da justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, dar alívio às vítimas e a todas as pessoas que foram atingidas por estes crimes hediondos. Desta forma, a Igreja que está na Irlanda será fortalecida, tornando-se cada vez mais capaz de dar testemunho do poder redentor da Cruz de Cristo. Rezo a fim de que, mediante a graça do Espírito Santo, este tempo de purificação torne todo o povo de Deus capaz de, “com a ajuda de Deus, conservar e aperfeiçoar na sua vida a santidade que receberam [de Deus]” (Gaudium et spes, 40).

O trabalho excelente e a dedicação altruísta da grande maioria de sacerdotes e religiosos na Irlanda não deveriam ser obscurecidos pelas agressões cometidas por alguns dos seus irmãos. Estou persuadido de que as pessoas compreendem isto e continuam a considerar o seu clero com carinho e estima. Encorajo os vossos presbíteros a buscarem sempre a renovação espiritual e a descobrirem novamente a alegria de exercer o seu ministério em favor dos respectivos rebanhos, no seio da grande família da Igreja. Outrora, a Irlanda foi abençoada com tal abundância de vocações sacerdotais e religiosas, que uma boa parte do mundo podia beneficiar das suas obras apostólicas. Todavia, nos anos mais recentes o número de vocações diminuiu vertiginosamente.

Então, como é urgente prestar atenção às palavras do Senhor. “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9, 37-38). É-me grato saber que muitas das vossas dioceses adoptaram a prática da oração silenciosa pelas vocações diante do Santíssimo Sacramento. Isto deveria ser calorosamente encorajado. Mas acima de tudo compete a vós, Bispos, bem como ao vosso clero, oferecer aos jovens uma visão inspiradora e atraente do sacerdócio ordenado. A nossa oração pelas vocações “deve conduzir à acção, a fim de que do nosso coração orante brote uma centelha da nossa alegria em Deus e no Evangelho, suscitando no coração dos outros a disponibilidade para dizer “sim”” (Discurso aos sacerdotes e aos diáconos permanentes, Freising, 14 de Setembro de 2006). Não obstante o compromisso cristão seja considerado obsoleto em determinados contextos, entre os jovens da Irlanda existe uma fome espiritual concreta e um desejo generoso de servir o próximo. A vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa oferece a oportunidade de responder a esta aspiração, de maneira a suscitar uma profunda alegria e a realização individual.

Permiti que acrescente uma observação, que me está a peito. Durante muitos anos, os representantes cristãos de todas as denominações, os líderes políticos e numerosos homens e mulheres de boa vontade estiveram comprometidos na busca de instrumentos para garantir um futuro mais resplandecente à Irlanda do Norte. Embora o caminho seja árduo, nos últimos tempos já se alcançou um grande progresso. Rezo a fim de que os esforços decididos, realizados pelas pessoas interessadas, leve à formação de uma sociedade que se caracterize por um espírito de reconciliação, de respeito recíproco e de solícita cooperação, em vista do bem comum de todos.

No momento em que vos preparais para regressar às vossas respectivas Dioceses, confio o vosso ministério apostólico à intercessão de todos os Santos da Irlanda e asseguro-vos o meu profundo afecto, assim como a minha oração constante por todos vós e pelo povo irlandês em geral.

Que Nossa Senhora de Knock vele sobre vós, protegendo-vos sempre. A todos vós, aos sacerdotes, aos religiosos e aos fiéis leigos da vossa amada Ilha, concedo do íntimo do coração a minha Bênção Apostólica, como penhor de paz e de júbilo no Senhor Jesus Cristo.

[Tradução distribuída pela Santa Sé
© Copyright 2006 – Libreria Editrice Vaticana]

Confiança em Deus, autêntica força nas tempestades, explica pregador do Papa

Comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap., à passagem evangélica do próximo domingo

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 23 de junho de 2006 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap. –pregador da Casa Pontifícia– sobre a liturgia de 25 de junho de 2006, XII Domingo do Tempo Comum.

Levantou-se uma grande tempestade

XII Domingo do Tempo Comum
Jo 38, 8-11; 2 Coríntios 5, 14-17; Marcos 4, 35-41.

O Evangelho deste Domingo é o da tempestade acalmada. Ao entardecer, depois de uma jornada de intenso trabalho, Jesus sobe a uma barca e diz aos apóstolos que vão à outra margem. Esgotado pelo cansaço, dorme na popa. Enquanto isso, levanta-se uma grande tempestade que inunda a barca. Assustados, os apóstolos acordam Jesus, gritando-lhe: «Mestre, não te importas que pereçamos?». Após levantar-se, Jesus ordena ao mar que se acalme: «Cala, emudece». O vento se acalmou e sobreveio uma grande bonança. Depois, disse-lhe: «Por que estais com tanto medo? Ainda não tendes fé?».

Vamos tratar de compreender a mensagem que nos dirige hoje esta página do Evangelho. A travessia do mar da Galiléia indica a travessia da vida. O mar é minha família, minha comunidade, meu próprio coração. Pequenos mares, nos quais se podem desencadear, como sabemos, tempestades grandes e imprevistas. Quem não conheceu algumas dessas tempestades, quando tudo se obscurece e o barquinho de nossa vida começa a inundar-se de água por todos os lados, enquanto Deus parece que está ausente ou dorme? Um diagnóstico alarmante do médico e nos encontramos de repente em plena tempestade. Um filho que empreende um mau caminho dando de que falar, e já temos os pais em plena tempestade. Uma reviravolta financeira, a perda do trabalho, do amor do namorado, do cônjuge, e nos encontramos em plena tempestade. O que fazer? A que podemos agarrar-nos e para que lado podemos jogar a âncora? Jesus não nos dá a receita mágica para escapar de todas as tempestades. Não nos prometeu que evitaríamos todas as dificuldades; Ele nos prometeu, no entanto, a força para superá-las, se a pedirmos.

São Paulo nos fala de um problema sério que teve de enfrentar em sua vida e que chama «um espinho em minha carne». «Três vezes» (ou seja, infinitas vezes), diz, rogou ao Senhor que lhe libertasse dele e, o que respondeu? Leiamos juntos: «Minha graça te basta, minha força se mostra perfeita na fraqueza». Desde aquele dia, começou inclusive a gloriar-se de suas fraquezas, perseguições e angústias, até o ponto de poder dizer: «quando estou fraco, então é quando sou forte» (2 Coríntios 12, 7-10).

A confiança em Deus: esta é a mensagem do Evangelho. Naquele dia o que salvou os discípulos do naufrágio foi o fato de levar Jesus na barca, antes de começar a travessia. Esta é também para nós a melhor garantia contra as tempestades da vida. Levar Jesus conosco. O meio para levar Jesus na barca da própria vida e da própria família é a fé, a oração e a observância dos mandamentos.

Quando a tempestade se desencadeia no mar, ao menos no passado, os marinheiros costumavam jogar óleo sobre as ondas para acalmá-las. Nós jogamos sobre as ondas do medo e da angústia a confiança em Deus. São Pedro exortava os primeiros cristãos a ter confiança em Deus nas perseguições, dizendo: «confiai-lhe todas as vossas preocupações, pois Ele cuida de vós» (I Pedro 5, 7). A falta de fé que Jesus reprovou aos discípulos nessa ocasião se deve ao fato de pôr em dúvida que lhe «importe» sua vida e incolumidade: «não te importas que pereçamos?».

Deus cuida de nós, Ele se importa com nossa vida, e de que maneira! Uma história citada com freqüência fala de um homem que teve um sonho. Via dois pares de pegadas que se haviam ficado gravadas na areia do deserto e compreendia que um par de pegadas eram as suas e o outro par de pegadas eram as de Jesus, que caminhava a seu lado. Em um certo momento, um par de pegadas desaparece, e compreende que isso sucedeu precisamente em um momento difícil de sua vida. Então se lamenta com Cristo, que lhe deixou só no momento da prova. «Mas, eu estava contigo!», respondeu Jesus. «Como é possível que estivesse comigo, se na areia só se vê um par de pegadas?». «Eram as minhas — respondeu Jesus. Nesses momentos, eu havia te carregado».

Lembremos disso, quando também nós sintamos a tentação de queixar-nos com o Senhor porque nos deixa sozinhos.

[Traduzido por Zenit]

8 maneiras de lembrar de João Paulo II

João Paulo II faleceu no dia 2 de abril de 2005 em Roma. Na praça de São Pedro milhares de fiéis rezaram em silêncio pelo Pontífice. Agora que já passou um ano, propomos algumas maneiras de lembrar dele.07 de abril de 2006


Suas primeiras palavras como Sumo Pontífice

?Queridos irmãos e irmãs, todos estamos ainda tristes com a morte do querido Papa João Paulo I. E agora os eminentíssimos Cardeais chamaram um novo Bispo de Roma. Chamaram-no de um país distante… Distante, mas sempre muito próximo pela comunhão na fé e na tradição cristã. Tive medo ao receber esta nomeação, mas o fiz com espírito de obediência a Nosso Senhor e com a confiança total na sua Mãe, a Virgem Santíssima?.

?Não sei se posso expressar-me bem na vossa… na nossa língua italiana. Se eu errar, vocês me corrijam. E, assim, apresento-me diante de todos vocês, para confessar a nossa fé comum, a nossa esperança, a nossa confiança na Mãe de Cristo e na Igreja, e também para começar de novo a andar por este caminho da História e da Igreja, com a ajuda de Deus e com a ajuda dos homens?.

Conselhos de João Paulo II

1. O nascimento da nova Europa do espírito. Uma Europa fiel às suas raízes cristãs, não fechada sobre si mesma, mas aberta ao diálogo e à colaboração com os outros povos da terra.

2. Desejo para cada um a paz que só Deus, por meio de Jesus cristo, nos pode dar: a paz que é obra da justiça, da verdade, do amor, da solidariedade, da paz que os povos só atingem quando seguem os ditames da lei de Deus, a paz que faz que os homens e os povos se sintam irmãos uns dos outros.

3. Os jovens estão chamados a serem os protagonistas dos novos tempos. Tenho plena confiança neles e estou certo de que têm a vontade de não defraudar nem a Deus, nem à Igreja, nem à sociedade da que provêm.

4. Quando falta o espírito contemplativo não se defende a vida e se degenera tudo o que é humano. Sem interioridade o homem moderno põe em perigo a sua própria integridade.

5. Queridos jovens: ide com confiança ao encontro com Jesus! E, como os novos santos, não tenhais medo de falar dEle, pois Cristo é a resposta verdadeira a todas as perguntas sobre o homem e o seu destino. É preciso que vocês, jovens, se convertam em apóstolos dos seus coetâneos

6. Surgirão outros frutos de santidade se as comunidades eclesiais mantiverem a sua fidelidade ao Evangelho que, de acordo com uma venerável tradição, foi pregado desde os primeiros tempos do cristianismo e foi conservado através dos séculos.

7. Recordai sempre que o distintivo dos cristãos é dar testemunho audaz e valente de Jesus Cristo, morto e ressuscitado pela nossa salvação.


Trechos da homilia do Cardeal Joseph Ratzinger nos funerais do Papa João Paulo II no dia 8 de abril de 2005

“Segue-me”! Em Outubro de 1978, o Cardeal Wojtyla ouviu de novo a voz do Senhor. Renova-se o diálogo com Pedro narrado no Evangelho desta celebração: “Simão, Filho de João, tu Me amas? Apascenta as minhas ovelhas!”. À pergunta do Senhor: Karol, tu amas-Me?, o Arcebispo de Cracóvia respondeu do fundo do seu coração: “Senhor, tu sabes tudo, sabes que te amo”. O amor de Cristo foi a força dominante do nosso amado Santo Padre; quem o viu rezar, quem o ouviu pregar, bem o sabe. E assim, graças a este profunda união com Cristo pôde carregar um peso, que vai além das forças meramente humanas: ser pastor do rebanho de Cristo, da sua Igreja universal.

Ao despedir-se, em sua última viagem à Espanha. © EFE

Ele interpretou para nós o mistério pascal como mistério da divina misericórdia. Escreveu no seu último livro: o limite imposto ao mal “é definitivamente a divina misericórdia” (Memória e identidade, pág. 70). E refletindo sobre o atentado diz, “Cristo, ao sofrer por todos nós, conferiu um novo sentido ao sofrimento; introduziu aquele amor numa nova dimensão, numa nova ordem… É o sofrimento que queima e consome o mal com o fogo do amor e obtém também do pecado um florescimento de bem” (pág. 199). Animado por esta visão, o Papa sofreu e amou em comunhão com Cristo e foi por isso que a mensagem do seu sofrimento e do seu silêncio foi tão eloqüente e fecunda.

A Divina Misericórdia. O Santo Padre encontrou um reflexo mais puro da misericórdia de Deus na Mãe de Deus. Ele, que ainda em tenra idade perdeu a mãe, amou ainda mais a Mãe divina. Ouviu as palavras do Senhor crucificado como se fossem ditas precisamente a ele: “Eis a tua mãe!”. E fez como o discípulo amado: acolheu-a no íntimo do seu ser, Totus tuus. E da Mãe aprendeu a conformar-se com Cristo.

Para todos nós é inesquecível como neste último domingo de Páscoa da sua vida, o Santo Padre, marcado pelo sofrimento, se mostrou mais uma vez da janela do Palácio Apostólico e pela última vez deu a bênção “Urbi et Orbi”. Podemos ter a certeza de que o nosso amado Papa agora está na janela da casa do Pai, vê-nos e abençoa-nos. Sim, abençoe-nos, Santo Padre. Nós confiamos a tua amada alma à Mãe de Deus, tua Mãe, que te guiou todos os dias e te guiará agora à glória eterna do Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor. Amém.

Oração para pedir graças por intercessão do servo de Deus, o Papa João Paulo II

Ó Trindade Santa, nós vos agradecemos por ter dado à Igreja o papa João Paulo II e por ter feito resplandecer nele a ternura da vossa Paternidade, a glória da cruz de Cristo e o esplendor do Espírito de amor.

Confiado totalmente na vossa infinita misericórdia e na materna intercessão de Maria, ele foi para nós uma imagem viva de Jesus Bom Pastor, indicando-nos a santidade como a mais alta medida da vida cristã ordinária, caminho para alcançar a comunhão eterna convosco.

Segundo a vossa vontade, concedei-nos, por sua intercessão, a graça que imploramos, na esperança de que ele seja logo inscrito no número dos vossos santos. Amém.


Os vídeos incluídos nesta seção são fragmentos do DVD produzido por Goya Producciones (El buen humor de um Papa, Imágenes del Bernabéu e Los viajes de Juan Pablo II) e Betafilms (El cariño al Papa).

Fonte: http://www.opusdei.org.br/art.php?p=14858

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