«A família está submetida a uma crise sem precedentes»

VALÊNCIA, terça-feira, 11 de julho de 2006 (ZENIT.org).- «A família está submetida a uma crise sem precedentes», afirmam as conclusões do Congresso Teológico-Pastoral sobre a transmissão da fé em família, no contexto do V Encontro Mundial das Famílias.

Com a leitura de um documento de oito páginas de conclusões, o cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Pontifício Conselho para a Família, encerrou sexta-feira passada este encontro que convocou em Valência cerca de dez mil pessoas.

«O Congresso manifestou a existência na cultura contemporânea de uma situação paradoxal a respeito da família. Adverte-se sua importância, mas as grandes mudanças sociais, os avanços tecnológicos, os movimentos migratórios e as profundas mudanças culturais levam a uma mudança de civilização, o que requer homens formados para enfrentar estas mudanças», afirmam as conclusões provisórias deste Congresso.

«Observa-se por sua vez que a família está submetida a uma crise sem precedentes na história. As razões encontram-se sobretudo nos fatores culturais e ideológicos. A mentalidade corrente tende a eliminar os valores. A ação persistente de um laicismo de raiz niilista e relativista leva a um modo de viver individualista», acrescenta o documento conclusivo.

O Congresso denunciou com vigor «essa pressão ideológica convidando a tomar consciência da importância da família e contribuir a seu desenvolvimento».

Os assistentes expressaram também sua «profunda alegria» porque este Congresso foi uma manifestação de riqueza, espiritualidade e vida».

O Congresso reconhecer que «alguns dos valores que imperam em diversos países, sobretudo nos mais desenvolvidos, estão em contradição com os que facilitam a compreensão cristã da família».

«Impõe-se –acrescenta o documento– o princípio de autonomia que leva ao consumismo, relativismo e subjetivismo, ignorando princípios transcendentais. Nessa mentalidade se apóia a crítica ao matrimônio que tenta substituí-lo com uniões livres».

O Congresso chamou «as famílias cristãs a serem conscientes da importante missão que lhes cabe em serviço da Igreja e de toda a humanidade».

Uma parte das conclusões foi dedicada aos problemas atuais e desafios à família nos campos da legislação civil, justiça social, economia, bioética e demografia.

Quanto à transmissão da fé, o Congresso afirmou que «a família tem sido sempre lugar privilegiado, a unidade básica para a transmissão da fé».

O Congresso assinalou a aparição de numerosas novas iniciativas para a difusão da fé: centros especiais de formação familiar, cursos de preparação ao matrimônio, centros de espiritualidade matrimonial, retiros especializados, cursos para pais, e outros.

Também as dioceses criaram comissões para a família. Adverte-se a presença de uma preocupação constante por melhorar os conteúdos catequéticos relativos à família.

Por último, o Congresso reconheceu o papel fundamental da educação e da disciplina de Religião, assim como a importância das associações de pais.