RABI
Título respeitoso que recebiam os doutores da Lei. O termo é hebraico e significa "mestre" (Mt 26,25; Mc 10,51; Jo 3,26). Jesus criticou este uso do termo (Mt 23,7s).
RECONCILIAÇÃO
Processo pelo qual se restabelecem as relações de amizade entre homens ou entre Deus e o homem, ou o povo de Deus. Deus oferece perdão e o homem lhe responde pedindo perdão e cumprindo ritos de expiação para aplacá-lo. Esta reconciliação foi obtida de modo perfeito pelo sacrifício de Cristo na cruz (Hb 9-10). Ver "Expiação".
REDENÇÃO
O termo vem do latim redimere, "pagar resgate", "redimir". "Redimir" é pagar o resgate para libertar da escravidão. Cristo é simultaneamente o nosso redentor e o preço do nosso resgate.
O direito hebraico incluía o "goel" - redentor, libertador, com uma tríplice função: executar a "vingança" (Nm 35,9-29; Dt 19,1-13; Js 20); resgatar as propriedades familiares (Rt 2,19s; 4,4; Lv 25,8-34); ser "goel" na lei do levirato (Dt 25,5-10; Rt 3,13; 4,1-8).
Esta tríplice função do "goel" atribuía-a o AT a Javé e o NT a Cristo:
- "Vinga o sangue dos seus" (Is 47,3; 49,25s; 59,16-20). Também Cristo, o Juiz universal, "vingará os seus discípulos perseguidos" (1Ts 1,6-10; Ap 6,9-11; Lc 18,7).
- Javé resgatará o patrimônio daquele que, no ano jubilar, não tiver nenhum "goel" (Lv 25,10; Is 61,2; 53,4). Cristo inaugura o ano jubilar, ou ano da graça (Lc 4,21).
- Deus tomará conta de Jerusalém na sua viuvez (Is 54,1-8; 44,6; 49,20s; 62,4s). Cristo é também o salvador da sua Esposa, a Igreja (Ef 5,23-25).
REINO DE DEUS
No AT Deus apresenta-se como Rei-Pastor do seu povo. Israel era o reino, a pertença de Javé, entendido, a princípio, em sentido material (Ex 15,18; 16,9; 19,6; Is 5,4; Jz 8,23; 1Sm 8,7;Sl 24,7-10; 11,4; 47,3; 103,19; Jr 10,7-10).
As infidelidades dos reis, a divisão do reino e o exílio permitiram a espiritualização do conceito de Reino, despertando a esperança para uma realização definitiva do reinado de Javé nos tempos escatológicos (Mq 2,13; Ez 34,11; Is 40,9s; 52,7; Sf 3,14s). Será um reino universal (Zc 14,9; Is 24,23; Sl 47; 96; 99; Dn 2,4-44; 7,14-27; Sb 3,8).
No tempo de Jesus o povo tinha nostalgia deste passado e esperava que Deus estabelecesse seu reinado definitivo sobre Israel e as nações. Os judeus esperavam uma intervenção maravilhosa de Deus, de caráter político, mas numa relação particular com Deus (Mt 4,3-9; 20,21; Jo 6,14s; At 1,6).
Jesus dá ao Reino de Deus (Marcos) ou ao Reino dos Céus (Mateus) o primeiro lugar na sua pregação (Mt 3,2; 4,17; 9,35; 10,7; Lc 12,31; 16,16; 22,29; Jo 12,13-15). Apresenta a sua ação na linha das manifestações do reinado messiânico escatológico, anunciado pelos profetas (Mt 4,23; 12,28; Lc 7,21s; cf. Is 35,5s; 61,1-3).
Os apóstolos recebem de Cristo a missão de proclamar o Evangelho do Reino (Mt 10,7).
Depois de Pentecostes o Reino é o tema central da pregação evangélica (At 14,22; 19,8; 20,25; 28,23-31; 1Ts 2,12).
Só aos humildes e aos pequenos é dado conhecer os mistérios do Reino (Mt 11,25).
O Reino é "como a semente depositada na terra" (Mt 13,3-9.18-23) que crescerá por seu próprio poder como o grão (Mc 4,26-29). É como "fermento na massa" (Mt 13,33). Converter-se-á numa grande árvore onde se aninharão as aves do céu (Mt 13,31s).
RESTO
O termo, usado sobretudo pelos profetas, designa os sobreviventes de grandes catástrofes, como o dilúvio (Gn 7,1s) e o exílio (Is 6,13).
"Resto Santo"não é, porém, o resto histórico, mas a comunidade a ser salva no fim dos tempos (Is 4,4; 10,22; Jr 23,3; Mq 5,6-8).
"Resto fiel"é a parte do povo que permaneceu fiel em vários momentos da história (1Rs 19,18; Is 10,18-22; 17,4-6; Am 3,12; 9,8-10; Dt 4,27; Mq 4,7; 5,2; Zc 8,6-13; Rm 11,3-5). O "resto fiel"é símbolo do "novo Israel", formado de judeus e pagãos (Rm 9,27). O Messias reunirá um "resto", um "pequeno rebanho" (Jr 23,3-6; Mq 2,12s; 5,1-8; Zc 3,8; 6,12; Lc 12,32), que será fermento na massa (Lc 13,20s), como uma semente no seio da terra (Lc 13,18s), como luz e sal do mundo (Mt 5,13-16).
RETRIBUIÇÃO
Na Bíblia não se fala da retribuição em sentido propriamente jurídico, como se fosse uma paga adequada. Esta aparece, sobretudo, como uma dádiva de Deus (Rm 3,27; 8,14-17; Fl 2,13; 1Cor 15,19.50; Cl 1,13).
A retribuição, no início, é entendida como castigo coletivo dos inimigos de Israel (Ex 23,27; Js 24,12); depois, como um juízo de ira sobre o povo de Deus (Nm 25,3; Js 22,20; Ex 32; Nm 11,1; 14,38; 17,6-15). A retribuição pode ser um prêmio ou um castigo segundo o esquema teológico pecado-castigo; conversão-perdão-recompensa (Jz 2,11-23; 3,7-9). As bênçãos e as maldições são disso uma prova (Dt 28,1s; 4,40; 5,33; 7,12-26; 15,4-10; 30,15-20).
O povo do AT, não tendo a perspectiva de uma vida futura, interpreta tudo o que lhe acontece de bem e de mal como um prêmio ou um castigo divinos pelo bem ou mal que fez (Jz 2,11-15; 3,7s; Dt 28; Jó 11,14s; 18,1-21; 22,25s; Pr 3,2s.10.23.26.33s; 4,10-22; 8,18s; 9,11). Concluía-se que por detrás de cada desgraça, coletiva ou individual, havia o pecado. Contra isso se levanta a consciência de muitos justos atribulados como o testemunha o livro de Jó e outros textos sapienciais (Jó 3,1-26; 9,14-35; 10,7).
No exílio em Babilônia, perante o fato dos justos que morrem perseguidos sem nenhuma recompensa temporal, surge a esperança da ressurreição (Dn 12,2s; 2Mc 7,9-23; 12,44s; 14,46). Sob a influência grega, nasce a fé na imortalidade (Sb 3,7s.14; 4,2; 5,16; 6,19; Sl 49).
A literatura sapiencial ensina: "aquilo que cada um semeia isso recolherá" (Pr 24,12; Ecl 11,4; 1Cor 9,11; Mt 13,28s).
Jesus fala de prêmio e castigo temporais, sempre numa perspectiva transcendente (Mc 10,29s; 12,1-9; Lc 13,1-5; 19,41-44; Mt 11,20-24; 23,37s).
Cristo fala, sobretudo, de castigos e prêmios transcendentes. Consistem em receber o Reino ou em rejeitá-lo(Mt 20,1-15; 5,3-12; 25,1-46; 6,1-21; 7,24-27; 10,32s; 11,28-30; 19,28-30; Lc 14,7-14; 15,11-32; 16,19-31; 17,1-10; 18,9-14; 19,13-27; Mc 8,35; 9,41; 12,1-9).
Jesus respeita as instituições (Mt 5,17; 17,24; 23,2s); não se compromete com as autoridades (Mc 12,13-17; Lc 13,32; 20,1); prevê perseguições (Mt 10,16); repele a resistência armada (Mt 26,52; Lc 22,38.49); luta contra a desordem estabelecida (Mc 3,1; 11,15; Mt 23,5-38).
RICO (RIQUEZA)
A riqueza no AT é considerada como um bem relativo. Era apreciada porque dava prestígio e poder e era um dom dado por Deus aos homens justos e sábios (Pr 8,18; 10,22; 22,4; Jó 1,1-3; 42,10-17). Mas o homem pode adquiri-la pelo próprio esforço (Pr 10,5; 13,11; Eclo 11,18); por isso ela é fonte de orgulho (Jó 31,25; Pr 11,28) e torna difícil a convivência com o rico (cf. Eclo 13,1-24 e nota). A riqueza torna-se perigosa quando adquirida por meios injustos (Pr 28,6.22; 30,7-9) e causa muito sofrimento aos pobres (Am 2,6s; 4,1-3; 8,4-6; Mq 2,1s). O rico deve lembrar-se de que a riqueza é passageira, pois com a morte perde tudo (Pr 11,4; 23,4s; Eclo 11,19s).
No NT Jesus tomou posição frente à riqueza (Mc 10,17-31; Lc 12,13-24; 18,24s). Ela é um dom de Deus, mas pode causar decepções (Ecl 5,9-6,6; Mt 13,22) e colocar em perigo a salvação do homem (6,19.24; 19,24). Jesus condenava a avareza (Lc 12,13-15) e exige dos que o querem seguir mais de perto a renúncia a todos os bens (Mt 19,18-30). As riquezas devem servir para ajudar os pobres (Dt 15,7s; Tb 4,8s; Eclo 29,1-13; Lc 16,9; 12,33; 2Cor 8-9; 1Tm 6,17-19; Gl 2,10; 1Jo 3,17). Ver "Pobre".
ROLO
As folhas escritas de um documento antigo podiam ser emendadas umas nas outras em tiras e depois enroladas num bastão, formando um rolo ou "livro enrolado" (cf. Ez 2,9 e nota; Zc 5,1s). Ver "Manuscrito", "Códice".
“Viva sempre sob o olhar do Bom Pastor e você ficara’ imune aos pastos contaminados.” São Padre Pio de Pietrelcina