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Homilia de Bento XVI no 3º aniversário do falecimento de João Paulo II

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de abril de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a homilia que Bento XVI pronunciou nesta quarta-feira, ao presidir a celebração eucarística no 3º aniversário do falecimento de João Paulo II.

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Queridos irmãos e irmãs:

O dia 2 de abril ficou gravado na memória da Igreja como o dia do «adeus» a este mundo do servo de Deus o Papa João Paulo II. Revivamos com emoção as horas daquele sábado à tarde, quando a notícia do falecimento foi acolhida por uma grande multidão em oração, que enchia a Praça de São Pedro. Durante vários dias, a Basílica Vaticana e esta praça se converteram verdadeiramente no coração do mundo. Um rio ininterrupto de peregrinos prestou homenagem aos restos mortais do venerado pontífice e seus funerais supuseram um ulterior testemunho da estima e do afeto que ele havia conquistado no espírito de tantos crentes e pessoas de todos os lugares da terra.

Assim como três anos atrás, tampouco hoje passou muito tempo desde a Páscoa. O coração da Igreja se encontra ainda submerso no mistério da Ressurreição do Senhor. Realmente podemos ler toda a vida de meu querido predecessor, em particular seu ministério petrino, segundo o sinal de Cristo Ressuscitado. Ele tinha uma fé extraordinária n’Ele, e com Ele mantinha uma conversa íntima, singular, ininterrupta. Entre suas muitas qualidades humanas e sobrenaturais, tinha uma excepcional sensibilidade espiritual e mística.

Bastava observá-lo enquanto rezava: ele se submergia literalmente em Deus e parecia que todo o resto naqueles momentos era distante. Nas celebrações litúrgicas, estava atento ao mistério em ato, com uma aguda capacidade para perceber a eloqüência da Palavra de Deus no devir da história, penetrando no nível profundo do desígnio de Deus. A santa missa, como repetiu com freqüência, era para ele o centro de cada dia e de toda a existência. A realidade «viva e santa» da Eucaristia que lhe dava energia espiritual para guiar o povo de Deus no caminho da história.

João Paulo II expirou na vigília do segundo domingo da Páscoa, «o dia que o Senhor fez para nós». Toda sua agonia aconteceu nesse «dia», em um espaço-tempo novo, que é o «oitavo dia», querido pela Santíssima Trindade através da obra do Verbo encarnado, morto e ressuscitado. O Papa João Paulo II demonstrou em várias ocasiões que já antes, durante sua vida, e especialmente no cumprimento da missão de Sumo Pontífice, ele se encontrava de alguma maneira nesta dimensão espiritual.

Seu pontificado, em seu conjunto e em muitos momentos específicos, é-nos apresentado como um sinal e um testemunho da Ressurreição de Cristo. O dinamismo pascal, que fez da existência de João Paulo II uma resposta total ao chamado do Senhor, não podia expressar-se sem participar nos sofrimentos e na morte do divino Mestre e Redentor. «É certa esta afirmação do apóstolo Paulo: «Se morremos com Ele, também viveremos com ele; se nos mantemos firmes, também reinaremos com ele» (2 Timóteo 2, 11-12).

Desde criança, Karol Wojtyla havia experimentado a verdade destas palavras, ao encontrar a cruz em seu caminho, em sua família e em seu povo. Muito cedo decidiu levá-la junto a Jesus, seguindo seus passos. Quis ser um servidor fiel seu até acolher o chamado ao sacerdócio como dom e compromisso de toda a vida. Com Ele viveu e com Ele quis morrer. E tudo isso através da singular mediação de Maria Santíssima, Mãe da Igreja, mãe do Redentor íntima e realmente associada a seu mistério salvífico de morte e ressurreição.

Nesta reflexão evocativa nos guiam as leituras bíblicas que acabam de ser proclamadas: «Não tenhais medo!» (Mateus 28, 5). As palavras do anjo da ressurreição, dirigidas às mulheres diante do sepulcro vazio, que acabamos de escutar, converteram-se em uma espécie de lema nos lábios do Papa João Paulo II, desde o solene início de seu ministério petrino. Ele as repetiu em várias ocasiões à Igreja e à humanidade na preparação para o ano 2000, e depois ao atravessar aquela histórica etapa, assim como depois, na aurora do terceiro milênio. Ele as pronunciou sempre com inflexível firmeza, primeiro levantando o báculo pastoral coroado pela cruz e, depois, quando as energias físicas iam-se enfraquecendo, quase agarrando-se a ele, até aquela última Sexta-Feira Santa, na qual participou na Via Sacra desde a capela privada, apresentando entre seus braços a cruz. Não podemos esquecer aquele último e silencioso testemunho de amor a Jesus. Aquela eloqüente cena de sofrimento humano e de fé, naquela última Sexta-Feira Santa, também indicava aos crentes e ao mundo o segredo de toda a vida cristã. Aquele «não tenhais medo» não se baseava nas forças humanas, nem nos êxitos conseguidos, mas unicamente na Palavra de Deus, na cruz e na Ressurreição de Cristo. Na medida que ia desnudando-se totalmente, ao final, inclusive da própria palavra, esta entrega total a Cristo se manifestou com crescente clareza. Como aconteceu com Jesus, também no caso de João Paulo II as palavras cederam lugar no final ao último sacrifício, a entrega de si. E a morte foi o selo de uma existência totalmente entregue a Cristo, conformada com ele inclusive fisicamente, com as marcas do sofrimento e do abandono confiado nos braços do Pai celestial. «Deixem que eu vá ao Pai»: estas – testemunha quem esteve a seu lado – foram suas últimas palavras, cumprimento de uma vida totalmente orientada a conhecer e contemplar o rosto do Senhor.

Venerados e queridos irmãos: eu agradeço a todos por ter-vos unidos a mim nesta missa de sufrágio pelo amado João Paulo II. Dirijo um pensamento particular aos participantes do primeiro congresso mundial sobre a Divina Misericórdia, que começa precisamente hoje, e que quer aprofundar em seu rico magistério sobre este tema. A misericórdia de Deus, disse ele mesmo, é uma chave de leitura privilegiada de seu pontificado. Ele queria que a mensagem do amor misericordioso de Deus alcançasse todos os homens e exortava os fiéis a serem suas testemunhas (cf. Homilia em Cracóvia-Lagiewniki, 17 de agosto de 2002).

Por este motivo, ele quis elevar à honra dos altares a irmã Faustina Kowalska, humilde religiosa convertida por um misterioso desígnio divino na mensageira profética da Divina Misericórdia. O servo de Deus João Paulo II havia conhecido e vivido pessoalmente as terríveis tragédias do século XX, e se perguntou durante muito tempo o que poderia deter o avanço do mal. A resposta só podia ser encontrada no amor de Deus. Só a Divina Misericórdia, de fato, é capaz de pôr limites ao mal; só o amor onipotente de Deus pode derrotar a prepotência dos malvados e o poder destruidor do egoísmo e do ódio. Por este motivo, durante sua última visita à Polônia, ao regressar à sua terra natal, ele disse: «Fora da misericórdia de Deus não existe outra fonte de esperança para o homem» (ibidem).

Agradeçamos ao Senhor porque entregou à Igreja este seu servidor fiel e valente. Louvemos e bendigamos a Virgem Maria por ter velado incessantemente por sua pessoa e seu ministério para benefício do povo cristão e de toda a humanidade. E enquanto oferecemos por sua alma escolhida o Sacrifício redentor, nós lhe pedimos que continue intercedendo do céu por cada um de nós, por mim de maneira especial, a quem a Providência chamou a recolher sua inestimável herança espiritual. Que a Igreja, seguindo seus ensinamentos e exemplos, possa continuar fielmente sua missão evangelizadora, difundindo sem cessar o amor misericordioso de Cristo, manancial de verdadeira paz para o mundo inteiro.

[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri.

© Copyright 2008 – Libreria Editrice Vaticana]

Bento XVI: «Transfigurados na Esperança»

Intervenção por ocasião do Angelus

CIDADE DO VATICANO, domingo, 17 de fevereiro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a intervenção de Bento XVI antes e depois de rezar a oração mariana do Angelus junto a vários milhares de peregrinos congregados na praça de São Pedro, no Vaticano.

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Queridos irmãos e irmãs:

Concluíram-se ontem, no Palácio Apostólico, os exercícios espirituais que, como todos os anos, congregaram na oração e na meditação o Papa e seus colaboradores da Cúria Romana. Agradeço a todos que estiveram espiritualmente próximos de nós: que o Senhor os recompense por sua generosidade.

Hoje, segundo domingo da Quaresma, continuando com o caminho penitencial, a liturgia, após ter-nos apresentado no domingo passado o Evangelho das tentações de Jesus no deserto, convida-nos a refletir sobre o acontecimento extraordinário da Transfiguração no monte. Considerados juntos ambos episódios que antecipam o mistério pascal: a luta de Jesus com o tentador pré-anuncia o grande duelo final da Paixão, enquanto que a luz de seu Corpo transfigurado antecipa a glória da Ressurreição. Por uma parte, vemos Jesus plenamente homem, que compartilha conosco inclusive a tentação; por outra, o contemplamos como Filho de Deus, que diviniza nossa humanidade.

Desta maneira, podemos dizer que estes dois domingos constituem os pilares sobre os quais se apóia todo o edifício da Quaresma até a Páscoa, e mais, toda a estrutura da vida cristã, que consiste essencialmente no dinamismo pascoal: da morte à vida.

A montanha, o Tabor como o Sinai, é o lugar da proximidade com Deus. É o lugar elevado com respeito à existência cotidiana na qual se respira o ar puro da criação. É o lugar da oração, onde se está na presença do Senhor, como Moisés e como Elias, que aparecem junto a Jesus transfigurado e falam com ele do «êxodo» que o espera em Jerusalém, ou seja, de sua Páscoa. A Transfiguração é um acontecimento de oração: ao rezar, Jesus se submerge em Deus, une-se intimamente a Ele, adere com sua própria vontade humana à vontade de amor do Pai, e deste modo a luz penetra e aparece visivelmente a verdade de seu ser: ele é Deus, Luz da Luz. Inclusive as vestes de Jesus se tornam brancas e resplandecentes.

Isto recorda o Batismo, a veste branca que os neófitos usam. Quem renasce no Batismo é revestido de luz, antecipando a existência celestial, que o Apocalipse representa com o símbolo das vestiduras brancas (Cf. Apocalipse 7, 9.13). Aqui está o ponto crucial: a transfiguração antecipa a ressurreição, mas esta pressupõe a morte. Jesus manifesta aos apóstolos sua glória para que tenham a força de enfrentar o escândalo da cruz e compreendam que é necessário passar através de muitas tribulações para chegar ao Reino de Deus.

A voz do Pai, que ressoa no alto, proclama Jesus como seu Filho predileto, como no batismo do Jordão, acrescentando: «Escutai-o» (Mateus 17, 5). Para entrar na vida eterna é necessário escutar Jesus, seguir-lo pelo caminho da cruz, levando no coração como Ele a esperança da ressurreição. «Spe salvi». Salvos na esperança. Hoje podemos dizer: «Transfigurados na esperança».

Dirigindo-nos agora com a oração a Maria, reconhecemos nela a criatura humana transfigurada interiormente pela graça de Cristo e encomendemo-nos a sua guia para percorrer com fé e generosidade o caminho da Quaresma.

[Traduzido por Élison Santos

© Copyright 2007 – Libreria Editrice Vaticana]

Falsidade do suposto túmulo de Jesus, segundo arcebispo Bruno Forte

Declaração do membro da Comissão Teológica Internacional

ROMA, quinta-feira, 1º de março de 2007 (ZENIT.org).- O anúncio da descoberta do suposto túmulo de Jesus não só é rejeitado pela arqueologia, mas também pela história, considera um dos teólogos católicos de maior prestígio atualmente em vida.

Dom Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, membro da Comissão Teológica Internacional, analisou com Zenit as supostas revelações que promete o documentário «O túmulo perdido de Jesus», realizado pelos premiados cineastas James Cameron e Simcha Jacobovici.

Para o presidente da Comissão da Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Italiana, «o dado, de fato, é que se fala de túmulos antigos, alguns do século I, descobertos na região de Talpiot, a inícios dos anos oitenta, nos quais estão gravados alguns nomes como os de Jesus, Maria, José, Mateus… Este é o dado de fato».

«Mas túmulos como esses existem em grande número no território da Terra Santa. Portanto, não há nada novo nesta revelação», constata o prelado, membro de vários dicastérios da Santa Sé.

«Por que, então, tanto barulho?», pergunta-se, e responde: «Porque Hollywood quis lançá-lo. Dado o êxito de operações como ‘O Código da Vinci’, tentou-se provocar outro êxito análogo, tratando da autêntica questão que entra em jogo, ou seja, se Jesus verdadeiramente ressuscitou».

«De fato, a tese lançada é que, se Jesus foi sepultado lá com sua família, então a ressurreição não seria mais que uma invenção de seus discípulos», reconhece.

«Pois bem, deixando de lado a inconsistência da prova arqueológica, que foi totalmente rejeitada por arqueólogos israelenses, o dado de fato da ressurreição de Jesus é documentado rigorosamente no Novo Testamento pelas cinco narrações das aparições: quatro dos Evangelhos e a de São Paulo.»

«Sabemos que estas narrações foram interpretadas também em um sentido reducionista pela crítica liberal do século XIX. Inclusive Renan chegou a dizer que a ressurreição se explicava como a paixão de uma alucinada, de uma exaltada, que havia ressuscitado um Deus no mundo, potência divina do amor.»

«Agora, todos os estudos críticos nestes dois séculos demonstraram que na verdade profunda das narrações das aparições se dá uma historicidade incontestável», acrescenta.

Segundo Forte, «há um vazio entre a Sexta-Feira Santa, quando os discípulos abandonaram Jesus, e o Domingo de Páscoa, quando se converteram em testemunhas d’Ele, ressuscitado, com um impulso e uma valentia tais que levaram esse anúncio a todos os confins da terra, até dar a vida por ele».

«O que aconteceu?» pergunta o arcebispo. «O historiador profano não explica. Os Evangelhos nos dão a entender. Deu-se um encontro que mudou sua vida».

«E este encontro, narrado nas passagens das aparições, caracteriza-se por um dado fundamental: a iniciativa não é dos discípulos, mas dele, que está vivo, como diz o livro dos Atos dos Apóstolos (1, 3).»

«Isso significa que não é algo que acontece nos discípulos. A partir deste fato, ao longo da história, Cristo foi anunciado com um impulso que envolveu gênios do pensamento, não visionários, desde Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino, até Teresa de Calcutá, por exemplo».

O prelado, por último, pergunta: «Por que os meios de comunicação têm tanto interesse em ter Jesus como seu alvo?».

«Evidentemente, porque Jesus, no profundo da cultura do Ocidente e não só do Ocidente, constitui um ponto de referência tão decisivo e importante que tudo o que o afeta nos afeta.»

Papa recomenda ter coragem para dizer a Deus "não te entendo", "ajuda-me"

Ao apresentar a figura de Tomé apóstolo

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 27 de setembro de 2006 (ZENIT.org).- Inspirando-se no exemplo do apóstolo Tomé, Bento XVI recomendou aos fiéis nesta quarta-feira ter coragem para dizer a Deus «não te entendo», «ajuda-me a compreender», nos momentos de incerteza.

«Deste modo — declarou –, com esta franqueza, que é o autêntico modo de rezar, de falar com Jesus, expressamos a pequenez de nossa capacidade para compreender, mas ao mesmo tempo assumimos a atitude de confiança de quem espera luz e força de quem é capaz de dá-las.»

O Santo Padre dedicou a audiência geral desta quarta-feira a apresentar a figura do apóstolo conhecido sobretudo por suas dúvidas após a ressurreição de Jesus. Com esta audiência geral, da qual participaram cerca de 30.000 peregrinos, o pontífice continuou a série de catequeses sobre os doze apóstolos e as origens da Igreja.

O bispo de Roma recordou as passagens nas quais os evangelhos falam deste apóstolo, conhecido como «Dídimo». Em particular, mencionou a Última Ceia, quando Jesus anuncia que após sua partida preparará um lugar para que os discípulos também estejam com Ele; e especifica: «E para onde eu vou, vós sabeis o caminho» (João 14, 4).

Então Tomé intervém, dizendo: «Senhor, não sabemos aonde irás, como podemos saber o caminho?».

Jesus lhe respondeu com a famosa definição: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida».

«Cada vez que escutamos ou lemos estas palavras, podemos pôr-nos com o pensamento junto a Tomé e imaginar que o Senhor também fala conosco como falou com ele», recomendou o Papa aos fiéis em uma bela manhã de sol na praça de São Pedro, no Vaticano.

Ao mesmo tempo, sugeriu, «sua pergunta também nos dá o direito, por assim dizer, de pedir explicações a Jesus».

«Com freqüência, não o compreendemos — reconheceu –. Devemos ter o valor de dizer-lhe: não te entendo, Senhor, escuta-me, ajuda-me a compreender.»

O Papa também recordou a cena de incredulidade de Tomé, que aconteceu depois da ressurreição, quando o próprio apóstolo disse: «Se eu não vir em suas mãos o sinal dos pregos e não colocar o dedo no lugar dos pregos, e não colocar a mão em seu lado, não acreditarei».

Oito dias depois, Jesus apareceria aos apóstolos, e nesta ocasião, ao estar presente Tomé, ele o interpela diretamente com estas palavras: «Aproxima aqui teu dedo e olha minhas mãos, traz tua mão e coloca-a no meu lado, e não sejas incrédulo, mas crente».

«Tomé reage com a profissão de fé mais esplêndida do Novo Testamento — assegurou o sucessor de Pedro: “Meu Senhor e meu Deus”.»

«Porque me viste, creste. Felizes os que não viram e creram», respondeu-lhe Jesus, enunciando «um princípio fundamental para os cristãos que viriam depois de Tomé, ou seja, para todos nós», indicou.

Em primeiro lugar, disse, «ele nos consola em nossas inseguranças»; em segundo lugar, «ele nos demonstra que toda dúvida pode ter um final luminoso, além de toda incerteza»; e, por último, recorda-nos «o autêntico sentido da fé madura e nos estimula a continuar, apesar das dificuldades, pelo caminho de fidelidade a ele».

Após recordar que, segundo a tradição, Tomé evangelizou a Síria, a Pérsia e parte da Índia, desejou que «o exemplo de Tomé confirme cada vez mais nossa fé em Jesus Cristo, nosso Senhor e nosso Deus».

«Pureza está intimamente associada à dignidade do corpo humano», diz cardeal

Penitenciário-mor da Igreja Católica, James Stafford, presidiu peregrinação a Fátima

FÁTIMA, quinta-feira, 13 de julho de 2006 (ZENIT.org).- Segundo o penitenciário-mor da Igreja Católica, a «pureza está intimamente associada à dignidade do corpo humano».

O cardeal James Francis Stafford abordou o tema da pureza e da castidade ao presidir esta quarta e quinta-feira a Peregrinação Internacional Aniversária a Fátima, celebrativa dos 89 anos da terceira aparição de Nossa Senhora em Fátima, a 13 de julho de 1917.

No contexto do tema da peregrinação –«Crescei e multiplicai-vos»–, o cardeal explorou em sua homilia proferida durante a Eucaristia da vigília noturna de oração dessa quarta-feira «a mais misteriosa das virtudes», a pureza, na qual os «cristãos nunca teriam sequer pensado» «se não tivessem olhado em frente para a ressurreição do corpo».

Segundo o penitenciário-mor da Igreja, «muitos daqueles que ainda se encontram influenciados pelas teorias mecanicistas do século XIX acham que os ensinamentos da Igreja no que respeita à virtude são horríveis e de modo especial rejeitam os seus ensinamentos no que toca às virtudes da castidade e da pureza».

«Zombam da observância do sexto mandamento como sendo causa de perturbações emocionais, afirmando mesmo ser completamente repugnante e contra a natureza», afirma.

Dom Stafford afirma que é fundamentalmente a lembrança do Mistério Pascal de Cristo e do batismo de cada um aquilo que fornece a fundação e a motivação para a prática da virtude da pureza e de todas as outras virtudes.

«São Paulo –afirma o cardeal– ensinou exatamente a mesma norma quando escreveu: “Finalmente, irmãos, nós vos suplicamos e exortamos no Senhor Jesus que, do mesmo modo que aprendestes de nós como deveis viver e agradar a Deus, o que estais precisamente fazendo, assim também procurai fazê-lo cada dia mais e mais… Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza” (1 Tes.4-1,3)».

E explica que «em todo o Novo Testamento a prática da virtude era baseada na manifestação do ‘escathon’, isto é, na obra de salvação de Jesus pela Sua Morte e Ressurreição».

O cardeal confidenciou no decorrer de sua homilia o «quão profundamente» o afetou a canonização, no dia 24 de junho de 1950, da jovem virgem-mártir Maria Goretti.

«Presentes na Praça de São Pedro naquela ocasião encontravam-se a mãe dela e o seu assassino, Alessandro Serenelli. Ao tempo do seu martírio em defesa de sua pureza, eu tinha 17 anos de idade. O seu testemunho de pureza e coragem tornou-se a estrela polar da minha geração», diz.

O cardeal narra a história do martírio: «Começou a 5 de Julho de 1902. A família do seu atacante partilhava a mesma casa com a família Goretti. Situava-se por cima de um velho palheiro numa zona de pobres lavradores, os pântanos Pontine, a Sul de Roma».

«O seu atacante, Alessandro, tinha vinte anos de idade na altura do ataque contra Maria de 12 anos. Ele testemunhou mais tarde que Maria apelou a que ele parasse com o ataque para salvação de sua alma e que não cometesse tão grave pecado. Antes de morrer no dia seguinte das facadas infligidas, ela perdoou-lhe e rezou para que Deus lhe perdoasse também».

Segundo o cardeal Stafford, «como Flannery O’Connor, S. Maria Goretti, cuja memória a Igreja acaba de celebrar no dia 6 de julho, percebeu que a pureza está intimamente associada à dignidade do corpo humano».

«Ela estava consciente de que a Igreja ensinava que não era a alma mas o corpo que havia de ressuscitar glorioso. Em união com a Igreja ela professava todos os domingos: “Eu creio na ressurreição da carne (do corpo)”. Ela deu testemunho deste mistério: que a Encarnação e Ressurreição de Jesus constituem as verdadeiras leis da natureza, da carne e do físico», afirma.

Como se explicam os milagres de Jesus?

02 de abril de 2006
Juan Chapa

Entre as acusações mais antigas de judeus e pagãos contra Jesus está a de ser um ilusionista, um mágico. No século II, Orígenes contesta as imputações de magia que faz Celso a respeito do Mestre de Nazaré e daquelas a que se referem São Justino, Arnóbio e Lactâncio. Também, algumas tradições judáicas que remontam ao século II contêm acusações de feitiçaria. Em todos estes casos, não se afirma que ele não existiu nem que não realizou prodígios, mas que os motivos que o levaram a realizar estas coisas foram a busca de vantagens e de fama pessoais. Destas afirmações se depreende a existência histórica de Jesus e sua fama de taumaturgo, tal como mostram os evangelhos.Por isso, hoje em dia, entre as provasos dados que se apresentam como confirmadas confirmados sobre a vida de Jesus consta o fato de que realizou exorcismos e curas.

Não obstante, em relação a outras personagens da época, conhecidas por realizar prodígios, Jesus é único.Distingue-se pelo grande número de milagres que realizou e pelo sentido que lhes deu, completamente diferente dos prodígios que puderam realizar algumas dessas personagens (se é que realmente os realizaram). O número de milagres atribuídos aos outros taumaturgos é bastante reduzido, enquanto que nos evangelhos temos 19 relatos de milagres em Mt; 18 em Mc; 20em Lc e 8 em Jo; além disso, há referências nos evangelhos sinóticos e em João a muitos outros milagres que Jesus realizou (cf Mc 1,32-34; 3,7-12; 6,53-56; Jo 20,30). O sentido também é diferente de qualquer outro taumaturgo: Jesus fez milagres que implicavam comprometiam os favorecidos no reconhecimento da bondade de Deus e numa mudança de vida. Sua resistência em realizá-los demonstra que não buscava a sua própria exaltação ou fama. Daí que tenham um significado especial.

Os milagres de Jesus são compreendidos no contexto do anúncio do Reino de Deus: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulsos demônios, então o Reino de Deus já chegou a vós” (Mt 12,28). Jesus inaugura o Reino de Deus e os milagres são uma chamada a uma adesão pessoal a Deus.Isto é fundamental e característico nos milagres que Jesus realizou. Reino e milagres são realidades inseparáveis.

Os milagres de Jesus não eram fruto de técnicas (como um médico) ou da atuação de demônios ou anjos (como um mago), mas o resultado do poder sobrenatural do Espírito de Deus.

Portanto, Jesus fez milagres para confirmar que o Reino estava presente n’Ele, anunciar a derrota definitiva de Satanás e aumentar a fé em sua Pessoa. Não podem ser explicados como prodígios assombrosos mas e sim como atuações do próprio Deus, com um significado mais profundo que o próprio feito prodigioso.Os milagres sobre a Natureza são sinais de que o poder divino que atua em Jesus se esntende para muito além do mundo humano e se manifesta como poder de domínio também sobre as forças da natureza.Os milagres de cura e os exorcismos são sinais de que Jesus manifestou seu poder de salvar o homem do mal que ameaça a sua alma. Uns e outros são sinais de outras realidades espirituais: as curas do corpo – a libertação da escravidão da enfermidade – significam a cura da alma da escravidão do pecado; o poder de expulsar o demônio indica a vitória de Cristo sobre o mal; a multiplicação dos pães faz referência ao dom da Eucaristia; a tempestade acalmada é um convite para confiar em Cristo nos momentos tempestuosos e difíceis; a ressurreição de Lázaro anuncia que Cristo é a própria ressurreição e é a figura da ressurreição final, etc.

BIBLIOGRAFIA

Catecismo de la Iglesia Católica, nn. 541-550.
BALAGUER, v. (ed), Comprender los evangelios, Eunsa, Pamplona 2005
LATOURELLE, R. Milagros de Jesús y teología del milagro, Sígueme, Salamanca 1990 (2ª ed.)

Fonte: Opus Dei

Quem foi Maria Madalena?

Os evangelhos nos fornecem poucos dados. Lc 8,2 diz-nos que, entre as mulheres que seguiam Jesus e o assistiam com seus bens, estava Maria Madalena, ou seja, uma mulher chamada Maria, que era originária de Migdal Nunayah, Tariquea em grego, uma pequena povoação junto ao lago da Galiléia, a 5,5 km ao norte de Tiberíades. Dela Jesus havia expulsado sete demônios (Lc 8,2; Mc 16,9), o que equivale dizer ?todos os demônios?. A expressão pode ser entendida tanto como uma possessão diabólica quanto como uma doença do corpo ou do espírito. Os Evangelhos sinópticos a mencionam como a primeira de um grupo de mulheres que contemplou, de longe, a crucificação de Jesus (Mc 15, 40-41 e par.) e que permaneceu sentada em frente ao sepulcro (Mt 27,61), enquanto sepultavam Jesus (Mc 15,47). Assinalam que, na madrugada do dia depois do sábado, Maria Madalena e outras mulheres voltaram ao sepulcro para ungir o corpo com os perfumes que haviam comprado (Mc 16, 1-7 e par); é, então, que um anjo lhes comunica que Jesus havia ressuscitado e as encarrega de levarem a notícia aos discípulos (cf. Mc 16,1-7 e par). São João apresenta os mesmos fatos com pequenas variações. Maria Madalena está junto à Virgem Maria ao pé da cruz (João 19,25).

Depois do sábado, quando ainda era noite, ela se aproxima do sepulcro, vê a pedra afastada e avisa Pedro, pensando que alguém tinha roubado o corpo de Jesus (João 20,1-2). Voltando ao sepulcro, enquanto chora, encontra-se com Jesus ressuscitado que a encarrega de anunciar aos discípulos a Sua volta ao Pai (João 20,11-18). Esta é a sua glória. Por isso, a Tradição, na Igreja Oriental, a chamou de isapóstolos ?igual a um apóstolo? e, na Igreja Ocidental, apostola apostolorum ?apóstolo dos apóstolos?. Uma tradição do Oriente diz que ela foi enterrada em Éfeso e que suas relíquias foram levadas para Constantinopla no século IX.

Maria Madalena foi identificada freqüentemente com outras mulheres que aparecem nos Evangelhos. Na Igreja Latina, a partir dos séculos VI e VII, houve a tendência de identificar Maria Madalena com a mulher pecadora que na casa de Simão, o fariseu, ungiu os pés de Jesus com suas lágrimas (Lc 7,36-50). Por outro lado, alguns Padres a escritores eclesiásticos, harmonizando os evangelhos, já haviam identificado esta mulher pecadora com Maria, irmã de Lázaro, que em Betânia unge com um perfume a cabeça de Jesus (João 12,1-11; Mateus e Marcos, no trecho correspondente, não mencionam o nome de Maria, apenas dizendo tratar-se de uma mulher e que a unção ocorreu na casa de Simão, o leproso (Mt 26,6-13 e par). Em conseqüência disso, no Ocidente, devido principalmente a São Gregório, generalizou-se a idéia de que as três mulheres eram uma só pessoa.

Mas os dados evangélicos sugerem apenas que se deve identificar Maria Madalena com a Maria que unge Jesus em Betânia, pois presumivelmente é a irmã de Lázaro (João 12,2-3). Os evangelhos também não permitem deduzir que seja a mesma que a pecadora que, segundo Lc 7,36-49, ungiu Jesus, embora a identificação seja compreensível pelo fato de São Lucas, imediatamente depois do relato em que Jesus perdoa esta mulher, mencionar que algumas mulheres o ajudavam, entre elas Maria Madalena, de quem ele havia expulsado sete demônios (Lc 8,2). Além disso, Jesus elogia o amor da mulher pecadora: muitos pecados lhe são perdoados porque muito amou (Lc 7,47) e também se percebe um grande amor no encontro entre Maria e Jesus depois da Ressurreição (João 20,14-18). Em todo caso, mesmo em se tratando da mesma mulher, seu passado de pecados não é um desdouro. Pedro foi infiel a Jesus e Paulo um perseguidor dos cristãos. A grandeza deles não está na sua imunidade ao pecado, mas no seu amor.

Por seu papel de relevo no Evangelho, Maria Madalena foi uma protagonista que recebeu especial atenção em alguns grupos marginais na Igreja primitiva. Estes são constituídos fundamentalmente por seitas gnósticas, cujos escritos relatam revelações secretas de Jesus depois da Ressurreição e recorrem à figura de Maria para transmitir suas idéias. São relatos que não têm fundamento histórico. Padres da Igreja, autores eclesiásticos e outras obras destacam o papel de Maria como discípula do Senhor e anunciadora do Evangelho. A partir do século X surgem narrações fictícias que elogiam sua pessoa e que se difundem principalmente na França. É aí que nasce a lenda, que não tem nenhum fundamento histórico, de que Madalena, Lázaro e outros mais, foram de Jerusalém a Marselha, quando se iniciou a perseguição contra os cristãos, e evangelizaram a Provença. Segundo esta lenda, Maria morreu em Aix-en-Provence ou Saint Maximin e suas relíquias foram levadas a Vezelay.

BIBLIOGRAFIA

V.SAXER. Maria Magdalena. Biblioteca Sanctorum VIII. Roma, 1966, 1078-1104. M. FRENSCHKOWSKI. ?Maria Magdalena?, in Biographisch-Bibliographischen Kirchenlexikons.

Fonte: Opus Dei

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