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Em João 21,15-19, Jesus parece ter perdido a confiança em Pedro…

Autor: This Rock Magazine – Julho/1990
Fonte: http://www.catholic.com
Tradução: Carlos Martins Nabeto

– Por que Jesus precisou perguntar 3 vezes a Pedro se ele O amava (João 21,15-19)? Nosso Senhor não parece ter perdido a confiança em Pedro, contradizendo assim a alta estima que os católicos nutrem por Pedro? (Anônimo)

Os católicos não desejam dirigir a Pedro uma estima superior àquela que Jesus nutria. As afirmações que fazemos sobre o Papado têm como origem as simples declarações da própria Escritura.

E essa passagem é um ótimo exemplo. Antes de mais nada, Jesus está certamente lembrando Pedro do seu pecado de covardia, por tê-Lo negado 3 vezes (Mateus 26,69-75), para que se arrependa e volte a estar em plena comunhão com Cristo.

A maioria das pessoas percebe esta conexão entre a “tripla negação” e a “tripla reafirmação” de lealdade a Cristo, conseguindo então apreciar a habilidade pastoral exercida e consumada por Nosso Senhor, que permitiu a Pedro uma chance de “anular” o seu comportamento anterior.

Mas há algo mais aí. João 21 é o modelo clássico de um gênero de narrativa bíblica conhecido como “Chamado Profético”. As “narrativas de Chamado” frequentemente seguem uma forma padronizada de tripla repetição. Com efeito, a tripla repetição da ordem para que Pedro cuide do rebanho de Cristo serve para sublinhar o fundamento divino do seu múnus e autoridade.

A Paz e o Papado

G.K. Chesterton

Há um famoso ditado que a alguns parece falta de reverência, embora de fato seja um esteio de uma parte importante da religião: “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-Lo.” Isso não é totalmente diferente de algumas das ousadas questões com que Santo Tomás de Aquino inicia sua grande defesa da fé.

Alguns dos modernos críticos de sua fé, especialmente seus críticos protestantes, cometeram um erro divertido, por causa de sua ignorância do latim e do antigo uso da palavra DIVUS, e acusaram os católicos de descreverem o Papa como Deus. Os católicos, preciso dizer, estão tão próximos a chamar o Papa de Deus quanto de chamar um gafanhoto de Papa. Mas há um sentido em que eles realmente reconhecem uma correspondência eterna entre a posição do Rei dos Reis no universo e a do seu Vigário no mundo, como a correspondência entre uma coisa real e sua sombra; uma similaridade parecida com a similaridade imperfeita e defeituosa entre Deus e a imagem de Deus. E entre as coincidências dessa comparação pode ser colocado o caso deste epigrama. O mundo se encontrará mais e mais na posição em que mesmo os políticos e os homens práticos se pegarão dizendo: “Se o Papa não existisse, seria necessário inventá-lo.”

Não é de todo impossível que eles possam realmente tentar inventá-lo. A verdade é que milhares deles já teriam aceitado o Papa desde que ele não fosse chamado Papa. Acredito firmemente que seria muito possível, nessa questão e em muitas outras, pregar uma espécie de peça piedosa e prática em grande número de hereges e pagãos. Imagino que seria muito factível descrever com precisão, mas em termos abstratos, a idéia geral de um cargo ou obrigação que corresponda exatamente à posição do Papa na história, e que fosse aceitável em termos éticos e sociais por muitos protestantes e livre-pensadores; até que descobrissem, com uma reação de ira e assombro que eles foram levados a aceitar a arbitragem internacional do Papa. Suponha que alguém apresentasse a antiga idéia como se fosse uma nova idéia; suponha que se dissesse: “Proponho que seja erguido em alguma cidade central, na parte mais civilizada de nossa civilização o gabinete de uma autoridade permanente para representar a paz e a base do entendimento de todas as nações circundantes; que ele seja, pela natureza de seu cargo, posto a parte de todos e, mesmo assim, que ele jure considerar os acertos e os erros de todos; que ele seja colocado lá como um juiz para elucidar uma lei ética e um sistema de relações sociais; que ele seja de certo tipo e treinado de certa maneira, diferente da que encoraje as ambições ordinárias da glória militar ou mesmo dos elos da tradição tribal; que ele seja protegido, por um sentimento especial, da pressão de reis e príncipes; que ele jure, de forma especial, considerar os homens como homens.” Não são poucos já, e logo serão muito mais, os que seriam perfeitamente capazes de propor tal instituição internacional ideal; há também muitos que suporiam realmente, em sua inocência, que isso nunca tivesse sido tentado antes.

É verdade que até agora muitos de tais reformadores recuariam ante a idéia de uma instituição ser um indivíduo. Mas mesmo esse preconceito está enfraquecendo pelo desgaste da experiência política real. Podemos estar ligados, como muitos de nós estamos, ao ideal democrático; mas muitos de nós já percebemos que a democracia direta, a única democracia verdadeira que satisfaz o verdadeiro democrata, é uma coisa aplicável a algumas coisas e não a outras; e ela não é absolutamente aplicável à uma questão como esta. A voz real de uma vasta civilização internacional, ou de uma vasta religião, não será, de qualquer forma, as vozes e clamores distintos e articulados de todos os milhões de fiéis. Não seria o povo o herdeiro de um Papa destronado; seria algum sínodo ou grupo de bispos. Não é uma alternativa entre monarquia e democracia, mas uma alternativa entre monarquia e oligarquia. E, sendo eu um dos democratas idealistas, não tenho a menor hesitação em minha escolha entre as duas formas anteriores de privilégio. Um monarca é um homem, mas uma oligarquia não são homens; são poucos homens formando um grupo pequeno o suficiente para ser irresponsável. Um homem na posição de um Papa, a menos que seja literalmente louco, deve ser responsável. Mas aristocratas podem sempre jogar a responsabilidade uns nos outros; e ainda criar uma sociedade corporativa cuja visão do resto do mundo seja completamente obscurecida. Estas são conclusões a que estão chegando muitas pessoas no mundo; e muitos estariam ainda mais assombrados e horrorizados em descobrir aonde levam essas conclusões. Mas o ponto de discussão aqui é que mesmo se nossa civilização não redescobrir a necessidade do Papado, é extremamente provável que, cedo ou tarde, ela tentará suprir a necessidade com algo parecido com o Papado; mesmo se tentar fazê-lo por conta própria. Esta será realmente uma situação irônica. O mundo moderno estabelecerá um novo Anti-Papa, mesmo considerando que, como no romance de D. Benson, o Anti-Papa tenha o caráter de um Anticristo.[1]

A questão é que os homens tentarão colocar algum tipo de poder moral fora do alcance dos poderes materiais. A fraqueza de muitas tentativas valorosas, bem intencionadas e atuais de justiça internacional é que o conselho internacional dificilmente pode evitar ser meramente um microcosmos ou um modelo do mundo externo, com todas as pequenas e grandes coisas, inclusive as coisas excessivamente grandes. Suponha que em trocas internacionais do futuro alguma potência, digamos a Suécia, seja considerada injusta ou problemática. Se a Suécia for poderosa na Europa, ela será poderosa no conselho da Europa. Se a Suécia for muito poderosa na Europa, ela será muito poderosa no conselho da Europa. E porque ela é a própria coisa irresistível, ela é a própria coisa a ser resistida; ou, de qualquer forma, a ser restringida. Não vejo como a Europa possa escapar desse dilema lógico, exceto se descobrir novamente uma autoridade que seja puramente moral e que seja a guardiã reconhecida de uma moralidade. Pode ser dito sensatamente que mesmo aqueles dedicados a essa tarefa podem nem sempre praticar o que professam. Mas os outros governantes do mundo nunca estão obrigados a professá-lo.

Muitas vezes na história, especialmente na história medieval, o Papado interveio no interesse da paz e da humanidade; tal como os grandes santos se jogavam entre espadas e adagas de facções em luta. Mas se não houvesse um Papado, algum santo, ou a Igreja Católica, o mundo, abandonado à sua própria sorte, certamente não teria substituído credos teológicos por abstrações sociais. Em geral, a humanidade esteve longe de ser humanitária. Se o mundo fosse abandonado à própria sorte, digamos na era do feudalismo, todas as decisões teriam sido rígida e brutalmente na linha do feudalismo. Havia apenas uma instituição humana que existira antes do feudalismo. Havia apenas uma instituição que podia possivelmente trazer consigo alguma débil memória da República e da Lei romanas. Se o mundo tivesse sido abandonado à sua própria sorte na época da Renascença e da política italiana do Príncipe, ele teria se organizado inteiramente ao modo da glorificação dos príncipes. Havia apenas uma instituição que podia a qualquer momento ser forçada a repetir: “Não coloque sua confiança em príncipes.” Tivesse ela ausente, o único resultado teria sido que o famoso acordo de CUJUS REGIO EJUS RELIGIO teria sido todo REGIO com muito pouca RELIGIO. E então, nossos dias atuais têm seus dogmas inconscientes e seus preconceitos universais; e precisamos uma separação especial, sagrada e, o que parece a muitos, inumana que esteja acima de nós, para ver além.

Sei que se abusou deste ideal como de nenhum outro; digo apenas que mesmo aqueles que mais denunciaram a realidade provavelmente começarão de novo a busca pelo ideal. Mas, de fato, não proponho que qualquer tribunal espiritual deveria agir como um tribunal comum ou que a ele seja dado poderes de interferência prática nos governos nacionais. Tenho firme convicção de que tal tribunal não deveria nunca aceitar qualquer envolvimento material. Tampouco desejo, nesta questão, que qualquer tribunal secular agora constituído no interesse da paz internacional interfira com a nacionalidade ou com a liberdade local. Preferiria muito mais dar tal poder a um papa do que a políticos e diplomatas do tipo daqueles a quem o mundo está entregue. Mas não desejo dá-lo a ninguém e a autoridade em questão não deseja aceitá-lo de ninguém. A coisa de que falo é puramente moral e não pode existir sem certa lealdade moral; é uma espécie de atmosfera ou mesmo de um sentimento de afeição. Não há espaço para descrever aqui a maneira em que tal elo popular se desenvolve; mas não há a mínima dúvida de que ele já se desenvolveu em torno do centro religioso de nossa civilização; e não é provável que cresça de novo, exceto se ele se dirigir a um padrão de humildade e caridade muito mais alto que o padrão ordinário do mundo. Os homens não sentem afeição pelos imperadores dos outros, ou mesmo pelos políticos dos outros; sabe-se que a afeição deles se esfriou até mesmo em relação aos seus próprios políticos. Não vejo nenhuma perspectiva de qualquer núcleo positivo de amizade, exceto em certo entusiasmo por algo que move as partes mais íntimas da natureza moral do homem; algo que pode nos unir não por ser inteiramente internacional (como dizem os arrogantes), mas por ser universalmente humano. Os homens não conseguem concordar sobre o nada, tanto quanto não conseguem discordar sobre o nada. E algo amplo o suficiente para proporcionar tal acordo deve ser ele mesmo maior que o mundo.

Fonte: CHESTERTON, G.K. A Paz e o Papado. Chesterton Brasil. [Traduzido por Antonio Emilia Angueth de Araujo, retirado do Capítulo do livro The Thing (A Coisa), publicado em 1929]. Disponivel em: http://www.chestertonbrasil.org/ Acesso em: 17 Dezembro 2010.

João Paulo II já repousa na capela de São Sebastião

Féretro foi colocado em cerimônia privada

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 3 de maio de 2011 (ZENIT.org) – Os restos mortais do beato João Paulo II já descansam sob o altar da capela de São Sebastião, na Basílica de São Pedro; informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

A partir de agora, os fiéis poderão venerar o papa beato na capela da basílica, e não mais na cripta vaticana, como antes.

O féretro com os restos do novo beato foi transferido nessa segunda-feira, após o fechamento da basílica, deixando o altar da Confissão, onde tinha ficado exposto para a veneração de centenas de milhares de fiéis desde a manhã de domingo, depois da cerimônia da beatificação.

A procissão foi presidida pelo cardeal Angelo Comastri, arcipreste da basílica, e formada pelo Colégio de Penitenciários, pelo Capítulo da Basílica e por nove cardeais e vários bispos e arcebispos. Entre eles, os cardeais Sodano, decano do Colégio, Bertone, secretário de Estado, Amato, Coppa, Lajolo, Re, Sandri, Macharski e Dziwisz, os arcebispos Filoni, Mamberti e Mokrzycki, o postulador, monsenhor Oder, e a irmã Tobiana, junto com outras freiras que fizeram parte do domicílio pontifício durante o papado de João Paulo II.

A procissão parou para rezar diante do altar da Confissão e seguiu até o altar da capela, cantando as ladainhas dos santos pontífices.

Depois da invocação Beate Ioanne Paule, repetida três vezes, rezou-se a oração do novo beato e o féretro foi incensado. Os trabalhadores da Fábrica de São Pedro depositaram então a grande lápide de mármore branco, que traz a inscrição Beatus Ioannes Paulus PP. II.

O comunicado vaticano termina informando que vários dos presentes fizeram o gesto devocional de beijar a lápide, enquanto a assembleia “se dissolvia com serena comoção”.

João Paulo II é beatificado diante de 1 milhão de fiéis

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Em uma cerimônia solene na presença de mais de 1 milhão de pessoas que lotaram a praça de São Pedro, segundo a polícia romana, o Papa Bento XVI proclamou beato o seu antecessor, João Paulo II (1920-2005), neste domingo (1º).
Um cardeal leu um texto sobre a vida do pontífice, morto em 2005, após 27 anos de papado. Foram destacadas virtudes de João Paulo II, como seus dotes intelectuais, morais e espirituais.

Após a leitura, ocorreu o principal momento da cerimônia, em que foi descerrado um retrato de João Paulo II, a partir de então denominado beato. “Concedemos que o venerado servo de Deus João Paulo II, Papa, seja de agora em diante chamado beato”, proclamou Bento XVI.

A data escolhida para a veneração do papa foi 22 de outubro, dia da primeira missa do seu pontificado.

Muitos aplausos e gritos de “Santo subito” (Santo já), como no dia do funeral de João Paulo II, foram ouvidos na praça, repleta de pessoas que exibiam bandeiras de muitos países, entre elas a polonesa e a brasileira.

A freira francesa irmã Marie Simon-Pierre Normand – cuja a cura do mal de Parkinson, a mesma doença degenerativa do papa, em junho de 2005, é tida como a primeira graça de João Paulo II- levou ao altar uma ampola contendo sangue do Papa, enquanto outra religiosa que o acompanhou durante o papado, levou algumas de suas relíquias.

O Papa polonês, nomeado Sumo Pontífice em 1978, faleceu em 2 de abril de 2005 aos 84 anos.

A beatificação é a etapa anterior à canonização e aconteceu em tempo recorde.

Desde as primeiras horas da madrugada milhares de fiéis, entre eles poloneses, espanhóis, italianos, franceses e latino-americanos, fizeram fila para entrar no local.

A cerimônia teve início às 10 horas no horário local (5h de Brasília), pelo papa e outros 800 sacerdotes presentes. Com um cálice e mitra que foram usados nos últimos anos de pontificado de João Paulo II e com uma vestimenta que também pertenceu a seu antecessor, Bento XVI abriu a cerimônia com uma saudação em latim, que foi traduzida simultaneamente em espanhol, francês, português, francês, inglês, alemão e polonês pela Rádio Vaticano.

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