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São Columbano da Irlanda

Por Papa Bento XVI
Tradução: Élison Santos
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs:

Hoje quero falar do santo abade Columbano, o irlandês mais famoso da Alta Idade Média: com razão pode ser chamado de santo «europeu», pois como monge, missionário e escritor trabalhou em vários países da Europa ocidental. Junto aos irlandeses de sua época, era consciente da unidade cultural da Europa. Em uma de suas cartas, escrita em torno do ano 600, dirigida ao Papa Gregório Magno, encontra-se pela primeira vez a expressão «totius Europae – de toda a Europa», em referência à presença da Igreja no continente (cf. Epistula I,1).

Columbano havia nascido em torno do ano 543 na província de Leinster, no sudeste da Irlanda. Educado em sua casa por ótimos professores, que o encaminharam no estudo das artes liberais, ele foi confiado depois à guia do abade Sinell, da comunidade de Cluain-Inis, na Irlanda do Norte, onde pôde aprofundar no estudo das Sagradas Escrituras.

Quando tinha cerca de 20 anos, entrou no mosteiro de Bangor, no nordeste da ilha, onde era abade Comgall, um monge conhecido por sua virtude e seu rigor ascético. Em plena sintonia com seu abade, Columbano praticou com zelo a severa disciplina do mosteiro, levando uma vida de oração, ascese e estudo. Lá foi ordenado sacerdote. A vida em Bangor e o exemplo de abade influíram em sua concepção do monaquismo, que Columbano amadureceu com o tempo e difundiu depois no transcurso de sua vida.

Aos 50 anos, seguindo o ideal ascético tipicamente irlandês da «peregrinatio pro Christo», ou seja, de tornar-se peregrino por Cristo, Columbano deixou a ilha para empreender com 12 companheiros uma obra missionária no continente europeu. Devemos recordar que a migração de povos do norte e do leste provocou um regresso ao paganismo de regiões inteiras que haviam sido cristianizadas.

Por volta do ano 590, esse pequeno grupo de missionários desembarcou na costa bretanha. Acolhidos com benevolência pelo rei dos francos da Austrásia (a atual França), só pediram um pedaço de terra sem cultivar. Foi-lhes entregue a antiga fortaleza romana de Annegray, em ruínas, recoberta pela vegetação. Acostumados a uma vida de máxima renúncia, os monges conseguiram levantar em poucos meses, das ruínas, o primeiro mosteiro. Desse modo, a reevangelização começou antes de tudo pelo testemunho de vida.

Com o cultivo da terra começaram também um novo cultivo das almas. A fama desses religiosos estrangeiros que, vivendo de oração e em grande austeridade, construíam casas, difundiu-se rapidamente, atraindo peregrinos e penitentes. Sobretudo muitos jovens pediam ser acolhidos na comunidade monástica para viver como eles esta vida exemplar que renovava o cultivo da terra e das almas. Logo tiveram de fundar um segundo mosteiro. Foi construído a poucos quilômetros, nas ruínas de uma antiga cidade termal, Luxeuil. O mosteiro se converteria em centro da irradiação monástica e missionária da tradição irlandesa no continente europeu. Erigiu-se um terceiro mosteiro em Fontaine, a uma hora de caminho para o norte.

Em Luxeuil, Columbano viveu durante quase 20 anos. Lá o santo escreveu para seus seguidores de Regula manochorum – durante um certo tempo mais difundida na Europa que a de São Bento –, perfilando a imagem ideal do monge. É a única antiga regra monástica irlandesa que hoje possuímos. Como complemento, redigiu a Regula coenobialis, uma espécie de código penal para as infrações dos monges, com castigos mais surpreendentes para a sensibilidade moderna, que só se podem explicar com a mentalidade daquele tempo e ambiente. Com outra obra famosa, titulada De poenitentiarum misura taxanda, que também escreveu em Luxeuil, Columbano introduziu no continente a confissão privada e reiterada com a penitência, que previa uma proporção entre a gravidade do pecado e a reparação imposta pelo confessor. Estas novidades suscitaram suspeitas entre os bispos da região, uma suspeita que se converteu em hostilidade quando Columbano teve a valentia de repreendê-los abertamente pelos costumes de alguns deles.

Este contraste, manifestou-se com as disputas sobre a data de Páscoa: a Irlanda seguia a tradição oriental, ao contrário da tradição romana. O monge irlandês foi convocado no ano 603 em Châlon-Saôn para prestar contas ante um sínodo de seus costumes sobre a penitência e a Páscoa. Em vez de apresentar-se ante o sínodo, mandou uma carta na qual minimizava a questão, convidando os padres sinodais a discutirem não só sobre o problema pequeno, «mas também sobre todas as normas canônicas necessárias que são descuidadas por muitos, o qual é mais grave» (cf. Epistula II, 1). Ao mesmo tempo, escreveu ao Papa Bonifácio IV – alguns anos antes já se havia dirigido ao Papa Gregório Magno (cf. Epistula I) – para defender a tradição irlandesa (cf. Epistula III).

Dado que era intransigente em questões morais, Columbano entrou em conflito também com a casa real, pois havia repreendido duramente o rei Teodorico por suas relações de adultério. Surgiu uma rede de intrigas e manobras no âmbito pessoal, religioso e político que, em 610, provocou um decreto de expulsão de Luxeuil de Columbano e de todos os monges de origem irlandesa, que foram condenados a um exílio definitivo. Escoltaram-nos até chegar ao mar e foram embarcados em um navio da corte rumo à Irlanda. Mas o barco encalhou a pouca distância da praia e o capitão, ao ver nisso um sinal do céu, renunciou à empresa e, por medo a ser maldito por Deus, voltou com os monges a terra firme. Estes, em vez de regressar a Luxeuil, decidiram começar uma nova obra de evangelização. Embarcaram no Rin e voltaram ao rio. Depois de uma primeira etapa em Tuggen, no lago de Zurich, eles se dirigiram à região de Bregenz, no lago de Costanza, para evangelizar os alemães.

Agora, pouco depois, Columbano, por causa de problemas políticos, decidiu atravessar os Alpes com a maior parte de seus discípulos. Só restou um monge, chamado Gallus. De seu mosteiro se desenvolveria a famosa abadia de Sankt Gallen, na Suíça. Ao chegar à Itália, Columbano foi recebido na corte imperial longobarda, mas logo teve de enfrentar grandes dificuldades: a vida da Igreja estava lacerada pela heresia ariana, ainda majoritária entre os longobardos por um cisma que havia separado a maior parte das Igrejas da Itália do Norte da comunhão com o bispo de Roma.

Columbano se integrou com autoridade neste contexto, escrevendo um lindo libelo contra o arianismo e uma carta a Bonifácio IV para convencê-lo a comprometer-se decididamente no restabelecimento da unidade (cf. Epistula V). Quando o rei dos longobardos, em 612 ou 613, entregou-lhes um terreno em Bobbio, no valle de Trebbia, Columbano fundou um novo mosteiro que logo se converteria em um centro de cultura comparável ao famoso de Montecasino. Lá ele concluiu seus dias: faleceu em 23 de novembro de 615 e nessa data é comemorado pelo rito romano até nossos dias.

A mensagem de São Columbano se concentra em um firme convite à conversão e ao desapego das coisas terrenas em vista da herança eterna. Com sua vida ascética e seu comportamento frente à corrupção dos poderosos, evoca a figura severa de São João Batista. Sua austeridade, contudo, nunca é um fim em si mesma, mas um meio para abrir-se livremente ao amor de Deus e corresponder com todo o ser aos dons recebidos d’Ele, reconstruindo em si a imagem de Deus e ao mesmo tempo trabalhando a terra e renovando a sociedade humana.

Diz em suas Instruções: «Se o homem utiliza retamente essas faculdades que Deus concedeu à sua alma, então será semelhante a Deus. Recordemos que devemos devolver-lhe todos os dons que nos confiou quando nos encontrávamos na condição originária. Ele nos ensinou o jeito de fazê-lo com seus mandamentos. O primeiro deles é o de amar o Senhor com todo o coração, pois Ele, em primeiro lugar, nos amou, desde o início dos tempos, antes ainda de que víssemos a luz deste mundo» (cf. Instructiones XI).

O santo irlandês encarnou realmente estas palavras em sua vida. Homem de grande cultura e rico de dons de graça, seja como incansável construtor de mosteiros, seja como pregador penitencial intransigente, dedicou todas as suas energias a alimentar as raízes cristãs da Europa que estava nascendo. Com sua energia espiritual, com sua fé, com seu amor a Deus e ao próximo, ele se converteu em um dos pais da Europa, e nos mostra hoje onde estão as raízes das quais a nossa Europa pode renascer.

São Bento de Núrsia

Por Papa Bento XVI
Tradução: José Caetano
Fonte: Zenit/Vaticano

Caros irmãos e irmãs,

Hoje eu gostaria de falar de São Bento, Fundador do monasticismo ocidental, e também padroeiro de meu pontificado. Começo com uma palavra de São Gregório Magno, que escreve de São Bento: «O homem de Deus que brilhou sobre esta terra com tantos milagres não brilhou menos pela eloqüência com a qual soube expor sua doutrina» (Dial. II, 36). Estas palavras foram escritas pelo grande Papa no ano 592; o santo monge estava morto há apenas 50 anos e estava ainda vivo na memória das pessoas e sobretudo na florescente Ordem religiosa por ele fundada. São Bento de Núrcia, com sua vida e sua obra, exerceu uma influência fundamental sobre o desenvolvimento da civilização e da cultura européia. A fonte mais importante sobre a vida dele é o segundo livro dos Diálogos de São Gregório Magno. Não é uma biografia no sentido clássico. Segundo as idéias de seu tempo, ele quer ilustrar, mediante o exemplo de um homem concreto – precisamente de São Bento –, a subida aos montes da contemplação, como pode ser realizada por quem se abandona a Deus. Então nos dá um modelo da vida humana como subida ao vértice da perfeição. São Gregório Magno relata também, neste livro dos Diálogos, muitos milagres realizados pelo santo, e também aqui não quer simplesmente relatar alguma coisa extraordinária, mas demonstrar como Deus, admoestando, ajudando e também punindo, intervém nas situações concretas da vida do homem. Quer mostrar que Deus não é uma hipótese distante posicionada na origem do mundo, mas está presente na vida do homem, de todo homem.

Esta perspectiva do «biógrafo» se explica também à luz do contexto geral de seu tempo: entre os séculos V e VI, o mundo era devastado rapidamente por uma tremenda crise de valores e de instituições, causada pela queda do Império Romano, pelas invasões dos novos povos e pela decadência dos costumes. Com a apresentação de São Bento como «astro luminoso», Gregório queria indicar nesta situação, justamente aqui nesta cidade de Roma, a via de escape da «noite escura da história» (cf. João Paulo II, Insegnamenti, II/1, 1979, p. 1158). De fato, a obra do santo e, de modo particular, sua Regra, revelaram-se portadoras de um autêntico fermento espiritual, que penetrou no curso dos séculos, muito além dos confins de sua pátria e de seu tempo, o rosto da Europa, suscitando depois da queda da unidade política criada pelo império romano uma nova unidade espiritual e cultural, a da fé cristã partilhada pelos povos do continente. Nasceu justamente assim a realidade que nós chamamos de «Europa».

O nascimento de São Bento ocorreu por volta do ano 480. Provinha, assim disse São Gregório, «ex provincia Nursiae» – da região da Núrsia. Seus progenitores logo o mandaram para realizar os estudos em Roma. Ele, porém, não se firmou muito tempo na Cidade Eterna. Como explicação plenamente acreditável, Gregório indica o fato de que o jovem Bento estava incomodado pelo estilo de vida de muitos de seus colegas de estudos, que viviam de modo dissoluto, e não queria cair nos mesmos erros. Queria agradar a Deus somente; «soli Deo placere desiderans» (II Dial., Prol 1). Assim, ainda antes da conclusão de seus estudos, Bento deixou Roma e se retirou na solidão dos montes ao leste de Roma. Depois de uma primeira estadia no vilarejo de Effide (hoje: Affile), onde por certo período se associou a uma «comunidade religiosa» de monges, fez-se eremita na distante Subiaco. Lá viveu por três anos completamente só em uma gruta que, a partir da Alta Idade Média, constitui o «coração» de um mosteiro beneditino chamado «Sacro Speco». O período em Subiaco, um período de solidão com Deus, foi para Bento um tempo de amadurecimento. Lá devia suportar e superar as três tentações fundamentais de todo ser humano: a tentação da auto-afirmação e do desejo de pôr a si mesmo no centro, a tentação da sensualidade e, por fim, a tentação da ira e da vingança. Era, de fato, convicção de Bento que, só depois de ter vencido estas tentações, ele poderia dizer aos outros uma palavra útil para sua situação de necessidade. E assim, pacificada sua alma, estava em condições de controlar plenamente os impulsos do eu, para ser assim um criador de paz em torno de si. Só então decide fundar os primeiros mosteiros no vale do Anio, vizinho a Subiaco.

No ano de 529 Bento deixou Subiaco para estabelecer-se em Montecassino. Alguns explicaram esta transferência como uma fuga diante das intrigas de um invejoso eclesiástico local. Mas esta tentativa de explicação se revelou pouco convincente, já que a morte inesperada dele não induz Bento a retornar (II Diál. 8). Na verdade, ele se impôs esta decisão porque havia entrado em uma nova fase de seu amadurecimento interior e de sua experiência monástica. Segundo Gregório Magno, o êxodo do remoto vale do Anio para Montecassino – uma altura que, dominando a vasta planície circunstante, é visível de longe – reveste um caráter simbólico: a vida monástica no ocultamento tem sua razão de ser, mas um mosteiro tem também uma finalidade pública na vida da Igreja e da sociedade: deve dar visibilidade à fé como força de vida. De fato, quando, em 21 de março de 547, Bento conclui sua vida terrena, deixou com sua Regra e com a família beneditina por ele fundada um patrimônio que produziu nos séculos transcorridos, e produz ainda agora, fruto no mundo inteiro.

Em todo o segundo livro dos Diálogos, Gregório nos ilustra como a vida de São Bento estava imersa em uma atmosfera de oração, principal fundamento de sua existência. Sem a oração não há experiência de Deus. Mas a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na inquietude e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e justamente assim não perde mais de vista os deveres da vida cotidiana e o homem com suas necessidades concretas. Vendo Deus, entende a realidade do homem e sua missão. Na sua Regra, ele qualifica a vida monástica como «uma escola do serviço do Senhor» (Prol. 45) e pede a seus monges que «à Obra de Deus [isto é, ao Ofício Divino ou à Liturgia das Horas] não se anteponha nada» (43, 3). Sublinha, porém, que a oração é em primeiro lugar um ato de escuta (Pról. 9-11), que deve pois traduzir-se em ação concreta. «O Senhor espera que nós respondamos todo dia, com fatos, a seus santos ensinamentos», ele afirma (Pról. 35). Assim, a vida do monge se torna uma simbiose fecunda entre ação e contemplação, «a fim de que em tudo Deus seja glorificado» (57, 9). Em contraste com uma auto-realização fácil e egocêntrica, hoje mesmo exaltada, o primeiro e irrenunciável empenho do discípulo de São Bento é a sincera busca de Deus (58, 7), sobre o caminho traçado por Cristo humilde e obediente (5, 13), ao amor do qual ele não deve antepor qualquer coisa (4, 21; 72, 11); e justamente assim, no serviço ao outro, torna-se homem do serviço e da paz. No exercício da obediência transformada em ato com uma fé animada pelo amor (5,2), o monge conquista a humildade (5,1), à qual a Regra dedica um capítulo inteiro (7). Deste modo, o homem se torna sempre mais conforme a Cristo e alcança a verdadeira auto-realização como criatura à imagem e semelhança de Deus.

À obediência do discípulo deve corresponder a sabedoria do Abade, que no mosteiro assume «o lugar de Cristo» (2,2; 63,13). Sua figura, delineada sobretudo no segundo capítulo da Regra, com um perfil de espiritual beleza e de exigente empenho, pode ser considerada como um auto-retrato de Bento, pois – como escreve Gregório Magno – «o Santo não pode de modo algum ensinar diversamente de como viveu» (Diál. II, 36). O Abade deve ser ao mesmo tempo um tenro pai e também um severo mestre (2, 24), um verdadeiro educador. Inflexível contra os vícios, é, porém, chamado sobretudo a imitar a ternura do Bom Pastor (27,8), a «ajudar muito mais que dominar» (64,8), a «acentuar mais com os fatos que com as palavras tudo o que é bom e santo» e a «ilustrar os divinos mandamentos com seu exemplo» (2,12). Para estar em grau de decidir responsavelmente, o Abade também deve ser alguém que escuta «o conselho dos irmãos» (3,2), porque «mesmo Deus revela ao mais jovem a solução melhor» (3,3). Esta disposição torna surpreendentemente moderna uma Regra escrita há quase quinze séculos! Um homem de responsabilidade pública, e também em pequenos âmbitos, deve sempre ser também um homem que sabe escutar e sabe aprender do que escuta.

Bento qualifica a Regra como «mínima, escrita só para o início» (73,8); na verdade, porém, essa oferece indicações úteis não só aos monges, mas também a todos aqueles que buscam um guia em seu caminho para Deus. Pela sua medida, sua humanidade e seu sóbrio discernimento entre o essencial e o secundário na vida espiritual, ela pode manter sua força iluminadora até hoje. Paulo VI, proclamando em 24 de outubro de 1964 São Bento como padroeiro da Europa, queria reconhecer a obra maravilhosa desenvolvida pelo Santo mediante a Regra para a formação da civilização e da cultura européia. Hoje a Europa – saída há pouco de um século profundamente ferido por duas guerras mundiais e depois da queda das grandes ideologias reveladas como trágicas utopias – está em busca de sua identidade. Para criar uma unidade nova e duradoura, são certamente importantes os instrumentos políticos, econômicos e jurídicos, mas ocorre também suscitar uma renovação ética e espiritual que chegue às raízes cristãs do continente, ou então não se pode reconstruir a Europa. Sem esta seiva vital, o homem fica exposto ao perigo de sucumbir à antiga tentação de querer ser redimido por si mesmo – utopia que, de uma forma diversa, na Europa do século passado causou, como revelou o Papa João Paulo II, «uma volta sem precedentes na atormentada história da humanidade» (Insegnamenti, XIII/1, 1990, p. 58). Buscando o verdadeiro progresso, escutemos também hoje a Regra de São Bento como uma luz para nosso caminho. O grande monge permanece sendo um verdadeiro mestre de cuja escola podemos aprender a arte de viver o verdadeiro humanismo.

Ordem que foi próxima do arcebispo Lefebvre anuncia comunhão com Roma

Os Redentoristas Transalpinos, com sede central na ilha da Escócia

ROMA, segunda-feira, 14 de julho de 2008 (ZENIT.org).- O Frei Michael Mary, C.SS.R., vigário geral dos Redentoristas Transalpinos, com sede central em uma ilha escocesa, que em sua história recebeu ajuda do arcebispo Marcel Lefebvre e da fraternidade sacerdotal de São Pio X, anunciou pela internet sua comunhão com Roma.

O anúncio acontece em uma carta apresentada no site da Ordem, (http://www.papastronsay.com) e publicada em seu próprio blog (http://papastronsay.blogspot.com).

A ordem celebra a Eucaristia segundo o rito precedente à reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

O anúncio explica que este passo aconteceu depois que em «18 de junho passado, diante do cardeal Darío Castrillón e dos membros da Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, em Roma, eu pedira humildemente à Santa Sé, em meu nome e em nome do conselho do mosteiro, que as sanções sacerdotais fossem suspensas».

«Em 26 de junho, recebi oralmente a mensagem que afirmava que a Santa Sé apoiou nossa petição. Todas as censuras canônicas foram suspensas», anuncia.

«Estamos profundamente agradecidos ao nosso Santo Padre, Bento XVI, por ter publicado em julho do ano passado o Motu Proprio Summorum Pontificum, que nos convidou a uma comunhão serena com ele», afirma o vigário.

«Agora temos esta serena comunhão! É uma pérola de grande valor; um tesouro escondido no campo; uma doçura que não pode ser imaginada por aqueles que não a provaram.»

«Seu valor não pode ser expresso plenamente com a linguagem humana, e por esse motivo esperamos que todos os sacerdotes tradicionalistas que ainda não o fizeram, respondam ao convite do Papa Bento XVI para desfrutar da graça da serena comunhão com ele.»

Pensando no futuro, segundo explica, «o próximo passo será erigir canonicamente nossa comunidade».

Originalmente baseada em Joinville, França, a ordem se trasladou à ilha de Sheppey, Kent, e de maneira permanente em Papa Stronsay, pequena ilha do norte de Escócia, em 1999. Vivem no mosteiro de Golgotha e publicam «The Catholic».

A ordem estabeleceu recentemente um segundo mosteiro na cidade de Christischurch, Nova Zelândia, cujo blog também divulgou o anúncio da comunhão com Roma.

Sua regra se baseia na de Santo Alfonso Maria de Ligório, mas não tem laços hierárquicos com a ordem Redentorista.

Paulo é modelo para os sacerdotes, diz patriarca de Lisboa

D. José Policarpo ordena padres e diáconos na abertura do Ano Paulino

Por Alexandre Ribeiro

LISBOA, segunda-feira, 30 de junho de 2008 (ZENIT.org).- O Cardeal-Patriarca de Lisboa apresentou nesse domingo o exemplo de Paulo aos presbíteros recém-ordenados, destacando que o sacerdote tem de aprender a acreditar em Jesus Cristo e na Igreja.

D. José Policarpo presidiu à missa de abertura do Ano Paulino no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, ocasião em que ordenou sete padres e quatro diáconos.

Segundo o cardeal, «o apóstolo Paulo e o seu itinerário de fidelidade» impõem-se como «modelo inspirador do vosso ministério».

D. José Policarpo afirma que Paulo está seguro de que o Senhor é capaz de o manter fiel na fé.

«Cristo vivo é o fundamento sólido da fé de Paulo, desde o início, a sua conversão na Estrada de Damasco, até ao fim, quando lhe será atribuída a coroa de justiça que o Senhor lhe dará naquele dia, o dia da plena manifestação de Cristo.»

«Entre estes dois momentos situa-se a sua vida, o palco do grande combate, em que reconhece: “o Senhor esteve a meu lado e deu-me força” (2Tim. 4,17)», afirma.

De acordo com o cardeal, a fé foi para Paulo «uma aventura de amor e de fidelidade a Jesus Cristo. “Para mim viver é Cristo” (Fil. 1,21), é o desabafo que o define».

«É através da fé que mergulha em Jesus Cristo e usufrui da Sua fecundidade redentora. A fé é um mergulho em Jesus Cristo, que leva a mergulhar em Deus.»

O testemunho de vida de Paulo prova que «a evangelização não é um programa humano, é uma paixão por Jesus Cristo».

«Paulo está de tal maneira consciente de que é na fé que se ama Jesus Cristo, que se nos revela como Salvador, que a maior urgência é comunicar a fé, que nasce da Palavra que é Cristo vivo, porque Ele é a Palavra encarnada.»

«Evangelizar é proporcionar aos homens a relação vital com Jesus Cristo». «Evangelizar é fazer ouvir Jesus Cristo, levar a entregar-se a Ele na fé, na certeza de que a fé é uma experiência de amor», enfatiza o cardeal.

D. José Policarpo falou então aos ordinandos que São Paulo os ajudaria «a descobrir a centralidade decisiva da fé, na vossa vida cristã e no exercício do vosso ministério».

«Cultivai a vossa fé, nunca esquecendo que ela é um dom de Deus, fruto da ação de Deus em nós, nos atrai, nos escolhe e nos consagra.»

«Não esqueçais também que a fé é um combate que há-de dar forma à vossa fidelidade a Cristo, à Igreja, ao Povo que Ele ama e a quem vos confia», afirmou.

De acordo com o patriarca de Lisboa, o sacerdote «tem de aprender a acreditar em Jesus Cristo, na Igreja e a amar Jesus Cristo, amando a Igreja».

«Saúdo neste momento todos: os que começam, os que há 25, 50, 60 anos procuraram amar a Cristo, amando a Igreja. Oxalá todos possam exclamar à chegada: “Combati o bom combate, guardei a fé” (2Tim. 4,7)», destacou o cardeal.

Nasce mosteiro com adoração perpétua na Galiléia

KORAZIM (Israel), quinta-feira, 3 de abril de 2008 (ZENIT.org).- No sábado passado, 29 de março, durante um encontro com cerca de 170 bispos europeus, foi inaugurado um mosteiro construído na parte direita da Domus Galilaeae, onde acontecerá a adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento.

Cumpre-se, desta maneira, depois de quase um século, o desejo contemplado pelo beato Charles de Foucauld, quando se encontrava em Nazaré, de criar neste monte um lugar onde Cristo Eucaristia fosse uma presença permanente e adorada.

Com este fim, ele havia pensado em reunir uma pequena família monástica cuja vocação estivesse baseada na imitação da vida oculta de Jesus de Nazaré, na adoração eucarística perpétua e na evangelização nos países de missão.

Como sinal concreto de comunhão com a figura do fundador dos Pequenos Irmãos, uma relíquia do beato Charles de Foucauld será depositada sob o altar da capela circular, onde o Santíssimo será exposto noite e dia para ser adorado por todos os que habitam o mosteiro e pelos que se encontrem na Domus.

A adoração perpétua sobre esse monte sustentará «o diálogo entre o judaísmo e a Igreja Católica», segundo as indicações da carta enviada pelo Papa João Paulo II àDomus por ocasião da inauguração de sua biblioteca, assim como a promoção do diálogo ecumênico pela unidade das Igrejas cristãs.

O mosteiro está composto por 23 celas; em seu centro se encontra a capela circular sobre cujo teto se colocou um complexo escultural realizado por Kiko Argüello, que representa Jesus e os doze apóstolos durante a pregação do Sermão da Montanha.

Desta maneira, o monte no qual se proclamou pela primeira vez o mais essencial da pregação de Cristo será um sinal visível da oração da Igreja pela evangelização até os confins da terra.

A inauguração do mosteiro foi presidida pelo patriarca latino de Jerusalém, Sua Beatitude Michel Sabbah, acompanhado de outros bispos de vários ritos, do Custódio da Terra Santa, o Pe. Pierbattista Pizzaballa, o arcebispo Antonio Franco, núncio de Sua Santidade, e de todas as autoridades civis da região. Também participaram numerosos embaixadores.

Jovens acolhem Papa com entusiasmo em São Paulo

Encontro especial do pontífice com a juventude leva 35 mil pessoas ao Pacaembu

SÃO PAULO, quinta-feira, 10 de maio de 2007 (ZENIT.org).- 35 mil vozes entoavam o refrão “Bento, Bendito, bem-vindo, nosso povo te acolhe com amor”, quando o Papa chegou ao Estádio do Pacaembu, zona oeste de São Paulo, no início da noite desta quinta-feira, para o encontro especial com a juventude.

O pontífice saiu do Mosteiro de São Bento em papa-móvel por volta das 17h45, hora de Brasília. Seguiu pelas ruas do centro de São Paulo até chegar ao Pacaembu, por volta das 18h15.

No interior do Estádio, 35 mil jovens já o aguardavam desde o início da tarde. Nos momentos que antecederam a chegada do pontífice, muita música alegrava o ambiente.

Quando souberam que o Papa se aproximava do Estádio, os jovens começaram a ensaiar um grito de acolhida que dizia: “Papa, nós também te amamos!”.

Ao início da cerimônia, fez-se uma homenagem à Amazônia, em alusão ao tema da Campanha da Fraternidade (período de Quaresma) da Igreja no Brasil este ano.

Cantou-se uma canção em que se repetia “Amazônia, Amazônia, é proibido queimar. Amazônia, Amazônia, é proibido matar”.

Em seguida, cinco jovens falaram ao Papa testemunhando algum aspecto específico da juventude. Tocaram em temas como a construção da civilização do amor, justiça, educação e o mundo do trabalho.

Jovens focolares assumiram o palco e apresentaram danças típicas do Brasil. As cores das congadas, catiras, capoeira, frevo, entre outros, acenavam a mistura de culturas que conformou o país, nestes seus pouco mais de 500 anos de evangelização cristã.

Após a leitura do Evangelho, o Papa discursou causando entusiasmo na multidão. O pontífice foi interrompido por aplausos e expressões de afeto 27 vezes durante sua alocução.

“Gostaria de dar um abraço bem brasileiro a todos vós”, expressou em determinado momento o Papa, causando frisson na juventude.

Ao recordar brevemente a figura de seu predecessor, João Paulo II, o Santo Padre abriu um sorriso, ao ver que os jovens gritavam “Santo”, “Santo”.

Após seu discurso, longamente aplaudido, todo o Estádio, liderado por Eugenio Jorge, de Missão Mensagem Brasil, e Adriana Pereira, cantou para o Papa “Ninguém te ama como eu”,

Após dar a bênção, Bento XVI voltou para o Mosteiro de São Bento em carro fechado. Já no Mosteiro, mais uma vez, a quinta neste dia, por volta das 21h, acenou para os fiéis que o aguardavam.

A riqueza da liturgia beneditina

Entrevista com o presidente do Pontifício Instituto Litúrgico de Roma

SANTO DOMINGO DE SILOS, domingo, 1 de outubro de 2006 (ZENIT.org).- Existe uma liturgia beneditina? Em uma conversa com o monge beneditino Juan Javier Flores –presidente do Pontifício Instituto Litúrgico de Roma (no Ateneu Pontifício Santo Anselmo)– Zenit explorou esta questão, sumamente atual desde a eleição de Bento XVI.

O padre Juan Javier Flores, da Abadia Beneditina de Santo Domingo de Silos, explica nesta entrevista a influência dos monastérios beneditinos na vida litúrgica da Igreja.

–Pode-se falar especificamente de uma liturgia beneditina ou é uma expressão inadequada?

–P. Flores: Não existe uma «liturgia monástica», como não existe uma liturgia beneditina, nem nunca existiu; existe um modo monástico ou beneditino de celebrar a sagrada liturgia. Porque a liturgia pertence à Igreja e é pensada, atuada e vivida para todos os cristãos.

Os monges não se separam da liturgia da Igreja, mas a aproveitam e vivem dela, posto que a liturgia é da Igreja.

Com este princípio como base, penso que a liturgia nos mosteiros de hoje deve ser uma liturgia que reflita o espírito e a letra dos livros litúrgicos renovados após a reforma litúrgica.

Sem nostalgias nem voltas a um passado romântico, os mosteiros estiveram na vanguarda do movimento litúrgico e, em linha com ele, deverão continuar sendo lugares onde se celebra e se vive a liturgia de hoje com o espírito de sempre.

A Regra de São Bento não tem nenhuma peculiaridade a respeito da Eucaristia ou ao restante dos sacramentos. É um documento do século VI; logo reflete a situação eclesial do momento.

Só no referente ao ofício divino –que agora chamamos de liturgia das horas– tem uma grande peculiaridade e originalidade. Ao largo do tempo e até hoje, têm existido na Igreja latina dois tipos de ofícios, o monástico e o ofício catedral ou clerical.

O ofício beneditino se funda em princípios de tradição monástica anterior, reúne e ordena elementos litúrgicos que em seu tempo aparecem no uso em diferentes igrejas. Tanto em seu conjunto como em inumeráveis detalhes o ofício divino da Regra beneditina tem uma grande originalidade.

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