Por Carlos Caso-Rosendi
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Primera Luz – http://voxfidei.blogspot.com/

Nestes últimos anos tem aumentado o coro dos que propõem a erradicação da religião por considerá-la perniciosa para a civilização. Repetem sem refletir as vozes que começaram com o anticlericalismo da Revolução Francesa, que insistia que a religião – especialmente a católica – era uma superstição que apenas atrasava o desenvolvimento potencial da humanidade. Desde aqueles distantes dias, sempre houve aqueles que querem facilmente posar de “intelectuais” e para isso não há nada mais normal do que opor algo que rejeite a religião em nome de uma suposta superioridade intelectual. O sujeito anti-religioso é imediatamente considerado um “livre pensador”, um transgressor das regras do “sistema” e infinitas outras rotulagens que não encontram qualquer amparo na realidade. Para quem consegue enxergar o jogo, a famosa postura anti-religiosa revela sempre as mesmas coisas: má formação intelectual, pobreza no manejo de conceitos abstratos, pouca leitura e muitos preconceitos alimentados geralmente pelo desejo de não se submeter aos limites da moral sexual.

Dizíamos que a Revolução Francesa – sim, a mesma que cortou a cabeça de Lavoisier, pai da física moderna – começou com esta moda do intelectualismo automático. Nada melhor e mais suscinto para um ignorante com pretensão de pensador que se alimente de dois padres no café da manhã para se transformar “ipso facto” em um “arauto da liberdade” e em um “sujeito inteligente e bem-informado”.

Porém, sempre há retrógrados medievais como eu (como podem ver, eu sei que sou assim e sou feliz por ser assim) que se empenham em provar com fatos que os tais secularistas inimigos da religião estão bastante equivocados. Insisto que é o Cristianismo, as idéias cristãs, que criaram primeiramente o intelecto ocidental, com sua genuína e original mistura de individualismo, curiosidade e equanimidade cívica, valores que por sua vez deram origem a sociedades concretas que promovem os direitos do ser humano, a ciência e os governos democráticos. A incoerência do secularismo de hoje é comparável a de um homem que certo dia diz para o seu vizinho, com a maior cara-de-pau, que ele é o inventor da Internet e também construtor da Torre Eiffel. Os secularistas modernos crêem que de alguma maneira essa vaga mistura de darwinismo, psicologia freudiana e marxismo que professam, criou e impôs os direitos humanos, a justiça social, a democracia e a ciência no mundo moderno, que até então era “atrasado” pelas “superstições religiosas”. Uma incoerência tão grave que se esquecem do cesto com a cabeça de Lavoisier, possivelmente a cabeça mais valiosa do Ocidente nessa época, até que a guilhotina revolucionária a separasse do corpo que a sustentava. Talvez se Lavoisier tivesse vivido por mais alguns anos, Newton e Einsten não teriam que trabalhar tanto…