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Concepções Protestantes e a Bíblia Sagrada.

1 — Protestantes: — Todas as verdades reveladas por Deus encontram-se na Bíblia.

O que diz a Bíblia:

“Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que no mundo inteiro não caberiam todos os livros que teriam que ser escritos”. (Jô 21,25)

“Embora tenham muitas coisas a vos escrever, não quis fazê-lo com papel e tinta. Mas quero ir ter convosco e vos falar de viva voz, para que a nossa alegria seja perfeita”. (3jo13)

“Jesus fez, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se encontram escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”.

2 — Protestantes: — Só a Bíblia contém as regras da fé, não a tradição.

O que diz a Bíblia:

Por conseguinte, irmãos ficai firmes: guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito. (2Ts 2,2)

“O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensiná-los a outro” (2Tm 2,2).

3 — Protestantes: O único magistério é o da Bíblia. Somente nela se pode crer.

O que diz a Bíblia:

“Ele lhes disse de novo: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Dizendo isto, soprou sobre eles e lhes disse: recebei o Espírito Santo”. (Jo 20 20,21)

“… ide, pois, e fazei com que todas as nações se tornem minhas discípulas, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28, 19-20).

“Quem vos ouve, a mim ouve, quem vos despreza, a mim despreza e também despreza aquele que me enviou”. (Lc 10, 16).

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse”. (Jô 14,26)

4 — Protestantes: A Bíblia é fácil de se entender, quem a lê está livre de erro.

O que diz a Bíblia:

“Isto mesmo ele (Paulo) faz em todas as suas cartas, ao falar nelas desse assunto. Nelas existem pontos difíceis de se entender, que algumas pessoas ignorantes e sem firmeza deturpam, como fazem com as demais Escrituras, para a própria perdição”. (2Pd 3,16)

“Disse então o Espírito a Filipe: Aproxima-te para bem perto do carro. Filipe acelerou o passo. Ouvindo que lia o profeta Isaías, disse-lhe: Porventura, entendes o que lês? Ele respondeu: Como posso entender se não há quem me explique? E convidou Filipe a subir e sentar-se ao lado dele”. (At 8,29-31)

5 — Protestantes: Jesus não estabeleceu autoridade alguma na sua Igreja; pastores e fiéis são todos iguais.

O que diz a Bíblia:

“Em verdade vos digo: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu”. (Mt 18,18)

“Olhai por vós e por todo rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos estabeleceu bispos para apascentar a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si pelo sangue do seu próprio Filho”. (At 20,28)

“Aos presbíteros que estão entre vós, exorto eu, que sou presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que há de ser revelada. Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não por coação, mas de livre vontade, como Deus quer, nem por torpe ganância, mas por devoção, nem como senhores daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos de rebanho. Assim, quando aparecer o supremo pastor, recebereis a coroa da glória que não murcha”. (1Pe 5,1-3)

“Nós vos rogamos, irmãos, que tenhais consideração por aqueles que se afadigam no meio de vós, e presidem no Senhor e vos admoestam. Tende para com eles um amor por causa do trabalho que eles executam. Vivei em paz uns com os outros”. (1Ts 5,12-13)

6 — Protestantes: A Igreja Romana no inicio foi a Igreja de Cristo, mas com o passar do tempo vem caindo em erros, abusos e escândalos, demonstrando que ela não é mais a Igreja de Cristo.

O que diz a Bíblia:

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16, 18-19).

“Se eu tardar, saberás como proceder na casa de Deus vivo: coluna e sustentáculo da verdade”. (1Tm 3,15)

7 — Protestantes: Jesus não constituiu Pedro cabeça da Igreja. Na Igreja não há outra cabeça senão Cristo. Logo não deve haver Papa.

O que diz a Bíblia:

“Depois de comerem, Jesus disse a Pedro: Simão Filho de João, tu me amas mais que estes?

— Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo, respondeu Pedro. Acrescentou Jesus: Apascenta os meus cordeiros. Uma segunda vez lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? — Sim, tu sabes que eu te amo, confirmou Pedro. Repetiu Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Pela terceira vez lhe disse Jesus: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro ficou triste por ter lhe perguntado pela terceira vez: Tu me amas? E lhe respondeu: Senhor, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas”. (Jô 21, 15-17) .

“Simão, Simão, Satanás vos procurou para vos peneirar como trigo, mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e tu, uma vez convertido, confirma os irmãos”. (Lc 22 31-32)

8 — Protestantes: Jesus não constituiu bispos para governar a sua Igreja. Jesus não deu aos seus apóstolos o poder de ordenar sacerdotes; portanto, o chamado sacerdócio católico não foi instituído por Cristo.

O que diz a Bíblia:

“Olhai por vós e por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constitui bispos, para apascentar a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si pelo sangue do seu próprio Filho” (At 20, 28)

“Certo dia, enquanto celebravam o culto do Senhor e jejuavam. Disse o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os destinei. Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e despediram-nos. Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram eles a Selêucia, e dali navegaram para Chipre” (At 13, 2-4)

“A ninguém imponhas apressadamente as mãos, não participes dos pecados de outrem. A ti mesmo conserva-te puro” (1Tm 5,22)

“Eu te deixei em Creta para cuidares da organização e ao mesmo tempo para que constituas presbíteros em cada cidade, cada qual devendo ser como te prescrevi…”(Tt 1,5)

9 — Protestantes: Qualquer um que esteja cheio do espírito evangélico é verdadeiro sacerdote de Cristo e pode pregar seu Evangelho sem necessidade de passar por cerimônias chamadas “ordenações” nem ser enviado por bispo ou papa.

O que diz a Bíblia:

“Portanto todo sumo sacerdote, tirado do meio dos homens, é constituído em favor dos homens em suas relações com Deus. A função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. É capaz de ter compreensão por aqueles que ignoram e erram”. (Hb 5,1-2)

“Mas como poderiam invocar aqueles que não creram? E como poderiam crer aqueles que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como poderiam pregar se não fossem enviados? Conforme está escrito [Is 57,7]: Quão belos são os pés que anunciam a paz”. (Rm 10, 14-15)

“Portanto, consideram-nos os homens como servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1Cor 3,9)

“Alguém está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor”. (Tg 5,14)

10 — Protestantes: Quem crer em Jesus Cristo como salvador se salva, não é necessário fazer boas obras.

O que diz a Bíblia:

“E se possuir o dom da profecia e conhecer todos os mistérios e toda a ciência e alcançar tanta fé que chegue a transportar montanhas, mas, se não tiver caridade, nada sou”. (1Cor 13,2)

“Não são os que ouvem a Lei que são justos perante Deus, mas os que cumprem a Lei é que serão justificados”. (Rm 2,13)

“Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé pode salvá-lo? Se o irmão ou a irmã não tiver o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos, e não lhes der o necessário para a manutenção, que proveito haverá nisso? Assim também é a fé, se não houver obras, será morta em si mesma. De fato alguém poderá objetar-lhe: Tu tens fé e eu obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a fé pelas obras. Tu crês que há um só Deus? Ótimo! Lembra-te, porém, de que também os demônios crêem, mas estremecem. Queres, porém, ó homem insensato, a prova de que a fé sem obras é vã? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas suas obras quando ofereceu sobre o altar Isaac, seu filho? Já vês que a fé concorreu para as suas obras e pelas obras é que a fé se realizou plenamente. E assim se cumpriu a Escritura que diz que Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça e ele foi chamado amigo de Deus. Estais vendo que o homem é justificado pelas obras e não simplesmente pela fé. Da mesma maneira também Raab, a meretriz, não foi justificada pelas obras, quando acolheu os mensageiros e os fez voltar por outro caminho? Com efeito, como o corpo sem o sopro da vida está morto, assim também é morta a fé sem obras”. (Tg 2,14-25)

11 — Protestantes: Jesus morreu pela salvação de todos; logo é fazer injuria a Cristo dizer que são necessárias nossas obras para a salvação, como se a redenção não fosse suficiente. A fé em Jesus é que nos merece o Reino do Céu, não as obras.

O que diz a Bíblia:

“O Filho do Homem há de vir na sua glória do seu Pai, com os anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com o seu comportamento”. (Mt 16,27)

“ Aí alguém se aproximou dele e disse: Mestre, que farei de bom para ganhar a vida eterna? Respondeu: Por que perguntas sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida, guarda os mandamentos. Aquele lhe perguntou: Quais? Jesus respondeu: Estes: Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra pai e mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Disse-lhe então o moço: Tudo isso tenho guardado, que me falta ainda? Jesus respondeu: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mt 19, 16-21)

12 — Protestantes: Jesus não está realmente na Eucaristia, nem quis ele dar-nos a sua carne e o seu sangue para comermos e bebermos. Isso é um absurdo forjado pela Igreja de Roma. Não há prova alguma na Bíblia de que Jesus haja estabelecido o que os católicos chamam sacrifício da missa, nem que os apóstolos hajam celebrado esta cerimônia.

O que diz a Bíblia:

“Em verdade, em verdade vos digo;aquele que crê, tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão, viverá eternamente. O pão que eu darei, é a minha carne para a vida do mundo. Discutiam entre si os judeus dizendo: Como pode este homem dar-nos a sua carne para comer? Jesus lhes respondeu então: Em verdade , em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberes o seu sangue, não tereis a vida em vós.Quem come a minhas carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente bebida. Quem come da minha carne e bebe do meu sangue, permanece em mim e eu nele” (Jô 6,47-56)

“Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que transmiti: na noite em que ia ser entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isso em memória de mim. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da Nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. (1Cor 11,27-29)

“Assim, pois, quem come o pão e bebe do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o corpo [do Senhor], come a própria condenação” (1Cor 11,27-29)

“O cálice da benção que abençoamos, nãoi é comunhão com o sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é o corpo de Cristo? Já que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos desse único pão”. (1Cor 10,16)

“Trabalhei não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna na, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o Pai, o marco com seu selo”. (Jô 6, 27)

“Assim lhes disse: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá forme e o que crer em mim nunca mais terá sede”. (Jô 6, 35)

“Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo para o Pai, aquele que comer de mim viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Ele não é como o que os pais comeram e pereceram; quem come deste pão viverá para sempre”. (Jô 6, 57-58)

13 — Protestantes: A crença no purgatório não tem fundamentação bíblica.

O que diz a Bíblia:

“Assume logo uma atitude conciliadora com teu adversário, enquanto estas com ele no caminho, para que teu adversário não te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça, e assim sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: Dali não sairás, enquanto não pagares até o último centavo”. ((Mt 5, 25-26)

“Cada um veja como constrói. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso do que foi posto: Jesus Cristo. Se alguém sobre esse fundamento constrói com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, a obra de cada um será posta em evidência. O Dia a tornará conhecida, pois ele se manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Se a obra construída sobre o fundamento subsistir, o operário receberá uma recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas, como que através do fogo”. (1Cor 3,10-15)

14 — Protestante: Só Deus perdoa os pecados, ele não concedeu aos padres católicos o poder de perdoá-los.

O que diz a Bíblia:

“Dizendo isto, Jesus soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, aqueles aos quais não os perdoardes, ser-lhe-ão retidos”. (Jô 20,22-23).

“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes na terra será ligado no céu e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu”. (Mt 18,18).

“Tudo isto vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Jesus e nos confiou o ministério da reconciliação”. (2Cor 5,18).

“Muitos dos que receberam a fé, vinham confessar as suas práticas supersticiosas”. (At 19,10)

“Vendo o ocorrido, isto é, perdão dos pecados do paralítico, as multidões…glorificaram a Deus que deu tal poder aos homens”. (Mt 9,8).

15 — Protestantes: Em nenhuma parte da Bíblia se encontra, como ensinamento divino, a lei do celibato no ministério pastoral.

“A propósito das pessoas virgens não tenho preceito do Senhor; mas posso dar conselho, porque obtive do Senhor a misericórdia de ser digno de fé. Creio, pois, que, por causa das angustias do presente, é bom que o homem fique assim. Estás livre de mulher? Não procures mulher. Se te casares, não pecarás, se uma virgem se casa, não peca; mas essas pessoas sofrerão as tribulações da vida matrimonial, que eu quisera poupar-vos”. (1Cor 7,25-28).

“Eu quisera que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma, a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura agradar o marido. Digo-vos isto pelo vosso interesse, não para armar ciladas, mas para que façais o que é mais nobre e possais permanecer junto ao Senhor sem distrações”. (1Cor 7,32-35).

“Digo às pessoas solteiras e às viúvas que é bom ficarem como eu” (1Cor 7,8).

“Jesus lhes disse: Em verdade eu vos digo, não há quem tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais e filhos por causa do Reino de Deus, sem que receba muito mais neste tempo e, no mundo futuro, a vida eterna”. (Lc 18,29-30)

“Ele acrescentou: Nem todos são capazes de compreender essas palavras, mas somente aquele a quem é concedido. Há eunucos que nasceram assim, desde o ventre materno. Há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens. E há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus. Quem tiver capacidade para compreender, que compreenda”. (Mt 19,11-12).

16 — Protestantes: O matrimonio não é um sacramento instituído por Jesus.

O que diz a Bíblia:

“Alguns fariseus aproximaram-se dele, querendo pô-lo à prova. Perguntaram-lhe: è lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja? Ele respondeu: Não lestes que desde o principio o Criador os fez homem e mulher? E disse: Por isso o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e os dois serão uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne. Portanto não separe o homem que Deus uniu”. (Mt 19,3-6) ver também (Mc 10,2-12)

“Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem me mulher. Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”. (Gn 1, 27-28)

“E, vós maridos, amai as vossas mulheres como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela, … pois ninguém jamais quis mal a própria carne, antes a alimenta e cuida dela, como também fez Cristo com a sua Igreja, … É grande este mistério, refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja”. (Ef 5, 25-29)

17 — Protestantes: É um absurdo teológico ensinar ou crer que Deus tem mãe; logo Maria não pode ser chamada mãe de Deus. O culto que os católicos tributam a Maria, é contrária a Bíblia.

O que diz a Bíblia:

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! Ela ficou intrigada com estas palavras, e pôs-se a pensar qual o significado daquela saudação. O anjo acrescentou: Não temas, Maria. Encontras-te graça junto de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para sempre, e o deu reino não terá fim. Maria, porém, disse ao anjo: Como pode acontecer isso, se eu não conheço homem algum? O anjo lhe respondeu: O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado Filho do Altíssimo. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês [de gestação] para aquela que chamavam de estéril. Para Deus, com efeito, nada é impossível. Disse então Maria: Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo retirou-se”. (Lc 1, 26-38)

“Com grande grito exclamou [Isabel] : Bendita és tu entre as mulheres, bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”. (Lc 1,1-41).

18 – Protestantes: Deus proibiu terminantemente no decálogo esculpir estátuas ou imagens.

O que diz a Bíblia:

“Farás um propiciatório de ouro puro, 125 cm de comprimento e 75 cm de largura. Farás dois querubins de ouro polido, nas duas extremidades do propiciatório, um de um lado do outro lado, de modo que os querubins estejam nos dois extremos do propiciatório. Os querubins com as asas estendidas por cima estarão encobrindo o propiciatório, um de frente do outro, voltados para o propiciatório. Porás o propiciatório sobre a arca, e dentro da arca o documento da aliança que te darei. Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, no meio dos dois querubins colocados sobre a arca da aliança, eu te comunicarei o que eu ordenar aos israelitas”. (Ex 25, 10-22).

“O Senhor respondeu-lhe: “Esculpi uma serpente venenosa e colocai-a sobre um poste. Quem for mordido por uma víbora e contemplar a serpente esculpida viverá. Moises obedeceu, fez uma serpente de bronze e a colocou sobre um poste; se alguém era mordido por uma víbora, contemplava a serpente de bronze e vivia. (Nm. 21, 8-9)

“ Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem”. (Jô 3, 14).

19 — Protestantes: A invocação aos anjos e santos é contrária à Bíblia, não devemos invocá-los.

O que diz a Bíblia:

“… que o anjo que me salvou de todo mal abençoe estas crianças, nelas sobrevivam o meu nome e o de meus pais, Abraão, Isaac, que elas cresçam e se multipliquem sobre a terra!”. (Gn 48,16).

“Pecamos contra o Senhor e contra ti. Intercede junto ao Senhor para que afaste de nós estas serpentes. Moisés intercedeu em favor do seu povo”. (Nm 21,7)

“Eu vos peço, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo, e pelo amor do Espírito Santo, que luteis comigo nas orações que fazeis por mim a Deus”. (Rm 15, 30)

“… orai uns pelos outros, para que sejais curados. A oração fervorosa do justo tem grande poder. Assim Elias, que era um homem semelhante a nós, orou com insistência para que não chovesse, e não choveu na terra durante três anos e seis meses. Em seguida tornou a orar e o céu enviuo sua chuva e a terra voltou a produzir fruto”. (Tg 5,16-18)

20 — Protestantes: Os santos do céu nada sabem sobre nós; por conseguinte, ignoram os nossos pedidos; é inútil invocá-los.

O que diz a Bíblia:

“Com orações e súplicas de toda sorte, orai por todo tempo, no Espírito, e para isso vigiai com absoluta perseverança e súplicas por todos os santos”. (Ef 6,18)

Ao receber o livro, os quatro Seres vivos e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada qual com uma cítara e taças de ouro cheias de incenso, que são orações dos santos, …” (Ef 6,18)

“Moises, porém, suplicou ao Senhor, seu Deus, e disse: Por que , ó Senhor, se acende a tua ira contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? — O Senhor, então, desistiu de aplicar o castigo com o qual havia ameaçado o povo”. (Ex 32, 11-14).

“No dia seguinte, Moisés disse ao seu povo: Vós cometestes um pecado grave. Todavia, eu vou subir ao Senhor; talvez consiga expiar o vosso pecado.”(Ex 32,30)

“Os filhos de Israel tiveram medo dos filisteus. Não cesses de invocar o Senhor nosso Deus, para que ele nos livre das mãos dos filisteus”. (1Sm 7,7-8).

“Irmãos, eu vos peço, por nosso Senhor Jesus Cristo, que luteis comigo nas orações que fazeis por mim.” (Rm 15,30).

“Orai por nós, irmãos”. (1Ts 5,25)

“ não desprezeis nenhum desses pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos no céu vêem continuamente a face do meu Pai que está nos céus”. (Mt 18,10).

“Orai por nós, porque estamos convencidos de que possuímos uma boa consciência, e com a vontade de viver bem em tudo”. (Hb 13,18).

21 — Protestantes: Não temos garantia de que os anjos e santos no céu pedem por nós, ignorância invocá-los para que intercedam por nós.

O que diz a Bíblia:

“Então falou o anjo do Senhor dos exércitos: Até quando demorarás ainda a ter piedade de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais estás irado há setenta anos”. (Zc 1,12)

“Ao receber o livro, os vinte quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, cada um com uma cítara e taças cheias de incenso, que são as orações dos santos, …” (Ap 5,8)

Remate: — Os protestantes, nas suas centenas de denominações, não aceitam a Igreja Católica como a única verdadeira, isto é, que ela não ensina a verdade: evidente. Os protestantes afirmam que base da sua fé se encontra a na Bíblia. Ora, se as Igrejas protestantes não dão credibilidade a Igreja Católica, por que então aceitam a Bíblia com fundamento da sua fé? Durante mil e quintos anos, quem preservou a Bíblia e de modo especial o Novo Testamento — porque os judeus preservaram o Velho Testamento — foi tão somente a Igreja Católica Apostólica Romana até a invenção da imprensa por Guttemberg. A Igreja Católica confiou aos monges beneditinos as cópias manuscritas das páginas da Bíblia durante séculos. A Igreja Católica se não fosse verdadeira, merecedora de confiança, poderia muito bem ter manipulado a Bíblia de acordo com o seu interesse, principalmente o Novo Testamento. Foi a Igreja Católica, iluminada pelo Espírito Santo, que separou nos primeiros séculos os Evangelhos autênticos dos apócrifos. Martinho Lutero, ex-frade agostiniano, o primeiro a se rebelar contra a Igreja Católica, uso da Bíblia Católica para fundamentar a sua reforma protestante. Se a Igreja Católica não merece credibilidade, então por coerência, a Bíblia que todos nós conhecemos também não merece.

Jesus disse: “E eu te digo: tu és Pedro e sobre está pedra construirei a minha Igreja…”. Ele falou a minha Igreja e não as minhas Igrejas.

“Há um só Senhor, uma só Fé, um só Batismo”. (Ef 4,5)

Enviado por: José Carlos de Castro Rios — São Paulo — SP.

Quem tem a autoridade? E quem não a tem!

Por Bob Stanley
Tradução: n/c
Fonte: Veritatis Splendor

Autoridade: o que é isto? O que significa? Sua raiz está na palavra “autor”, que significa “criador” ou “originador”. Vem do latim “auctoritas”: “o poder do criador para comandar ou tomar decisões”. O dicionário define como: “o poder de executar a lei, exigir obediência, comandar, determinar ou julgar. Também significa: “aquele que foi investido de poder, especialmente um governador”.

Então a palavra pode se aplicar tanto a uma forma de governo quanto a um indivíduo. O Senado tem a autoridade de fazer leis, a Suprema Corte tem a autoridade de interpretar aquelas leis e o Presidente tem a autoridade de executá-las.

O que você acha que aconteceria se não houvesse autoridade? Haveria anarquia, tumulto, caos, todo mundo “fazendo o que bem quiser”. A civilização, do jeito que a conhecemos, iria se desmoronar rapidamente. Veja o caso da Albânia: poucos dias depois do colapso da autoridade, houve anarquia, com milhares tentando fugir para salvar suas vidas. A Escritura nos recorda que: “Por falta de direção cai um povo; onde há muitos conselheiros, ali haverá salvação.” (Pr 11,14; 24,6).

A autoridade vem do “Autor da Vida”: At 3,15. Toda autoridade vem de DEUS: “Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem, atraem sobre si a condenação.” (Rm 13,1-2). Perceba que DEUS é seletivo com quem Ele dá justa autoridade.

A Igreja Católica tem uma forma de governo chamada teocracia e opera com uma “Hierarquia”. Como qualquer outra forma de governo, tem que ter “autoridade” para funcionar. A Igreja recebeu sua autoridade de seu fundador, Jesus Cristo:

Pregador do Papa comenta piquenique mais feliz da história

A passagem evangélica da liturgia do domingo

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 31 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap, pregador da casa Pontifícia, sobre a liturgia do próximo domingo.

XVIII Domingo do Tempo Comum

Isaías 55, 1-3; Romanos 8,35.37-30; Mateus 14, 13-21

Todos comeram e ficaram saciados

Um dia, Jesus havia se retirado a um lugar solitário, às margens do Mar da Galiléia. Mas quando ia desembarcar, encontrou uma grande multidão que o esperava. «Sentiu compaixão deles e curou seus doentes.» Falou do Reino de Deus para eles. Pois bem, enquanto isso, escureceu. Os apóstolos lhe sugeriram que despedisse a multidão, para que pudessem encontrar algo para que comer nos povoados próximos. Mas Jesus os deixou atônitos, dizendo-lhes em voz alta, para que todos escutassem: «Dai-lhes vós mesmos de comer». «Não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes», respondem-lhe, desconcertados. Jesus pede que os tragam. Convida todos a se sentarem. Toma os cinco pães e os dois peixes, reza, agradece ao Pai, depois ordena que distribuam tudo à multidão. «Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios». Eram cerca de 5 mil homens, sem contar mulheres e crianças, diz o Evangelho. Foi o piquenique mais feliz da história do mundo!

O que este evangelho nos diz? Em primeiro lugar, que Jesus se preocupa e «sente compaixão» do homem completo, corpo e alma. Às almas Ele dá a palavra, aos corpos, a cura e o alimento. Alguém poderia dizer: «Então, por que Ele não faz isso também hoje? Por que não multiplica o pão entre tantos milhões de famintos que existem na terra?». O evangelho da multiplicação dos pães oferece um detalhe que pode nos ajudar a encontrar a resposta. Jesus não estalou os dedos para que aparecesse, como mágica, pão e peixe para todos. Ele perguntou o que eles tinham; convidou a compartilhar o pouco que tinham: 5 pães e 2 peixes.

Hoje Ele faz a mesma coisa. Pede que compartilhemos os recursos da terra. Sabemos perfeitamente que, pelo menos do ponto de vista alimentar, nossa terra seria capaz de dar de comer a bilhões de pessoas a mais do que as que existem hoje. Mas como podemos acusar Deus de não dar pão suficiente para todos, quando cada dia destruímos milhões de toneladas de alimentos que chamamos de «excedentes» para que não diminuam os preços? Melhor distribuição, maior solidariedade e capacidade para compartilhar: a solução está aqui.

Eu sei, não é tão fácil. Existe a mania dos armamentos, há governantes irresponsáveis que contribuem para manter muitas populações na fome. Mas uma parte da responsabilidade recai também nos países ricos. Nós somos agora essa pessoa anônima (um menino, segundo um dos evangelistas) que tem 5 pães e 2 peixes; mas nós os temos muito bem guardados e temos cuidado para não entregá-los, por medo de que eles sejam distribuídos entre todos.

A forma como se descreve a multiplicação dos pães e dos peixes («elevando os olhos ao céu, pronunciou a bênção e, partindo os pães, deu-os aos discípulos e estes à multidão») sempre recordou a multiplicação desse outro pão que é o Corpo de Cristo. Por este motivo, as representações mais antigas da Eucaristia nos mostram um cesto com 5 pães e, ao lado, 2 peixes, como o mosaico em Tabga, na palestina, na igreja construída no lugar da multiplicação dos pães, ou na famosa pintura das catacumbas de Priscila em Roma.

No fundo, o que estamos fazendo neste momento também é uma multiplicação dos pães: o pão da palavra de Deus. Eu parti o pão da palavra e a internet multiplicou minhas palavras, de forma que mais de 5 mil homens, também neste momento, se alimentaram e ficaram saciados. Resta uma tarefa: recolher «os pedaços que sobraram», fazer a Palavra chegar também a quem não participou do banquete. Converter-se em «repetidores» e testemunhas da mensagem.

[Tradução; Aline Banchieri]

São Gregório I de Roma

Por Papa Bento XVI
Tradução: Élison Santos
Fonte: Zenir

Queridos irmãos e irmãs!

Na quarta-feira passada, falei de um Padre da Igreja pouco conhecido no Ocidente, Romano o Meloda; hoje desejo apresentar a figura de um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro doutores do Ocidente, o Papa São Gregório, que foi bispo de Roma entre o ano 590 e 604, e que mereceu da parte da tradição o títuloMagnus/Grande. Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, em torno de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pelo apego à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família procediam dois Papas: Félix III (483-492), tataravô de Gregório, e Agapito (535-536). A casa na qual Gregório cresceu se levantava na Clivus Scauri, rodeada de solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da antiga Roma e a força espiritual do cristianismo. Para inspirar-lhe elevados sentimentos cristãos estiveram também os exemplos de seus pais Giordiano e Silvia, ambos venerados como santos, e os de suas tias paternas Emiliana e Tarsília, que viviam na própria casa como virgens consagradas em um caminho compartilhado de oração e ascese.

Gregório ingressou logo na carreira administrativa, que havia seguido também seu pai, e em 572 alcançou o cume, convertendo-se em prefeito da cidade. Este cargo, complicado pela tristeza daqueles tempos, permitiu-lhe aplicar-se em um amplo raio a todo tipo de problemas administrativos, obtendo deles luz para suas futuras tarefas. Em particular ficou nele um profundo sentido da ordem e da disciplina: já como Papa, sugerirá aos bispos que tomem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito das leis próprias dos funcionários civis. Aquela vida não lhe devia satisfazer, visto que, não muito depois, decidiu deixar todo cargo civil para retirar-se em sua casa e começar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André. Desse período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta de sua palavra, ficou nele uma perene nostalgia que sempre de novo e cada vez mais aparece em suas homilias: em meio às preocupações pastorais, ele recordará várias vezes em seus escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Pôde assim adquirir esse profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, do qual se serviu depois em suas obras.

Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito. A preciosa experiência amadurecida na administração civil em um período carregado de graves problemas, as relações que teve nesta tarefa com os bizantinos, a estima universal que havia ganhado, induziram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu «apocrisiario» – hoje se diria «Núncio Apostólico» – para favorecer a superação dos últimos restos de controversa monofisista e sobretudo para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda. A permanência em Constantinopla, onde havia reiniciado a vida monástica com um grupo de monges, foi importantíssima para Gregório, pois lhe permitiu ganhar experiência direta no mundo bizantino, assim como se aproximar do problema dos Longobardos, que depois colocaria à prova sua habilidade e sua energia nos anos do Pontificado. Passados alguns anos, foi chamado de novo a Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as contínuas chuvas, o transbordamento dos rios e a carestia atingiam muitas áreas da Itália e da própria Roma. No final se desatou a peste, que causou numerosas vítimas, entre elas também o Papa Pelágio II. O clero, o povo e o senado foram unânimes em eleger como seu sucessor na Sede de Pedro precisamente ele, Gregório. Tentou resistir, inclusive buscando a fuga, mas tudo foi inútil: ao final teve de ceder. Era o ano de 590.

Reconhecendo que havia sucedido a vontade de Deus, o novo pontífice se pôs imediatamente ao trabalho com empenho. Desde o princípio revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual devia medir-se, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos tanto eclesiais como civis, um constante equilíbrio nas decisões, também valentes, que sua missão lhe impunha. Conserva-se de seu governo uma ampla documentação graças ao Registro de suas cartas (aproximadamente 800), nas quais se reflete o enfrentamento diário dos complexos interrogantes que chegavam à sua mesa. Eram questões que procediam dos bispos, dos abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de toda ordem e grau. Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma, havia um de particular relevância no âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou toda a energia possível com vistas a uma solução verdadeiramente pacificadora. Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos eram só indivíduos depredadores a quem era preciso derrotar ou exterminar, São Gregório via estas pessoas com os olhos do bom pastor, preocupado por anunciar-lhes a palavra de salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade orientadas a uma futura paz fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos. Preocupou-se pela conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrantes na Bretanha e os Lonbogardos foram os destinatários privilegiados de sua missão evangelizadora. Ontem celebramos a memória litúrgica de Santo Agostinho de Canterbury, guia de um grupo de monges aos que Gregório encomendou ir a Bretanha para evangelizar a Inglaterra.

Santo Efrém da Síria

Por Papa Bento XVI
Tradução: Zenit
Fonte: Vaticano/Zenit

Queridos irmãos:

Segundo uma opinião comum hoje, o cristianismo seria uma religião européia, que teria exportado a cultura deste continente a outros países. Mas a realidade é muito mais complexa, pois a raiz da religião cristã se encontra no Antigo Testamento e, portanto, em Jerusalém e no mundo semítico. O cristianismo se alimenta sempre desta raiz do Antigo Testamento. Sua expansão nos primeiros séculos aconteceu tanto para o Ocidente como para o mundo greco-latino, onde depois inspirou a cultura Européia, como para o Oriente, até a Pérsia, Índia, ajudando deste modo a suscitar uma cultura específica, com línguas semíticas, e com uma identidade própria.

Para mostrar esta multiformidade cultural da única fé cristã dos inícios, na catequese da quarta-feira passada falei de um representante deste outro cristianismo, Afraates o sábio persa, para nós quase desconhecido. Nesta mesma linha, quero falar hoje de Santo Efrém o sírio, nascido em Nisibis em torno do ano 306, no seio de uma família cristã.

Foi o representante mais importante do cristianismo no idioma sírio e conseguiu conciliar de maneira única a vocação de teólogo com a de poeta. Formou-se e cresceu junto a Tiago, bispo de Nisibis (303-338), e junto a ele fundou a escola teológica de sua cidade. Ordenado diácono, viveu intensamente a vida da comunidade local até o ano 363, no qual Nisibis caiu nas mãos dos persas. Então Efrém imigrou para Edesa, onde continuou pregando. Morreu nesta cidade no ano 373, ao ser contagiado de peste em sua obra de atenção aos enfermos.

Não se sabe realmente se ele era monge, mas em todo caso é certo que decidiu continuar sendo diácono durante toda a sua vida, abraçando a virgindade e a pobreza. Deste modo, no caráter específico de sua cultura, pode-se ver a comum e fundamental identidade cristã: a fé, a esperança – essa esperança que permite viver pobre e casto neste mundo, pondo toda expectativa no Senhor – e por último a caridade, até oferecer o dom de si mesmo no cuidado dos enfermos de peste.

Santo Efrém nos deixou uma grande herança teológica: sua considerável produção pode reagrupar-se em quatro categorias: obras escritas em prosa (suas obras polêmicas e os comentários bíblicos); obras em prosa poética; homilias em verso; e por último, os hinos, sem dúvida a obra mais ampla de Efrém. É um autor prolífico e interessante em muitos aspectos, mas sobretudo desde o ponto de vista teológico.

O caráter específico de seu trabalho consiste em unir teologia e poesia. Ao aproximar-nos de sua doutrina, temos de insistir desde o início nisso: ele faz teologia de forma poética. A poesia lhe permite aprofundar na reflexão teológica através de paradoxos e imagens. Ao mesmo tempo, sua teologia se torna liturgia, se torna música: de fato, era um grande compositor, um músico. Teologia, reflexão sobre a fé, poesia, canto, louvor a Deus, estão unidos; e precisamente por este caráter litúrgico, aparece com nitidez na teologia de Efrém a verdade divina. Na busca de Deus, ao fazer teologia, segue o caminho do paradoxo e do símbolo. Privilegia as imagens opostas, pois lhe servem para sublinhar o mistério de Deus.

Agora não posso falar muito dele, em parte porque é difícil traduzir a poesia, mas para dar ao menos uma idéia de sua teologia poética, quero citar passagens de dois hinos. Antes de tudo, e frente também ao próximo Advento, eu vos proponho umas esplêndidas imagens tomadas dos hinos «Sobre a natividade de Cristo». Diante de Nossa Senhora, Efrém manifesta com inspiração sua maravilha:

«O Senhor veio a ela
para tornar-se servo.
O Verbo veio a ela
para calar em seu seio.
O raio veio a ela
para não fazer ruído.
O pastor veio a ela,
e nasceu o Cordeiro, que chora docemente.
O seio de Maria
trocou os papéis:
quem criou tudo
apoderou-se dele, mas na pobreza.
O Altíssimo veio a ela (Maria),
mas entrou humildemente.
O esplendor veio a ela,
mas vestido com roupas humildes.
Quem tudo dá
experimentou a fome.
Quem dá de beber a todos
sofreu a sede.
Saiu dela nu,
quem tudo reveste (de beleza)» (Himno «De Nativitate» 11, 6-8)

Afraates da Síria

Por Papa Bento XVI
Tradução: Zenit
Fonte: Vaticano/Zenit

Caríssimos irmãos e irmãs,

Em nossa excursão ao mundo dos Padres da Igreja, irei hoje vos guiar a uma parte pouco conhecida deste universo da fé, que são os territórios nos quais floresceram as Igrejas de língua semítica, ainda não influenciadas pelo pensamento grego. Essas Igrejas se desenvolveram ao longo do século IV no Oriente Médio, desde a Terra Santa até o Líbano e a Mesopotâmia.

Durante aquele século, que foi um período de formação no âmbito eclesial e literário, em tais comunidades se manifestou o fenômeno ascético-monástico com características autóctones, que não experimentaram a influência do monaquismo egípcio. Deste modo, as comunidades sírias do século IV foram uma representação do mundo semítico do qual saiu a própria Bíblia, e foram expressão de um cristianismo cuja formulação teológica ainda não havia entrado em contato com correntes culturais diversas, mas que vivia de formas de pensamento próprias. Foram Igrejas nas quais o ascetismo, sob várias formas eremíticas (eremitas no deserto, nas grutas, reclusos e estilistas), e o monaquismo, sob formas de vida comunitária, desempenharam um papel de vital importância para o desenvolvimento do pensamento teológico e espiritual.

Quero apresentar este mundo através da grande figura de Afraates, conhecido também como «Sábio», um dos personagens mais importantes e, ao mesmo tempo, mais enigmáticos do cristianismo sírio do século IV.

Originário da região de Nínive-Mosul, hoje Iraque, viveu na primeira metade do século IV. Temos poucas notícias sobre sua vida; de qualquer forma, ele manteve relações estreitas com os ambientes ascético-monásticos da Igreja síria, sobre a qual nos transmitiu algumas notícias em sua obra e à qual dedicou parte de sua reflexão. Segundo algumas fontes, dirigiu inclusive um mosteiro e, por último, foi ordenado bispo. Escreveu vinte e três discursos conhecidos com o nome de «Exposições» ou «Demonstrações», nos quais tratou diversos temas de vida cristã, como a fé, o amor, o jejum, a humildade, a oração, a própria vida ascética e também a relação entre judaísmo e cristianismo, entre Antigo e Novo Testamento. Escreveu com um estilo simples, com frases breves e com paralelismos às vezes contrastantes; contudo, conseguiu fazer uma reflexão coerente, com um desenvolvimento bem articulado dos vários temas que enfrentou.

Afraates era originário de uma comunidade eclesial que se encontrava na fronteira entre o judaísmo e o cristianismo. Era uma comunidade muito unida à Igreja de Jerusalém, e seus bispos eram eleitos tradicionalmente dentre os assim chamados «familiares» de Tiago, o «irmão do Senhor» (cf. Marcos 6, 3), ou seja, eram pessoas com vínculos de sangue e de fé com a Igreja jerosolimita. A língua de Afraates era o sírio, portanto, uma língua semítica como o hebraico do Antigo Testamento e o aramaico falado pelo próprio Jesus. A comunidade eclesial na qual Afraates viveu era uma comunidade que procurava permanecer fiel à tradição judaico-cristã, da qual se sentia filha. Por isso, mantinha uma relação estreita com o mundo judaico e com seus livros sagrados. Afraates se definia significativamente como «discípulo da Sagrada Escritura» do Antigo e do Novo Testamento («Exposição» 22, 26), que considerava sua única fonte de inspiração, recorrendo a ela tão freqüentemente até o ponto de convertê-la no centro de sua reflexão.

Os argumentos que Afraates desenvolveu em suas «Exposições» são variados. Fiel à tradição síria, apresentou com freqüência a salvação realizada por Cristo como uma cura e, por conseguinte, o próprio Cristo como o médico. No entanto, considera o pecado como uma ferida, que só a penitência pode sanar: «Um homem que foi ferido em batalha – dizia Afraates –, não se envergonha de colocar-se nas mãos de um médico sábio (…); do mesmo modo, quem foi ferido por Satanás não deve envergonhar-se de reconhecer sua culpa e afastar-se dela, pedindo o remédio da penitência» («Exposição» 7, 3).

Outro aspecto importante da obra de Afraates é seu ensinamento sobre a oração e, em especial, sobre Cristo como mestre de oração. O cristão reza seguindo o ensinamento de Jesus e seu exemplo orante: «Nosso Salvador ensinou a rezar dizendo assim: ‘Ora no segredo a quem está escondido, mas vê tudo’; e também: ‘Entra em teu quarto e ora a teu Pai, que está no segredo, e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará’ (Mateus 6, 6) (…). O que nosso Salvador quer mostrar é que Deus conhece os desejos e os pensamentos do coração» («Exposição», 4, 10).

Para Afraates, a vida cristã se centraliza na imitação de Cristo, em tomar seu jugo e em segui-lo pelo caminho do Evangelho. Uma das virtudes mais convenientes para o discípulo de Cristo é a humildade. Não é um aspecto secundário da vida espiritual do cristão: a natureza do homem é humilde, e Deus a eleva à sua própria glória. A humildade – observou Afraates – não é um valor negativo: «Se a raiz do homem está plantada na terra, seus frutos crescem ante o Senhor da grandeza» («Exposição» 9, 14). Sendo humilde, inclusive na realidade terrena que vive, o cristão pode entrar em relação com o Senhor. «O humilde é humilde, mas seu coração se eleva a alturas excelsas. Os olhos de seu rosto observam a terra e os olhos de sua mente, a altura excelsa» («Exposição» 9, 2).

A visão do homem e de sua realidade corporal que Afraates tinha é muito positiva: o corpo humano, seguindo o exemplo de Cristo humilde, está chamado à beleza, à alegria e à luz: «Deus se aproxima do homem que ama, e é justo amar a humildade e permanecer na condição de humilde. Os humildes são simples, pacientes, amados, íntegros, retos, especialistas no bem, prudentes, serenos, sábios, tranqüilos, pacíficos, misericordiosos, dispostos a converter-se, benévolos, profundos, ponderados, maravilhosos e desejáveis» («Exposição» 9, 14).

Em Afraates, a vida cristã se apresenta com freqüência com uma clara dimensão ascética e espiritual: a fé é sua base, seu fundamento; transforma o homem em um templo onde habita o próprio Cristo. Assim, pois, a fé torna possível uma caridade sincera, que se expressa no amor a Deus e ao próximo. Outro aspecto importante em Afraates é o jejum, que ele interpretava em sentido amplo. Falava do jejum do alimento como uma prática necessária para ser caridoso e virgem, do jejum constituído pela continência visando à santidade, do jejum das palavras vãs ou detestáveis, do jejum da cólera, do jejum da propriedade dos bens visando ao ministério, e do jejum do sono para dedicar-se à oração.

Queridos irmãos e irmãs, voltemos mais uma vez – para concluir – ao ensinamento de Afraates sobre a oração. Segundo este antigo «Sábio», a oração se realiza quando Cristo habita no coração do cristão, e o convida a um compromisso coerente de caridade com o próximo. Com efeito, ele escreveu: «Consola os aflitos, visita os enfermos, sê solicito com os pobres: esta é a oração. A oração é boa, e suas obras são maravilhosas. A oração é aceita quando consola o próximo. A oração é escutada quando nela se encontra também o perdão das ofensas. A oração é forte quando está cheia da força de Deus» («Exposição» 4, 14-16).

Com estas palavras, Afraates nos convida a uma oração que se converte em vida cristã, em vida realizada, em vida impregnada de fé, de abertura a Deus e, assim, de amor ao próximo.

São Máximo de Turim

Por Papa Bento XVI
Tradução: Zenit
Fonte: Vaticano/Zenit

Queridos irmãos e irmãs:

Entre o final do século IV e começo do V, outro Padre da Igreja, depois de Santo Ambrósio, contribuiu decididamente para a difusão e a consolidação do cristianismo na Itália do norte: trata-se de São Máximo, que era bispo de Turim no ano 398, um ano depois da morte de Ambrósio. Restam-nos poucas notícias dele; recentemente, recebemos uma coleção de aproximadamente noventa «Sermões». Neles se pode constatar a profunda e vital união do bispo com sua cidade, que testifica um ponto evidente de contato entre o ministério episcopal de Ambrósio e o de Máximo.

Naquele tempo, graves tensões turbavam a convivência civil. Máximo, neste contexto, conseguiu unir o povo cristão em torno de sua pessoa de pastor e mestre. A cidade estava ameaçada por grupos de bárbaros que, ao penetrar pelas entradas orientais, avançavam até os Alpes ocidentais. Por este motivo, Turim estava constantemente rodeada de guarnições militares, e se converteu, nos momentos críticos, em refúgio para as populações que fugiam do campo e dos centros urbanos sem proteção.

As intervenções de Máximo perante esta situação testemunham o compromisso de reagir ante a degradação civil e a desagregação. Ainda que seja difícil determinar a composição social dos destinatários dos «Sermões», parece que a pregação de Máximo, para superar o risco de ser genérica, dirigia-se especificamente a um núcleo selecionado da comunidade cristã de Turim, constituído por ricos proprietários de terras, que tinham suas fazendas no campo e a casa na cidade. Foi uma lúcida decisão pastoral do bispo, que concebeu esta pregação como o caminho mais eficaz para manter e reforçar seus laços com o povo.

Para ilustrar, nesta perspectiva, o ministério de Máximo em sua cidade, quero apresentar como exemplo os «Sermões» 17 e 18, dedicados a um tema sempre atual, o da riqueza e da pobreza nas comunidades cristãs. Também neste sentido se davam agudas tensões na cidade. Acumulavam e ocultavam riquezas. «Não se pensa nas necessidades do outro», constatava amargamente o bispo em seu «Sermão» número 17.

«De fato, muitos cristãos não só não distribuem o que têm, mas roubam dos demais. Não só não levam aos pés dos apóstolos o que recolheram, mas também afastam dos pés dos sacerdotes os irmãos que buscam ajuda». E conclui: «Em nossa cidade há muitos hóspedes e peregrinos. Fazei o que prometestes» aderindo à fé, «para que não se diga também de vós o que se disse de Ananias: ‘Não mentistes aos homens, mas a Deus’». («Sermão» 17, 2-3)

No «Sermão» sucessivo, número 18, Máximo critica as formas comuns de depredação das desgraças dos demais. «Dize-me, cristão, exorta o bispo a seus fiéis, dize-me por que tomaste a presa abandonada pelos predadores? Por que introduziste em tua casa um ‘lucro’ depredado e contaminado?». «Mas, acrescenta, talvez dizes que o compraste e por isso achas que evitas assim a acusação de avareza. Mas deste modo não há relação entre o que se compra e o que se vende. Comprar é algo bom, mas em tempo de paz, quando se vende com liberdade, e não quando se vende o que foi roubado… Comporta-te, portanto, como cristão e como cidadão que compra para devolver» («Sermão» 18, 3).

Sem mostrar muito, Máximo pregou uma relação profunda entre os deveres do cristão e os do cidadão. Para ele, viver a vida cristã significa também assumir os compromissos civis. Pelo contrário, o cristão que, «apesar de que pode viver com seu trabalho, pega a presa do outro com o furor das feras» ou «ataca seu vizinho, cada dia buscando parte de seus bens, tomando posse de seus produtos», não lhe parece nem sequer semelhante à raposa que degola as galinhas, mas ao lobo que se lança contra os porcos («Sermão» 41, 4).

Pelo que se refere à prudente atitude de defesa assumida por Ambrósio para justificar sua famosa iniciativa de resgatar os prisioneiros de guerra, podemos ver com clareza as mudanças históricas que aconteceram na relação entre o bispo e as instituições cidadãs. Contando já com o apoio de uma legislação que pedia aos cristãos que redimissem os prisioneiros, Máximo, ante a queda das autoridades civis do Império Romano, sentia-se plenamente autorizado para exercer nesse sentido um autêntico poder de controle sobre a cidade.

Este poder se tornaria depois cada vez mais amplo e eficaz, até chegar a suprir a ausência de magistrados e das instituições civis. Neste contexto, Máximo não só se dedica a estimular nos fiéis o amor tradicional à pátria cidadã, mas proclama também o preciso dever de enfrentar os gastos fiscais, por mais pesados e desagradáveis que pareçam («Sermão 26, 2).

Em definitivo, o tom e a essência dos «Sermões» implicam uma maior consciência da responsabilidade política do bispo nas específicas circunstâncias históricas. É a «atalaia» da cidade. Acaso não são estas atalaias, pergunta-se Máximo no «Sermão» 92, «os beatíssimos bispos que, colocados, por assim dizer, em uma rocha elevada de sabedoria para a defesa dos povos, vêem desde longe os males que chegam?».

E no «Sermão» 89, o bispo de Turim ilustra aos fiéis suas tarefas, servindo-se de uma comparação singular entre a função episcopal e a das abelhas: «Como a abelha, diz, os bispos observam a castidade do corpo, oferecem o alimento da vida celestial, utilizam o ferrão da lei. São puros para santificar, doces para reconfortar, severos para castigar». Deste modo, São Máximo descreve a tarefa do bispo em sua época.

Em definitivo, a análise histórica e literária demonstra uma consciência cada vez maior da responsabilidade política da autoridade eclesiástica, em um contexto no qual ela estava substituindo de fato a civil. É o desenvolvimento do ministério do bispo no ocidente da Itália, a partir de Eusébio, que «como um monge», vivia em sua cidade de Vercelli, até Máximo de Turim, que «com uma sentinela», encontrava-se na rocha mais elevada da cidade.

É evidente que o contexto histórico, cultural e social hoje é profundamente diferente. O atual contexto é mais o descrito por meu venerado predecessor, o Papa João Paulo II, na exortação pós sinodal «Ecclesia in Europa», na qual oferece uma articulada análise dos desafios e dos sinais de esperança para a Igreja na Europa hoje (6-22). Em todo caso, independentemente da mudança de circunstâncias, continuam sendo válidas as obrigações do crente ante sua cidade e sua pátria. A íntima relação entre o «cidadão honesto» e o «bom cristão» segue totalmente vigente.

Para concluir, quero recordar o que diz a constituição pastoral «Gaudium et spes» para esclarecer um dos aspectos mais importantes da unidade de vida do cristão: a coerência entre a fé e o comportamento, entre Evangelho e cultura. O Concílio exorta os fiéis «a que procurem cumprir fielmente os seus deveres terrenos, guiados pelo espírito do Evangelho. Afastam-se da verdade os que, sabendo que não temos aqui na terra uma cidade permanente, mas que vamos em demanda da futura, pensam que podem por isso descuidar os seus deveres terrenos, sem atenderem a que a própria fé ainda os obriga mais a cumpri-los, segundo a vocação própria de cada um» (n. 43).

Seguindo o magistério de São Máximo e de outros muitos Padres, façamos nosso o desejo do Concílio; que haja cada vez mais fiéis que queiram «exercer todas as suas atividades temporais fazendo uma síntese vital do esforço humano, familiar, profissional, científico ou técnico, com os valores religiosos, sob cuja altíssima hierarquia tudo coopera para a glória de Deus» (ibidem) e, dessa forma, ao bem da humanidade.

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