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Cinco Santos que tinham Superpoderes

Deus age de maneiras misteriosas. Esta verdade se faz particularmente evidente nas coisas que ele faz com aqueles que estão especialmente próximos a ele.

Aqui estão alguns santos que tiveram superpoderes:

1) São José Cupertino: Voando

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Chamado de “o santo voador”, não estamos falando sobre algumas historias em que São José Cupertino tenha voado de maneira privada ou para algumas pessoas. Estamos falando sobre ele regularmente voar em frente a grandes grupos de pessoas.

Fosse durante a Missa, Liturgia das Horas, ou apenas durante a menção do nome de Jesus ou de um santo, José podia involuntariamente entrar êxtase e começar a levitar. Isso aparentemente aconteceu uma vez durante uma procissão publica em frente toda a cidade, e durante uma audiência do Papa.

Sua constante e incontrolável levitação na ocasião se tornou um problema. Seus superiores consideravam o fenomeno perturbador. Ao final de sua vida, ele foi transferido para diferentes mosteiros e permaneceu em celas particulares.

Mas ele continuava a levitar ao nome de Jesus de qualquer maneira…

2) Christina the Astonishing: Indestrutibilidade

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Embora ela não seja oficialmente canonizada pela Igreja, era considerada uma santa durante toda a sua vida (séculos 12 e 13), e tem algumas histórias bem interessantes apesar de tudo, as quais demonstram basicamente que ela era indestrutível.

Pra começar, ela aparentemente morreu de um infarto por volta dos vinte anos de idade. Seu corpo foi preparado para o enterro e um funeral foi realizado, mas no meio do funeral ela se levantou, cheia de energia. Ela disse que teve uma experiência sobrenatural do paraíso, inferno, e purgatório. Ela disse à sua família e amigos que a única razão pela qual ela havia retornado era para sofrer pelo alívio dos que estão no purgatório e pela conversão dos pecadores ainda na terra.

Foi quando ela começou a fazer algumas coisas muito intensas.

Primeiro, ela jejuou e privou-se de quaisquer confortos corporais de forma muito severa. Mas isso não foi suficiente. Ela também se jogava regularmente em fornos ardentes, mas saia deles sem queimaduras. No auge do inverno, ela ia nadar em um rio congelado proximo, as vezes permanecendo nas aguas por dias ou mesmo semanas a cada vez. As vezes, ela se permitia ser sugada por um moinho criado no rio e ser girada em volta dele. Ela também se permitia ser atacada por cães, ou correr entre espinhos. Mas mesmo com todas estas coisas, ela sempre saia ilesa.

E não obstante tudo isso, ela viveu até os 74 anos de idade.

3) Santa Catarina de Alexandria: Truque da mente Jedi

NT; (c) Stourhead; Supplied by The Public Catalogue Foundation

Santa Catarina foi uma princesa no Egito no terceiro século e recebeu uma boa educação. Embora tenha nascido como uma pagã, quando era uma adolescente pediu para que a Santíssima Virgem Maria aparecesse para ela, disse a ela que havia se casado com Cristo em um casamento místico, e se converteu à fé cristã.

Logo depois, ela teve uma audiência pessoal com o Imperador Romano Maxêncio e tentou convence-lo a parar a perseguição aos Cristãos. O imperador trouxe o seus melhores filósofos e retóricos para debater com Catarina – mas, incrivelmente, ela venceu o debate. Alguns dos seus interlocutores ficaram tão impressionados, que se converteram ao Cristianismo.

Furioso, o imperador a aprisionou. Mas seu poder de persuasão continuou na prisão. Entre aqueles que ela conheceu na prisão e aqueles que a visitaram, 200 pessoas foram convertidas através da sua evangelização. Quando ela se negou a parar de converter pessoas à fé cristã apesar de estar sendo torturada, o imperador tentou persuadi-la a parar pedindo para que ela se casa-se com ele. Ela se recusou, e ele a sentenciou à morte.

4) São Vicente Ferrer: Trazendo pessoas de volta dos mortos

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São Vicente Ferrer é mais conhecido por seu trabalho missionário, pregação, e teologia. Mas ele tinha uma habilidade sobrenatural bastante surpreendente: ele podia trazer pessoas de volta da morte. E ele aparentemente fez isso em muitas ocasiões.

De acordo com uma história, São Vicente entrou em um igreja com um cadaver dentro. Na frente de um número de testemunhas, São Vicente simplesmente fez o sinal da cruz sobre o cadaver, e a pessoa voltou à vida.

Em uma história particularmente impressionante, São Vicente se deparou com uma procissão para um certo homem ser executado por enforcamento por ter cometido um grave crime. De alguma forma, São Vicente soube que a pessoa era inocente, e ele a defendeu perante as autoridades, mas sem sucesso. Coincidentemente, um cadaver estava sendo carregado por uma maca. Vicente perguntou ao cadaver, “Este homem é culpado? Me responda!” O homem morto imediatamente voltou à vida, sentou-se, e disse, “Ele não é culpado!” O homem então deitou-se novamente na maca. Quando Vicente ofereceu ao homem uma recompensa por ajudar a reivindicar o homem inocente, o homem disse, “Não, Padre, eu já estou certo da minha salvação.” E então ele morreu novamente logo após.

5) São Padre Pio: Super-homem

Public Domain / Wikipedia

Um famoso santo que viveu no século 20, São Padre Pio teve cada super poder que você pode pensar: há alegações de que ele podia se bi-locar (estar em mais de um lugar ao mesmo tempo), ler a mente das pessoas (normalmente nas confissões – ele era Padre), levitar, e curar pessoas doentes.

Em uma história, um matemático profissional estava confessando seus pecados ao Padre Pio no seu confessionário, mas de fato não disse à Padre Pio que ele era um matemático. Quando ele estava um pouco confuso sobre quantas vezes havia cometido um pecado específico, Padre Pio respondeu firmemente: “Você é um matemático, saia do confessionário e volte quando souber quantas vezes você fez aquilo.”

Em 1950, Padre Pio foi visto atendendo ao funeral de um monge em Milwaukee, Wisconsin – mas sem nunca ter saído do seu próprio mosteiro na Itália. Em relação a sua habilidade de se bi-locar, uma pessoa contou que Padre Pio uma vez disse, “Eu posso fazer três coisas ao mesmo tempo: rezar, confessar, e ir ao redor do mundo.”

Fonte: ChurchPOP

Os Pais da Igreja sobre a virgindade de Maria

O reconhecimento da virgindade de Nossa Senhora sempre foi professado e repetido pelos Padres da Igreja, não obstante os protestantes querem nos fazer crer, com citações fora de exatidão, que muitos admitiam que ela tivesse perdido o que de miraculoso se preservou nela. Chegam nas afirmações mais extremas e enfatuadas dizer que isso foi muito disputado entre os Pais primitivos. Esse trabalho, então, tem o intuito de transcrever o verdadeiro pensamento dos preservadores da Tradição e de refutar as menções indevidas feitas por nossos irmãos evangélicos.

Santo Irineu (130 — 203):

“Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem.” (Contra Heresias L. 5, 19.1)

Santo Hipólito de Roma (170 — 236):

“…corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem.” (As obras e fragmentos. Fragmento VII)

Orígenes de Alexandria (185 — 253):

“Mas, seguindo a tradição que está registrado no Evangelho segundo São Pedro ou no livro de Tiago, eles dizem que há alguns irmãos de Jesus, os filhos de José por uma ex-mulher, que vivia com ele antes de Maria. Agora aqueles que dizem por assim desejarem preservar a honra de Maria na virgindade até o fim, de modo que o organismo dela, que foi designada para ministrar a Palavra que diz: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do altíssimo deve ofuscar a ti “, pode não ter tido relação sexual com um homem depois que o Espírito Santo veio ela e o poder do alto a tivesse ofuscado. E eu acho que em harmonia com a razão que Jesus era o fruto primeiro entre os homens da pureza, que consiste na castidade, e Maria entre as mulheres, pois não foram piedosos atribuir a qualquer outro do que o seu fruto primeiro da virgindade.”(Comentário ao Evangelho de Mateus x. 17)

“Para, se Maria, como aqueles que declaram, com exaltar sua mente sã, não tinha outro filho, mas Jesus, e ainda Jesus diz para sua mãe, “Mulher, eis aí teu filho”, e não “Eis que você tem esse filho também” ” (Comentário ao Evangelho de João, Livro 1, 6)

“Sobre este assunto, eu encontrei uma observação muito bem em uma carta do mártir Inácio, segundo bispo de Antioquia depois de Pedro, que lutou com as feras, durante a perseguição em Roma. A virgindade de Maria estava escondida do príncipe deste mundo, graças a José e escondido seu casamento com ele. Sua virgindade foi mantida escondida porque ela foi pensada para ser casado. (Homilias sobre Lucas, 6, 3-4.)

São Gregório de Neucaesarea (213 — 270):

“Para a santa Virgem guardado cuidadosamente a tocha da virgindade,  e deu ouvidos diligentemente que não deveria ser extinto ou contaminado.” (The Second Homily. On the Annunciation to the Holy Virgin Mary)

São Pedro de Alexandria (+ 311):

“…que tem o nome de Leucado, eles vieram para a igreja da mãe mais abençoada de Deus e sempre Virgem Maria, que, como se começou a dizer, ele tinha construído no oeste…” (Episolæ)

Santo Atanásio de Alexandria (295 — 373)

“Portanto, que aqueles que negam que o Filho do Pai, por natureza, e é adequado a esta essência, negam também que Ele tomou verdadeiro humano da Sempre Virgem Maria…” (Contra Arianos, cap 21)

Hilário de Poitiers (300 — 368):

“Se eles [os irmãos do Senhor] foram filhos de Maria e não tomados de casamento anterior de José, ele nunca teria sido entregue no momento da paixão [crucificação] para o apóstolo João, sua mãe, o Senhor dizendo: a cada um, ‘Mulher, eis aí teu filho’, e João, “Eis a tua mãe ‘[João 19:26-27), como ele legou o amor filial a um discípulo como um consolo para a desolação” (Comentário sobre Mateus 1 : 4 )

Santo Efrem da Síria (306 — 373):

“Em sua virgindade Eva colocou as folhas de vergonha: Sua mãe colocou na sua virgindade a roupa da Glória que é suficiente para todos.” (Hino da Natividade, hino 12)

“O que teria sido possível que aquela que foi a residência do Espírito, que foi ofuscada pelo poder de Deus, tornou-se uma mulher mortal, e ela suportou a dor, de acordo com a maldição em primeiro lugar? […] A mulher que dá à luz na dor não poderia ser chamado abençoado. O Senhor, que veio com as portas fechadas, e fora do seio virginal, porque isso realmente virgem deu à luz sem sentir dor ”  (Efren, Diatessaron, 2,6: SC 121,69-70, cf. . ID, Hímni de Nativitate, 19,6-9: CSCO 187,59)

Santo Epifânio (310 — 403):

“De onde vem esta perversidade? De onde é que irrompeu tamanha audácia? Porventura o próprio nome não é suficiente atestado? Quem jamais houve, em tempo algum, que ousasse proferir o nome de Maria e espontaneamente não lhe acrescentasse a palavra virgem? O nome de Virgem foi dado a Santa Maria, nem se mudará nunca, ela sempre permaneceu ilibada (Panarion, Contra os hereges).

Dídimo, o cego (313 — 398):

“Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada”. (A Trindade 3,4)

São Cirilo de Jerusalém (315 — 386):

“o Unigênito do Único, Jesus Cristo, nosso Senhor, a produção, de acordo a carne, do ventre de São Maria, Virgem perpétua, em cuja santa casa somos eu reunidos neste dia para comemorar o dia de sua morte. ” (Homilias sobre a Dormição)

São Basílio de Cesareia (329 — 379):

“Os amigos de Cristo não toleram ouvir que a Mãe de Deus deixou de ser virgem num determinado momento” (Homilia Em Sanctum Christigenerationem, 5)

São Gregório de Nissa (330 — 395):

“Pois se José a tomou como sua esposa com o proposito de ter filhos, por que ela ficou pensando sobre o anuncio de sua maternidade, se ela mesma aceitou o fato de se tornar mãe de acordo com a lei da natureza? Mas assim como era necessário Guardar o corpo da consagrada a Deus como oferenda intocada e Espírito Santo, por esta mesma razão, ela afirma, mesmo se você é um anjo que desceu do céu e mesmo que este fenômeno está além da capacidade dos homens, no entanto, impossível para mim conhecer homem. Como devo tornar-me mãe sem conhecer homem? Pois, embora considere um José para ser meu marido, ainda assim não conhecerei homem” (Sobre a Geração de Santo Cristo, 5)

Santo Ambrósio de Milão (340 — 397):

“Hove quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (…) que é mestra da virgindade, (…) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus , resolvesse andar às voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal”.( De Inst. Virg. I , 3).

Rufino de Aquileia (340 — 410):

“A porta que estava fechada (Ezech. 44,2) foi a sua virgindade, través dela o Senhor Deus de Israel entrou, por isso Ele avançou a este mundo através do ventre da virgem. E, porque a sua virgindade foi preservada intacta, portão da Virgem permaneceu fechado para sempre “. (Comentário do Credo dos Apóstolos, 9)

Santo Agostinho (354 — 430):

“Virgem que concebe, virgem que dá à luz, virgem grávida, virgem que traz o feto, Virgem perpétua”(Sermão CLXXXVI, 1, 1)

“Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu” (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107).

São Jerônimo (347 — 420):

“Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho – que se tornou mãe antes de se casar – permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho.” (Contra Helvídeo, sobre a virgindade perpétua de Maria, cap II)

São João Cassiano (360 — 435):

“Por isso, confesso que o nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, que por sua própria causa foi gerado do Pai antes de todos os mundos, quando ao tempo ele  por nossa causa se fez homem através do Espírito Santo e da sempre Virgem Maria, era Deus em Seu nascimento, e enquanto confessamos as duas substâncias, da carne e da Palavra.” (Sobre a Encarnação de Cristo contra Nestório, L. VII, 5)

São Cirilo de Alexandria (375 — 444):

“Salve, vaso puríssimo da temperança, a ti virgem, confiou, na cruz, nosso Senhor Jesus Cristo a Mãe de Deus, sempre virgem!” (Discurso em Concílio de Éfeso)

São Máximo, o Confessor (580 — 662):

“O nascimento e a adolescência daquela que concebeu e deu à luz – evento impensável, incompreensível, inefável! – ao Filho de Deus, o Verbo, Rei e Deus do Universo, já haviam sido mais maravilhosos que tudo o que se pode ver na natureza. Desde então, todos os dias de sua inteira existência, mostrou um estilo de vida superior à natureza […] Logo, no caminho de sua fatigosa tarefa, sofreu e suportou muitas tribulações, provas, aflições e lamentos durante a Crucifixão do Senhor, alcançando uma completa vitória  e obtendo coroas de triunfo, até ao ponto de ser constituída a Rainha de todas as criaturas[…] A Virgem não só  animava e ensinava aos santos apóstolos e aos demais fiéis a ser pacientes e suportar as provas, senão que era solidária com eles em suas fadigas, lhes sustentava na pregação, estava em união espiritual com os discípulos do Senhor em suas privações e suplícios, em suas prisões[…] Depois da partida de João, o Evangelista, São Tiago, o filho de José, também chamado «irmão do Senhor», tomou a seu cuidado a santa Mãe de Cristo […]” (Vida da Virgem)

Santo Ildefonso de Toledo (606 — 667):

“Tua pureza fica salva no anúncio sobre tua prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do parto” (A virgindade perpétua de Santa Maria)

São João Damasceno (676 — 749):

“Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a jóia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo.” (Homilia sobre a Natividade de Maria, 5)

Poderia acrescer com os santos Papas que defenderam o mesmo nesse período, mas não o farei, dando esse gostinho aos protestantes, evito que venham com mais desculpas.

Os protestantes também têm sua própria lista, é melhor chamá-la de pretensa lista, de citações de Pais da Igreja. Os citados quando não têm seus textos falseados são os hereges que só, por isso, não merecem nenhuma atenção. Os mencionados são: Santo Irineu, Tertuliano, Santo Eusébio, Santo Epifânio, Hegesipo, Helvídeo, Vigilâncio, Joviniano e Nestório. Conheçamos cada um deles.

Comecemos com Sto Irineu. Sua citação que encabeça os Pais citados por mim derruba qualquer interpretação contrária a sua virgindade.

Tertuliano é um caso particular, primeiramente defensor assíduo da fé cristã, depois no fim da vida acaba por se tornar um herege montanista. Santo Agostinho nos informa que Tertuliano, por fim, acaba por fundar uma seita própria, o próprio Santo Agostinho diz ter trazido de volta ao seio da Igreja seus últimos adeptos. [Os Padres da Igreja (séc I – IV) Jacques Liébaert]

Leiamos, antes, algumas de suas afirmações claramente hereges:

“O conhecimento e a defesa do Paráclito nos (nós montanistas) separam dos psíquicos (isto é, dos membros da Igreja Oficial)”

“A Igreja é propriamente e sobretudo o Espírito mesmo, em que reside a Trindade da única divindade, Pai, Filho e Espírito Santo. É ele que reúne essa Igreja que o Senhor estabeleceu nos três. Por isso, desde então, todo grupo de pessoas reunidas nessa fé constitui uma Igreja para o Autor e Consagrador” (Sobre a Castidade XXI,17)

Agora, sobre a virgindade o texto em questão é o seguinte:

“Uma Virgem deu à luz Cristo, e casou-se unicamente depois do nascimento deste. Para que fosse possível louvar no nascimento de Cristo os dois tipos de castidade: ser filho de uma mãe virgem que apenas conheceu um homem” (De Monogamia 8 )

Mas pasmem! O mesmo acreditava que Maria perdeu a virgindade ao dar a luz, o que destrói a fé cristã e não passa de uma repetição da desculpa dos judeus para não aceitarem Jesus Cristo:

“Pariu porque deu à luz um descendente da própria carne; não o deu enquanto não o fez por intervenção humana. Foi virgem com respeito ao marido, mas não com relação ao parto. (…) A mesma que deu à luz o fez verdadeiramente. Foi virgem quanto à concepção, não quanto ao parto. (…) O seio da Virgem abriu-se de modo especial, porque de modo especial havia sido selado” (De Carne Christi 23)

Definitivamente Tertuliano não é uma boa fonte contra a Igreja e chega ser desonesto usá-lo. Sobre ele São Jerônimo nem perdeu tempo, apenas disse: “De Tertuliano não direi senão que não pertenceu à Igreja.” (A Virgindade Perpétua virgindade de Maria IV, 19)

Com relação a Santo Eusébio não passa de uma falta de atenção de seus leitores. Não leram sua obra completamente, pegaram trechos isolados e já tiraram a conclusão. Citam as partes onde ele chama Tiago, primo de Jesus ou um dos filhos de José, de irmão do Senhor. Ora, isto não é novo, assim é chamado na própria Bíblia. Na verdade os Pais da Igreja continuaram a identificá-lo como irmão do Senhor, mesmo sabendo que não eram filhos de Maria, preservaram o semitismo que remonta as próprias traduções dos apóstolos. São vários os concílios da Igreja que continuaram a identificar Tiago assim, mesmo já promulgado o dogma da virgindade de Maria. No próprio Concílio de Trento isso é feito. (Cf.  14ª sessão – unção dos enfermos, cap 1). E como prova do que estou falando vejamos o que em outros capítulos de Santo Eusébio é explicado:

“Então Tiago, a quem os antigos sobrenome o Justo por conta da excelência da sua virtude, é lembrado por ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como um filho de José, e José era suposto ser o pai de Cristo, porque a Virgem, sendo prometida a ele, foi encontrada com o filho pelo Espírito Santo antes de chegarem juntos, Mateus 1:18 como a conta dos shows santos Evangelhos”. (HE III 1,2)

Vemos aí que Sto. Eusébio relata que Tiago era conhecido como um filho de José, só José. Se achasse que fosse filho de Maria seria inútil sua explicação. Ele segue uma antiga tradição que encontramos, inclusive, no Proto-Evangelho de Tiago do ano 150.

Eusébio citando Clemente escreve:

“Clemente, no livro VI das Hypotyposeis, adiciona o seguinte: “Porque -dizem – depois da ascensão do Salvador, Pedro, Tiago e João, mesmo tendo sido os preferidos do Salvador, não tomaram para si esta honra, mas elegeram como bispo de Jerusalém Tiago o Justo.”

E o mesmo autor, no livro VII da mesma obra, diz ainda sobre ele o que segue:

“O Senhor, depois de sua ascensão, fez entrega do conhecimento a Tiago o Justo, a João e a Pedro, e estes o transmitiram aos demais apóstolos, e os apóstolos aos setenta, um dos quais era Barnabé.

Houve dois Tiagos: um, o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e morto a golpes com um bastão; e o outro, o que foi decapitado.” Também Paulo menciona Tiago o Justo quando escreve: Outro apóstolo não vi além de Tiago, o irmão do Senhor.” (HE II, 1)

Nesta, cita um Pai da Igreja, que identifica Tiago como irmão do Senhor, mesmo deixando claro que esse é um dos apóstolos. Os dois apóstolos chamados Tiago na Bíblia não são filhos de Maria, mãe de Jesus, um é filho de Zebedeu, o Tiago maior, enquanto o outro de Alfeu, o Tiago menor, que provavelmente era filho de Maria de Cléofas.

Então, ao contrário do que uma leitura superficial e isolada de seus escritos pode deixar parecer, ele acreditava na virgindade perpétua de Maria.

Santo Epifânio, é mais um em que as citações acima não deixam dúvidas.

Seguindo para Hegésipo, o trecho em questão é este:

Da família do Senhor ainda estão vivos os netos de Judas, que acredita-se que tenha sido irmão do Senhor pela carne..”

Podemos tirar disso apenas que Judas era dito irmão do Senhor pela carne, nada mais.

Ao trecho as seguintes formas de respostas seriam satisfatórias:

1. Os que acreditavam nisso eram os acusadores. Nada impede que os acusadores de Judas, que pelo o que parece não eram cristãos, acreditassem que Jesus era filho de José e de Maria, pois se não eram cristãos não tinham porque crer em sua virgindade mesmo no parto.

2. É dito irmão do Senhor pela carne não de Maria, mas de Davi. Eusébio, realmente, diz que acusavam Judas “com base em sua linhagem vinda de Davi e sua relação com o próprio Cristo” (HE III, 19) E Hegésipo no mesmo registro acrescenta: “Foram passadas informações de que eles seriam da família de Davi e eles foram levados até o imperador Domiciano pelo Evocatus…”

3. O uso de irmão deve ser levado em conta segundo o semitismo usado, e a ênfase “em carne”, para mostrar que não era irmão do Senhor segundo o espírito apenas. Como foi dito: “E se deve ver um estranho, que o levou sob o seu teto e se alegram por ele como mais um irmão de verdade, porque lhes chamar irmãos, não segundo a carne, mas segundo a alma.” (Aristides, desculpa 15,6, escrevendo aos cristãos). Um exemplo do uso é quando Jesus é dito filho de Davi ou descendente segundo a carne, isto não quer dizer que seja direto, mas segundo a carne de Maria. Assim como nos explica Tertuliano:

“Sed et Paulus, eiusdem utpote evangelii et discipulus et al magister testículo quia apostolus eiusdem Christi, confirmat Christum ex Semine secundum carnem David, ipsius Utique. ergo ex Semine David caro Christi. sed secundum carnem Mariae ex Semine David, ergo est Mariae ex carne dum est Semine ex Davi.” (Na carne de Cristo 22,3)

O fato do acréscimo “da carne” não significa muito. O próprio Concílio Quinissexto de 692 identifica Tiago, outro irmão apontado pelos protestantes, de forma parecida: “Pois também Tiago, o irmão, segundo a carne, de Cristo nosso Deus, a quem o trono da igreja de Jerusalém primeira foi confiada, e Basílio, o arcebispo da Igreja de Cesaréia, cuja glória se espalhou por todo o mundo, quando nos deu instruções para o sacrifício místico, por escrito, declarou que o Santo Cálice está consagrado na Divina Liturgia com água e vinho.” (CÂNON XXXII) Só como curiosidade, esta é a mais antiga referência explícita à liturgia de Tiago que diz: “Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem“. A terceira alternativa me parece mais óbvia.

O próximo é Helvídeo, que fundamentado num herege, Tertuliano, numa interpretação literal da Bíblia e por mal interpretar outro Pai da Igreja, negou a virgindade de Maria. São Jerônimo fez uma bela refutação às suas tentativas frustradas. Vale a pena a leitura, que dispensa meus comentários.

Sigo para Vigilâncio, que também não tinha um bom currículo. É outro que foi refutado por S. Jerônimo. Entre suas heresias, além da de negar a virgindade perpétua de Maria, cita-se:

1. Era contra o culto aos mortos.

2. Pensava que os mortos dormiam ao que levou S. Jerônimo a chamá-lo de “Dormilâncio” (cF. Contra Vigilâncio CAP II)

3. Chamava as velas de insignificantes.

4. Sobre as relíquias dos mártires diz: “um pouco de pó miserável, envolto em panos caros”

5. Usava como fonte doutrinal um livro apócrifo, que não era recebido, obviamente, pela Igreja.

Enfim, é outro que não merece nenhuma consideração.

O Outro é Joviniano, que não por coincidência era outro herege. Entre suas crenças podemos trazer:

1. Uma virgem não é melhor aos olhos de Deus do que uma mulher casada.

2. Uma pessoa batizada com o Espírito Santo não pode cair no pecado. Sobre isso diz: “os que com plena certeza de fé que nasceram de novo no batismo, não pode ser derrubado pelo diabo.”

3. Todos os pecados são iguais.

4. Há apenas um grau de punição e recompensa no futuro estado.

Esse herege foi condenado pelo sínodo de Roma, sob Papa Sirício e pelo sínodo de Milão, convocado por Santo Ambrósio.

Tempos depois ele ainda é lembrado por Santo Ildefonso de Toledo: “Não quero ver-te [Joviniano] questionar sobre o pudor de nossa Virgem no parto, não quero ver-te corromper a sua integridade na geração; não quero saber violada sua virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória da virgindade, porque foi mãe. Se uma dessas coisas tu confundes, em tudo erraste. Desconhecer a harmonia que as une é ignorar por completa a verdade que encerram. Se não pensas assim estas errado, pecas contra a justiça. Se negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias grandemente a Deus.” (Patrologia Latina 96,58, 617-667 d. C.).

O próximo é Bonoso, herege, que teve suas obras condenadas pelo Decreto Gelasiano e foi condenado por um sínodo de Sto. Ambrósio. Suspeita-se ainda que o mesmo negava a divindade de Cristo, pois seus seguidores negavam esse dogma. Sobre ele, Anísio, bispo de Tessalônica, escreve ao Papa Sirício, indignado por sua descrença na virgindade de Maria, ao que o Papa responde:

“É natural que tenha sentido horror ao ouvir dizer que do ventre de Maria, do qual nasceu Cristo segundo a carne, tenham nascido outros filhos. Jesus Cristo não teria escolhido nascer de uma virgem se soubesse que ela se contaminaria por meio da união com um homem, manchando o lugar onde Ele havia repousado, a corte do Rei Eterno. Esta afirmação nada mais é do que a aceitação da falsa doutrina judia, segundo a qual Cristo não nasceu de uma virgem”.

Resta-nos Nestório. Ele além de negar sua virgindade perpétua, negava sua maternidade divina.  Acreditava que em Cristo havia duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completamente independentes uma da outra. Ele foi condenado como herege pelo concílio de Éfeso em 431. O primeiro a acusá-lo de heresia foi um leigo, Eusébio de Doriléia, mas seu combatente mais assíduo foi São Cirilo.

Vemos que os apontados pelos protestantes dos ortodoxos tira-se todos, obviamente, sobrando os hereges condenados pela santa Igreja pela negação da virgindade de Maria e por outras heresias. Notamos que quando esses se pronunciaram foram duramente repreendidos pelos bispos em sua época e condenados. Nenhum deles diz estar falando o que os antigos Pais criam, ao contrário, do que Sto. Ambrósio, Sto. Agostinho, etc. faziam como referência. E não há de se comparar o número de Pais da Igreja que defendiam sua virgindade com algumas vozes hereges que de tempos em tempos foram aparecendo de forma isolada. Os hereges que faziam tal injúria sabiam que eram vozes a ermo na Igreja. Fundamentavam-se apenas numa leitura fundamentalista da Bíblia e, por vezes, por outros hereges. Essa cadeia de acusações nunca terá fim com a existência de heresias, mas nunca poderá ser embasada pela Sagrada Tradição. Lembrem-se os protestantes que todas essas seitas com suas heresias foram aos poucos caindo, só quem ficou foi a Igreja Católica e a integridade de sua doutrina, a que ficará “até o fim dos tempos.” (Mt 28, 20)

É bíblico o protestantismo?

Fonte: Sã Doutrina

Provavelmente todos já ouviram de um protestante a seguinte frase:

“Nós cremos somente na Bíblia, e a Bíblia inteira é a única regra de fé para o cristão”

Está frase é como que um dogma para o protestantismo e reflete todo o pensamento da fundamental doutrina deste ramo religioso a “Sola Scriptura” ou somente as escrituras. Negam, portanto, os ensinamentos transmitidos oralmente por Cristo e os apóstolos conhecidos como Sagrada Tradição.

Baseados nisto vamos agora mostrar que há várias inverdades no uso desta frase por parte de protestantes e mostrar que de bíblicas suas principais doutrinas nada tem.

“A Tradição oral remonta ao próprio Cristo e aos Apóstolos. Ela é anterior à Escritura e se exprime nela. O ponto em que mais aparece a necessidade de algo anterior à Escritura, é a que se refere ao Cânon Bíblico: Com saber se um livro é ou não inspirado?

O próprio protestantismo, que afirma só reconhecer a Escritura, recorre necessariamente à Tradição Oral em 2 ocasiões:

1.  Sem a Tradição oral, não se pode definir o catálogo sagrado, pois em nenhuma parte da Escritura está escrito quais os livros que, inspirados por Deus, a devem integrar. É preciso procurar a definição dos livros sagrados fora da Escritura: na Tradição. Ora Lutero e o Protestantismo recorreram a tradição dos judeus da palestina, enquanto a Igreja Católica, seguindo o uso dos Apóstolos, optara pela tradição dos judeus de Alexandria.

2.   Na sua maneira de interpretar a Bíblia, os protestantes também recorrem a uma tradição. Pois embora o texto bíblico seja o mesmo para todas as denominações evangélicas, estas não concordam entre si, por exemplo, no que toca ao Batismo de criança, à observância do sábado ou do domingo, etc. As divergências não provêm do texto bíblico, mas da interpretação dada a este texto por cada fundador. Ou seja, dependem da tradição oral ou escrita que cada fundador quis iniciar na sua congregação. Assim, embora queiram rejeitar a Tradição Oral, o cristão a professa sempre: professa a Tradição oriunda de Cristo e dos Apóstolos, ou a tradição oriunda de Lutero, Calvino… Cada “profeta” protestante faz o que Lutero fez: rejeita a tradição protestante anterior e começa uma nova tradição: sim, lê a Bíblia ao seu modo e dela deduz proposições de fé e de moral que, segundo a sua intuição humana falível, lhe parecem mais acertada.

Assim, a Escritura, só, não pode ser, nem é no protestantismo, a única fonte de fé. Por outro lado, a Tradição Oral e o Magistério da Igreja só tem sentido se fazem eco à Sagrada Escritura.” (Dom Estevão Bettencourt, OSB;  Apostila “Diálogo Ecumênico” , Escola Mater  Ecclesiae)

Interessante cronologia:

1517: Monge Martinho  Lutero Fixa suas 95 teses na porta do castelo de Wittenberg na Alemanha, defendendo as indulgencias, que é negada pela maioria dos protestantes e contestando muitas doutrinas da Igreja. Nasce então o protestantismo.

1521: Lutero começa a tradução da bíblia para o alemão, modificando algumas passagens e removendo livros da bíblia, 7 do antigo testamento e alguns do novo testamento como Tiago, Apocalipse e etc (Livros que não eram compatíveis com suas novas doutrinas), como base em que ele fez isto?

 1524: Nascem então os anabatistas, (ou rebatizadores). Interpretavam as ousadamente as idéias de Lutero, e negavam o batismo de crianças, o que não era condenado por Lutero.

1525: Surgem várias revoltas de camponeses inspirados nas idéias de Lutero e eram incitados pelo anabatista Thomas Münzer. Lutero deixou o castelo onde estava e voltou a Wittenberg. Conseguiu apoio do braço secular para restabelecer  a ordem, e teve que enfrentar os camponeses. Lutero optou pela sufocação violenta dos revoltosos, e Thomas Münzer foi decapitado, o que fez com que Lutero perdesse popularidade com o povo, pois o povo viu que sua nova “Igreja” era para os ricos e não para os pobres.

Documentário da National Geographic: Restos ósseos poderiam ser de santos mártires do século III

Os restos ósseos (foto National Geographic) ROMA, 25 Abr. 11 / 04:30 pm (ACI)

Os investigadores que participam de um novo documentário da National Geographic afirmam que os dois esqueletos que estudados neste filme poderiam pertencer a dois Santos mártires casados do século III em Roma.

“Toda a evidência que reunimos sobre estas relíquias nos mostram que seriam os restos de Crisanto e Daria”, assinala o líder da investigação da Universidade de Gênova, Ezio Fulcheri.

Fulcheri explicou ademais que “esta foi uma oportunidade que sucede com muito pouca freqüência, para estudar ossos e outras relíquias que se relacionam diretamente a uma história quando já passaram quase 2000 anos. Também é raro em mártires desse tempo ter esqueletos completos, o que implica que foram protegidas e veneradas por inteiro desde o começo”.

Estes restos, compostos de 150 ossos, foram encontrados em 2008 na cripta da Catedral da cidade italiana de Reggio Emilia, ao norte do país. As provas para averiguar sua “idade” indicam que estão entre os anos 80 e 340 DC.
Em declarações ao grupo ACI, o produtor geral do documentário “Explorador: Mistério dos Santos Assassinados”, estreado nos Estados Unidos no dia 19 de abril, assinalou que “esta é a primeira vez que podemos provar a autenticidade do que se crê que são relíquias de um santo. Para nós foi um privilégio fazer parte disto”.

Entretanto, acrescentou, “também é possível que estes ossos não sejam reais” devido a que na Idade Média se gerou um mercado negro de relíquias.

O Bispo Auxiliar de Reggio Emilia, Dom Lorenzo Ghizzoni, que também aparece no documentário, assume deste modo este risco e comenta que caso os restos sejam falsos, “serão destruídos porque isso seria certamente escandaloso para os fiéis”.

Crisanto e Daria

A tradição conta que Crisanto era o filho único de um senador romano de Alexandria. Cresceu em Roma e se converteu ao cristianismo. Seu pai desaprovou esta conversão e o obrigou a casar-se com uma sacerdotisa pagã de nome Daria para tentar fazê-lo desistir em seu novo caminho de fé.

Entretanto, Daria se converteu à fé de seu marido e se dedicaram juntos a converter outros milhares ao cristianismo.

As autoridades romanas os prenderam por proselitismo e os enterraram vivos em Roma perto do ano 283.

São João Clímaco

Por Papa Bento XVI
Tradução: L’Osservatore Romano
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs

Depois de vinte catequeses dedicadas ao Apóstolo Paulo, gostaria de retomar hoje a apresentação dos grandes Escritores da Igreja do Oriente e do Ocidente da Idade Média. E proponho a figura de João, chamado Clímaco, transliteração latina do termo grego klímakos, que significa da escada (klímax). Trata-se do título da sua obra principal, na qual descreve a escalada da vida humana para Deus. Ele nasceu por volta de 575. Portanto, a sua vida desenvolveu-se nos anos em que Bizâncio, capital do império romano do Oriente, conheceu a maior crise da sua história. Repentinamente, o quadro geográfico do império mudou e a torrente das invasões barbáricas fez desabar todas as suas estruturas. Sustentou sozinho a estrutura da Igreja, que nestes tempos difíceis continuou a desempenhar a sua acção missionária, humana e sociocultural, especialmente através da rede de mosteiros, em que trabalhavam grandes personalidades religiosas, como precisamente João Clímaco.

No meio das montanhas do Sinai, onde Moisés encontrou Deus e Elias ouviu a sua voz, João viveu e narrou as suas experiências espirituais. Notícias sobre ele estão conservadas numa breve Vida (PG 88, 596-608), escrita pelo monge Daniel de Raito: com 16 anos João, que se tornou monge no monte Sinai, ali fez-se discípulo do abade Martírio, um “ancião”, ou seja um “sábio”. Com cerca de vinte anos, escolheu viver como eremita numa gruta no sopé do monte, na localidade de Tola, a oito quilómetros do actual mosteiro de Santa Catarina. Porém, a solidão não lhe impediu de encontrar pessoas desejosas de ter uma direcção espiritual, assim como de ir visitar alguns mosteiros nos arredores de Alexandria. Com efeito, o seu retiro eremítico, longe de ser uma fuga do mundo e da realidade humana, desabrochou num amor ardente pelo próximo (Vida 5) e a Deus (Vida 7). Depois de quarenta anos de vida eremítica vivida no amor a Deus e ao próximo, anos durante os quais chorou, rezou, lutou contra os demónios, foi nomeado igúmeno do grande mosteiro do monte Sinai e assim voltou à vida cenobítica no mosteiro. Mas alguns anos antes da morte, nostálgico da vida eremítica, passou ao irmão monge no mesmo mosteiro, a guia da comunidade. Morreu por volta do ano 650. A vida de João desenvolve-se entre duas montanhas, o Sinai e o Tabor, e verdadeiramente pode-se dizer que dele se irradiou a luz vista por Moisés no Sinai e contemplada pelos três Apóstolos no Tabor!

Tornou-se famoso, como já disse, por obra da Escada (klímax), qualificada no Ocidente como Escada do Paraíso (PG 88, 632-1164). Composta por insistente pedido do vizinho igúmeno do mosteiro de Raito, nos arredores do Sinai, a Escada é um tratado completo de vida espiritual, em que João descreve o caminho do monge, desde a renúncia ao mundo até à perfeição do amor. É um caminho que segundo este livro se desenvolve através de trinta degraus, cada um dos quais está ligado ao seguinte. O caminho pode ser resumido em três fases sucessivas: a primeira expressa-se na ruptura com o mundo, em vista de voltar ao estado da infância evangélica. Portanto, o essencial não é a ruptura, mas a ligação com aquilo que Jesus disse, ou seja, o regressar à verdadeira infância em sentido espiritual, o tornar-se como as crianças. João comenta: “Um bom fundamento é formado por três bases e por três colunas: inocência, jejum e castidade. Todos os recém-nascidos em Cristo (cf. 1 Cor 3, 1) comecem a partir destas coisas, a exemplo daqueles que são recém-nascidos fisicamente” (1, 20; 636). O desapego voluntário das pessoas e dos lugares queridos permite à alma entrar em comunhão mais profunda com Deus. Esta renúncia leva à obediência, que é o caminho para a humildade diante das humilhações que nunca faltarão por parte dos irmãos. João comenta: Bem-aventurado aquele que mortificou a sua vontade até ao fim e que confiou o cuidado da própria pessoa ao seu mestre no Senhor: efectivamente, ele será colocado à direita do Crucificado!” (4, 37; 704).

A segunda fase do caminho é constituída pelo combate espiritual contra as paixões. Cada degrau da escada está ligado a uma paixão principal, que é definida e diagnosticada, com a indicação da terapia e com a proposta da virtude correspondente. Sem dúvida, o conjunto destes degraus constitui o mais importante tratado de estratégia espiritual que possuímos. Porém, a luta contra as paixões reveste-se de positividade não permanece algo negativo graças à imagem do “fogo” do Espírito Santo: “Todos aqueles que empreendem este bom combate (cf. 1 Tm 6, 12), duro e árduo […] saibam que vieram lançar-se num fogo, se verdadeiramente desejam que o fogo imaterial habite neles” (1, 18; 636). O fogo do Espírito Santo, que é fogo do amor e da verdade. Só a força do Espírito Santo assegura a vitória. Mas segundo João Clímaco, é importante tomar consciência de que as paixões não são más em si próprias; tornam-se tais pelo mau uso que a liberdade do homem faz das mesmas. Se forem purificadas, as paixões hão-de abrir para o homem o caminho rumo a Deus com energias unificadas pela ascese e pela graça e, “se elas receberam do Criador uma ordem e um início… o limite da virtude é infinito” (26/2, 37; 1068).

A última fase do caminho é a perfeição cristã, que se desenvolve nos últimos sete degraus da Escada. Estes são os degraus mais altos da vida espiritual, experimentáveis pelos “hesicastas”, os solitários, aqueles que alcançaram a tranquilidade e a paz interior; mas são fases acessíveis também aos cenobitas mais fervorosos. Dos primeiros três simplicidade, humildade e discernimento João, em sintonia com os Padres do deserto, considera mais importante o último, ou seja, a capacidade de discernir. Cada comportamento deve ser submetido ao discernimento; com efeito, tudo depende das motivações profundas, que se devem avaliar. Aqui entra-se no núcleo vivo da pessoa e trata-se de despertar no eremita, no cristão, a sensibilidade espiritual e o “sentido do coração”, dons de Deus: “Como guia e regra em cada coisa, depois de Deus, temos que seguir a nossa consciência” (26/1, 5; 1013). Deste modo alcança-se a tranquilidade da alma, a esichía, graças à qual a alma pode debruçar-se sobre o abismo dos mistérios divinos.

O estado de tranquilidade, de paz interior, prepara o hesicasta para a oração, que em João é dúplice: a “oração corpórea” e a “oração do coração”. A primeira é própria de quem se deve fazer ajudar por atitudes do corpo: estender as mãos, emitir gemidos, bater ao peito, etc. (15, 26; 900); a segunda é espontânea, porque é efeito do despertar da sensibilidade espiritual, dom de Deus a quem se dedica à oração corpórea. Em João ela adquire o nome de “oração de Jesus” (Iesoû euché), e é constituída pela invocação exclusiva do nome de Jesus, uma invocação contínua como a respiração: “A memória de Jesus seja uma só com a tua respiração, e então conhecerás a utilidade da esichía“, da paz interior (27/2, 26; 1112). No final, a oração torna-se muito directa, simplesmente a palavra “Jesus”, que se faz uma só com a nossa respiração.

O último degrau da escada (30), imbuído da “sóbria ebriedade do Espírito”, é dedicado à suprema “trindade das virtudes”: a fé, a esperança e sobretudo a caridade. Da caridade, João fala também como eros (amor humano), figura da união matrimonial da alma com Deus. E ele escolhe ainda a imagem do fogo para expressar o ardor, a luz, a purificação do amor a Deus. A força do amor humano pode ser novamente orientada para Deus, como no olival pode ser enxertado uma boa oliveira (cf. Rm 11, 24) (15, 66; 893). João está convencido de que uma intensa experiência deste eros faz progredir a alma muito mais que a dura luta contra as paixões, porque o seu poder é grande. Portanto, prevalece a positividade do nosso caminho. Todavia, a caridade é vista também em estreita relação com a esperança: “A força da caridade é a esperança: graças a ela esperamos a recompensa da caridade… A esperança é a porta da caridade… A ausência da esperança aniquila a caridade: a ela estão vinculados os nossos cansaços, por ela são sustentados os nossos esforços e graças a ela somos circundados pela misericórdia de Deus” (30, 16; 1157). A conclusão da Escada contém a síntese da obra, com palavras que o autor faz o próprio Deus proferir: “Esta escada te ensine a disposição espiritual das virtudes. Eu estou no ápice desta escada, como disse aquele meu grande iniciado (São Paulo): Agora subsistem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior delas é a caridade (1 Cor 13, 13)!” (30, 18; 1160).

Nesta altura impõe-se uma última pergunta: a Escada, obra escrita por um monge eremita que viveu há mil e quatrocentos anos, ainda pode dizer-nos algo hoje? O itinerário existencial de um homem que viveu sempre na montanha do Sinai, numa época muito distante, pode ter alguma actualidade para nós? Num primeiro momento pareceria que a resposta deve ser “não”, porque João Clímaco está demasiado distante de nós. Mas se observarmos um pouco mais de perto, vemos que aquela vida monástica é apenas um grande símbolo da vida baptismal, da vida do cristão. Mostra, por assim dizer, com caracteres grandes, o que nós escrevemos no dia-a-dia com caracteres pequenos. Trata-se de um símbolo profético que revela o que é a vida do baptizado, em comunhão com Cristo, com a sua morte e ressurreição. É para mim particularmente importante o facto de que o ápice da “escada”, os últimos degraus são, ao mesmo tempo, as virtudes fundamentais, iniciais, mais simples: a fé, a esperança e a caridade. Não são virtudes acessíveis apenas a heróis morais, mas são um dom de Deus para todos os baptizados: nelas cresce também a nossa vida. O início é também o fim, o ponto de partida é inclusive o ponto de chegada: todo o caminho se orienta para uma realização de fé, esperança e caridade cada vez mais radical. Nestas virtudes toda a escalada está presente. A fé é fundamental, porque tal virtude implica que eu renuncie à minha arrogância, ao meu pensamento; à pretensão de julgar sozinho, sem confiar nos outros. É necessário este caminho para a humildade, para a infância espiritual: é preciso superar a atitude de arrogância que faz dizer: neste meu tempo do século XXI eu sei mais do que pudessem saber aqueles de então. Contudo, é necessário confiar unicamente na Sagrada Escritura, na Palavra do Senhor, apresentar-se com humildade ao horizonte da fé, para entrar assim na enorme vastidão do mundo universal, do mundo de Deus. É desde modo que cresce a nossa alma, que aumenta a sensibilidade do coração a Deus. João Clímaco justamente diz que só a esperança nos torna capazes de viver a caridade. A esperança em que transcendemos as coisas de cada dia não esperamos o sucesso nos nossos dias terrenos, mas no final aguardamos a revelação do próprio Deus. É só nesta extensão da nossa alma, nesta autotranscendência, que a nossa vida se torna grande e podemos suportar os cansaços e as decepções de todos os dias, podemos ser bons para com os outros sem esperar uma recompensa. Só se existir Deus, esta grande esperança para a qual tendo, posso cada dia dar os pequenos passos da minha vida e assim aprender a caridade. Na caridade esconde-se o mistério da oração, do conhecimento pessoal de Jesus: uma oração simples, que só tende a tocar o Coração do Mestre divino. É assim que se abre o próprio coração, que se aprende dele a sua própria bondade, o seu amor. Por conseguinte, utilizemos esta “escalada” da fé, da esperança e da caridade; assim alcançaremos a verdadeira vida.

O falacioso Protestantismo

Fonte: Veritatis Splendor
Por Pedro Ravazzano

“Quanto a mim, não acreditaria no Evangelho se não me movesse a isso a autoridade da Igreja católica”. Santo Agostinho

O protestantismo vive num círculo vicioso. Vejamos, se hoje os Pais da Reforma ressuscitassem milagrosamente cairiam para trás ao ver a situação das igrejas por eles criadas e, muito provavelmente, seriam chamados de idólatras e pagãos por seus irmãos e filhos. Na verdade não precisamos ir tão longe na imaginação; comparem uma igreja metodista, anglicana, calvinista, luterana dos EUA, da Europa e do Brasil! Os metodistas ingleses e americanos usam imagens – ou ao menos usá-las não é motivo de discussão -, fazem igrejas em estilos góticos, gostam de cantos sacros e apreciam a piedosa devoção. Anglicanos invocam os santos, usam turibulo, seus líderes se paramentam como os Sacerdotes e Bispos católicos, constroem igrejas extremamente belas, usam velas, incensos etc. Já a Catedral Calvinista de Genebra honra a São Pedro, era lá onde Calvino pregava, fica ao lado do Museu da Reforma, quase um Vaticano protestante. Os luteranos do hemisfério norte também seguem diversas tradições católicas que eram respeitadas até mesmo pelos reformadores, se assemelham aos anglicanos quanto a isso. Eu apenas abordei pontos externos, se fosse fazer uma análise teológica as diferenças entre as denominações seriam gritantes. Os Pais da Reforma eram homens, em sua maioria, doutos e cultos, tinham acesso a obras de grande peso na cristandade, dominavam línguas, tinham uma cultura destacada; Lutero era um teólogo com relevo no cenário alemão, Calvino tinha uma formação clássica, Wesley, que apareceu séculos mais tarde, se educou na prestigiosa Universidade de Oxford. A questão que aparece é a seguinte, se esses homens estavam errados na sua hermenêutica bíblica, na compreensão do tal cristianismo primitivo, por que raios um pastor qualquer em pleno mundo moderno se colocaria como o descobridor da verdade cristã? Qual a autoridade que ele usa? Os Pais da Reforma se diziam inspirados pelo Espírito Santo, iluminados por Deus, o mesmo Espírito Santo e o mesmo Deus que “inspira” e “ilumina” os homens que hoje fazem interpretações e chegam a conclusões diferentes das obtidas pelos Luteros e Calvinos da vida – conclusões essas que na época da reforma já não eram nada parecidas! E, muito provavelmente, esses mesmos pastores serão refutados no futuro por outros irmãos seus que enxergaram diferentes verdades na Sagrada Escritura. O mais irônico de tudo isso é que uma das bases fundamentais usadas por eles para endossar essas novas compreensões a respeito do cristianismo e da Bíblia são conhecimentos científicos, ou seja, um respaldo extra-bíblico que influencia no estudo e na hermenêutica dos textos da Sagrada Escritura. Onde foi parar a Sola Scriptura?

Os protestantes consideram a Bíblia auto-sustentável, ou seja, a chave da correta hermenêutica se encontra na própria Escritura. Pois bem, isso deveria confirmar que a hermenêutica bíblica, seja lá de qual tempo, é contínua e inerrante, já que interpreta um Livro eterno e também inerrante, mas não é isso que enxergamos dentro do protestantismo.

São Gregório I de Roma

Por Papa Bento XVI
Tradução: Élison Santos
Fonte: Zenir

Queridos irmãos e irmãs!

Na quarta-feira passada, falei de um Padre da Igreja pouco conhecido no Ocidente, Romano o Meloda; hoje desejo apresentar a figura de um dos maiores Padres da história da Igreja, um dos quatro doutores do Ocidente, o Papa São Gregório, que foi bispo de Roma entre o ano 590 e 604, e que mereceu da parte da tradição o títuloMagnus/Grande. Gregório foi verdadeiramente um grande Papa e um grande Doutor da Igreja! Nasceu em Roma, em torno de 540, de uma rica família patrícia da gens Anicia, que se distinguia não só pela nobreza de sangue, mas também pelo apego à fé cristã e pelos serviços prestados à Sé Apostólica. Desta família procediam dois Papas: Félix III (483-492), tataravô de Gregório, e Agapito (535-536). A casa na qual Gregório cresceu se levantava na Clivus Scauri, rodeada de solenes edifícios que testemunhavam a grandeza da antiga Roma e a força espiritual do cristianismo. Para inspirar-lhe elevados sentimentos cristãos estiveram também os exemplos de seus pais Giordiano e Silvia, ambos venerados como santos, e os de suas tias paternas Emiliana e Tarsília, que viviam na própria casa como virgens consagradas em um caminho compartilhado de oração e ascese.

Gregório ingressou logo na carreira administrativa, que havia seguido também seu pai, e em 572 alcançou o cume, convertendo-se em prefeito da cidade. Este cargo, complicado pela tristeza daqueles tempos, permitiu-lhe aplicar-se em um amplo raio a todo tipo de problemas administrativos, obtendo deles luz para suas futuras tarefas. Em particular ficou nele um profundo sentido da ordem e da disciplina: já como Papa, sugerirá aos bispos que tomem como modelo na gestão dos assuntos eclesiásticos a diligência e o respeito das leis próprias dos funcionários civis. Aquela vida não lhe devia satisfazer, visto que, não muito depois, decidiu deixar todo cargo civil para retirar-se em sua casa e começar a vida de monge, transformando a casa de família no mosteiro de Santo André. Desse período de vida monástica, vida de diálogo permanente com o Senhor na escuta de sua palavra, ficou nele uma perene nostalgia que sempre de novo e cada vez mais aparece em suas homilias: em meio às preocupações pastorais, ele recordará várias vezes em seus escritos como um tempo feliz de recolhimento em Deus, de dedicação à oração, de serena imersão no estudo. Pôde assim adquirir esse profundo conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, do qual se serviu depois em suas obras.

Mas o retiro claustral de Gregório não durou muito. A preciosa experiência amadurecida na administração civil em um período carregado de graves problemas, as relações que teve nesta tarefa com os bizantinos, a estima universal que havia ganhado, induziram o Papa Pelágio a nomeá-lo diácono e a enviá-lo a Constantinopla como seu «apocrisiario» – hoje se diria «Núncio Apostólico» – para favorecer a superação dos últimos restos de controversa monofisista e sobretudo para obter o apoio do imperador no esforço de conter a pressão longobarda. A permanência em Constantinopla, onde havia reiniciado a vida monástica com um grupo de monges, foi importantíssima para Gregório, pois lhe permitiu ganhar experiência direta no mundo bizantino, assim como se aproximar do problema dos Longobardos, que depois colocaria à prova sua habilidade e sua energia nos anos do Pontificado. Passados alguns anos, foi chamado de novo a Roma pelo Papa, que o nomeou seu secretário. Eram anos difíceis: as contínuas chuvas, o transbordamento dos rios e a carestia atingiam muitas áreas da Itália e da própria Roma. No final se desatou a peste, que causou numerosas vítimas, entre elas também o Papa Pelágio II. O clero, o povo e o senado foram unânimes em eleger como seu sucessor na Sede de Pedro precisamente ele, Gregório. Tentou resistir, inclusive buscando a fuga, mas tudo foi inútil: ao final teve de ceder. Era o ano de 590.

Reconhecendo que havia sucedido a vontade de Deus, o novo pontífice se pôs imediatamente ao trabalho com empenho. Desde o princípio revelou uma visão singularmente lúcida da realidade com a qual devia medir-se, uma extraordinária capacidade de trabalho ao enfrentar os assuntos tanto eclesiais como civis, um constante equilíbrio nas decisões, também valentes, que sua missão lhe impunha. Conserva-se de seu governo uma ampla documentação graças ao Registro de suas cartas (aproximadamente 800), nas quais se reflete o enfrentamento diário dos complexos interrogantes que chegavam à sua mesa. Eram questões que procediam dos bispos, dos abades, dos clérigos, e também das autoridades civis de toda ordem e grau. Entre os problemas que afligiam naquele tempo a Itália e Roma, havia um de particular relevância no âmbito tanto civil como eclesial: a questão longobarda. A ela o Papa dedicou toda a energia possível com vistas a uma solução verdadeiramente pacificadora. Ao contrário do Imperador bizantino, que partia do pressuposto de que os Longobardos eram só indivíduos depredadores a quem era preciso derrotar ou exterminar, São Gregório via estas pessoas com os olhos do bom pastor, preocupado por anunciar-lhes a palavra de salvação, estabelecendo com eles relações de fraternidade orientadas a uma futura paz fundada no respeito recíproco e na serena convivência entre italianos, imperiais e longobardos. Preocupou-se pela conversão dos jovens povos e da nova organização civil da Europa: os Visigodos da Espanha, os Francos, os Saxões, os imigrantes na Bretanha e os Lonbogardos foram os destinatários privilegiados de sua missão evangelizadora. Ontem celebramos a memória litúrgica de Santo Agostinho de Canterbury, guia de um grupo de monges aos que Gregório encomendou ir a Bretanha para evangelizar a Inglaterra.

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