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O inferno? Quase ninguém mais acredita nele!

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Autor: Dom Estevão Bettencourt
A razão por que muitos em nossos tempos não acreditam no inferno, é que nunca tiveram explicação exata do que ele significa: é frequente conceber-se o inferno como castigo que Deus inflige de maneira mais ou menos arbitrária, como se desejasse impor-se vingativamente como Soberano Senhor; o réprobo seria atormentado maldosamente por demônios de chifres horrendos, em meio a um incêndio de chamas, etc. — Não admira que muitos julguem tais concepções inventadas apenas para incutir medo ; não seriam compatíveis com a noção de um Deus Bom.
Na verdade, o inferno não é mais do que a consequência lógica de um ato que o homem realiza de maneira consciente e deliberada aqui na terra; é o indivíduo quem se coloca no inferno (este vem a ser primàriamente um estado de alma; vão seria preocupar-se com a sua topografia) ; não é Deus quem, por efeito de um decreto arbitrário, para lá manda a criatura, É o que passamos a ver.
Admitamos que um homem nesta vida conceba ódio a Deus (ou ao Bem que ele julgue ser o Fim último, Deus) e O ofenda em matéria grave, empenhando toda a sua personalidade (pleno conhecimento de causa e liberdade de arbítrio); essa criatura se coloca num estado de habitual aversão ao Senhor. Caso morra nessas condições, sem retratar, nem mesmo no seu íntimo, o ódio ao Sumo Bem, que sorte lhe há de tocar ?

A morte confirmará definitivamente nessa alma o ódio de Deus, pois a separará do corpo, que é o instrumento mediante o qual ela, segundo a sua natureza, concebe ou muda suas disposições. Depois da morte, tal criatura de modo nenhum poderá desejar permanecer na presença de Deus; antes espontaneamente pedirá afastar-se d’Ele. Não será necessário que, para isto, .o Juiz supremo pronuncie alguma sentença; o Senhor apenas reconhecerá, da sua parte, a opção tomada pela criatura ; Ele a fez livre e respeitará esta dignidade, em hipótese nenhuma forçando ou mutilando o seu alvitre.
Eis, porém, que desejar afastar-se de Deus e permanecer de fato afastada, vem a ser, para a alma humana, o mais cruciante dos tormentos. Com efeito, toda criatura é essencialmente dependente do Criador, do qual reflete uma imagem ou semelhança ; por conseguinte, ela tende por sua própria essência a se conformar ao seu Exemplar (é a natureza quem o pede, antecedentemente a qualquer opção da vontade livre); caso o homem siga esta propensão, ele obtém a sua perfeição e felicidade. Dado, porém, que se recuse, a fim de servir a si mesmo, não pode deixar de experimentar os protestos espontâneos e veementíssimos da natureza violentada. A existência humana torna-se então dilacerada : o pecador sente, até nas mais recônditas profundezas do seu ser, o brado para Deus ; esse brado, porém, ele o sufocou e sufoca, para aderir a um fim inadequado, fim que, em absoluto, ele não quer largar apesar do terrível tormento que a sua atitude lhe causa. — Na vida presente, a dor que o ódio ao Sumo Bem acarreta, pode ser temperada pela conversão a bens aparentes, mas precários…, pela auto-ilusão ; na vida futura, porém, não haverá possibilidade de engano!

É nisto que consiste primariamente o inferno. Vê-se que se trata de uma pena infligida pela ordem mesma das coisas, não de uma punição especialmente escolhida , entre muitas outras por um Deus que se quisesse “vingar” da criatura. Em última análise, dir-se-á que no inferno só há indivíduos que nele querem permanecer. — A este tormento espiritual se acrescenta no inferno uma pena física, geralmente designada pelo nome de fogo; certamente não se trata de fogo material, como o da terra, mas de um sofrimento que as demais criaturas acarretam para o réprobo, e acarretam muito naturalmente. Sim; quem se incompatibiliza com o Criador não pode deixar de se incompatibilizar com as criaturas, mesmo com as que igualmente se afastaram de Deus (o pecador é essencialmente egocêntrico), de sorte que os outros seres criados postos na presença do réprobo vêm a constituir para este uma autêntica tortura (não se poderia, porém, precisar em que consiste tal tormento).
Por último, entende-se que o inferno não tenha fim ; há de ser tão duradouro quanto a alma humana, a qual por sua natureza é imortal; Deus não lhe retira a existência que lhe deu e que, em si considerada, é grande perfeição. Embora infeliz, o réprobo não destoa no conjunto da criação, pois por sua dor mesma ele proclama que Deus é a Suma Perfeição, da qual ele se alheou (é preciso, nos lembremos bem de que Deus, e não o homem, é o centro do mundo).

Não se pense em nova “chance” ou reencarnação neste mundo. Esta, de certo modo, suporia que Deus não leva a sério as decisões que o homem toma, empenhando toda a sua personalidade; o Senhor não trata o homem como criança que não merece respeito. De resto, a reencarnação é explicitamente excluída por textos da Sagrada Escritura como os que se acham citados sob o no 8 deste fascículo.
Eis a autêntica noção do inferno, que às vezes é encoberta por descrições demasiado infantis e fantasistas.
Veja a propósito E. Bettencourt, A vida que começa com a morte (ed. AGIR) Cap. VI.

Cardeal Herranz assegura que há mais mártires atualmente que em qualquer momento da história

Cardeal Julián Herranz Casado. ROMA, 12 Jun. 12 / 03:01 pm (ACI/EWTN Noticias)

O Presidente Emérito do Pontifício Conselho para os Textos legislativos, Cardeal Julián Herranz Casado, está seguro de que neste momento há mais mártires que em qualquer outra etapa da história da Igreja.

Em entrevista concedida ao grupo ACI, o Cardeal Herranz explicou que tem muito presente os países onde a Igreja é perseguida, e em especial guarda uma lembrança preciosa da Igreja na China, “pobre e perseguida, mas cheia de vida“.

“Já faz 10 anos, escrevi uma carta ao Papa João Paulo II desde China, na qual lhe dizia que estava emocionado em ver uma Igreja pobre e perseguida, mas cheia de vida, uma Igreja na qual a vida de fé se notava continuamente na forma de comportar-se diante dos sofrimentos, das dificuldades, da profissão da própria fé sem nenhum temor, e com uma vida sacramental muito intensa”.

Após celebrar a Santa Missa com motivo da Jornada de Oração pela Igreja na China com alguns membros da China Prayer Group –um grupo nascido para seguir o chamado do Papa Bento XVI a orar pela evangelização e a unidade da Igreja do país–, o Cardeal Herranz indicou que esta oração é uma resposta ao chamado do Papa para “pedir pelos cristãos, pelos católicos que estão sendo perseguidos em muitas nações do mundo”.

“É um momento no qual estão havendo mais mártires que em qualquer outro momento da história da Igreja, mártires cuja maioria nem sequer são conhecidos, mas que diante do Senhor estão muito pressente, pois eles receberam a coroa da glória no Céu, e sobre tudo estão dando um testemunho de fortaleza na fé”, explicou.

O Cardeal Herranz assinalou que é verdade que a Igreja na China está passando por momentos difíceis; “mas quando a Igreja não passou por momentos difíceis de um tipo ou de outro? Pensando na Igreja dos primeiros tempos, quando estava mais acossada por tantas dificuldades, ali o que faziam os cristãos era ser unânimes na oração, na comunhão -participação do corpo do Senhor-, e na doutrina dos apóstolos”, animou.

A autoridade vaticano indicou que Bento XVI fundamentalmente deseja ajudar a população chinesa a crescer na fé. “Se Cristo é caminho, verdade e vida, caminho da Igreja na China, a vida, a força da vida missionária e apostólica que tenham os católicos na China depende muito da amizade que tenham com Cristo, quer dizer, como eles crescem por dentro”.

Finalmente, o Cardeal considerou que a situação dos católicos na China está melhorando, “tudo o que tem vida, tudo o que cresce e se expande é bom e os católicos estão num momento de grande crescimento por dentro e por fora, por dentro porque há um grande esforço por melhorar a formação na fé, e por fora porque todos têm, e especialmente os leigos –e me dá muita alegria-, um grande ardor leigo e missionário”.

China é um país hostil para os católicos, o Estado só permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica Chinesa, ajudante do Partido Comunista da China, e em numerosas ocasiões rechaçou a autoridade do Vaticano. A Igreja Católica, fiel ao Papa e clandestina na China, é perseguida permanentemente.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram aos clérigos estrangeiros. Anteriormente, a Igreja Patriótica nomeou alguns bispos sem a permissão do Santo Padre.

No ano 2007, Bento XVI escreveu uma Carta aos bispos, presbíteros, pessoas consagradas y fiéis leigos da Igreja Católica da China. Através dela, animou à unidade, o perdão e a reconciliação, o diálogo respeitoso e construtivo entre os fiéis, e exortou às comunidades eclesiásticas e organismos estatais a viver suas relações “na verdade e na caridade”.

“As autoridades civis são muito conscientes de que a Igreja, em seu ensino, convida aos fiéis a ser bons cidadãos, colaboradores respeitosos e ativos do bem comum no seu País, mas também está claro que ela pede ao Estado que garanta aos mesmos cidadãos católicos o pleno exercício da sua fé, no respeito de uma autêntica liberdade religiosa”, expressou naquela ocasião.

Bento XVI: Sem oração a vida se converte em ativismo que sufoca e não satisfaz

Vaticano, 25 Abr. 12 / 04:15 pm (ACI)

O Papa Bento XVI explicou que sem a oração, que a respiração da alma, a vida se converte em um mero ativismo que sufoca e não satisfaz; impedindo além disso “ver a realidade com olhos novos”.

Assim o indicou o Santo Padre na catequese da sua Audiência geral desta quarta-feira com os fiéis na Praça de São Pedro, em uma reflexão sobre a oração nos primeiros tempos da Igreja com os Apóstolos.

Bento XVI explicou que “Sem a oração cotidiana vivida com fidelidade, o nosso fazer se esvazia, perde o sentido profundo, se reduz a um simples ativismo que, no final, nos deixa insatisfeitos. (…) Cada passo da nossa vida, toda ação, também na Igreja, deve ser feita diante de Deus, à luz da sua Palavra”.

“Quando a oração é alimentada pela palavra de Deus, podemos ver a realidade com olhos novos, com os olhos da fé e o Senhor, que fala à mente e ao coração, dá nova luz ao caminho em todos os momentos e em todas as situações. Nós cremos na força da Palavra de Deus e da oração. Também a dificuldade que está vivendo a Igreja diante do problema do serviço aos pobres e a questão da caridade, é superada na oração, à luz de Deus, do Espírito Santo”, afirmou.

“Se os pulmões da oração e da Palavra de Deus não alimentam a respiração da nossa vida espiritual, sofremos o risco de nos sufocarmos em meio às mil coisas de todos os dias: a oração é a respiração da alma e da vida”, alertou o Santo Padre.

Quando rezamos, “quando nos encontramos no silêncio de uma igreja ou de nosso quarto, estamos unidos no Senhor a tantos irmãos e irmãs na fé, como uma junção de instrumentos, que apesar da individualidade de cada um, elevam a Deus uma única grande sinfonia de intercessão, de agradecimento e de louvor”, disse o Papa.

Sobre os primeiros cristãos, Bento XVI disse que “desde o início do seu caminho, (a Igreja) teve que enfrentar situações imprevistas, novas questões e emergências às quais procurou dar respostas à luz da fé, deixando-se guiar pelo Espírito Santo”.

Isso se manifestou já nos tempos dos Apóstolos. O evangelista São Lucas narra no livro dos Atos um problema sério que a primeira comunidade cristã de Jerusalém teve que resolver (…) “a respeito da pastoral da caridade junto às pessoas solitárias e necessitadas de assistência e ajuda”, uma questão difícil que podia provocar divisões dentro da Igreja.

“Neste momento de emergência pastoral, sobressai o discernimento realizado pelos apóstolos. Eles se encontram diante da exigência primária de anunciar a Palavra de Deus segundo o mandato do Senhor, mas – também se esta é uma exigência primária da Igreja – consideram da mesma forma o dever da caridade e da justiça, isto é, o dever de assistir as viúvas, os pobres, de prover com amor diante das situações de necessidade nas quais se encontram irmãos e irmãs, para responder ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei””.

A decisão que tomam é clara: não é justo que abandonem a oração e a predicação, por isso foram “são escolhidos sete homens; os apóstolos rezam para pedir a força do Espírito Santo e depois, impõem as mãos para que se dediquem em modo particular a essa diaconia da caridade”.

Esta decisão, explicou o Papa, “mostra a prioridade que devemos dar a Deus, à relação com Ele na oração, tanto pessoal como comunitária. Sem a capacidade de nos parar a escutar ao Senhor, a dialogar com Ele, corre-se o risco de agitar-se e preocupar-se inutilmente pelos problemas e as dificuldades, incluídas as eclesiásticas e pastorais”.

Bento XVI recordou que os santos “experimentaram uma profunda unidade de vida entre oração e ação, entre amor total a Deus e amor aos irmãos”.

“São Bernardo, que é modelo de harmonia entre contemplação e operosidade, no livro De Consideratione, endereçado ao Papa Inocêncio II para oferecer-lhe algumas reflexões a respeito de seu ministério, insiste exatamente sobre a importância do recolhimento interior, da oração para defender-se dos perigos de uma atividade excessiva, qualquer que seja a condição na qual se encontra a tarefa que se está desenvolvendo. São Bernardo afirma que a demasiada ocupação, uma vida frenética, geralmente acabam induzindo o coração a fazer sofrer o espírito”, ressaltou.

“O trecho dos Atos dos Apóstolos nos recorda a importância do trabalho – sem dúvida se é criado um verdadeiro ministério – , do empenho nas atividades cotidianas que são desenvolvidas com responsabilidade e dedicação, mas também a nossa necessidade de Deus, da sua direção, da sua luz que nos dão força e esperança”,concluiu o Santo Padre.

O Papa: Na Quaresma vemos que Deus nos dá a vitória apesar das agitações da vida

Vaticano, 22 Fev. 12 / 01:24 pm (ACI/EWTN Noticias)

No início da Quaresma hoje, Quarta-feira de Cinza, o Papa Bento XVI refletiu sobre este tempo de preparação para a Páscoa e exortou a ver que o Senhor dá aos fiéis a vitória apesar das agitações da vida.

Diante de quase 8 mil fiéis presentes na Sala Paulo VI no Vaticano, o Santo Padre exortou, falando em espanhol, a que “durante a Quaresma, a imitação do Senhor, sintamos como Deus fortalece nosso espírito e nos dá a vitória, face às naufraga da vida presente”.

Bento XVI alentou ademais a que na Quaresma os fiéis encontrem “novo valor para aceitar com paciência e fé qualquer situação de dificuldade, aflição e de prova, sabendo que o Senhor fará surgir das trevas o novo dia”.

“E se fiéis a Jesus seguindo-o pelo caminho da Cruz, o claro mundo de Deus, o mundo da luz, a verdade e a alegria, nos será dado de novo”.

O Papa explicou que na Igreja antiga, a Quaresma era o tempo no que os catecúmenos iniciavam seu caminho de fé e conversão para receber o batismo.

Pouco a pouco, todos os fiéis convidados a viver este período de renovação espiritual. Deste modo, “a participação de toda a comunidade nas diversas passagens do itinerário quaresmal sublinha uma dimensão importante da espiritualidade cristã: graças à morte e ressurreição de Cristo, a redenção alcança não a uns poucos mas a todos”.

O Papa explicou que “o tempo que precede a Páscoa um tempo de ‘metanoia’, o tempo da mudança, do arrependimento; o tempo que identifica nossa vida e toda nossa história com um processo de conversão que põe-se em marcha agora para encontrar o Senhor no final dos tempos”.

A Igreja denomina este tempo “Quadragésima”, tempo de quarenta dias, com uma referência precisa à Sagrada Escritura, já que “quarenta o número simbólico com o que o Antigo e o Novo Testamento representam os momentos principais da experiência de fé do Povo de Deus”.

“Uma cifra que expressa o tempo da espera, da purificação, do retorno ao Senhor, da consciência de que Deus é fiel a suas promessas, (…) um tempo dentro do qual é preciso decidir-se a assumir as próprias responsabilidades sem as postergar ulteriormente. O tempo das decisões amadurecidas”.

Noé transcorre 40 dias na arca por causa do dilúvio, e logo tem que esperar outros 40 antes de poder descer à terra firme. Moisés permanece 40 dias no monte Sinai para recolher os Mandamentos. O povo hebreu peregrina 40 anos pelo deserto, e goza logo depois de outros 40 de paz sob o governo dos Juízes.

No Novo Testamento, Jesus se retira a orar ao deserto durante 40 dias antes de iniciar a vida pública, e, depois da ressurreição, instrui os discípulos durante 40 dias antes de subir ao Céu.

A liturgia da Quaresma, assinalou o Papa, “tem como fim favorecer um caminho de renovação espiritual –à luz desta longa experiência bíblica– e, sobre tudo, de imitação de Jesus, que nos 40 dias que passou no deserto nos ensinou a vencer a tentação com a Palavra de Deus”.

“Jesus se dirige ao deserto para estar em profunda união com o Pai. Esta dinâmica é uma constante na vida terrena de Jesus, que busca sempre momentos de solidão a fim de rezar ao Pai e permanecer em íntima e exclusiva comunhão com Ele, para voltar logo em meio do povo”.

Neste tempo de “deserto”, continuou o Santo Padre, “Jesus assaltado pela tentação e as seduções do maligno, quem lhe propõe uma via messiânica afastada do projeto de Deus porque passa através do poder, do êxito, do domínio, em lugar de passar pelo amor e o dom total na Cruz”.

Bento XVI assinalou que a Igreja peregrina pelo “deserto” do mundo e da história, formado pelo aspecto negativo da realidade: “a pobreza de palavras de vida e de valores, o secularismo e a cultura materialista, que confinam a pessoa no horizonte mundano da existência sem nenhuma referência ao transcendente”.

“Neste ambiente, o céu sobre nós escuro, porque está coberto pelas nuvens do egoísmo, da incompreensão e do engano. Não obstante, também para a Igreja de hoje o tempo do deserto pode transformar-se em tempo de graça, já que temos a certeza de que, inclusive da rocha mais dura, Deus pode fazer brotar água viva que refresca e restaura”.

Ao final da catequese, Bento XVI saudou em vários idiomas os peregrinos; falando em polonês, sublinhou que “o jejum e a oração, a penitência e as obras de misericórdia” os principais meios para preparar a celebração da Páscoa.

O Papa deu também umas especiais boas-vinda aos fiéis do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham, erigido recentemente há mais de um ano, dentro do território da Inglaterra e Gales, para grupos de sacerdotes e fiéis anglicanos que desejem entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.

Quaresma: como e por quê?

Uma prática que se repete desde os primórdios do cristianismo

ROMA, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 (ZENIT.org) – Em preparação para a Páscoa, surgiu já nos primeiros tempos do cristianismo um período voltado a preparar melhor os fiéis para o mistério central da Redenção de Cristo.

Esse período era de um dia apenas. Ele foi se alongando com o tempo, até chegar à duração de 6 semanas. Daí o nome quaresma, do latim quadragesimae, em referência aos 40 dias de preparação para o mistério pascal. A quaresma, para os fiéis, envolve duas práticas religiosas principais: o jejum e a penitência. O primeiro, que já chegou a ser obrigatório para todos os fiéis entre os 21 e os 60 anos de idade, exceto aos domingos, foi introduzido na Igreja a partir do século IV.

O jejum na antiga Igreja latina abrangia 36 dias. No século V, foram adicionados mais quatro, exemplo que foi seguido em todo o Ocidente com exceção da Igreja ambrosiana. Os antigos monges latinos faziam três quaresmas: a principal, antes da Páscoa; outra antes do Natal, chamada de Quaresma de São Martinho; e a terceira, a de São João Batista, depois de Pentecostes.

Se havia bons motivos para justificar o jejum de 36 dias, havia também excelentes razões para explicar o número 40. Observemos em primeiro lugar que este número nas Sagradas Escrituras representa sempre a dor e o sofrimento.

Durante 40 dias e 40 noites, caiu o dilúvio que inundou a terra e extinguiu a humanidade pecadora (cf. Gn. 7,12). Durante 40 anos, o povo escolhido vagou pelo deserto, em punição por sua ingratidão, antes de entrar na terra prometida (cf. Dt 8,2). Durante 40 dias, Ezequiel ficou deitado sobre o próprio lado direito, em representação do castigo de Deus iminente sobre a cidade de Jerusalém (cf. Ez 4,6). Moisés jejuou durante 40 dias no monte Sinai antes de receber a revelação de Deus (cf. Ex 24, 12-17). Elias viajou durante 40 dias pelo deserto, para escapar da vingança da rainha idólatra Jezabel e ser consolado e instruído pelo Senhor (cf. 1 Reis 19, 1-8). O próprio Jesus, após ter recebido o batismo no Jordão, e antes de começar a vida pública, passou 40 dias e 40 noites no deserto, rezando e jejuando (cf. Mt 4,2).

No passado, o jejum começava com o primeiro domingo da quaresma e terminava ao alvorecer da Ressurreição de Jesus. Como o domingo era um dia festivo, porém, e não lhe cabia portanto o jejum da quaresma, o Dia do Senhor passou a ser excluído da obrigação. A supressão desses 4 dias no período de jejum demandava que o número sagrado de 40 dias fosse recomposto, o que trouxe o início do jejum para a quarta-feira anterior ao primeiro domingo da quaresma.

Este uso começou nos últimos anos da vida de São Gregório Magno, que foi o sumo pontífice de 590 a 604 d.C. A mudança do início da quaresma para a quarta-feira de cinzas pode ser datada, por isto, nos primeiros anos do século VII, entre 600 e 604. Aquela quarta-feira foi chamada justamente de caput jejunii, ou seja, o início do jejum quaresmal, ou caput quadragesimae, início da quaresma.

A penitência para os pecadores públicos começava com a sua separação da participação na liturgia eucarística. Mas uma prescrição eclesiástica propriamente dita a este respeito é encontrada apenas no concílio de Benevento, em 1901, no cânon 4.

O cristianismo primitivo dedicava o período da quaresma a preparar os catecúmenos, que no dia da Páscoa seriam batizados e recebidos na Igreja.

A prática do jejum, desde a mais remota antiguidade, foi imposta pelas leis religiosas de várias culturas. Os livros sagrados da Índia, os papiros do antigo Egito e os livros mosaicos contêm inúmeras exigências relativas ao jejum.

Na observância da quaresma, os orientais são mais severos que os cristãos ocidentais. Na igreja greco-cismática, o jejum é estrito durante todos os 40 dias que precedem a Páscoa. Ninguém pode ser dispensado, nem mesmo o patriarca. Os primeiros monges do cristianismo, ou cenobitas, praticavam o jejum em rememoração de Jesus no deserto. Os cenobitas do Egito comiam contados pedaços de pão por dia, metade pela manhã e metade à noite, com um copo d’água.

Houve um tempo em que não era permitida mais que uma única refeição por dia durante a quaresma. Esta refeição única, no século IV, se realizava após o pôr-do-sol. Mais tarde, ela foi autorizada no meio da tarde. No início do século XVI, a autoridade da Igreja permitiu que se adicionasse à principal refeição a chamada “colatio”, que era um leve jantar. Suavizando-se cada vez mais os rigores, a carne, que antes era absolutamente proibida durante toda a quaresma, passou a ser admitida na refeição principal até três vezes por semana.

As taxativas exigências do jejum quaresmal eram publicadas todos os anos em Roma no famoso Édito sobre a Observância da Quaresma. A prática do jejum, no passado, era realmente obrigatória, e quem a violasse assumia sérias consequências.

Os rigores eram tais que o VIII Concílio de Toledo, em 653, ordenou que todos os que tinham comido carne na quaresma sem necessidade se abstivessem durante todo o ano e não recebessem a comunhão no dia da Páscoa.

Giovanni Preziosi

Diante do mal não devemos ficar calados, diz o Papa em mensagem pela Quaresma 2012

Diante do mal não devemos ficar calados, diz o Papa em mensagem pela Quaresma 2012  Vaticano, 22 Fev. 12 / 10:09 am (ACI/EWTN Noticias)

Em sua mensagem para a Quaresma 2012, o Papa Bento XVI alentou os católicos a recuperarem a correção fraterna porque diante do mal não devemos ficar calados.

No texto titulado “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” apresentado em conferência de imprensa no Vaticano, o Santo Padre recordou “um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna”.

Hoje em dia, disse o Papa, “se é muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro”.

Depois de recordar que “Cristo mesmo nos manda repreender ao irmão que está cometendo um pecado”, o Santo Padre ressaltou que “Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem”.

“Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão”, precisou.

O Papa sublinhou logo que “neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade”.

Bento XVI explicou também que a Quaresma um tempo para refletir sobre a caridade e assegurou que “um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal”.

“À vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas. Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa.”, assegurou.

O Papa assinalou que em meio de um mundo que está acostumado a ser indiferente ou desinteressado para com outros, necessário “fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos”.

“Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos, para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem”.

O Santo Padre assinalou na mensagem que “O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor”.

Bento XVI indicou que as pessoas devem superar o olhar sobre os próprios interesses e preocupações, para poder olhar o outro: “sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre”.

“Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende»”, acrescenta.

O Papa referiu além que ser “guardiães” de outros “contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de considerá-la na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual”.

“Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã!”, precisou.

O Pontífice se referiu também ao chamado pessoal à santidade que tem todo cristão, através da vivencia do amor plasmado em obras boas para que Igreja cresça e se desenvolve para chegar “à plena maturidade de Cristo”.

O Papa Bento XVI adverte logo do perigo da tibieza, que deve ser superada, para pôr em obra as “riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal”.

A mensagem na íntegra de Bento XVI pode ser lida no site do Vaticano em português em:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/lent/documents/hf_ben-xvi_mes_20111103_lent-2012_po.html

Tesouros de Roma (I) – Basílica de São Pedro no Vaticano

Autor: Anônimo
Fonte: http://www.primeroscristianos.com/
Tradução: Carlos Martins Nabeto

O MARTÍRIO DE SÃO PEDRO

San Pedro

São Pedro foi martirizado durante a perseguição contra os cristãos decretada por Nero após o incêndio de Roma, no ano 64. O Príncipe dos Apóstolos havia chegado à Urbe alguns anos antes, seguindo a ordem do Senhor expressa no Evangelho de Marcos: “Ide pelo mundo todo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, se salvará; quem não crer, se condenará”.

Ele foi o primeiro a confessar a divindade do Senhor, tinha acompanhado o Senhor durante os três anos de Sua vida pública e havia recebido do Mestre as chaves do Reino dos Céus: era a cabeça da Igreja e sua presença na capital do Império transformava esta cidade no centro e coração da nascente expansão cristã.

Após uma vida ao serviço da Igreja, quando começou a perseguição, Pedro compreendeu que havia chegado o momento de seguir a Cristo até identificar-se totalmente com Ele. Não tardou para ser preso e justiçado em uma cruz, de cabeça para baixo, pois em sua humildade julgou não ser digno de morrer da mesma forma que Nosso Senhor.

É muito provável que o lugar de seu martírio foram os “hortinerones”, umas terras que o imperador possuía nos arredores da antiga Roma, junto à colina Vaticana. Ali Calígula havia começado a erguer um circo particular, cuja construção foi prosseguida por Cláudio e finalmente concluída nos tempos de Nero. Talvez a execução de Pedro tenha ocorrido durante um dos espetáculos que eram celebrados nesse lugar.

Circo Vaticano según un grabado de Carlo Fontana, 1694

Circo de Nero (reprodução)

Às vezes, Nero abria as portas do seu estádio aos cidadãos de Roma e ele mesmo corria em seu carro vestido de auriga diante do povo que o aclamava. Da dinâmica daquelas festas durante a perseguição aos cristãos o historiador pagão Tácito deixou-nos um bom testemunho: “Os que morriam eram tratados com escárnio. Cobertos de peles de animais, eram degolados por cães; ou suspensos em cruzes; ou, inclusive, quando o sol se punha, eram queimados vivos para iluminar a escuridão da noite”.

Plantas del Circo Vaticano y de la actual Basílica.

Circo de Nero x Lugares Santos(plantas)

Os cristãos recolheram o corpo sem vida de Pedro e o enterraram junto à ladeira da colina Vaticana, bem próxima ao estádio de Nero, ainda que se tratasse de propriedade do imperador. A tumba era de humilde terra, porém, desde o primeiro momento, converteu-se em destino frequente de visitas por parte dos cristãos romanos.

Antigas tradições afirmam que o primeiro Papa habitava no Esquilino, na casa do senador Pudente, que foi uma das primeiras “domus ecclesiae” na Urbe e sobre a qual posteriormente foi edificada a basílica de Santa Pudenciana. Também deve ter sido frequente a presença de Pedro na casa de Áquila e Priscila (o casal que colaborava com São Paulo, de quem o Apóstolo dos Gentios fala diversas vezes em suas cartas), que ficava no Aventino, onde hoje se alça a pequena igreja de Santa Prisca.

Muitos pedidos faziam os primeiros cristãos diante da tumba de São Pedro. Restava natural que esta veneração se traduzisse também materialmente, em um progressivo enriquecimento da tumba de Pedro. É seguro que pelo menos desde o século II já se havia edificado um modesto monumento funerário sobre a primitiva tumba de terra.

Por outro lado, os cristãos não esqueciam as palavras que o Senhor dirigiu a Simão, conferindo-lhe um novo nome enquanto lhe apontava a nova missão que deveria concretizar: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Segundo a Tradição, o altar da basílica constantiniana foi construído, no século IV, sobre o antigo monumento funerário de Pedro; e exatamente encima, englobando e protegendo os anteriores, foram erguidos os sucessivos altares de Gregório Magno e de Calixto II, nos séculos VI e XII, respectivamente. Por fim, quando Clemente VIII mandou construir, em 1594, o atual altar da Confissão, foi levantado, novamente, cobrindo os anteriores.

Sección de la Basílica y de la necrópolis.
Em laranja: Basílica de São Pedro; em preto: necrópole

A TUMBA DE SÃO PEDRO

Durante muitos séculos, movidos pela fé e por sua confiança nesta Tradição, os peregrinos que chegavam a Roma, vindos de todas as partes, veneraram a memória do Príncipe dos Apóstolos em sua Basílica, convencidos de que ali se encontrava a sua tumba. Atualmente, graças às escavações arqueológicas realizadas em meados do século XX por desejo de Pio XII, é possível rezar diante da própria sepultura de São Pedro.

Essas escavações nada mais fizeram senão confirmar, ponto por ponto, os dados que tinham sido transmitidos pela Tradição: foi descoberto o circo de Nero, uma necrópole com sepultaras pagãs e cristãs em bom estado de conservação e, sobretudo, foi encontrado o humilde monumento da tumba de Pedro, que correspondia às antiquíssimas descrições literárias desse edículo e que, com efeito, se encontra justamente embaixo dos sucessivos altares da Basílica.Também ficou comprovado que, em volta dessa tumba, havia muitas outras escavadas apressadamente, para que estivessem o mais próximo possível da central; e foi extremamente revelador o estudo dos “grafitti” – ou inscrições – nas paredes, pois indicam de modo evidente que aquele era um lugar de culto cristão e continham numerosas aclamações a Pedro.

El muro de los grafitti
O muro dos “grafitti”

Uma dessas inscrições havia sido gravada junto a um pequeno lóculo ou abertura no muro. Esse nicho continha os restos de um homem idoso, de constituição robusta e que em algum momento haviam sido envoltos em um tecido de cor púrpura e ouro. A inscrição sobre o lóculo dizia, em grego: PETROS ENI, isto é, “Pedro está aqui”.

Interior del lóculo

O interior do lóculo

Fragmento de muro en el que se aprecia la inscripción PETROS ENI.
Fragmento de muro en el que se aprecia la inscripción PETROS ENI.

Fragmento de muro em que aparece a inscrição “Petros eni”: “Pedro está aqui”

A Igreja de Cristo é romana porque a Providência divina dispôs que em Roma estivesse a Sé de Pedro, fonte de unidade e garantia da transmissão do Depósito da Fé revelada. Para um cristão que goza da luz da fé, Roma não é apenas uma cidade de grande interesse artístico ou histórico, mas muito mais: é a sua Casa, um retorno às suas origens, o cenário de uma maravilhosa história: a do Amor infinito de Deus que quer chegar à humanidade inteira, que será sempre atual e que nos interpela especialmente no início do Terceiro Milênio, quando todos os filhos da Igreja têm diante de si o caminho da Nova Evangelização.

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