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Adoração ao Santíssimo

A Presença Real de Cristo na Eucaristia – Parte 2

Autor: Pe. Juan Carlos Sack
Fonte: http://www.apologetica.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto

– “Confesso que o corpo está no céu e confesso também que está no Sacramento. Se isto é ou não contrário à natureza, não me importa, contanto que não seja contrário à Fé” (Martinho Lutero).

– “Um corpo físico ocupa espaço e, portanto, só pode estar em um só lugar em um determinado tempo” (Daniel Sapia, evangélico).

[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje os testemunhos de Inácio de Antioquia, Justino de Roma e Ireneu de Lião].

INÁCIO DE ANTIOQUIA

Uma das testemunhas mais importantes da Igreja Pós-Apostólica. Nascido na Síria, por volta do ano 50, mártir em Roma entre os anos 98 e 117 (mais possivelmente por volta do ano 110, devorado pelas feras). Foi o terceiro Bispo de Antioquia, logo após o Apóstolo Pedro e Evódio. Recebeu a doutrina evangélica da boca dos sucessores imediatos dos Apóstolos, sendo que alguns afirmam que foi discípulo direto de São João Evangelista. Conservam-se várias cartas que escreveu às jovens igrejas enquanto era conduzido a Roma para ser martirizado. A ele se deve a mais antiga aplicação da palavra “Eucaristia” (em grego, “ação de graças”) à celebração da Ceia do Senhor.

Nos textos aqui citados deve-se saber que Inácio precisou enfrentar, entre outras, a heresia chamada “Docetismo”, uma forma de Gnosticismo, segundo a qual Jesus Cristo não veio realmente em carne, mas apenas em aparência. Segundo esta heresia, Seu corpo não era real como o nosso, mas seria uma espécie de ilusão. Diziam, por exemplo, que a expressão “E o Verbo se fez carne” (João 1,14) devia ser entendida de modo simbólico, pois é “o espírito” que “vivifica; a carne para nada serve” (João 6,63)[10]. Santo Inácio fala acerca deles ao escrever para os cristãos de Esmirna, dizendo-lhes:

– “Eles se mantêm distantes da Eucaristia e da oração porque não querem confessar que a Eucaristia é a carne de Nosso Salvador Jesus Cristo, carne que sofreu pelos nossos pecados e foi ressuscitada pela bondade do Pai” (Cartas aos Esminenses 7,1).

Interessado em guardar a unidade da Igreja, escreveu também aos cristãos de Filadélfia:

– “Tomai cuidado para não celebrar mais do que uma só Eucaristia, porque não há mais do que uma só carne de Nosso Senhor Jesus Cristo e não há mais do que um cálice para a reunião de Seu sangue. Há um só altar, assim como há um só Bispo com os seus Presbíteros e meus irmãos, os Diáconos” (Carta aos Filadelfos 4).

Inácio reconhece na Eucaristia a única Carne e o único Sangue do Senhor, razão pela qual não pode ser aceita nenhuma celebração “paralela”, à margem da Igreja visível[11] Seguindo a prática da Igreja Apostólica, a Igreja Católica não admite como válidas as celebrações da Ceia do Senhor que não sejam presididas pelo Bispo ou por alguém por este designado, isto é, um Presbítero validamente ordenado[12].

JUSTINO MÁRTIR

Nasceu em Nablos, Palestina, entre os anos 100 e 110, de família pagã. Na sua juventude dedicou-se à filosofia, passando por diversas escolas, até que conheceu o Cristianismo e abraçou a fé. Juntamente com outros companheiros, foi decapitado por professar a religião cristã por volta de 165. As obras que nos chegaram são de caráter apologético, em defesa do Cristianismo contra os que o impugnavam.

Justino escreveu sua 1ª Apologia por volta do ano 155, onde explica ao Imperador Antonino Pio quais eram as verdadeiras práticas dos cristãos, já que sabia que o Imperador era frequentemente informado acerca desta nova religião através de testemunhos falsos ou grosseiras tergiversações, devidas à má vontade do informante ou sua ignorância sobre o culto cristão.

– “Este alimento chama-se entre nós ‘Eucaristia’, do qual ninguém mais é lícito participar senão aquele que crê que a nossa doutrina é verdadeira e que foi purificado com o batismo para o perdão dos pecados e regeneração, além de viver como Cristo ensinou. Porque estas coisas (=o pão e o vinho durante a celebração da Eucaristia) não as recebemos como se fossem pão comum e bebida comum, mas do mesmo modo que Jesus Cristo nosso Salvador se fez carne pela Palavra de Deus e tomou carne e sangue para nos salvar, assim também nos foi ensinado que o alimento convertido em Eucaristia pelas palavras de uma oração procedente Dele (=de Jesus) – alimento com que são alimentados nosso sangue e nossa carne através de uma transmutação – é a carne e o sangue daquele Jesus que Se encarnou por nós. Pois os Apóstolos, nos Comentários por eles redigidos, chamados ‘Evangelhos’, nos transmitiram que assim lhes foi ordenado: que Jesus, tendo tomado o pão e dado graças, disse: ‘Fazei isto em memória de Mim; isto é Meu corpo’ [Lucas 22,19; 1Coríntios 11,24]; e tendo tomado do mesmo modo o cálice, e dado graças, disse: ‘Isto é Meu sangue’ [Mateus 26,28]. E somente eles (=os Apóstolos) foram feitos participantes [dessa Eucaristia]. No que diz respeito aos mistérios (=a refeição) de Mitra, quem ensinou tais coisas foram os malvados demônios, pois sabeis, ou podereis saber, que quando alguém é iniciado neles, oferece-se-lhe pão e um cálice de água, acrescentando certos versos” (1ª Apologia 66).

Justino estabelece um paralelo entre a consagração da Eucaristia e o mistério da Encarnação. Como resultado, o que se tem na Eucaristia é o que se tem na Encarnação: é o corpo e o sangue de Jesus Cristo. E transmite isto com toda simplicidade, como algo aceito por toda a Igreja.

Há uma circunstância em que o texto citado recebe uma força particular: Justino está explicando ao imperador pagão em que consiste uma celebração dominical cristã; entre outras coisas, explica a doutrina que certamente ninguém poderia compreender sem possuir fé, pois pareceria loucura. Apesar disto, Justino, homem prudente e inteligente, diz ao imperador que o alimento eucarístico é a carne e o sangue de Jesus, aquela mesma que foi assumida pelo Verbo de Deus para a nossa salvação. Se a Igreja Pós-Apostólica tivesse acreditado na interpretação simbólica das palavras de Jesus – ao modo “evangélico” moderno – sem dúvida alguma este seria o momento para explicar ao imperador pagão que não era necessário se preocupar com qualquer forma de “canibalismo”, pois o pão e o vinho consumidos nas celebrações cristãs [apenas] simbolizariam o corpo e o sangue de Jesus. No entanto, Justino afirma, sem recuar um passo da doutrina, que o pão e o vinho eucarísticos “é a carne e o sangue daquele Jesus que se encarnou por nós”.

IRENEU DE LIÃO

Segundo Bispo de Lião, na França, sucedeu a São Fotino. Nascido na Ásia Menor por volta de 140, morreu em torno de 202 em Lião, possivelmente martirizado. Em sua juventude foi discípulo do Bispo de Esmirna, Policarpo, que, por sua vez, fora discípulo de São João Evangelista. Sua principal – e importantíssima – obra é “Exposição e Refutação da Falsa Gnose”, melhor conhecida como “Adversus Haereses” (“Contra as Heresias”), que escreveu em grego e a completou por volta do ano 200. É o teólogo mais importante do século II, testemunha universalmente reconhecida da Fé Apostólica.

Ireneu teve que enfrentar a primeira e mais importante heresia do início da Igreja, o Gnosticismo, que encerrava uma grande variedade de formas e erros, mas que segundo a qual havia um grupo de pessoas que, por iniciação secreta, pôde obter o autêntico conhecimento da Divindade e da Salvação. Entre outras coisas, os gnósticos desprezavam a Criação. Ireneu adverte que, agindo assim, desprezavam também o Senhor que tomou para Si mesmo carne e sangue e que, além disso, não seria possível crer na realidade de Eucaristia já que:

– “…o pão sobre o qual é feita a ação de graças é o corpo do Senhor; e o cálice é o Seu sangue” (Contra as Heresias 4,18,4).

E, na mesma obra, escreve de diversas maneiras sobre o mesmo fato:

– “São completamente loucos aqueles que rejeitam toda a economia de Deus ao negar a salvação da carne e desprezar seu novo nascimento, pois dizem que ela não é capaz de ser incorruptível. Pois se esta [carne, nosso corpo] não se salva, então nem o Senhor nos redimiu com Seu sangue, nem o cálice da Eucaristia é comunhão com Seu sangue, e nem o pão que partimos é comunhão com Seu corpo [1Coríntios 10,16]; pois o sangue não pode provir senão das veias e da carne, e de tudo que compõe a substância do homem, pela qual, tendo sido verdadeiramente assumida pelo Verbo de Deus, nos redimiu com Seu sangue (…) Pois Ele mesmo confessou que o cálice, que é uma criatura, é Seu sangue [Lucas 22,20; 1Coríntios 11,25], com o qual faz crescer o nosso sangue; e o pão, que também é uma criatura, declarou que é Seu próprio corpo [Lucas 22,19; 1Coríntios 11,24], com o qual faz crescer os nossos corpos” (Contra as Heresias 5,2,2).

Com efeito, a interpretação “simbólica” da celebração eucarística está em perfeita harmonia com a heresia gnóstica… E se essa tivesse sido a fé da Igreja do século II, todo o discurso de Ireneu não teria sentido nenhum. Pelo contrário, seu argumento está baseado na afirmação de duas realidades intimamente unidas: a realidade do corpo do Senhor na Encarnação e a realidade do corpo do Senhor na Eucaristia. Os gnósticos – concluiu Ireneu – devem forçosamente negar uma e outra se quiserem ser lógicos. Vejamos outros textos no mesmo sentido:

– “Consequentemente, se o cálice misturado (=vinho+água) e o pão fabricado [pelo homem] recebem a Palavra de Deus [em grego, ‘epiklesis’] para converterem-se na Eucaristia do sangue e do corpo de Cristo, e através destes cresce e se desenvolve a carne de nosso ser, como podem eles negar que a carne é capaz de receber o dom de Deus, que é a vida eterna, já que foi nutrida com o sangue e o corpo de Cristo, e foi convertida em membro Seu? Quando o Apóstolo escreve em sua Carta aos Efésios: ‘Somos membros de Seu corpo’ [Efésios 5,30], de Sua carne e de Seus ossos, não fala sobre algum homem espiritual e invisível – pois ‘um espírito não tem carne nem ossos’ [Lucas 24,39] – mas sim daquele ser que é verdadeiro homem, que é formado de carne, ossos e nervos, o qual se nutre do sangue do Senhor e se desenvolve com o pão de Seu corpo” (Contra as Heresias 5,2,3).

– “Como dizem que se corrompe e não pode participar da Vida a carne [de nossos corpos], alimentada com o corpo e o sangue do Senhor? Mudem, pois, de opinião ou deixem de oferecer estas coisas (=a ‘eucaristia’ celebrada pelos gnósticos). Pelo contrário, concordem com o que cremos e, quanto a Eucaristia, [concordem] com a firme Eucaristia em que cremos. Oferecemos o que Lhe pertence e proclamamos, de modo concorde, a união e a comum unidade entre a carne e o espírito, porque assim como o pão brota da terra, uma vez pronunciada sobre ele a invocação (=’epiklesin’) de Deus, já não é pão comum, mas a Eucaristia formada por dois elementos: o terrestre e o celestre; de modo semelhante, também os nossos corpos, ao participarem da Eucaristia, já não são corruptíveis, mas têm a esperança de ressuscitarem para sempre” (Contra as Heresias 4,18,5).

Não quero encerrar as citações de Ireneu sem antes recordar um belo testemunho seu sobre a Eucaristia como Sacrifício:

– “Aconselhando Seus discípulos a oferecer as primícias de Suas criaturas a Deus – não porque Este as necessitasse, mas para que não fossem infrutuosos e ingratos – tomou a criatura pão e, dando graças, disse: ‘Isto é Meu corpo’ [Mateus 26,26]. E, do mesmo modo, o cálice, também tomado entre as criaturas como nós, confessou ser Seu sangue; e ensinou que [este] era o Sacrifício do Novo Testamento. A Igreja, recebendo isto dos Apóstolos, em todo o mundo oferece a Deus, que nos dá o alimento, as primícias de Seus dons no Novo Testamento. Com estas palavras, um dos Doze Profetas, prenunciou: ‘Não me comprazo em vós – diz o Senhor onipotente – e não receberei o sacrifício de vossas mãos, porque desde o Oriente até o Ocidente Meu nome é glorificado nas nações e em todas as partes se oferece ao Meu nome incenso e um sacrifício puro: porque grande é Meu nome nas nações – diz o Senhor onipotente’ [Malaquias 1,10-11]. Com estas palavras, apontou claramente que o antigo povo deixaria de oferecer a Deus e que em todo lugar Lhe seria oferecido o Sacrifício Puro (=a Eucaristia); e Seu nome é glorificado nos povos” (Contra as Heresias 4,17,5)[13].

NOTAS:

[10] Este mesmo raciocínio dos primeiros inimigos do Cristianismo nascente, visando negar a realidade da encarnação, se repete literalmente hoje em dia na exegese “evangélica” simbólica do discurso do Pão da Vida (João 6,25ss), visando agora negar a realidade da presença real de Cristo na Eucaristia. Isto merece a mais séria atenção (…).

[11] Sobre isso, escreve na carta aos esmirnenses: “Que ninguém faça nada de importante para a Igreja sem o consentimento do Bispo. A Eucaristia válida é aquela celebrada pelo Bispo ou por quem ele designar (…) Nem lhe seja permitido, sem o consentimento do Bispo, batizar ou celebrar o ágape. Quem for aprovado pelo Bispo é agradável a Deus, de modo que o que fizer será seguro e válido” (8,1-2). Compare-se com o que ocorre hoje: enquanto nas igrejas católicas se continua celebrando o único Sacrifício eucarístico em torno do Bispo “ou de quem foi por ele designado” (=os sacerdotes), numerosas denominações “evangélicas” se reúnem por iniciativa própria à margem do Bispo e o que celebram não é, com certeza, a Eucaristia, ainda que muitas vezes a parodiem, repartindo – estes sim – pão e vinhos comuns.

[12] Por outro lado, a Igreja reconhece a validade das ordenações episcopais das igrejas ortodoxas, razão pela qual a Eucaristia ali é validamente celebrada.

[13] Neste artigo, não abordamos diretamente a Eucaristia como Sacrifício. Em todo caso, é bom lembrar que, assim como a presença real de Jesus nas celebrações eucarísticas válidas é uma verdade de Fé virtualmente testemunhada por todos os mais importantes Padres da Igreja, assim também podemos encontrar uma grande quantidade de textos patrísticos que testemunham a Fé da Igreja primitiva na realidade sacrificial da Eucaristia, sem que encontremos neles qualquer dificuldade em admitir a unicidade do sacrifício expiatório de Cristo na Cruz e sua celebração sacramental na Eucaristia até o fim dos tempos. Falam disto como sacrifício: Justino, Didaqué, Cipriano, Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo, Ambrósio, Agostinho, entre outros. Nenhum deles inventou nada, apenas transmitiram a Fé Apostólica. Será que estes homens não sabiam que Cristo Se ofereceu de uma vez por todos, como ensina Hebreus 7,27?

Leia também as outras partes da série especial sobre a Eucaristia

Os Pais da Igreja sobre a virgindade de Maria

O reconhecimento da virgindade de Nossa Senhora sempre foi professado e repetido pelos Padres da Igreja, não obstante os protestantes querem nos fazer crer, com citações fora de exatidão, que muitos admitiam que ela tivesse perdido o que de miraculoso se preservou nela. Chegam nas afirmações mais extremas e enfatuadas dizer que isso foi muito disputado entre os Pais primitivos. Esse trabalho, então, tem o intuito de transcrever o verdadeiro pensamento dos preservadores da Tradição e de refutar as menções indevidas feitas por nossos irmãos evangélicos.

Santo Irineu (130 — 203):

“Como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma virgem obediente à palavra de Deus, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, e que Eva fosse restaurada em Maria, a fim de que uma virgem feita advogada de uma virgem, apagasse e abolisse por sua obediência virginal a desobediência de uma virgem.” (Contra Heresias L. 5, 19.1)

Santo Hipólito de Roma (170 — 236):

“…corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza, mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e homem.” (As obras e fragmentos. Fragmento VII)

Orígenes de Alexandria (185 — 253):

“Mas, seguindo a tradição que está registrado no Evangelho segundo São Pedro ou no livro de Tiago, eles dizem que há alguns irmãos de Jesus, os filhos de José por uma ex-mulher, que vivia com ele antes de Maria. Agora aqueles que dizem por assim desejarem preservar a honra de Maria na virgindade até o fim, de modo que o organismo dela, que foi designada para ministrar a Palavra que diz: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do altíssimo deve ofuscar a ti “, pode não ter tido relação sexual com um homem depois que o Espírito Santo veio ela e o poder do alto a tivesse ofuscado. E eu acho que em harmonia com a razão que Jesus era o fruto primeiro entre os homens da pureza, que consiste na castidade, e Maria entre as mulheres, pois não foram piedosos atribuir a qualquer outro do que o seu fruto primeiro da virgindade.”(Comentário ao Evangelho de Mateus x. 17)

“Para, se Maria, como aqueles que declaram, com exaltar sua mente sã, não tinha outro filho, mas Jesus, e ainda Jesus diz para sua mãe, “Mulher, eis aí teu filho”, e não “Eis que você tem esse filho também” ” (Comentário ao Evangelho de João, Livro 1, 6)

“Sobre este assunto, eu encontrei uma observação muito bem em uma carta do mártir Inácio, segundo bispo de Antioquia depois de Pedro, que lutou com as feras, durante a perseguição em Roma. A virgindade de Maria estava escondida do príncipe deste mundo, graças a José e escondido seu casamento com ele. Sua virgindade foi mantida escondida porque ela foi pensada para ser casado. (Homilias sobre Lucas, 6, 3-4.)

São Gregório de Neucaesarea (213 — 270):

“Para a santa Virgem guardado cuidadosamente a tocha da virgindade,  e deu ouvidos diligentemente que não deveria ser extinto ou contaminado.” (The Second Homily. On the Annunciation to the Holy Virgin Mary)

São Pedro de Alexandria (+ 311):

“…que tem o nome de Leucado, eles vieram para a igreja da mãe mais abençoada de Deus e sempre Virgem Maria, que, como se começou a dizer, ele tinha construído no oeste…” (Episolæ)

Santo Atanásio de Alexandria (295 — 373)

“Portanto, que aqueles que negam que o Filho do Pai, por natureza, e é adequado a esta essência, negam também que Ele tomou verdadeiro humano da Sempre Virgem Maria…” (Contra Arianos, cap 21)

Hilário de Poitiers (300 — 368):

“Se eles [os irmãos do Senhor] foram filhos de Maria e não tomados de casamento anterior de José, ele nunca teria sido entregue no momento da paixão [crucificação] para o apóstolo João, sua mãe, o Senhor dizendo: a cada um, ‘Mulher, eis aí teu filho’, e João, “Eis a tua mãe ‘[João 19:26-27), como ele legou o amor filial a um discípulo como um consolo para a desolação” (Comentário sobre Mateus 1 : 4 )

Santo Efrem da Síria (306 — 373):

“Em sua virgindade Eva colocou as folhas de vergonha: Sua mãe colocou na sua virgindade a roupa da Glória que é suficiente para todos.” (Hino da Natividade, hino 12)

“O que teria sido possível que aquela que foi a residência do Espírito, que foi ofuscada pelo poder de Deus, tornou-se uma mulher mortal, e ela suportou a dor, de acordo com a maldição em primeiro lugar? […] A mulher que dá à luz na dor não poderia ser chamado abençoado. O Senhor, que veio com as portas fechadas, e fora do seio virginal, porque isso realmente virgem deu à luz sem sentir dor ”  (Efren, Diatessaron, 2,6: SC 121,69-70, cf. . ID, Hímni de Nativitate, 19,6-9: CSCO 187,59)

Santo Epifânio (310 — 403):

“De onde vem esta perversidade? De onde é que irrompeu tamanha audácia? Porventura o próprio nome não é suficiente atestado? Quem jamais houve, em tempo algum, que ousasse proferir o nome de Maria e espontaneamente não lhe acrescentasse a palavra virgem? O nome de Virgem foi dado a Santa Maria, nem se mudará nunca, ela sempre permaneceu ilibada (Panarion, Contra os hereges).

Dídimo, o cego (313 — 398):

“Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada”. (A Trindade 3,4)

São Cirilo de Jerusalém (315 — 386):

“o Unigênito do Único, Jesus Cristo, nosso Senhor, a produção, de acordo a carne, do ventre de São Maria, Virgem perpétua, em cuja santa casa somos eu reunidos neste dia para comemorar o dia de sua morte. ” (Homilias sobre a Dormição)

São Basílio de Cesareia (329 — 379):

“Os amigos de Cristo não toleram ouvir que a Mãe de Deus deixou de ser virgem num determinado momento” (Homilia Em Sanctum Christigenerationem, 5)

São Gregório de Nissa (330 — 395):

“Pois se José a tomou como sua esposa com o proposito de ter filhos, por que ela ficou pensando sobre o anuncio de sua maternidade, se ela mesma aceitou o fato de se tornar mãe de acordo com a lei da natureza? Mas assim como era necessário Guardar o corpo da consagrada a Deus como oferenda intocada e Espírito Santo, por esta mesma razão, ela afirma, mesmo se você é um anjo que desceu do céu e mesmo que este fenômeno está além da capacidade dos homens, no entanto, impossível para mim conhecer homem. Como devo tornar-me mãe sem conhecer homem? Pois, embora considere um José para ser meu marido, ainda assim não conhecerei homem” (Sobre a Geração de Santo Cristo, 5)

Santo Ambrósio de Milão (340 — 397):

“Hove quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (…) que é mestra da virgindade, (…) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus , resolvesse andar às voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal”.( De Inst. Virg. I , 3).

Rufino de Aquileia (340 — 410):

“A porta que estava fechada (Ezech. 44,2) foi a sua virgindade, través dela o Senhor Deus de Israel entrou, por isso Ele avançou a este mundo através do ventre da virgem. E, porque a sua virgindade foi preservada intacta, portão da Virgem permaneceu fechado para sempre “. (Comentário do Credo dos Apóstolos, 9)

Santo Agostinho (354 — 430):

“Virgem que concebe, virgem que dá à luz, virgem grávida, virgem que traz o feto, Virgem perpétua”(Sermão CLXXXVI, 1, 1)

“Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu” (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107).

São Jerônimo (347 — 420):

“Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho – que se tornou mãe antes de se casar – permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho.” (Contra Helvídeo, sobre a virgindade perpétua de Maria, cap II)

São João Cassiano (360 — 435):

“Por isso, confesso que o nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, que por sua própria causa foi gerado do Pai antes de todos os mundos, quando ao tempo ele  por nossa causa se fez homem através do Espírito Santo e da sempre Virgem Maria, era Deus em Seu nascimento, e enquanto confessamos as duas substâncias, da carne e da Palavra.” (Sobre a Encarnação de Cristo contra Nestório, L. VII, 5)

São Cirilo de Alexandria (375 — 444):

“Salve, vaso puríssimo da temperança, a ti virgem, confiou, na cruz, nosso Senhor Jesus Cristo a Mãe de Deus, sempre virgem!” (Discurso em Concílio de Éfeso)

São Máximo, o Confessor (580 — 662):

“O nascimento e a adolescência daquela que concebeu e deu à luz – evento impensável, incompreensível, inefável! – ao Filho de Deus, o Verbo, Rei e Deus do Universo, já haviam sido mais maravilhosos que tudo o que se pode ver na natureza. Desde então, todos os dias de sua inteira existência, mostrou um estilo de vida superior à natureza […] Logo, no caminho de sua fatigosa tarefa, sofreu e suportou muitas tribulações, provas, aflições e lamentos durante a Crucifixão do Senhor, alcançando uma completa vitória  e obtendo coroas de triunfo, até ao ponto de ser constituída a Rainha de todas as criaturas[…] A Virgem não só  animava e ensinava aos santos apóstolos e aos demais fiéis a ser pacientes e suportar as provas, senão que era solidária com eles em suas fadigas, lhes sustentava na pregação, estava em união espiritual com os discípulos do Senhor em suas privações e suplícios, em suas prisões[…] Depois da partida de João, o Evangelista, São Tiago, o filho de José, também chamado «irmão do Senhor», tomou a seu cuidado a santa Mãe de Cristo […]” (Vida da Virgem)

Santo Ildefonso de Toledo (606 — 667):

“Tua pureza fica salva no anúncio sobre tua prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do parto” (A virgindade perpétua de Santa Maria)

São João Damasceno (676 — 749):

“Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a jóia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo.” (Homilia sobre a Natividade de Maria, 5)

Poderia acrescer com os santos Papas que defenderam o mesmo nesse período, mas não o farei, dando esse gostinho aos protestantes, evito que venham com mais desculpas.

Os protestantes também têm sua própria lista, é melhor chamá-la de pretensa lista, de citações de Pais da Igreja. Os citados quando não têm seus textos falseados são os hereges que só, por isso, não merecem nenhuma atenção. Os mencionados são: Santo Irineu, Tertuliano, Santo Eusébio, Santo Epifânio, Hegesipo, Helvídeo, Vigilâncio, Joviniano e Nestório. Conheçamos cada um deles.

Comecemos com Sto Irineu. Sua citação que encabeça os Pais citados por mim derruba qualquer interpretação contrária a sua virgindade.

Tertuliano é um caso particular, primeiramente defensor assíduo da fé cristã, depois no fim da vida acaba por se tornar um herege montanista. Santo Agostinho nos informa que Tertuliano, por fim, acaba por fundar uma seita própria, o próprio Santo Agostinho diz ter trazido de volta ao seio da Igreja seus últimos adeptos. [Os Padres da Igreja (séc I – IV) Jacques Liébaert]

Leiamos, antes, algumas de suas afirmações claramente hereges:

“O conhecimento e a defesa do Paráclito nos (nós montanistas) separam dos psíquicos (isto é, dos membros da Igreja Oficial)”

“A Igreja é propriamente e sobretudo o Espírito mesmo, em que reside a Trindade da única divindade, Pai, Filho e Espírito Santo. É ele que reúne essa Igreja que o Senhor estabeleceu nos três. Por isso, desde então, todo grupo de pessoas reunidas nessa fé constitui uma Igreja para o Autor e Consagrador” (Sobre a Castidade XXI,17)

Agora, sobre a virgindade o texto em questão é o seguinte:

“Uma Virgem deu à luz Cristo, e casou-se unicamente depois do nascimento deste. Para que fosse possível louvar no nascimento de Cristo os dois tipos de castidade: ser filho de uma mãe virgem que apenas conheceu um homem” (De Monogamia 8 )

Mas pasmem! O mesmo acreditava que Maria perdeu a virgindade ao dar a luz, o que destrói a fé cristã e não passa de uma repetição da desculpa dos judeus para não aceitarem Jesus Cristo:

“Pariu porque deu à luz um descendente da própria carne; não o deu enquanto não o fez por intervenção humana. Foi virgem com respeito ao marido, mas não com relação ao parto. (…) A mesma que deu à luz o fez verdadeiramente. Foi virgem quanto à concepção, não quanto ao parto. (…) O seio da Virgem abriu-se de modo especial, porque de modo especial havia sido selado” (De Carne Christi 23)

Definitivamente Tertuliano não é uma boa fonte contra a Igreja e chega ser desonesto usá-lo. Sobre ele São Jerônimo nem perdeu tempo, apenas disse: “De Tertuliano não direi senão que não pertenceu à Igreja.” (A Virgindade Perpétua virgindade de Maria IV, 19)

Com relação a Santo Eusébio não passa de uma falta de atenção de seus leitores. Não leram sua obra completamente, pegaram trechos isolados e já tiraram a conclusão. Citam as partes onde ele chama Tiago, primo de Jesus ou um dos filhos de José, de irmão do Senhor. Ora, isto não é novo, assim é chamado na própria Bíblia. Na verdade os Pais da Igreja continuaram a identificá-lo como irmão do Senhor, mesmo sabendo que não eram filhos de Maria, preservaram o semitismo que remonta as próprias traduções dos apóstolos. São vários os concílios da Igreja que continuaram a identificar Tiago assim, mesmo já promulgado o dogma da virgindade de Maria. No próprio Concílio de Trento isso é feito. (Cf.  14ª sessão – unção dos enfermos, cap 1). E como prova do que estou falando vejamos o que em outros capítulos de Santo Eusébio é explicado:

“Então Tiago, a quem os antigos sobrenome o Justo por conta da excelência da sua virtude, é lembrado por ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como um filho de José, e José era suposto ser o pai de Cristo, porque a Virgem, sendo prometida a ele, foi encontrada com o filho pelo Espírito Santo antes de chegarem juntos, Mateus 1:18 como a conta dos shows santos Evangelhos”. (HE III 1,2)

Vemos aí que Sto. Eusébio relata que Tiago era conhecido como um filho de José, só José. Se achasse que fosse filho de Maria seria inútil sua explicação. Ele segue uma antiga tradição que encontramos, inclusive, no Proto-Evangelho de Tiago do ano 150.

Eusébio citando Clemente escreve:

“Clemente, no livro VI das Hypotyposeis, adiciona o seguinte: “Porque -dizem – depois da ascensão do Salvador, Pedro, Tiago e João, mesmo tendo sido os preferidos do Salvador, não tomaram para si esta honra, mas elegeram como bispo de Jerusalém Tiago o Justo.”

E o mesmo autor, no livro VII da mesma obra, diz ainda sobre ele o que segue:

“O Senhor, depois de sua ascensão, fez entrega do conhecimento a Tiago o Justo, a João e a Pedro, e estes o transmitiram aos demais apóstolos, e os apóstolos aos setenta, um dos quais era Barnabé.

Houve dois Tiagos: um, o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e morto a golpes com um bastão; e o outro, o que foi decapitado.” Também Paulo menciona Tiago o Justo quando escreve: Outro apóstolo não vi além de Tiago, o irmão do Senhor.” (HE II, 1)

Nesta, cita um Pai da Igreja, que identifica Tiago como irmão do Senhor, mesmo deixando claro que esse é um dos apóstolos. Os dois apóstolos chamados Tiago na Bíblia não são filhos de Maria, mãe de Jesus, um é filho de Zebedeu, o Tiago maior, enquanto o outro de Alfeu, o Tiago menor, que provavelmente era filho de Maria de Cléofas.

Então, ao contrário do que uma leitura superficial e isolada de seus escritos pode deixar parecer, ele acreditava na virgindade perpétua de Maria.

Santo Epifânio, é mais um em que as citações acima não deixam dúvidas.

Seguindo para Hegésipo, o trecho em questão é este:

Da família do Senhor ainda estão vivos os netos de Judas, que acredita-se que tenha sido irmão do Senhor pela carne..”

Podemos tirar disso apenas que Judas era dito irmão do Senhor pela carne, nada mais.

Ao trecho as seguintes formas de respostas seriam satisfatórias:

1. Os que acreditavam nisso eram os acusadores. Nada impede que os acusadores de Judas, que pelo o que parece não eram cristãos, acreditassem que Jesus era filho de José e de Maria, pois se não eram cristãos não tinham porque crer em sua virgindade mesmo no parto.

2. É dito irmão do Senhor pela carne não de Maria, mas de Davi. Eusébio, realmente, diz que acusavam Judas “com base em sua linhagem vinda de Davi e sua relação com o próprio Cristo” (HE III, 19) E Hegésipo no mesmo registro acrescenta: “Foram passadas informações de que eles seriam da família de Davi e eles foram levados até o imperador Domiciano pelo Evocatus…”

3. O uso de irmão deve ser levado em conta segundo o semitismo usado, e a ênfase “em carne”, para mostrar que não era irmão do Senhor segundo o espírito apenas. Como foi dito: “E se deve ver um estranho, que o levou sob o seu teto e se alegram por ele como mais um irmão de verdade, porque lhes chamar irmãos, não segundo a carne, mas segundo a alma.” (Aristides, desculpa 15,6, escrevendo aos cristãos). Um exemplo do uso é quando Jesus é dito filho de Davi ou descendente segundo a carne, isto não quer dizer que seja direto, mas segundo a carne de Maria. Assim como nos explica Tertuliano:

“Sed et Paulus, eiusdem utpote evangelii et discipulus et al magister testículo quia apostolus eiusdem Christi, confirmat Christum ex Semine secundum carnem David, ipsius Utique. ergo ex Semine David caro Christi. sed secundum carnem Mariae ex Semine David, ergo est Mariae ex carne dum est Semine ex Davi.” (Na carne de Cristo 22,3)

O fato do acréscimo “da carne” não significa muito. O próprio Concílio Quinissexto de 692 identifica Tiago, outro irmão apontado pelos protestantes, de forma parecida: “Pois também Tiago, o irmão, segundo a carne, de Cristo nosso Deus, a quem o trono da igreja de Jerusalém primeira foi confiada, e Basílio, o arcebispo da Igreja de Cesaréia, cuja glória se espalhou por todo o mundo, quando nos deu instruções para o sacrifício místico, por escrito, declarou que o Santo Cálice está consagrado na Divina Liturgia com água e vinho.” (CÂNON XXXII) Só como curiosidade, esta é a mais antiga referência explícita à liturgia de Tiago que diz: “Fazemos memória de nossa Santíssima, Imaculada, e gloriosíssima Senhora Maria, Mãe de Deus e sempre Virgem“. A terceira alternativa me parece mais óbvia.

O próximo é Helvídeo, que fundamentado num herege, Tertuliano, numa interpretação literal da Bíblia e por mal interpretar outro Pai da Igreja, negou a virgindade de Maria. São Jerônimo fez uma bela refutação às suas tentativas frustradas. Vale a pena a leitura, que dispensa meus comentários.

Sigo para Vigilâncio, que também não tinha um bom currículo. É outro que foi refutado por S. Jerônimo. Entre suas heresias, além da de negar a virgindade perpétua de Maria, cita-se:

1. Era contra o culto aos mortos.

2. Pensava que os mortos dormiam ao que levou S. Jerônimo a chamá-lo de “Dormilâncio” (cF. Contra Vigilâncio CAP II)

3. Chamava as velas de insignificantes.

4. Sobre as relíquias dos mártires diz: “um pouco de pó miserável, envolto em panos caros”

5. Usava como fonte doutrinal um livro apócrifo, que não era recebido, obviamente, pela Igreja.

Enfim, é outro que não merece nenhuma consideração.

O Outro é Joviniano, que não por coincidência era outro herege. Entre suas crenças podemos trazer:

1. Uma virgem não é melhor aos olhos de Deus do que uma mulher casada.

2. Uma pessoa batizada com o Espírito Santo não pode cair no pecado. Sobre isso diz: “os que com plena certeza de fé que nasceram de novo no batismo, não pode ser derrubado pelo diabo.”

3. Todos os pecados são iguais.

4. Há apenas um grau de punição e recompensa no futuro estado.

Esse herege foi condenado pelo sínodo de Roma, sob Papa Sirício e pelo sínodo de Milão, convocado por Santo Ambrósio.

Tempos depois ele ainda é lembrado por Santo Ildefonso de Toledo: “Não quero ver-te [Joviniano] questionar sobre o pudor de nossa Virgem no parto, não quero ver-te corromper a sua integridade na geração; não quero saber violada sua virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória da virgindade, porque foi mãe. Se uma dessas coisas tu confundes, em tudo erraste. Desconhecer a harmonia que as une é ignorar por completa a verdade que encerram. Se não pensas assim estas errado, pecas contra a justiça. Se negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias grandemente a Deus.” (Patrologia Latina 96,58, 617-667 d. C.).

O próximo é Bonoso, herege, que teve suas obras condenadas pelo Decreto Gelasiano e foi condenado por um sínodo de Sto. Ambrósio. Suspeita-se ainda que o mesmo negava a divindade de Cristo, pois seus seguidores negavam esse dogma. Sobre ele, Anísio, bispo de Tessalônica, escreve ao Papa Sirício, indignado por sua descrença na virgindade de Maria, ao que o Papa responde:

“É natural que tenha sentido horror ao ouvir dizer que do ventre de Maria, do qual nasceu Cristo segundo a carne, tenham nascido outros filhos. Jesus Cristo não teria escolhido nascer de uma virgem se soubesse que ela se contaminaria por meio da união com um homem, manchando o lugar onde Ele havia repousado, a corte do Rei Eterno. Esta afirmação nada mais é do que a aceitação da falsa doutrina judia, segundo a qual Cristo não nasceu de uma virgem”.

Resta-nos Nestório. Ele além de negar sua virgindade perpétua, negava sua maternidade divina.  Acreditava que em Cristo havia duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completamente independentes uma da outra. Ele foi condenado como herege pelo concílio de Éfeso em 431. O primeiro a acusá-lo de heresia foi um leigo, Eusébio de Doriléia, mas seu combatente mais assíduo foi São Cirilo.

Vemos que os apontados pelos protestantes dos ortodoxos tira-se todos, obviamente, sobrando os hereges condenados pela santa Igreja pela negação da virgindade de Maria e por outras heresias. Notamos que quando esses se pronunciaram foram duramente repreendidos pelos bispos em sua época e condenados. Nenhum deles diz estar falando o que os antigos Pais criam, ao contrário, do que Sto. Ambrósio, Sto. Agostinho, etc. faziam como referência. E não há de se comparar o número de Pais da Igreja que defendiam sua virgindade com algumas vozes hereges que de tempos em tempos foram aparecendo de forma isolada. Os hereges que faziam tal injúria sabiam que eram vozes a ermo na Igreja. Fundamentavam-se apenas numa leitura fundamentalista da Bíblia e, por vezes, por outros hereges. Essa cadeia de acusações nunca terá fim com a existência de heresias, mas nunca poderá ser embasada pela Sagrada Tradição. Lembrem-se os protestantes que todas essas seitas com suas heresias foram aos poucos caindo, só quem ficou foi a Igreja Católica e a integridade de sua doutrina, a que ficará “até o fim dos tempos.” (Mt 28, 20)

O homossexualismo na visão dos Padres, Santos e Doutores da Igreja

APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS

Os Padres, Santos e Doutores da Igreja sempre condenaram a homossexualidade nas suas obras.

São Justino, Mártir (100-165)

São Justino, mártir e apologista cristão, nasceu em Flavia Neapolis e converteu-se ao cristianismo por volta do ano130. Ensinou e defendeu a religião cristã na Ásia Menor e em Roma, onde sofreu o martírio.

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Na sua Primeira Apologia, dirigida ao imperador Tito, São Justino explica os mistérios cristãos e da racionalidade da doutrina católica. Ele também aponta o absurdo paganismo e a imoralidade dos gregos e romanos:

“Porque vemos que quase todos que são expostos (não só as raparigas, mas também os homens) são trazidos para a prostituição. E como os antigos dizem ter criado rebanhos de cavalos bois ou cabras ou ovelhas, ou de pasto, agora nós vemo-los criar filhos apenas para essa vergonhosa utilização e para esse tipo de poluição. Uma multidão de fêmeas e hermafroditas, e aqueles que cometem iniquidades abomináveis são encontrados em todas as nações. E quem recebe aluguer destes, os direitos e impostos a partir deles, deve ser eliminado do seu reino.

E alguém que use essas pessoas, além dos ateus que mantêm relações infames e impuros, pode eventualmente ter relações sexuais com seu próprio filho, ou parente, ou irmão. E há alguns que até mesmo prostituem os seus próprios filhos e esposas, e alguns são abertamente mutilado com a finalidade de sodomia”.

* * *

Santo Ireneu de Lião (130-202)

Santo Irineu nasceu em Esmirna, na Ásia Menor, onde ele conheceu o bispo São Policarpo, discípulo do Apóstolo São João. Saindo da Ásia Menor para Roma, Santo Irineu juntou-se à Escola de S. Justino Mártir antes de se tornar Bispo de Lyon no sul da Gália. Os escritos mais conhecidos de Santo Irineu são “Contra as Heresias” e “Prova da Pregação Apostólica”, em que ele refutou gnosticismo.

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Santo Irineu reitera a condenação do homossexualismo pela Igreja:

“Além dessa blasfémia contra Deus, ele [Marcion], falando com a boca do diabo, disse em directa oposição com a Verdade, que ele e aqueles que são como ele, os sodomitas, os egípcios, todas as nações que praticaram todos os tipos de abominação, foram salvos pelo Senhor.”

* * *

Atenágoras de Atenas (2 º século)

Atenágoras de Atenas foi um filósofo que se converteu ao cristianismo no segundo século. Atenágoras escreveu o seu fundamento para os cristãos ao imperador Marco Aurélio em torno de 177. Ele defendeu os cristãos, a quem os pagãos tinham acusado de imoralidade. Em seguida, ele mostra que os pagãos, que eram totalmente imorais, nem sequer se abstém dos pecados contra a natureza.

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“Para aqueles que criaram um mercado para fornicação e estabeleceram recursos para a infâmia e todo o tipo de vil prazer, que não se conseguem abster até mesmo de homens, homens com homens cometendo abominações chocantes, insultando todos os mais nobres princípios e insultando de modo desonroso toda a obra justa de Deus.”

* * *

São Jerónimo (340-420)

São Jerónimo é Padre e Doutor da Igreja.

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Ele também foi um exegeta notável e grande polemista. No seu livro “Contra Jovinianus”, ele explica como um sodomita necessita de arrependimento e penitência para ser salvos:

“E Sodoma e Gomorra poderiam ter apaziguado a ira de Deus, se estivessem dispostas a se arrependerem, com a ajuda de jejum para ganhar as lágrimas do seu arrependimento.”

* * *

São João Crisóstomo (347-407)

São João Crisóstomo é considerado o maior dos Padres gregos e foi proclamado Doutor da Igreja. A ele foi-lhe dado o título de “Crisóstomo” (“boca de ouro”), por causa d sua grande capacidade oratória e sermões. Ele foi arcebispo e Patriarca de Constantinopla, e a sua revisão do grego na liturgia é usado até hoje.

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Nos seus sermões sobre São Paulo na Epístola aos Romanos, ele mora na extrema gravidade do pecado do homossexualismo:

“Mas se tu aprendeste e ouviste falar do Inferno e acreditas que não é fogo, lembra-te de Sodoma. Pois vimos, e com certeza continuamos a ver até mesmo na vida presente, uma aparência do Inferno. Quando muitos negam totalmente as coisas que virão depois desta vida, negam ouvir falar do fogo inextinguível, Deus traz à mente as coisas presentes. Por isso foi calcinada Sodoma. Pensa emcomo é grande o pecado, para ter forçado o Inferno a aparecer mesmo antes do seu tempo! Onde a chuva era incomum, porque a relação sexual era contráriaà natureza, ela inundou a terra, tal como a luxúria havia feito com as suas almas. Por isso também a chuva era o oposto da chuva habitual. Agora não só ela não mexe no ventre da terra para a produção de frutos, mas tornou ainda inútil para a recepção das sementes. Foi também assim a relação dos homens entre homens, fazendo um corpo desta espécie mais inútil do que a própria terra de Sodoma.”

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Santo Agostinho (354-430)

O maior dos Padres do Ocidente e um dos grandes Doutores da Igreja, estabeleceu as bases da teologia católica. Nas suas “Confissões”, assim ele condena, com a Igreja, a prática da homossexualidade.

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“As infracções contrárias à natureza são em toda parte e em todas as vezes que se realizaram foram punidas. Tais foram as dos sodomitas. Todos eles deverão ser culpados do mesmo crime pela Lei Divina. Pois a relação que deve haver entre Deus e nós, é violado, quando a natureza, da qual Ele é o autor, é poluída pela perversidade da luxúria.”

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São Gregório Magno (540-604)

Papa São Gregório I é chamado de “o Grande”. Ele é Padre e Doutor da Igreja. Introduziu o canto gregoriano na Igreja.

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“A Sagrada Escritura confirma que o enxofre evoca o cheiro da carne, assim como fala da chuva de fogo e enxofre sobre Sodoma derramado pelo Senhor. Ele tinha decidido punir Sodoma por causa dos crimes da carne, e com o tipo de punição Ele enfatizou a vergonha do crime, pois quis que fedesse a enxofre, fogo e carne queimada. Foi exactamente por isso que os sodomitas, queimando com desejos perversos decorrentes da carne como fedor, devem perecer pelo fogo e enxofre para que através deste justo castigo percebam o mal que tinham cometido, comandados por um perverso desejo.

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Santa Catarina de Sena (1347-1380)

Santa Catarina, uma grande mística e Doutora da Igreja viveu em tempos difíceis. O Papado estava no exílio em Avignon, na França. Ela foi fundamental para trazer de volta os Papas para Roma. Os seus “Diálogos com Deus” são escritos famosos.

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“Esses desgraçados não só são frágeis na sua natureza, mas pior, cometendo o pecado maldito contra a natureza e, como cegos e tolos, com a luz do seu intelecto escurecida, eles não sabem o mau cheiro e da miséria em que se encontram. Não só este pecado cheira mal diante de Mim, que sou o Supremo e Eterna Verdade, mas realmente desagrada-me muito. Não só a Mim, mas aos próprios demónios. Não é que o mal lhes desagrada, porque eles não gostam de nada que seja bom, mas porque a sua natureza foi originalmente angelical, e sua natureza angelical faz com que eles se afastem quando este grande pecado é cometido.”

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São Bernardino de Siena (1380-1444)

São Bernardino de Siena era um pregador famoso, conhecido pela sua doutrina e santidade.

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Quanto à homossexualidade, afirma:

“Nenhum pecado no mundo amarra a alma como a maldita sodomia, o pecado que sempre foi detestado por todos aqueles que vivem segundo Deus. Uma paixão desordenada, próxima da loucura, que perturba o vice intelecto, destrói elevação e generosidade da alma, faz do preguiçoso uma pessoa irascível, teimoso e obstinado, servil e macio e incapaz de qualquer coisa. Além disso, agitada por um desejo insaciável por prazer, a pessoa sodomita não segue a razão, mas o instinto. Eles tornam-se cegos e, quando os seus pensamentos deve subir para coisas altas e grandes, eles são frívolos e reduzidos para as coisas vis, inúteis e podres, que nunca poderia fazê-los felizes. Assim como as pessoas participam da glória de Deus em diferentes graus, de igual modo também no Inferno alguns sofrem mais que outros. Quem vive com esse vício de sodomia sofre mais do que outra, porque este é maior pecado.”

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São Pedro Canísio (1521-1597)

São Pedro Canísio, jesuíta e doutor da Igreja, é responsável por ajudar um terço da Alemanha abandonar o Luteranismo e retornar para a Igreja Católica.

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“Como diz a Sagrada Escritura, os sodomitas sempre foram extremamente perversos e pecaminosos. São Pedro e São Paulo condenaram sempre o pecado nefando e depravado. Na verdade, a Escritura denuncia essa indecência enorme (…) Aqueles que deviam ter vergonha de violar a lei divina e a lei natural são escravos da mais perversa depravação.”

Fonte: Livro DEFENDING A HIGHER LAW-Why We Must Resist Same-Sex “Marriage”and the Homosexual Movement

Bento XVI apresenta a Santo Irineu de Lyon

Intervenção durante a audiência geral desta quarta-feira

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 28 de março de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a intervenção de Bento XVI na audiência geral desta quarta-feira, na qual continuou com sua série de meditações sobre os padres apostólicos. Nesta ocasião, apresentou a figura de Santo Irineu de Lyon.

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Queridos irmãos e irmãs:

Nas catequeses sobre as grandes figuras da Igreja dos primeiros séculos, chegamos hoje à personalidade eminente de Santo Irineu de Lyon. Suas notícias biográficas nos vêm de seu próprio testemunho, que chegou até nós graças a Eusébio, no quinto livro da «História eclesiástica».

Irineu nasceu com toda probabilidade em Esmirna (na Turquia) entre os anos 135 e 140, onde em sua juventude foi aluno do bispo Policarpo, que por sua vez era discípulo do apóstolo João. Não sabemos quando se transferiu da Ásia Menor para a Gália, mas a mudança deve ter coincidido com os primeiros desenvolvimentos da comunidade cristã de Lyon: lá, no ano 177, encontramos Irineu no colégio dos presbíteros.

Precisamente nesse ano foi enviado a Roma para levar uma carta da comunidade de Lyon ao Papa Eleutério. A missão romana evitou a Irineu a perseguição de Marco Aurélio, na qual caíram ao menos 48 mártires, entre os quais se encontrava o próprio bispo de Lyon, Potino, de noventa anos, falecido por causa dos maus tratos na prisão. Deste modo, a seu regresso, Irineu foi eleito bispo da cidade. O novo pastor se dedicou totalmente ao ministério episcopal, que concluiu entre os anos 202-203, talvez com o martírio.

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