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“Tarde Te amei!” De Santo Agostinho, uma das mais arrebatadoras orações de todos os tempos

“Et ecce intus eras et ego foris et ibi te quaerebam, et in ista formosa quae fecisti deformis irruebam…”

1. Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.

2. Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…

3. Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.

4. Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.

5. Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.

6. Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!

7. E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…

8. Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!

Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29

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Fragmentos em vídeo:

https://www.facebook.com/Aleteiapt/videos/1229615283737139/

Nos passos de Santo Agostinho

Quem sai à procura da verdade já está na busca de Deus, ainda que não o saiba

Santo Agostinho

Em sua encíclica Lumen Fidei, o Papa Francisco indicou o caminho para um diálogo com aqueles que, “apesar de não acreditarem, desejam-no fazer e não cessam de procurar” (n. 35). A atitude do Santo Padre nada mais é que de obediência às palavras de Jesus, que pediu a seus discípulos que pregassem “o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15), indistintamente.

De fato, ninguém está excluído do amor de Deus. Ele sempre está de braços abertos, esperando que o homem aceite seu desígnio de amor e redenção. Ele que, como ensina São Paulo, “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 4), revela-Se àqueles que O procuram de coração sincero. Afinal, “que outra recompensa poderia Deus oferecer àqueles que O buscam, senão deixar-Se encontrar a Si mesmo?”, questiona o Papa Francisco.

Nesta verdade, ao mesmo tempo em que se percebe a vontade de Deus de salvar o homem e conduzi-lo à morada eterna, nota-se uma realidade negativa: diante do Senhor, múltiplas atitudes são possíveis, exceto a indiferença. Não são poucos os homens de nosso tempo que, mais que negar a existência de Deus – indo contra a própria razão natural, pela qual qualquer um pode chegar a esta verdade elementar –, sepultam no cemitério de suas mentes qualquer possibilidade de experiência religiosa. Isto quando não as eliminam completamente, tomando a atitude que o Catecismo chama de “uma fuga da pergunta última sobre a existência e uma preguiça da consciência moral” (§ 2128).

Diante do evidente anseio do homem pelo infinito, o indiferentista age tentando abafá-lo.Como alguém com sede que se esforça continuamente por ignorar a sequidão de sua boca ou os sinais evidentes de que seu organismo clama por água. Enquanto sua sede não for saciada, o seu organismo continuará definhando, até a completa falência. Acontece o mesmo com aquele que nega a vocação do homem à transcendência. Para ir sobrevivendo neste mundo, ele vai mendigando em fontes de uma felicidade aparente e passageira, desconhecendo ou tentando ignorar que só a “água viva” de Cristo pode verdadeiramente satisfazê-lo (cf. Jo 4, 10).

Esta atitude de desprezo para com a verdade pode acabar muitas vezes em um caminho sem saída, que é o do pecado contra o Espírito Santo. Por isso diz-se que, diante de Cristo, não é possível ficar indiferente. “Quem não está comigo, está contra mim” (Lc 11, 23), diz o Senhor. Ao ouvir a história comovedora do próprio Deus que se abaixa à mísera condição humana, ou se acolhe a Sua mensagem de amor ou se diz “não” à Sua vontade. Mesmo a tentativa de “dar de ombros” aos apelos divinos tem o seu significado, não podendo o homem ser eximido de culpa, a menos que esteja em ignorância invencível, situação que só Deus pode julgar concretamente.

Ao lado deste homem que, na renúncia a decidir, acaba escolhendo ficar em cima do muro, existe aquele pagão na eminência de se tornar um Agostinho. Ao contemplar no ser humano o desejo pelo Bom e pelo Belo, ele sai em busca da Verdade e, mesmo que ainda não a conceba com “v” maiúsculo e esteja cheio de dúvidas, dispende todos os seus esforços para conhecê-La. Quem quer que comece a trilhar este caminho segue aquele itinerário descrito de forma extraordinária nas “Confissões”, de Santo Agostinho. Mais cedo ou mais tarde, ele será ofuscado pela luz da fé e, dando o passo definitivo, poderá exclamar com o doctor gratiae“Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!”

Inúmeros são os exemplos de descrentes que terminaram seu processo de busca na Igreja. É que, como dizia Santa Edith Stein, “quem procura a verdade procura Deus, ainda que não o saiba”.

Por Equipe Christo Nihil Praeponere

Como não ser esmagado pela cruz do dia a dia?

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=HxNuY3BunyU[/youtube]

Versão áudio

A vida do homem sobre a Terra é marcada por dificuldades. Com os cristãos não é diferente. A cruz do dia a dia parece, às vezes, ser muito pesada e, para não ser esmagado por ela, é preciso mudar a perspectiva em relação à própria vida. É preciso ter uma visão sobrenatural da própria existência.

Na vida espiritual não é incomum ocorrer uma certa ondulação, ou seja, alternar períodos de grandes consolações com períodos de aridez espiritual. O problema se dá quando as alterações são muito bruscas, elas denotam uma visão carnal da vida. É preciso, então, olhar para a própria vida com o olhar de Deus. Perceber, nas mais diferentes situações da vida, mesmo aquelas injustas, inesperadas, dolorosas, a ação de Deus ou uma oportunidade de oferecer o sofrimento a Ele.

A perspectiva da salvação das almas, da eternidade muda completamente o modo de avaliar os acontecimentos. Uma injustiça que esteja acontecendo pode ser encarada de duas maneiras por aqueles que possuem a visão transcendente: se existe solução, por meio da luta, a ação; mas, se não existe, a aceitação, a resignação, fazendo uma leitura espiritual, enxergando tudo a partir de Deus.

Viktor Frankl, médico psiquiatra judeu, fundador da Logoterapia, enxergou uma realidade que a Igreja Católica conhece há muitos séculos: quando uma pessoa é visitada pelo sofrimento e infere a ele um sentido, torna-se mais fácil suportá-lo.

Dar um sentido sobrenatural às situações adversas torna-as aceitáveis, pois retira delas o absurdo. É o que diz Santo Agostinho: “Deus onipotente, sendo sumamente bom, não deixaria mal algum em sua obra, se não fosse tão poderoso e bom que pudesse tirar até do mal o bem…” (conf. Enchir. 11,3).

Assim, de cada cruz que visita o homem advém uma ressurreição. Depende apenas do modo como percebemos as situações. O transcendente faz com que não se enxergue apenas o prejuízo de uma realidade adversa. Quando se olha para os fatos da vida sob a perspectiva divina, tudo se inverte, tudo muda e, assim, de vítima, o homem se torna vencedor, como experimentou São Paulo quando afirmou: “em Cristo somos mais que vencedores.” (conf. Rm 8, 37)

Por: Equipe Christo Nihil Praeponere

Trindade é amor!

Gênesis, 18 Padre Raniero Cantalamessa explica o mistério da Trindade como fundamento do Cristianismo

Por Antonio Gaspari

ROMA, sexta-feira, 16 de março de 2012 (ZENIT.org) – Trindade é amor e sem Trindade o cristianismo não teria fundamento.

Isto é o que explicou hoje, 16 de março, o Pe. Raniero Cantalamessa na sua segunda pregação da Quaresma.

O Pregador da Casa Pontifícia fez referência à São Gregório Nazianzeno (329 – 390 aprox.), bispo de Constantinopla, Doutor e Padre da Igreja, mais conhecido como “o cantor da Trindade”.

Como escreveu João no Evangelho “Deus é amor” (1 Jo 4,10) “e Santo Agostinho acrescentou: “Por isso, ele é Trindade!” porque “o amor supõe alguém que ama, alguém que é amado e o próprio amor”.

Padre Cantalamessa disse que “O Pai é, na Trindade, aquele que ama, a fonte e o princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado; o Espírito Santo é o amor com o qual se amam.”

Os pensadores gregos e, no geral, as filosofias religiosas de todos os tempos, concebem a Deus principalmente como “pensamento”, ou seja, Deus que pensava a si mesmo “pensamento puro”, “pensamento do pensamento”.

“Mas isto – acrescentou o Pregador – não é mais possível, desde o momento no qual dizemos que Deus é antes de tudo amor, porque o “puro amor de si mesmo “seria puro egoísmo, que não é a exaltação máxima do amor, mas a sua total negação”.

Assim como – disse o padre Cantalamessa – “um Deus que fosse puro Conhecimento ou pura Lei, ou puro Poder não teria nenhuma necessidade de ser Trino; mas um Deus que é acima de tudo Amor sim, porque “em menos do que dois não pode ter amor”.

“É preciso – escreveu o cardeal francês Henri Marie de Lubac – que o mundo saiba: a revelação do Deus amor transforma toda aquela concepção que ele tinha da divindade”.

De acordo com o pregador da Casa Pontifícia”, a Trindade  está tão mergulhada na teologia, na liturgia, na espiritualidade e em toda a vida cristã que renunciar a ela significaria começar outra religião, completamente diferente.”

Por esta razão seria necessário “tirar este mistério dos livros de teologia e colocar na vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e devidamente formulado, mas vivido, adorado e gozado”.

A vida cristã de fato se desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade.

Na aurora da vida, fomos batizados “em nome do Pai e do Filho, do Espírito Santo”, e no final de nossas vidas como cristãos, são recitadas as palavras: “Parte, alma cristã, deste mundo: em nome do Pai que te criou, do Filho que te redimiu e do Espírito Santo que te santificou”.

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os esposos se unem no Matrimônio e colocam um no outro a aliança e os sacerdotes e os bispos são consagrados”, no nome da Trindade começavam certa vez os contratos, os julgamentos e todo ato importante da vida civil e religiosa.

Padre Cantalamessa concluiu a segunda pregação da Quaresma lembrando que a doxologia que conclui o cânon da Missa constitui a mais breve e a mais densa oração trinitária da Igreja: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a Vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra e toda a glória, agora e para sempre. Amém”.

[Tradução Thácio Siqueira]

É hora de reconhecer: A Igreja sempre teve razão sobre o controle da natalidade

Autores: Michael Brendan Dougherty e Pascal-Emmanuel Gobry / Trad.: Bruno Moreno
Fontes: http://www.businessinsider.com / http://conoze.com 
Tradução: Carlos Martins Nabeto

Diante das tentativas do presidente Obama de obrigar as instituições da Igreja a pagar esterilizações, anticonceptivos e abortos para os seus empregados, correm rios de tinta nos Estados Unidos. Graças a Deus, os bispos e praticamente toda a Igreja nos Estados Unidos estão, unidos, enfrentando esta imposição inaceitável do governo.

Trago hoje um artigo que me pareceu espetacular. Considerando que se trata de uma publicação econômica, o Business Insider, o título do artigo é realmente provocativo: “É hora de reconhecer: a Igreja sempre teve razão sobre o controle da natalidade”. Não deixem de ler porque vale a pena. É bom, breve e sem rodeios. Quisera eu tê-lo escrito; porém, pelo menos o traduzi para que os meus leitores dele desfrutem.

* * *

“Pintar a Igreja Católica como ‘distante do mundo atual’ é a coisa mais fácil do mundo com tantos chapéus cheios e igrejas douradas. E [para criticá-la] nada mais fácil que sua posição contra os anticonceptivos.

Muita gente – inclusive o nosso editor – se pergunta por que a Igreja Católica simplesmente não abandona esta regra. Apontam que a maioria dos católicos a ignoram e que quase todos os não católicos consideram que cria divisão ou está ultrapassada. ‘Acordem! Estamos no século XXI!’ – dizem; ‘Não percebem que é algo absurdo?’ – bradam.

Mas há algo que merece ser considerado: a Igreja Católica é a maior organização do mundo e a mais antiga. Sepultou todos os grandes impérios conhecidos pelo homem, do romano ao soviético. Conta com estabelecimentos em todo o mundo, literalmente, e está presente em todos os âmbitos da atividade humana. Deu-nos alguns dos maiores pensadores do mundo, de Santo Agostinho a René Girard. Quando faz algo, geralmente possui uma boa razão para fazê-lo. Todos têm o direito de discordar [dela], porém não se trata de um monte de homens brancos, velhos e loucos que ficaram amarrados à Idade Média.

Então, o que está ocorrendo?

A Igreja ensina que o amor, o matrimônio, o sexo e a procriação são coisas que caminham juntas. Isso é tudo. Porém, é muito importante. E ainda que a Igreja ensine isso há 2.000 anos, provavelmente nunca foi tão significativo como hoje em dia.

As regras contra o controle da natalidade foram reafirmadas em um documento de 1965 assinado pelo Papa Paulo VI, chamado ‘Humanae Vitae’. O Papa advertia que, se fosse aceito o uso generalizado de anticonceptivos, se produziriam quatro efeitos:

  • Redução geral dos padrões morais;
  • Um aumento da infidelidade e da ilegitimidade;
  • Redução das mulheres a objetos empregados para satisfazer os homens;
  • Coerção, por parte dos Governos, em assuntos reprodutivos.

Soa familiar?

Porque realmente se parece muito com o que está ocorrendo nos últimos 40 anos.

Como escreveu George Akerloff em ‘Slate’ há uma década: ‘Ao converter o nascimento do filho em uma escolha física da mãe, a revolução sexual converteu o matrimônio e o sustento das crianças em uma escolha social do pai’.

Ao invés de dois pais responsáveis pelos filhos que concebem, uma expectativa defendida pelas normas sociais e pela lei faz com que agora nenhum dos pais seja necessariamente responsável por seus filhos. Considera-se que os homens cumprem as suas obrigações simplesmente pagando, mediante ordem judicial, a pensão alimentícia aos filhos. Trata-se de uma redução bastante drástica dos padrões da ‘paternidade’.

E que tal avançarmos no restante, desde que o ocorreu a revolução sexual? O matrimônio de Kim Kardashian durou 72 dias. Os filhos ilegítimos: estão aumentando. Em 1960, 5,3% de todos as crianças nascidas nos Estados Unidos eram filhas de mulheres solteiras; em 2010, a cifra subiu para 40,8%. Em 1960, as famílias baseadas em um matrimônio formavam quase 3/4 de todos os lugares; mas, segundo o censo de 2010, representam agora cerca de 48%. A coabitação fora do matrimônio multiplicou-se por 10 desde 1960.

E se você não acredita que as mulheres estão sendo reduzidas a objetos para satisfazer os homens, seja bem-vindo à Internet! Há quanto tempo você conhece a Rede? E no tocante à coerção do Governo: basta olhar para a China (ou para os Estados Unidos, onde o Governo estabeleceu uma lei sobre cobertura obrigatória da anticoncepção, que é o motivo pelo qual estamos agora falando disto).

Mas tudo isso se deve à Pílula? Obviamente que não. Porém, a ideia de que uma disponibilidade geral da anticoncepção não deu lugar a uma mudança social dramática ou que esta mudança foi exclusivamente para o bem é uma noção muito mais absurda do que qualquer coisa ensinada pela Igreja Católica.

Também é absurda a ideia de que é obviamente estúpido receber indicações morais de um fé venerável – E vai recebê-las de quem? De Britney Spears?

Passemos agora para um outro aspecto deste tema. A razão pela qual o nosso editor pensa que os católicos não deveriam ser frutíferos e multiplicarem-se tampouco se sustenta. A população do mundo – escreve ele – está em um caminho ‘insustentável’ de crescimento.

O Escritório de População do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas considera que a taxa de crescimento da população diminuirá nas próximas décadas e se estabilizará por volta dos 9 bilhões em 2050… e ficará assim até 2300 (e observemos que as Nações Unidas, que promovem o controle da natalidade e os abortos em todo o mundo, não são precisamente partidárias do ‘crescei e multiplicai-vos’).

Em termos mais gerais, a visão malthusiana do crescimento tem persistido, apesar de ter sido provado várias vezes que estava equivocada e que teria causado desnecessariamente uma grande quantidade de sofrimentos humanos. Por exemplo: a China caminha para uma crise demográfica e até para a deslocação social em razão de sua equivocada política do filho único.

O progresso humano são as pessoas. Tudo o que torna a vida melhor, da democracia à economia, passando pela Internet e a penicilina, foi descoberto ou criado por alguém. Mais pessoas significa mais progresso. O inventor da cura para o câncer poderia ser o quarto filho que alguém decidiu não ter.

Finalmente, para resumir:

  • É uma boa ideia que as pessoas deem fruto e se multipliquem;
  • Independentemente do que lhe parece a posição da Igreja sobre o controle da natalidade, é uma posição que se tem demonstrado ser profética.

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– Link para o artigo em inglês: http://www.businessinsider.com/time-to-admit-it-the-church-has-always-been-right-on-birth-control-2012-2

Espíritas e demônios

Fonte: Apostolado Spiritus Paraclitus

Uma das formas do espiritualismo enganoso é a Astrologia, cuja prática é condenada por Deus (Levítico19:31: Isaías47:13). O erudito filósofo e teólogo, Doutor da Igreja, Santo Agostinho de Hipona (354-430), condenou categoricamente a Astrologia e toda forma de espiritismo. Disse: “Os astrólogos pretendem que no céu se acha a causa inevitável do pecado: foi Vênus, Saturno ou Marte que nos fez executar esta ou aquela ação. Querem assim isentar de culpa o homem, que é carne, sangue e verme soberbo, e procuram transferir a responsabilidade para Aquele que criou e governa tanto o céu como as estrelas”.

Vejamos a sua afirmação referente a um astrólogo convertido á santa fé de Cristo Salvador:

“Ele, seduzido pelo inimigo, em virtude de sua boa fé, foi durante muito tempo astrólogo, seduzido e sedutor, enganado, e enganador. Atraiu, enganou, proferiu muitas mentiras contra Deus, que teria dado aos homens o poder de fazer o bem, e não o de cometer o mal”.

Quem é o inimigo sedutor da Astrologia e de toda forma de espiritualismo enganoso?

Deus, o grande Construtor do Universo (Salmo 19.1-14; Romanos 1.19,20), criou uma multidão de criaturas espirituais muito antes de criar os seres humanos (Jó 38:4,7), uma dessas criaturas nutriu o desejo egoísta e soberbo de que as criaturas espirituais, ou seja, os anjos o adorassem em vez de adorar o único Deus Verdadeiro (Isaías 42:8; 45:5; João 17:3). Em busca desse objetivo terrível, esse anjo exaltado(Isaías 14:11-15; Ezequiel 28:11-19), opôs-se ao Criador e o caluniou, chegando a dar a entender a Eva que o bom Deus era mentiroso. A primeira sessão espírita no Jardim do Éden, foi tomada por uma catástrofe de engano (Gênesis 3.4,13; morte espiritual 3:7-10; dores 3:16-19: e expulsão do Éden 3:23,24). Por isso foi apropriado que essa horrível e malévola criatura espiritual, exarcebada de rebeldia se tornasse conhecida como Satanás (Hebraico, Adversário, opositor), o diabo (Grego, caluniador, enganador). Pai da mentira e homicida (João 8.44). Os seres espirituais que seguiram a Satanás, tornaram-se demônios, ou espíritos imundos (Marcos 5:13; 6:7; Lc 10:17-20). O diabo com os seus demônios são os mestres na arte de engano nos Centros Espíritas. Os médiuns são enganados pelos ditos espíritos de luz, que na verdade são espíritos das trevas(Atos 26:18; Efésios 5:11,12; 6:12). Daí São Paulo Apóstolo afirma: “Homens enganando e sendo enganados” (II Timóteo 3:13). O fator primordial do diabo e dos demônios é voltar às pessoas contra Deus.

O diabo usa várias religiões, seitas e filosofias para enganar as pessoas e levar elas pelo erro a serem inimigas de Deus. Assim, esses demônios têm desencaminhado, perturbado, separando casais, causando enfermidades, assustando, atacando e matando as pessoas no decorrer de toda a história da raça humana, (João 10:10; Apocalipse 12:9). Há exemplos ocorridos na atualidade que confirmam que a violência dos demônios hoje é maior do que nunca. É só observar a tecnologia a serviço do mal. Para apanharem as pessoas numa cilada, o diabo muitas vezes usa o espiritualismo em todas as suas formas. Como o diabo usa esse chamariz?

O espiritualismo enganoso é amálgama de todas as correntes filosóficas, teosóficas, esotéricas e mediúnicas, desde o Jardim do Éden até os dias atuais da Nova Era. Dentro desse contexto, está o espiritismo contemporâneo.

O que é o espiritismo? É envolvimento com os demônios, por via direta ou por intermédio de um médium. O espiritismo faz para os demônios o que o chamariz faz para o caçador: atrai presas. E, assim como o caçador usa uma variedade de chamarizes para atrair os animais para a armadilha, do mesmo modo os espíritos iníquos incentivam várias formas de espiritismo para colocar os seres humanos sob  seu controle. (Leia Salmo 119:110). Algumas dessas formas de espiritismo são: adivinhação, magia, presságios, feitiçaria, encantamentos, consulta a médiuns e comunicação com os mortos, passes, despachos e astrologia. O chamariz funciona, porque o espiritismo atrai pessoas do mundo todo. Quem mora em povoados na selva consulta curandeiros, e pessoas que trabalham em escritórios nas cidades consultam astrólogos. O espiritismo prospera mesmo em países que se dizem cristãos. Há pesquisas que indicam que nos Estados Unidos umas 30 revistas com circulação conjunta de mais de 10.000.000 de exemplares dedicam-se a várias formas de espiritismo.

Todo ano os brasileiros gastam mais de 500 milhões de dólares em artigos espíritas. No entanto, 80% dos que freqüentam terreiros no Brasil são infelizmente católicos batizados. É nosso dever catequizar com todo ardor o nosso povo. Vamos livrar o nosso povo católico de toda forma de espiritualismo enganoso (ler Judas vv. 22 e 23).

Se lhe ensinaram que algumas formas de espiritismo, são meios de contatar espíritos bons, talvez, fique surpreso ao aprender o que a Sagrada Escritura diz sobre o espiritismo. O povo de Deus foi alertado. “Não vos vireis para médiuns espíritas e não consulteis prognosticadores profissionais de eventos, de modo a vos tornardes impuros por eles.”(Levítico 19:31; 20:6,27). A Palavra de Deus adverte-nos de que ‘os que praticam o espiritismo’ acabarão no “lago que queima com fogo e enxofre. Este significa a segunda morte (morte eterna)”. (Apocalipse 21:8; 22:15). Todas as formas de espiritismo são desaprovadas por Deus (Deuteronômio 18:10-12). Todas as mensagens atuais do mundo dos espíritos vêm de espíritos iníquos.

A prática do espiritismo pode levar ao molestamento ás mãos dos demônios ou até á possessão demoníaca. Portanto, Deus amorosamente nos adverte de que não nos devemos envolverem nenhuma prática espírita(Deuteronômio 18:14; Gálatas 5:19-21).Além disso, se continuarmos a praticar o espiritismo depois de sabermos qual é o conceito de Deus sobre isso, estaremos tomando o lado dos espíritos imundo, rebeldes, e seremos inimigos de Deus. I Samuel 15:23; I Crônicas 10:13, Salmo 5:4.

Uma forma muito comum de espiritismo é a adivinhação– tentar descobrir o futuro ou o desconhecido com a ajuda dos espíritos. Algumas formas de adivinhação são: a astrologia, a bola de cristal, a interpretação de sonhos, a quiromancia e ver a sorte com as cartas de tarô. Muitas pessoas encaram a adivinhação como passatempo inofensivo, mas a Bíblia mostra que os adivinhos e os espíritos imundos andam de mãos dadas.

Por exemplo: Atos 16:16-19, menciona um “demônio de adivinhação” que habilitava uma moça a praticar “a arte do vaticínio (adivinhação)”. No entanto, sua habilidade de predizer o futuro foi perdida quando o demônio foi expulso. É óbvio que a adivinhação é um chamariz usado pelos demônios para atrair as pessoas para sua armadilha.

Se você estiver chorando a morte de um familiar amado ou de um amigo achegado, poderá ser facilmente engodado por outro chamariz. Um médium espírita talvez lhe dê informações especiais ou fale com uma voz que se parece com a do falecido. Cuidado!

Tentar comunicar-se com os mortos leva a uma armadilha. Por quê? Porque os mortos não falam. Como sem dúvida se lembra, a Palavra de Deus diz claramente que na morte a pessoa “volta ao seu solo; neste dia perecem deveras os seus pensamentos”. Os mortos “não estão cônscios de absolutamente nada”. (Salmo 146:4; Eclesiastes 9:5,10) Além disso, na verdade os demônios é que imitam a voz do falecido e dão ao médium espírita informações sobre essa pessoa. (I Samuel 28:3-19) Portanto, quem ‘consulta os mortos’ é enlaçado pelos espíritos imundos e age contrário á vontade de Deus (Deuteronômio 18:11, 12; Isaías 8:19).

REJEIÇÃO AO ESPIRITUALISMO ENGANOSO

Ao acatar os conselhos da Palavra de Deus sobre o espiritismo, você rejeita o chamariz dos demônios.(Leia Salmo 141:9,10 Romanos 12:9) Será que isso significa que os demônios param de tentar capturá-lo? Absolutamente não! Depois de tentar Jesus três vezes, Satanás “retirou se dele até outra ocasião conveniente”. (Lucas 4:13) Semelhantemente, os espíritos obstinados não só atraem as pessoas mas também as atacam. Satanás atacou Jó, o santo servo de Deus. Esse inimigo do Criador causou a perda de seus rebanhos e a morte da maioria dos seus servos. Satanás chegou a matar os filhos de Jó. A sua esposa o abandonou. A seguir, ele feriu o próprio Jó com uma doença dolorosa, seus amigos causaram perturbações, mas Jó manteve a fidelidade a Deus e foi muito abençoado. (Jó 1:7-19; 2:7, 8; 42:12). Todo sofrimento de Jô está dentro da vontade permissiva de Deus e dentro de um contexto pedagógico. Desde então, os demônios às vezes fazem com que as pessoas fiquem mudas, surdas, paralíticas ou cegas e continuam a deleitar-se no sofrimento dos seres humanos. (Mateus 9:32, 33; 12:22; Marcos 5:2-5; Lucas 13:11-16). Hoje, há relatórios que mostram que os demônios molestam sexualmente a algumas pessoas e levam outras à loucura. Claro, que tudo isso via um processo de possessão e pela prática de vícios pecaminosos.

Eles incitam outras pessoas a cometer assassinatos ou suicídio, que são pecados contra Deus. (Deuteronômio 5:17; João 3:15). O diabo atenta e perturba o ser humano para que ele quebre os santos mandamentos de Deus. Dizia Santa Teresa de Ávila: “Não se deixe perturbar, nem deixar a oração – que é o que o demônio pretende”. No entanto, milhares de pessoas que já estiveram enlaçadas pelos espíritos imundos conseguiram liberta-se. Como conseguiram isso? Dando passos muito importantes para o Cristo Libertador.

Qual é uma maneira de opor-se aos demônios e proteger a si mesmo e a sua família das armadilhas deles? Os cristãos do primeiro século, em Éfeso, que praticavam o espiritismo antes de se tornar cristão tomaram uma atitude.

Lemos que “um número considerável dos que haviam praticado artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram diante de todos” (Atos 19:19). Mesmo que você não pratique o espiritismo, livre-se de tudo que seja usado no espiritismo ou que tenha implicações com o espiritismo. Isso inclui livros, revistas, vídeos, posters, gravações musicais e objetos usados para fins espíritas. Estão incluídos também ídolos, amuletos e outras coisas usadas para dar proteção, e presentes recebidos de praticantes do espiritismo.(Deuteronômio 7:25, 26; I Coríntios 10:21). O cristão não deve receber passes, presentes e convite para visitar centros espíritas. A Santa Madre Igreja não aceita a participação de católicos no espiritismo. Para a pessoa se opor aos demônios, outro passo importante é aplicar o conselho de São Paulo Apóstolo de revestir-se da armadura espiritual que está em Efésios 6:11-17.

O cristão precisa conhecer a sua doutrina e o poder de Deus para vencer as forças das trevas. “Tomando sobretudo o escudo da fé com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Efésios 6:16). Qual é o meio para receber esse poder? Estudar o Catecismo da Igreja Católica, examinar sistematicamente as Sagradas Escrituras, (Mateus 22:29; João 5:39; Colossenses 1:9,10; II Pedro 3:18) e viver verdadeiramente os Sacramentos da Santa Igreja de Deus.A medida que você continuar esse santo estudo e praticar piedosamente adoração a Deus em casa e na sua igreja, sua vida será tomada pelo poder do Espírito Santo. Isso será uma poderosa arma contra as tentações dos demônios. Para fortalecer a fé, a mente e a vida espiritual são necessários: meditação, a oração, o jejum e retiros espirituais (Mateus 6:6 -16; 14:23; 17:21; Lucas 2:37).

O cristão deve opor-se poderosamente aos demônios e aos seus ataques (Efésios 4:27; Tiago 4:7). Deve procurar a forte proteção 18:10: “Torre forte é o nome do Senhor; para ela correrá o justo, e estará em alto retiro”. (Ler Salmo 145:18-20). O Criador permite que o diabo e seus demônios continuem a existir, mas ele mostra seu poder, especialmente a favor do Seu povo, e Seu nome está sendo declarado em toda a terra. (Êxodo9:16). Se você permanecer achegado a Deus, não precisará temer os demônios

(Números 23:21,23; Tiago 4:7,8; II Pedro 2:9) O poder desses espíritos é limitado. Foram expulsos da presença de Deus. (Judas 6; Apocalipse 12:9; 20:1-3,7-10,14) De fato, eles têm pavor da sua vindoura destruição. (Tiago 2:19) Portanto, quer os demônios tentem atraí-lo com algum tipo de chamariz quer o ataquem de alguma outra forma, você poderá opor-se a eles (II Coríntios 2:11). O grande mestre da fé cristã Santo Agostinho nos ensina: “O diabo é como um cão amarrado que muito pode latir e fazer estardalhaço mas só morde a quem chegar perto dele”. E a Doutora da Igreja Santa Catarina de Sena afirmava: “O demônio é fraco e nada pode além daquilo que Deus Lhe permita”.

 

CONCLUSÃO

Rejeite toda forma de espiritualismo enganoso. Estude pra valer o Catecismo da Igreja Católica, comungando sempre da Santíssima Eucaristia e vivendo as doutrinas da Igreja. Cresça na graça e no conhecimento de Jesus Cristo (II Pedro 3:18). Ande sempre na unção e direção do Espírito Santo. (Rm 8:1-16; I Co 3:16, Ef 4:27-30; 5:18; I Ts 5:19,20; I Pe 5:6-9; I Jo 2:13-27; Ap 22:17). É bom afirmar que temos o anjo da guarda para nos proteger ( Salmos 34:7; 91: 11: Atos 12:7,8 e 15). A maior vitória sobre o espiritualismo enganoso e as legiões diabólicas é o poderoso nome de Jesus Cristo. É o nome sobre todos os nomes. É o nome que cura, liberta, dá vitória e salva. (Marcos 16:17,18; Atos 4:10-12;Filipenses 2:10,11; Apocalipse 19:13).

O ínclito Abade de Claraval e Doutor da Igreja São Bernardo experimentava a máxima consolação em repetir o santíssimo nome de Jesus. Era como se tivesse mel na boca e sentia uma paz deliciosa no coração”.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Por Pe. Inácio José do Vale – Revista In Guardia

Santo Agostinho: Os bens temporais a serviço da realidade eterna

Fonte: Apostolado Spíritus Paraclitus

Santo Agostinho: Os bens temporais a serviço da realidade eterna Provavelmente você já tenha ouvido a famosa expressão: “Os fins justificam os meios”, claro que no contexto atual que vivemos, onde a sociedade está mergulhada em um consumismo desenfreado e em um superficialismo profundo em seu relacionamento com o próximo, demonstra que isto jamais poderia ser aplicado de maneira correta ou de uma forma generalizada como a expressão deixa interpretar a quem queira assim enxergar. Nesta perspectiva, pretendo clarear o uso correto entre uma coisa e outra, bem como sua distinção e a maneira certa a ser mencionada e, com isso, também ajudar a melhorar nossa conduta perante as escolhas que fazemos diariamente em prol de um bem maior como veremos a seguir. Para isso, recorrer-se-á aos ensinamentos do gigante Santo Agostinho que nos mostrará esta síntese.

Primeiramente vamos definir o conceito entre as palavras Fruir e Utilizar:

Fruir: Ter a posse, o gozo de algo que não se pode alienar ou destruir. Gozar, desfrutar.

Ex: O funcionário fruirá ferias em junho.

Utilizar: Fazer uso ou emprego de algo, usar, empregar. Tirar utilidade de algo, aproveitar, servir-se. Tirar proveito de algo.

Ex: Fulano soube utilizar bem a ferramenta nova.

Feito isso, entremos definitivamente no tema a ser discorrido.

Santo Agostinho inicialmente classifica as coisas em duas categorias: as que o homem pode e deve gozar (a serem fruídas) e que asseguram a felicidade; e as que deve usar bem (para serem utilizadas), como instrumentos para atingir a felicidade.

Vos explico:

As que são objeto de fruição fazem-nos felizes. Por exemplo, as Virtudes, vamos supor que eu vá comprar algo em uma mercearia e por descuido o vendedor ou vendedora acaba me dando o troco a mais do que era realmente o correto, logo que percebo retorno e explicando a situação devolvo o dinheiro a mais que recebi. Nisto eu exerci a Virtude da Honestidade, que não pode ser usada para o mau, mas somente para minha felicidade, ou seja, uma pessoa não poderia vir a me dizer que eu havia me prejudicado sendo honesto em devolver o que não era meu, neste caso, o dinheiro que recebi a mais.

As que são de utilização ajudam-nos a tender a felicidade e servem de apoio para chegarmos as que nos tornam felizes e nos permitem aderir melhor a elas. Aqui Santo Agostinho coloca-nos uma diferença em relação a primeira (que não pode ser usufruída de uma maneira maléfica ou errônea), já nesta segunda há uma possibilidade de serem utilizadas de maneira errônea e por conseqüência maleficamente. Por exemplo, as Potências da alma, continuemos com o exemplo da mercearia, suponhamos então que após eu ter tido o conhecimento do que havia acontecido eu utilizasse minhainteligência para esconder tomar para mim a posse que era de outro, ou seja, aquele dinheiro a mais que eu havia recebido. Porém o mesmo Santo Agostinho nos diz de forma clara que as devemos usar para o bem, como foi o caso no primeiro exemplo, ou seja, foi utilizado oconhecimento/inteligência (que é uma das Potências da alma) que serviu de apoio para chegar a um bem maior que foi o alcance da Honestidade e por conseqüência a Felicidade.

Santo Agostinho coloca-nos entre as coisas que são para fruir e as que são para utilizar, nos diz ainda que se nos apegarmos desordenadamente as coisas que simplesmente são para serem utilizadas para um bem maior corremos o grande risco de nos desviarmos do caminho, nos atrasando ou nos alienando da posse das coisas feitas para fruirmos ao possuí-las. Assim, foram citados os pressupostos necessários para agora entendermos o que será explicado.

 

Fruir e utilizar

Para Santo Agostinho o Fruir é aderir a alguma coisa por amor a ela própria. E o utilizar é orientar o objeto de que se faz uso para obter o objeto ao qual se ama, caso tal objeto mereça ser amado. Ao uso ilícito cabe, para ele, com maior propriedade, o nome de excesso o abuso. Para explicar melhor a esta afirmativa ele usa o seguinte exemplo:

 

“Suponhamos que somos peregrinos, que não podemos ser felizes a não ser em nossa pátria. Sentido-nos miseráveis na peregrinação, suspiramos para que o infortúnio termine e possamos enfim voltar a pátria. Para isso, seriam necessários meios de condução, terrestre ou marítimo. Usando deles poderíamos chegar a casa, lá onde haveríamos de gozar. Contudo, se a amenidade do caminho, o passeio e a condução nos deleitam, a ponto de nos entregarmos à fruição dessas coisas que deveríamos apenas utilizar, acontecerá que não quereríamos apenas utilizar, acontecerá que não quereríamos terminar a viagem. Envolvidos em enganosa suavidade, estaríamos alienados da pátria, cuja doçura unicamente nos faria felizes de verdade.” – Santo Agostinho, A DOUTRINA CRISTÃ, p.44

E conclui de forma esplêndida sua afirmação com uma maravilhosa analogia:

 

“É desse modo que peregrinamos para Deus nesta vida mortal (2Cor 5,6). Se queremos voltar à pátria, lá onde poderíamos ser felizes, havemos de usar deste mundo, mas não fruirmos dele. Por meio das coisas criadas, contemplemos as invisíveis de Deus (Rm 1,20), isto é, por meio dos bens corporais e temporais, procuremos conseguir as realidades espirituais e eternas.” – Santo Agostinho, A DOUTRINA CRISTÃ, p.45

Aqui fica claro o alerta que Santo Agostinho nos faz a respeito da única e verdadeira Esperança e Felicidade as quais o homem deve almejar e jamais perder de foco. Ao se utilizar dos meios necessários (financeiro, emprego, alimentação, vestimentas, estudos, amizades, família…) que nos ligam e nos conduzem direta ou indiretamente aos bens terrenos e temporais, que tenhamos o piedoso cuidado de não fazer destes meios o fim de nossas vidas, ou seja, viver em prol de cada uma dessas coisas que um dia passarão. Ao contrário disso, temos que através e juntamente com esses meios caminhar rumo as realidades espirituais e eternas, ou seja, o CÉU e a Nosso Senhor. Por isso devemos sempre ter em mente e muito mais no coração os devidos valores a serem dados a tudo que está ao nosso redor e àquilo que ainda está por vir, o uso e não o abuso, o necessário e não o excesso, somos chamados a uma vida de exercício diário ao desapego, não que isso signifique objetivar tudo, mas que inerente esteja sempre o bem maior:

“[…] por meio dos bens corporais e temporais, procuremos conseguir as realidades espirituais e eternas.”

Fontes de Pesquisa:

  1. Santo Agostinho – A DOUTRINA CRISTÃ

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