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Eu odiava a simples ideia de algum dia virar católico

A história de um evangélico batista que encontrou a plenitude da fé no catolicismo

No dia seguinte à quarta-feira de cinzas de 2012, eu liguei para a minha mãe do meu dormitório no Seminário Teológico Batista do Sul e contei a ela que estava pensando em me tornar católico.

“Você não vai se tornar católico, você só sabe que não é batista“, disse ela.

“Não, mãe, eu acho que não é só isso”.

Pausa. “Ah, meu Deus”, ela suspirou.

Eu comecei a chorar.

Não tenho como enfatizar o suficiente o quanto eu odiava a simples ideia de algum dia virar católico. Fui reticente até o último instante. Poucos dias antes de abandonar a Igreja batista, eu cheguei a enviar um sermão para um concurso; estava decorando o Salmo 119 para me convencer da “sola scriptura”; marcava reuniões com professores para ouvir os melhores argumentos contrários ao catolicismo; lia livros protestantes sobre o catolicismo, de propósito, em vez de livros de autores católicos.

Além disso, eu sabia que ia perder o subsídio para moradia e teria que devolver o valor da bolsa se abandonasse o seminário, sem falar da decepção para a minha família, amigos e para a dedicada comunidade da igreja.

Mas quando eu tentava estudar, desabava na cama. Tudo o que eu queria era gritar com o livro: “Quem disse?”.

Eu tinha vivido uma grande mudança de paradigma na minha maneira de pensar sobre a fé. E a questão da autoridade apostólica surgia mais forte do que nunca.

Mas vamos voltar alguns anos no tempo.

Eu cresci num lar protestante evangélico. Meu pai se tornou pastor quando eu estava na quarta série. Durante o ensino médio, eu me apaixonei por Jesus Cristo e pelo seu precioso Evangelho e decidi me tornar pastor também.

Foi nessa época que eu endureci a minha convicção de que a Igreja Católica Romana não seguia a Bíblia. Quando perguntei a um amigo pastor por que os católicos diziam que Maria permaneceu virgem depois do nascimento de Jesus, se a Bíblia diz claramente que Jesus teve “irmãos”, ele simplesmente fez uma careta: “Porque eles não leem a Bíblia”.

O livro “Don’t Waste Your Life” [Não desperdice a vida], de John Piper, me fez enxergar um chamamento ao trabalho missionário. Passei o verão seguinte evangelizando os católicos na Polônia.

Fiquei surpreso quando visitei os meus pais, depois disso, e encontrei um livro intitulado “Born Fundamentalist, Born Again Catholic” [Nascido fundamentalista, renascido católico] em cima da mesa do meu pai. Por que o meu pai estaria lendo uma coisa dessas? Fiquei curioso e, como não tinha trazido nada para ler em casa, dei uma olhada no livro.

As memórias de David Currie, que abandonou a sua formação e o seus ministérios evangélicos, foram desconfortáveis para mim. Sua defesa sem remorsos de doutrinas controversas sobre Maria e o papado eram chocantes; eu nunca tinha pensado seriamente que os católicos tivessem argumentos sensatos e embasados para defender essas crenças.

A presença do livro na mesa do meu pai foi explicada com mais detalhes alguns meses depois, quando ele me ligou e disse que estava retornando ao catolicismo da sua juventude. Minha resposta? “Mas você não pode simplesmente ser luterano ou algo assim?”. Eu me senti traído, indignado e furioso. Nos meses seguintes, servi como pastor de jovens na minha igreja local e, nos tempos livres, lia sobre o porquê de o catolicismo estar errado.

Foi quando encontrei um artigo que falava de uma “crise de identidade evangélica“. O autor pintava um retrato de jovens evangélicos crescendo num mundo pós-moderno, desejosos de encontrar as suas raízes na história e sedentos do testemunho motivador de quem permaneceu firme em Cristo durante épocas cambiantes e conturbadas. Mas, na minha experiência, a maioria das igrejas evangélicas não observava o calendário litúrgico, o credo dos Apóstolos nunca era mencionado, muitos cantos só foram escritos a partir de 1997 e, quando se contava algum relato sobre um herói da história da Igreja, invariavelmente se tratava de alguém posterior à Reforma. A maior parte da história cristã, portanto, passava em branco.

Pela primeira vez, eu entrei em pânico. Encontrei uma cópia do catecismo católico e comecei a folheá-lo, encontrando as doutrinas mais polêmicas e rindo das tolices da Igreja católica. Indulgências? Infalibilidade papal? Esses disparates, tão obviamente errados, me tranquilizaram no meu protestantismo. A missa me soava bonita e a ideia de uma Igreja visível e unificada era atraente, mas… à custa do Evangelho? Parecia óbvio que o demônio construía uma grande organização para afastar muita gente do céu.

Sacudi a maioria das minhas dúvidas e aproveitei o restante do meu tempo me divertindo com o grupo de jovens e compartilhando a minha fé com os alunos. Qualquer dúvida, resolvi, seria tratada no seminário.

Comecei as minhas aulas em janeiro, com a mesma emoção de um fanático roxo por futebol indo para a final da Copa do Mundo. As aulas eram fantásticas e eu pensei que tinha finalmente me livrado de todos aqueles problemas católicos.

Mas, poucas semanas depois, mais dúvidas me assaltaram. Estávamos estudando as disciplinas espirituais, como a oração e o jejum, e eu fiquei cismado com a frequência com que o professor pulava de São Paulo para Martinho Lutero ou Jonathan Edwards ao descrever vidas admiráveis ​​de piedade. Será possível que não aconteceu nada que valesse a pena nos primeiros 1500 anos do cristianismo? Este salto na história continuaria me incomodando em muitas outras aulas e leituras propostas. A maior parte da história da Igreja anterior à Reforma era simplesmente ignorada.

Eu logo descobri que tinha menos em comum com os padres da Igreja primitiva do que eu pensava. Diferentemente da maioria dos cristãos na história, a comunhão sempre tinha sido, para mim, apenas um pouco de pão e suco de uva ocasionais e o batismo só me parecia importante depois que alguém tinha sido “salvo”. Esses pontos de vista não apenas contradiziam grande parte da história da Igreja, mas, cada vez mais, evocavam passagens desconfortáveis da Bíblia que eu sempre tinha desdenhado (João 6, Romanos 6, etc.).

Outras perguntas que eu tinha enterrado começaram a reaparecer, mais ferozes, exigindo uma resposta. De onde foi que veio a Bíblia? Por que a Bíblia não se autoproclamava “suficiente”? As respostas protestantes, que tinham me bastado no passado, já não eram satisfatórias.

Foi lançado nesse tempo um vídeo viral de Jefferson Bethke no YouTube, “Por que eu odeio a religião, mas amo Jesus”. O jovem tinha boas intenções, mas, para mim, ele apenas validava o que o Wall Street Journal tinha chamado de “perigosa anarquia teológica dos jovens evangélicos”, tentando separar Jesus da religião e perdendo muito no processo.

O ponto de inflexão foi a quarta-feira de cinzas. Uma igreja batista em Louisville realizou uma cerimônia matutina e muitos estudantes compareceram às aulas com as cinzas ainda na testa. Na capela, naquela tarde, um professor famoso pelo empenho apologético anticatólico expôs a beleza dessa tradição milenar.

Depois disso, eu perguntei a um amigo do seminário por que a maioria dos evangélicos tinha rejeitado essa linda tradição. Ele respondeu com alguma coisa sobre fariseus e “tradições meramente humanas”.

Eu balancei a cabeça. “Não, eu não consigo mais”.

A minha resistência ao catolicismo começou a se desvanecer. Eu me sentia atraído pelos sacramentos, pelos sacramentais, pelas manifestações físicas da graça de Deus, pela Igreja una, santa, católica e apostólica. Não havia mais como negar.

Foi no dia seguinte que eu liguei para a minha mãe e contei a ela que estava pensando em me tornar católico.

Faltei às aulas da sexta-feira. Fui para a biblioteca do seminário e olhei os livros que eu tinha me proibido de olhar, como o catecismo e os últimos textos do papa Bento XVI. Eu me sentia como se estivesse vendo pornografia. No sábado, fui à missa das cinco da tarde. O grandioso crucifixo da igreja me fez lembrar de quando eu considerava os crucifixos um prova de que os católicos não tinham mesmo entendido a ressurreição.

Mas desta vez eu vi o crucifixo de modo diferente e comecei a chorar. “Jesus, meu Salvador sofredor, Tu estás aqui!”.

A paz tomou conta de mim até a terça-feira, quando a realidade me atropelou. Fico ou vou? Fiz vários telefonemas em pânico: “Eu literalmente não tenho ideia do que eu vou fazer amanhã de manhã”.

Na quarta-feira de manhã, eu acordei, abri meu laptop e digitei “77 razões pelas quais estou deixando de ser evangélico”. A lista incluía coisas como a “sola scriptura”, a justificação, a autoridade, a Eucaristia, a história, a beleza e a continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. Os títulos e os parágrafos fluíam dos meus dedos como a fúria das águas que explodem uma represa secular.

Poucas horas depois, em 29 de fevereiro de 2012, eu saí de Louisville para evitar confundir mais alguém e esperando que eu próprio não estivesse cometendo um erro.

Os meses seguintes foram dolorosos. Mais do que qualquer outra coisa, eu me sentia envergonhado e na defensiva, indagando de mim mesmo como é que a minha identidade e o meu plano de carreira tinham se deixado abalar tão rapidamente. Mesmo assim, eu entrei para a Igreja no dia de Pentecostes com o apoio da minha família e comecei a procurar trabalho.

Muita coisa mudou desde então. Eu conheci Jackie no site CatholicMatch.com naquele mesmo junho. Casei com ela um ano depois e comemoramos o nascimento da nossa filha Evelyn em 3 de março de 2014. Vivemos agora no Estado de Indiana e eu estou feliz no meu novo trabalho.

Ainda sou novato nesta jornada católica. Para todos os que ainda se questionam, eu posso dizer que o meu relacionamento com Deus só tem se aprofundado e fortalecido. Enquanto vou me envolvendo com a paróquia, me vejo muito grato pelo amor à evangelização e à Bíblia que aprendi no protestantismo.

Não acho que eu tenha abandonado a minha fé anterior, mas sim que eu consegui preencher as suas lacunas. Hoje eu dou graças a Deus por ter recebido a plenitude da fé católica.

Fonte: Aleteia

Papa Bento XVI: João Batista ensina a viver o Natal como festa do Filho de Deus

Papa Bento XVI

VATICANO, 10 Dez. 12 / 02:28 pm (ACI/EWTN Noticias).- Em suas palavras prévias à oração do Ângelus, na Praça de São Pedro, o Papa Bento XVIafirmou que em meio da sociedade consumista, São João Batista nos ensina a viver o Natal como a festa do Filho de Deus.

O Santo Padre assinalou que “na sociedade de consumo, na qual as pessoas estão tentando buscar a felicidade nas coisas, o Batista nos ensina a viver de maneira essencial, para que o Natal seja vivido não só como uma festa exterior, mas sim como a festa do Filho de Deus que veio para trazer aos homens a paz, a vida e a verdadeira felicidade”.

O Papa indicou que durante “o Tempo de Advento a liturgia ressalta de modo particular, duas figuras que preparam a vinda do Messias: a Virgem Maria e João Batista. Neste domingo, São Lucas nos apresenta João Batista com características diferentes dos outros evangelistas”.

Citando ao seu recente livro, “A Infância de Jesus”, Bento XVI recordou que “‘Todos os quatro Evangelhos colocam no início da atividade de Jesus a figura de João Batista e o apresentam como seu precursor. São Lucas deixa para depois a conexão entre as duas figuras e suas respectivas missões. Já na concepção e nascimento, Jesus e João são colocados em relação’”.

O Papa explicou que “Essa colocação ajuda a entender que João, como filho de Zacarias e Isabel, ambos de famílias sacerdotais, não só é o último dos profetas, mas também representa todo o sacerdócio da Antiga Aliança e por isso, prepara os homens ao culto espiritual da Nova Aliança, inaugurada por Jesus”.

Além disso, o evangelista Lucas “desfaz toda leitura mítica que frequentemente se faz dos Evangelhos e coloca historicamente a vida do Batista: ‘No décimo quinto ano do governo de Tibério César, enquanto Pôncio Pilatos era governador… sob os supremos sacerdotes Anás e Caifás’”.

“Ao interior deste quadro histórico se coloca o verdadeiro e grande acontecimento, o nascimento de Cristo, que os contemporâneos nem sequer notarão”, exclamou o Papa.

Bento XVI recordou que “João Batista se define como a voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. A voz proclama a palavra, mas, neste caso, a Palavra de Deus precede, pois é ela mesma quem desce sobre João, filho de Zacarias, no deserto”.

“Ele, portanto, tem um grande papel, mas sempre em função de Cristo”, indicou.

Santo Agostinho, recordou o Santo Padre, disse que “João é a voz que passa, Cristo é o Verbo eterno, que era no princípio”.

O Papa assinalou que “cabe a nós a tarefa de ouvir aquela voz para abrir espaço e acolher Jesus no coração, Palavra que nos salva”.

“Neste Tempo de Advento, preparemo-nos para ver, com os olhos da fé, na humilde Gruta de Belém, a salvação de Deus”.

Ao concluir suas palavras, o Papa Bento XVI confiou à intercessão da Virgem Maria “nosso caminho rumo ao Senhor que vem, para estarmos prontos a acolher, no coração e em toda a vida, o Emanuel, Deus conosco”.

Escravos por amor a Jesus Cristo

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“Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12).

A Virgem Maria nos ensina como servir o Senhor.Estas palavras de Jesus nos colocam diante de uma realidade fundamental acerca de nossa vocação. Como cristãos, somos chamados a acolher a cruz de Cristo em nossas vidas. Ele se humilhou assumindo a condição de um escravo, cuja vida não pertence a si mesmo, mas ao seu senhor. Como Ele, somos chamados a assumir o ser servo. Para refletir sobre este tema, é muito importante olharmos para a Mãe do Servo Sofredor, para a Virgem Maria.

Na Anunciação de que Nossa Senhora seria a Mãe de Jesus (cf. Lc 1, 31), ela responde ao Anjo: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38). Maria não somente se disse serva, mas colocou-se a serviço de sua prima Isabel. Depois da resposta de Maria ao anúncio do Anjo, ela visitou sua prima, que estava grávida de João Batista. Ao ouvir a saudação de Maria, Isabel ficou cheia do Espírito Santo e disse: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc, 1, 42b).

Maria tinha acabado de chegar, nem mesmo havia se colocado a serviço, e foi exaltada pela saudação de Isabel. Ela declara Maria como bem-aventurada, como realizada, somente pelo fato dela ter acreditado no anúncio do Anjo: “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1, 45). Mais ainda, Isabel profetiza o cumprimento da Anunciação feita pelo Anjo.

Depois das palavras inspiradas de Isabel, em Nossa Senhora, no cântico do “Magnificat”, se realiza a profecia de Isabel. Maria experimenta, naquele momento, a exaltação de Deus: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 47-48a). Maria foi exaltada logo depois no anúncio do Anjo porque se fez humilde, se fez serva do Senhor. Cheia do Espírito, Maria profetiza a exaltação que lhe será dada até o fim dos tempos: “Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão feliz” (Lc 1, 48b).

Como a Virgem Maria, que se fez serva, se fez escrava do Senhor, somos chamados também a nos fazer servos, escravos por amor do Senhor. Acolhendo com humildade o desígnio de Deus para nós, o Senhor nos promete que seremos exaltados: “quem se humilhar será exaltado” (Mt 23, 12). Certamente, esta exaltação acontece aqui, ainda que não conforme a nossa vontade, e acontecerá plenamente na glória da Jerusalém celeste, onde estaremos na comunhão definitiva com a Santíssima Trindade, a Virgem Maria, os anjos e os santos.

Fonte: Todo de Maria

 

O que é Igreja Apostólica?

Autor: Alessandro Lima *.

Introdução

Hoje em dia está na moda as novas seitas protestantes adicionarem o adjetivo “apostólica” ao seus nomes. Como por exemplo: Igreja Nova Apostólica, Igreja Evangélica Apostólica das Águas Vivas, Igreja Apostólica Ministério Comunidade Cristã, Igreja Apostólica do Avivamento, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Apostólica Cristã, Igreja Apostólica Ministério Resgate, Igreja Apostólica Batista Viva e etc.

 

Mas será que toda igreja é apostólica? Será que toda igreja tem que ser apostólica? Será toda “igreja” pode adotar para si o adjetivo “apostólica”, sem detrimento de seu real significado?

O Ensinamento da Igreja Católica

O Catecismo da Igreja Católica ensina:

§861 “Para que a missão a eles [aos apóstolos] confiada fosse continuada após sua morte [de Jesus], confiaram a seus cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes, depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens íntegros assumissem seu ministério.”

§862 “Assim como permanece o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para sempre pela sagrada ordem dos Bispos.” Eis por que a Igreja ensina que “os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado“.

Os protestantes em contrapartida alegam que nunca houve sucessão apostólica, e que a Igreja Apostólica é simplesmente aquela fiel á doutrina bíblica. Afirmam ainda que a reunião dos fiéis constitui a Igreja.

O que ensina a Bíblia?

A Bíblia ensina que Nosso Senhor Jesus Cristo, deu o governo da Igreja aos Santos Apóstolos: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10, 16).  Aqui vemos o testemunho da autoridade dos apóstolos sobre toda a Igreja dada pelo próprio Cristo.

A Bíblia dá testemunho de que os apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias (cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica.

Além destes exemplos claros há também os implícitos como o caso de Apolo. Apolo era um Judeu natural de Alexandria que conhece o verdadeiro Evangelho em Éfeso (cf. At 18,24-28). A Bíblia diz que Apolo foi levado aos discípulos de Cristo que se encontravam em Corinto (cf. At 19,1).

São Paulo ao escrever sua primeira carta aos cristãos de Corinto faz menção de Apolo, vejam:

Pois acerca de vós, irmãos meus, fui informado pelos que são da casa de Cloé, que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de que entre vós se usa esta linguagem: ?Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo, eu, de Cefas; eu, de Cristo” (1Cor 1,11-12).

Bem, sabemos de onde surgiu Apolo e que ele foi enviado a Corinto, mas o que ele está fazendo na Igreja de Corinto?

São Paulo continua: “Pois quem é Apolo E quem é Paulo? Simples servos, por cujo intermédio abraçastes a fé, e isto conforme a medida que o Senhor repartiu a cada um deles: eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem faz crescer” (1 Cor 3,5-6).

Notaram? São Paulo fundou a Igreja em Corinto, mas quem cuidava desta Igreja era Apolo, era ele que no dizer no Apóstolo, regava, isto é cuidava da Igreja. Apolo era então o Bispo de Corinto, instituído pelos apóstolos.

Apesar das palavras do apóstolo serem claras, isso explica porque os cristãos dissensores de Corinto, ao criar um partido, escolheram o nome de Apolo, que era o líder daquela comunidade, isto é, o Bispo.

O episcopado de Apolo fica ainda mais claro, nas seguintes palavras de São Paulo:

Portanto, ninguém ponha sua glória nos homens. Tudo é vosso: Paulo, Apolo, Cefas (Pedro), o mundo, a vida, a morte, o presente e o futuro. Tudo é vosso! Mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus. Que os homens nos considerem, pois, como simples operários de Cristo e administradores dos mistérios de Deus” (1Cor 3,21-22; 4,1).

Veja como São Paulo coloca o ministério de Apolo em igualdade com o seu próprio. Ver também (1Cor 4,6).

Vimos que a Sagrada Escritura ao contrário do que ensinam os “entendedores da Bíblia” não nega a existência da Sucessão dos Apóstolos, como meio de perpertuar de forma segura o ministério dos Apóstolos, ao contrário, ela confirma isso.

O que diz a história da Igreja?

Se estamos falando a verdade, devemos obrigatoriamente encontrar na história da Igreja, provas de que a Sucessão Apostólica realmente existia. Caso contrário estaremos somente especulando sobre o que realmente existia na Igreja primitiva, como faz atualmente o protestantismo.

Vamos ver agora se encontramos na história da Igreja alguma prova da existência da sucessão dos apóstolos:

Clemente de Roma, o 4º Bispo de Roma na sucessão de São Pedro, em sua primeira carta aos Coríntios (90 D.C) escreve:

42. Os apóstolos receberam do Senhor Jesus Cristo o Evangelho que nos pregaram. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Cristo, portanto vem de Deus, e os apóstolos vêm de Cristo. As duas coisas, em ordem, provêm da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, repletos de certeza, por causa da ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, fortificados pela palavra de Deus e com plena certeza dada pelo Espírito Santo, saíram anunciando que o Reino de Deus estava para chegar. Pregavam pelos campos e cidades, e aí produziam suas primícias, provando-as pelo Espírito, a fim de instituir com elas bispos e diáconos dos futuros fiéis. Isso não era algo novo: desde há muito tempo, a Escritura falava dos bispos e dos diáconos. Com efeito, em algum lugar está escrito: ?Estabelecerei seus bispos na justiça e seus diáconos na fé” (Is 60,17)”

44. Nossos apóstolos conheciam, da parte do Senhor Jesus Cristo, que haveria disputas por causa da função episcopal. Por esse motivo, prevendo exatamente o futuro, instituíram aqueles de quem falávamos antes, e ordenaram que, por ocasião da morte desses, outros homens provados lhes sucedessem no ministério.”

Vejam que desde o início do Cristianismo já se sabia que os Bispos da Igreja são os sucessores dos Apóstolos. Temos uma prova clara de que a Sucessão dos Apóstolos tinha como objetivo perpetuar o ministério dos Apóstolos, já que a Igreja deveria permanecer ainda na terra durante séculos.

Portanto, ninguém pode ser intitular Bispo, se não tiver recebido as sagradas ordens através da legítima sucessão dos Apóstolos; e ninguém pode se intitular pastor da Igreja se não tiver recebido a sagrada ordem pelas mãos de um legítimo Bispo.

A Igreja Apostólica é como um Rio, que possui sua nascente na sucessão dos Apóstolos. É do Colégio dos Apóstolos que a Igreja possui a sua origem, segundo designo do próprio Cristo.

A Sucessão dos Apóstolos foi algo tão real na vida da Igreja, que muitas destas sucessões foram registradas por alguns historiadores como Hegesipo e Eusébio de Cesaréia.

Veremos algumas das sucessões dos apóstolos registradas pelo Bispo Eusébio de Cesaréia (Séc IV), historiador da Igreja, em sua obra ?A História Eclesiástica? (HE):

Sucessão Apostólica em Roma

No atinente a seus outros companheiros, Paulo testemunha ter sido Clemente enviado às Gálias (2Tm 4,10); quanto a Lino, cuja presença junto dele em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo (2Tm 4,21), depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado” (HE III,4,8).

A Vespasiano, depois de ter reinado 10 anos, sucedeu Tito, seu filho, como imperador. No segundo ano de seu reinado, o bispo Lino, depois de ter exercido durante doze anos o ministério da Igreja de Roma, transmitiu-o a Anacleto.” (HE III,13)

No décimo segundo ano do mesmo império [de Domiciano, irmão de Tito], Anacleto que foi bispo da Igreja de Roma durante doze anos, foi substituído por Clemente, que o Apóstolo [Paulo], na carta aos Filipenses, informa ter sido seu colaborador, nesses termos: ‘Em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no livro da vida’” (Fl 4,3)

Relativamente aos bispos de Roma, no terceiro ano do reinado do supracitado imperador [Trajano], Clemente terminou a vida, passando seu múnus a Evaristo. No total, durante nove anos exercera o magistério da palavra de Deus.” (HE III,34)

Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano (…) Evaristo completado seu oitavo ano, Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo.” (HE IV,1)

No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano], Alexandre, bispo de Roma morreu, tendo completado o décimo ano de sua administração. Teve Xisto como sucessor.” (HE IV,4).

Ao atingir o império de Adriano já o duodécimo ano, Xisto, tendo completado o décimo ao de episcopado em Roma, teve Telésforo por sucessor, o sétimo depois dos apóstolos.” (HE IV,5,5)

Tendo ele [Aélio Adriano] cumprido sua incumbência, após vinte e um anos de reinado, sucedeu-lhe no governo do império romano Antonino, o Pio. No primeiro ano deste, Telésforo deixou a presente vida, no undécio ano de seu múnus e coube a Higino a herança do episcopado em Roma.” (HE IV,10)

Tendo Higino falecido após o quarto ano de episcopado, Pio tomou em mãos o ministério em Roma.” (HE IV,11,6)

E na cidade de Roma, tendo morrido Pio no décimo quinto ano de episcopado, Aniceto presidiu aos fiéis desta cidade.” (HE IV,11,7)

Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero], quando Sotero sucedeu a Aniceto, que completara onze anos de episcopado na Igreja de Roma.”(HE IV,19)

Sotero, bispo da Igreja de Roma, chegou ao termo de sua vida no decurso do oitavo ano de episcopado. Sucedeu-lhe Eleutério, o décimo segundo a contar dos Apóstolos, no décimo sétimo ano do imperador Antonino Vero” (HE V,Introdução,1)

No décimo ano do império de Cômodo, Vítor sucedeu a Eleutério, que havia exercido o episcopado durante treze anos.(…)” (HE V,22)

Sucessão Apostólica em Jerusalém

Após o martírio de Tiago e a destruição de Jerusalém, ocorrida logo depois, conta-se que os sobreviventes dos Apóstolos e discípulos do Senhor vindos de todas as partes se congregaram e com os consangüíneos do Senhor ‘ havia um grande número deles ainda vivos ‘ reuniram-se em conselho para verificar quem julgariam digno de suceder a Tiago. Todos unanimemente consideraram idôneo para ocupar a sede desta Igreja Simeão, filho de Cléofas, de quem se faz memória no livro do Evangelho (Lc 24,18; Jô 19,25). Diz-se que era primo do Salvador. Efetivamente, Hegesipo [historiador antigo] declara que Cléofas era irmão de José.” (HE III,11)

Por sua vez, tendo Simeão morrido segundo relatamos, um judeu, chamado Justo, ocupou em Jerusalém a sé episcopal. Havia um grande número de circuncisos que acreditavam em Cristo e ele era deste número.” (HE III,35)

Certifiquei-me, contudo, por documentos escritos, que, até o assédio dos judeus sob Adriano, sucederam-se em Jerusalém quinze bispos. Diz-se que eram todos hebreus por origem e terem acolhido genuinamente o conhecimento de Cristo. Em conseqüência, aqueles que ali podiam decidir, julgaram-nos dignos do múnus episcopal. Com efeito, a Igreja toda de Jerusalém se compunha então de hebreus fiéis. Assim sucedeu desde o tempo dos apóstolos até o cerco que sofreram então, quando os judeus se contrapuseram aos romanos e foram aniquilados em fortes guerras.

Uma vez que terminaram nessa ocasião os bispos oriundos da circuncisão, convém levantar agora sua lista, desde o primeiro. Com efeito, o primeiro foi Tiago, denominado irmão do Senhor, depois dele, o segundo foi Simeão; o terceiro, Justo; o quarto, Zaqueu; o quinto, Tobias; o sexto, Benjamim; o sétimo, João; o oitavo, Matias; o nono Filipe; o décimo, Sêneca, o undécimo, Justo; o duodécimo, Levi; o décimo terceiro, Efrém; o décimo quarto, José; finalmente, o décimo quinto, Judas.

Estes foram os bispos da cidade de Jerusalém, desde os apóstolos até o tempo a que nos referimos. Todos dentre os circuncisos.” (HE IV, 5,2-4)

[Durante a perseguição aos Judeus sob o imperador Adriano] a cidade [de Jerusalém] foi reduzida a ser totalmente desertada pelo povo e a perder seus habitantes de outrora. Foi povoada uma raça estrangeira. A cidade romana que a substitui recebeu outro nome, e foi denominada Aélia, em honra do imperador Aélio Adriano. A Igreja da cidade foi composta também de gentios, e após os da circuncisão o primeiro dos bispos a receber a múnus foi Marcos.” (HE IV,6,4)

Nesta época [do imperador Cômodo, sucessor de Antonino Vero], era famoso o bispo da Igreja de Jerusalém Narciso, até hoje muito conhecido. Foi o décimo quinto sucessor, após a guerra judaica, sob Adriano. Mostramos que, desde então, a Igreja local constava de gentios, substitutos dos membros da circuncisão e que Marcos foi o seu primeiro bispo proveniente dos gentios.

Depois dele, as listas dos sucessivos bispos desta região registram Cassiano; em seguida Públio, depois Máximo; após estes, Juliano, e em seguida Caio; depois dele Símaco, outro Caio, e ainda Juliano, após Capitão, a seguir Valente e Doliguiano; por fim Narciso, o trigésimo a contar dos apóstolos, na sucessão regular dos bispos.” (HE V,12)

A Sucessão Apostólica em Antioquia

Evódio foi o primeiro bispo estabelecido em Antioquia; depois ilustrou-se o segundo, Inácio, nessa mesma ocasião.” (HE III,22)

Após [Inácio], Heros foi seu sucessor no episcopado em Antioquia” (HE III,36,15)

É sabido que, na Igreja de Antioquia, Teófilo foi sexto bispo a contar dos apóstolos, pois Cornélio foi instalado como quarto depois de Heros, nesta cidade, e após, em quinto lugar, Eros recebeu o episcopado.” (HE IV,20).

A Sucessão Apostólica em Alexandria

No quarto ano de Domiciano, Aniano, o primeiro bispo da Igreja de Alexandria, após vinte e dois anos completos de episcopado, morreu. Seu sucessor, como segundo bispo, foi Abíblio” (HE III,14)

Nerva [imperador, sucessor de Domiciano] reinou pouco mais de um ano e Trajano lhe sucedeu. No decurso de seu primeiro ano, Abílio, tendo dirigido por treze anos a Igreja de Alexandria, foi substituído por Cerdão. Se contarmos desde o primeiro, Aniano, este foi o terceiro chefe. Nesta ocasião, Clemente estava à frente da Igreja de Roma, e foi o terceiro a ocupar a sé episcopal, depois de Paulo e de Pedro. Lino foi o primeiro, e em seguida Anacleto.” (HE III,21)

Cerca do duodécimo ano do reinado de Trajano, bispo de Alexandria, de que falamos um pouco mais acima [Cerdão], deixou a presente vida. Primo foi o quarto, depois dos apóstolos, a assumir o múnus da Igreja de Alexandria.” (HE IV,1)

No terceiro ano do mesmo governo [do imperador Aélio Adriano, sucessor de Trajano] (…) na Igreja de Alexandria, Primo morreu no décimo ano em que presidia e sucedeu-lhe Justo.” (HE IV,4).

Decorridos um ano e alguns meses [depois do duodécimo ano do império de Adriano], Eumenes teve a presidência na Igreja de Alexandria, em sexto lugar. Seu predecessor [Justo] permaneceu durante onze anos.” (HE IV,5,5)

[durante o tempo de imperador Antonino], em Alexandria, Marcos foi nomeado pastor, depois que Eumenes completou treze anos; e tendo Marcos morrido após dez anos de ministério, Celadião assumiu o múnus da Igreja de Alexandria.” (HE IV,11,6).

Já atingira o oitavo ano o império de que tratamos [Antonino Vero] (…) Na Igreja de Alexandria, depois que Celadião a presidira durante catorze anos, Agripino assumiu a sucessão” (HE IV,19).

Depois que Antonino esteve dezenove anos no governo, Cômodo obteve o poder. No primeiro ano de seu reinado, Juliano assumiu o episcopado das Igrejas de Alexandria, depois de ter Agripino desempenhado suas funções durante doze anos.” (HE V,9)

No décimo ano do império de Cômodo, (…) tendo Juliano completado o décimo ano de seu múnus, Demétrio tomou em mãos o ministério das comunidades de Alexandria (…)” (HE V,22)

Sucessão apostólica em outras localidades

Não é fácil dizer quantos discípulos houve e quais se tornaram verdadeiramente zelosos a ponto de serem considerados capazes, depois de comprovados, de apascentar as Igrejas fundadas pelos apóstolos, exceto aquelas cujos nomes é possível recolher dos escritos de Paulo.

(…)Relata-se ter sido Timóteo o primeiro a exercer o episcopado na Igreja de Éfeso (1Tm 1,3), enquanto o primeiro nas Igrejas de Creta foi Tito (Tt 1,5)” (HE III,4,3-5).

Acrescente-se que acerca do areopagita, de nome Dionísio, do qual afirma Lucas nos Atos que, em seguida ao discurso de Paulo aos atenienses no Areópago, foi o primeiro a crer (At 17,34), outro Dionísio, um ancião, pastor da Igreja de Corinto, assevera que ele se tornou o primeiro bispo da Igreja de Atenas” (HE III, 4,10).

Policarpo, não somente foi discípulo dos apóstolos e conviveu com muitos dos que haviam visto o Senhor, mas ainda foi estabelecido pelos apóstolos bispo da Igreja de Esmirna, na Ásia. Nós o vimos na infância.” (Melitão de Sardes em apologia ao imperador Vero, conforme HE IV,14,3).

(..)Havendo Potino consumado sua vida aos 90 anos em companhia dos mártires da Gália, Ireneu recebeu a sucessão no episcopado da comunidade cristã de Lião, que era dirigida por Potino. Tivemos notícia de que na juventude ele [Ireneu] foi ouvinte de Policarpo” (HE V,5,8)

Enfim, citamos estes poucos casos porque apresentar todos os testemunhos dos antigos sobre a sucessão dos apóstolos seria demasiadamente trabalhoso. Os exemplos aqui transcritos já são suficientes para provar a existência da sucessão dos apóstolos na história da Igreja de Cristo.

Conclusão

Jesus revestiu aos apóstolos da Sua autoridade. A Bíblia em local algum indica que esta autoridade dentro da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos e em lugar algum diz que uma vez morto o último apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornar-se-ia a autoridade final.

Não há fidelidade à Bíblia, sem fidelidade à Igreja de Cristo. A Igreja sempre foi “a coluna e o fundamento da verdade” (cf. 1Tm 3,15) para os cristãos. Quem conhece a memória cristã sabe, que a Bíblia demorou séculos para ser discernida pela Igreja, e que os ensinamentos sucessores dos apóstolos eram recebidos como ensinamentos dos próprios apóstolos:

Impossível enumerar nominalmente todos os que então, desde a primeira sucessão dos Apóstolos, tornaram-se pastores ou evangelistas nas Igrejas pelo mundo. Nominalmente confiamos a um escrito apenas a lembrança daqueles cujas obras agora representam a tradição da doutrina apostólica” (HE III,37,4).

É exatamente através da sucessão apostólica, que podemos identificar onde está a Igreja de Cristo. O colégio dos apóstolos é o que faz visível a Igreja Espiritual. Sem o ministério dos apóstolos não há Igreja; e a perpetuação deste ministério está no ministério dos sucessores dos apóstolos. Como vimos é isto que ensina a Bíblia e é este o testemunho da história do Cristianismo. E em conformidade com toda a Verdade, este é o ensinamento do Santo Padre o Papa João Paulo II, legítimo sucessão de São Pedro (príncipe e líder dos Apóstolos, cf. Lc 22,31s e Mt. 16,18-19):

28. Por último, a Igreja é apostólica enquanto ?continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo,  graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o Colégio dos Bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o Sucessor de Pedro, Pastor supremo da Igreja?. Para suceder aos Apóstolos na missão pastoral é necessário o sacramento da Ordem, graças a uma série ininterrupta, desde as origens, de Ordenações episcopais válidas. Esta sucessão é essencial, para que exista a Igreja em sentido próprio e pleno.” (Encíclica ECCLESIA DE EUCHARISTIA).

 

* O autor é arquiteto de software, professor, escritor, articulista e fundador do Apostolado Veritatis Splendor.

Autor: Alessandro Lima *.

A Bíblia ensina a reencarnação?

Por This Rock Magazine – Maio/1990
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Catholic Answers – http://www.catholic.com

– A Bíblia ensina a reencarnação? (Anônimo)

Não. A Bíblia ensina que “está determinado que os homens morram uma só vez, e depois vem o julgamento” (Hebreus 9,27). Não há absolutamente qualquer evidência bíblica em favor da reencarnação.

Às vezes, algumas pessoas tentam encontrar suporte bíblico para a reencarnação nas palavras de Cristo acerca de João Batista. Em Mateus 17,12, Cristo diz: “E eu vos digo mais: Elias já veio, e não o reconheceram. Pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles” (Mateus 17,12).

Jesus está aqui dizendo que João era a reencarnação de Elias? Não! E por uma simples razão: conforme 2Reis 2,9-18, Elias foi levado em corpo para o céu sem experimentar a morte. Com efeito, ele não era candidato a reencarnar porque permanecia em sua encarnação original.

Ademais, em Mateus 17,1-8, Moisés e Elias aparecem a Cristo e a alguns de seus discípulos durante o episódio da Transfiguração. Isto ocorre após João Batista ter sido executado por Herodes Antipas. Por que, então, Moisés e Elias é que aparecem a Cristo e seus discípulos e não, ao contrário, Moisés e João Batista?

Mas se Cristo não quis dizer que João Batista era a reencarnação de Elias, o que, então, queria dizer? Jesus está falando figurativamente em Mateus 17,12. Ele está comparando o ministério profético de João no Novo Testamento ao de Elias no Antigo Testamento. De forma similar, Lucas 1,17 diz que João “caminhará à frente dele [o Senhor], com o espírito e o poder de Elias”.

Portanto, não há base bíblica para a reencarnação. Um pessoa que acredita na reencarnação está diante da opção entre crer em “outras fontes de verdade religiosa” ou crer no testemunho bíblico. Aceitar a primeira opção implica necessariamente em rejeitar a segunda.

Segredo da credibilidade de João Batista

Meditação do Pe. Thomas Rosica

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 5 de dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a meditação do Pe. Thomas Rosica, c.s.b., sobre o segundo domingo do Advento.

O sacerdote, membro do Conselho Geral da Congregação de São Basílio, é professor de de Sagrada Escritura em várias universidades canadenses e presidente do canal de televisão desse país «Salt and Light» ([email protected]).

* * *

João Batista, o profeta do Advento

Isaías 40, 1-5.9-11; Salmo 85(84), 9-10.11-12.13-14;

II Pedro 3, 8-14; Marcos 1, 1-8

Uma das grandes estrelas das narrações do Advento e do Natal, João Batista, faz hoje sua aparição no cenário bíblico. Consideremos juntos alguns detalhes da vida de João e vejamos por que é tão bom modelo para nós. João Batista não tem travas na língua. Dizia o que pensava e o que precisava. Hoje nos dirigirá palavras igualmente cruas: tocarão diretamente os pontos fracos das nossas vidas. João Batista pregava o arrependimento com credibilidade porque antes amava a Palavra de Deus, que havia escutado no coração de seu próprio deserto.

Escutou, experimentou e viveu a palavra libertadora de Deus no deserto. Sua eficácia no anúncio desta palavra se devia ao fato de que sua vida e sua mensagem eram uma só coisa. A incoerência é uma das coisas mais desalentadoras que temos de enfrentar em nossas vidas. Quantas vezes nossas palavras, nossos pensamentos e nossos gestos não são coerentes! Os verdadeiros profetas de Israel nos ajudam a lutar contra toda forma de incoerência.

Ao longo de toda a história bíblica, os líderes e visionários foram ao deserto para ver com mais clareza, para escutar com atenção a voz de Deus e descobrir outras maneiras de viver. A palavra hebraica para dizer deserto, «midvar», deriva de uma raiz semítica que significa «levar o rebanho ao pasto». «Eremos», a palavra grega utilizada para traduzir «midvar», indica um lugar desolado, pouco povoado, e em seu sentido mais estrito, um terreno abandonado ou deserto.

O termo «deserto» tem dois significados diferentes, mas ligados, que fazem referência a algo selvagem e intrigante. Foi precisamente esta dimensão de desconhecido (intrigante) e descontrolado (selvagem) que levaram ao atual termo «deserto».

Mas há também outra maneira de compreender o sentido da palavra «deserto». Uma análise atenta da raiz da palavra «midvar» revela a palavra «davar», que significa palavra ou mensagem. A noção hebraica de deserto é, portanto, um lugar santo, no qual é possível escutar, experimentar, viver em liberdade a Palavra de Deus. Vamos ao deserto para escutar a Palavra de Deus, de uma maneira desapegada e completamente livre.

O Espírito de Deus permitiu que os profetas experimentassem a presença de Deus. Deste modo, eram capazes de compartilhar as atitudes, os valores, os sentimentos e as emoções de Deus. Este dom lhes permitia ver os acontecimentos de sua época como Deus os via e ter os mesmos sentimentos de Deus diante deles. Compartilham a cólera de Deus, sua compaixão, sua pena, sua decepção, sua repulsa, sua sensibilidade pelas pessoas e sua seriedade. Não viviam estas experiências de maneira abstrata, mas animados pelos mesmos sentimentos de Deus diante dos acontecimentos concretos de sua época.

João Batista é o profeta do Advento. Com freqüência é representado apontando com o dedo Aquele que deve vir, Jesus Cristo. Se, seguindo o exemplo de João, preparamos o caminho do Senhor no mundo de hoje, nossas vidas se converterão também em dedos de testemunhas vivas que mostram que é possível encontrar Jesus, e que está perto. João ofereceu às pessoas de sua época uma experiência de perdão e de salvação, sabendo muito bem que não era o Messias, o que podia salvar. Permitimos aos demais que façam a experiência de Deus, do perdão e da salvação?

João Batista veio para ensinar-nos que há um caminho que nos tira das trevas, da tristeza do mundo e da condição humana, e este caminho é o próprio Jesus. O Messias vem para salvar-nos das forças das trevas e da morte, e nos leva pelo caminho da paz e da reconciliação para que voltemos a encontrar nosso caminho para Deus.

O teólogo jesuíta Karl Rahner, hoje falecido, escreveu em uma ocasião: «Temos de escutar a voz do que nos chama no deserto, ainda que reconheça: não sou o Messias. Não podeis deixar de escutar esta voz ‘porque não é mais que a voz de um homem’. Do mesmo modo, vós tampouco podeis deixar de lado a mensagem da Igreja porque a Igreja ‘não é diga de desatar a correia das sandálias de seu Senhor, que a precede’. Nós nos encontramos, de fato, ainda no Advento».

Talvez não tenhamos o luxo de viajar ao deserto da Judéia, nem o privilégio de fazer um retiro de Advento no deserto do Sinai. De qualquer forma, podemos certamente encontrar um pequeno deserto no meio das nossas atividades e do barulho da semana. Vamos a esse lugar sagrado e deixemos que a Palavra de Deus nos interpele, que nos cure, que volte a orientar-nos, a levar-nos ao coração de Cristo, de quem esperamos a vinda neste Advento.

Pregador do Papa: "Quem nos criou sem nós não nos salva sem nós"

Comentário do Pe. Cantalamessa sobre a liturgia do próximo domingo

ROMA, sexta-feira, 7 de dezembro de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap. – pregador da Casa Pontifícia – sobre a liturgia do próximo domingo, II do Advento.

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II Domingo do Advento [A] Isaías 11, 1-10; Romanos 15, 4-9; Mateus 3, 1-12

Uma voz no deserto

O Evangelho do II domingo de Advento, não é Jesus que nos fala diretamente, mas seu precursor, João Batista. O coração da pregação do Batista está contido nessa frase de Isaías, que repete a seus contemporâneos com grande força: «Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!». Isaías, para dizer a verdade, expressava: «Uma voz clama: no deserto, abri caminho ao Senhor» (Is 40, 3). Não é, portanto, uma voz no deserto, mas um caminho no deserto. Os evangelistas, aplicando o texto ao Batista que pregava no deserto da Judéia, modificaram a pontuação, mas sem mudar o sentido da mensagem.

Jerusalém era uma cidade rodeada pelo deserto: ao Oriente, os caminhos de acesso, enquanto se traçavam, facilmente desapareciam pela areia que o vento move, enquanto ao Ocidente se perdiam entre as asperezas do terreno para o mar. Quando uma comitiva ou um personagem importante devia chegar à cidade, era necessário sair e caminhar pelo deserto para abrir uma via menos provisória; cortavam as sarças, aplainavam os obstáculos, reparavam a ponte ou uma passagem. Assim se fazia, por exemplo, por ocasião da Páscoa, para acolher os peregrinos que chegavam da Diáspora. Neste dado, de fato, inspira-se João Batista. Está a ponto de chegar, clama, aquele que está acima de todos, «aquele que deve vir», o esperado os povos: é necessário traçar um caminho no deserto para que possa chegar.

Mas eis aqui o salto da metáfora à realidade: este caminho não se traça no terreno, mas no coração de cada homem: não se traça no deserto, mas na própria vida. Para fazê-lo, não é necessário pôr-se materialmente ao trabalho, mas converter-se: «Endireitai os caminhos do Senhor»: este mandato pressupõe uma amarga realidade: o homem é como uma cidade invadida pelo deserto; está fechado em si mesmo, em seu egoísmo; é como um castelo com um fosso ao redor e as pontes levantadas. Pior: o homem complicou seus caminhos com o pecado e aí permaneceu, seduzido, como em um labirinto. Isaías e João Batista falam metaforicamente de precipícios, de montes, de passagens tortuosas, de lugares impraticáveis. Basta chamar estas coisas por seus verdadeiros nomes, que são orgulho, humilhações, violências, cobiças, mentiras, hipocrisia, imundices, superficialidades, embriaguez de todo tipo (pode-se estar ébrio não só de vinho ou de drogas, mas também da própria beleza, da própria inteligência, de si mesmo, que é a pior embriaguez!). Então se percebe imediatamente que o discurso também é para nós, é para cada homem que nesta situação deseja e espera a salvação de Deus.

Endireitar um caminho para o Senhor ,portanto, tem um significado concretíssimo: significa empreender a reforma da nossa vida, converter-se. Em sentido moral, o que se deve aplanar e os obstáculos que se deve retirar são o orgulho – que leva a ser impiedoso, sem amor para com os demais – , a injustiça – que engana o próximo, talvez abduzindo pretextos de compensação para calar a consciência –, por não falar de rancores, vinganças, traições no amor. São vales cheios de preguiça, incapacidade de impor-se um mínimo de esforço, todo pecado de omissão.

A palavra de Deus jamais nos esmaga sob um monte de deveres sem dar-nos ao mesmo tempo a segurança de que Ele nos dá o que nos manda fazer. Deus, diz [o profeta] Baruc, «dispôs que sejam abaixados os montes e as colinas, e enchidos os vales para que se uma o solo, para que Israel caminhe com segurança sob a glória divina» [Ba 5, 7, N. da R.] Deus abaixa, Deus enche, Deus traça o caminho; é tarefa nossa corresponder à sua ação, recordando que «quem nos criou sem nós, não nos salva sem nos».

Traduzido por Zenit

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