Desabafo de um padre sobre Missas

Desabafo de um padre sobre Missas

Sou padre há quase 5 anos. Fui seminarista por 7 anos. Já estive em vários lugares Brasil afora, já celebrei em tantos outros e guardo no meu coração uma tristeza profunda. Quando eu era criança na roça e ia com minha família à missa uma vez por mês eu sabia que naquela hóstia tinha Jesus. Eu sentia o cheiro da vela queimando e aprendi a me perseguinar toda vez que passava diante de uma Igreja. Eu achava tudo meio estranho porque não entendia a missa, mas, sentava no primeiro banco e respondia a todas as perguntas que o padre fazia na hora do sermão. Daí eu cresci, fomos pra cidade e eu continuava inocente. Fui pro seminário e as escamas de meus olhos caíram. A missa pela qual eu sempre nutri o maior religioso respeito
virou palco
virou show
virou passeata
virou passarela
virou camarim de estrela
virou sambódromo
virou terreiro
virou tudo e suportou tudo
menos ser de fato, missa.

Já vi tanto desleixo… alfaias puídas, vasos sagrados zinabrados, hóstias consagradas carunchadas dentro do sacrário, um sacrário no meio de uma reforma de Igreja com hóstias consagradas dentro, consagração de vinho em tamanha quantidade que as sobras Eucarísticas precisaram de um exército de MESC para consumi-las porque o padre não poderia fazê-lo sem ficar bêbado e outros tantos abusos. Quando veio a Redemptionis Sacramentum e a Ecclesia de Eucharistia veio uma lufada de ar fresco e os rebeldes da Teologia da Libertação, da Rede Celebra e das CEB`s reagiram vorazmente. O site do mosteiro da Paz que hospedava uma carta de Reginaldo Velloso eivada de críticas às necessárias mudanças na liturgia e catalizadora desta mentalidade saiu do ar, mas, encontrei-a no site da Montfort disponível aqui.

Capitaneada pelo dualismo marxista de tipo maniqueísta, a reinterpretação que a missa sofreu nas décadas que sucederam o Concílio Vaticano II seguiu as pegadas da subjetividade humana. É odioso ouvir: “ah o jeito do outro padre é diferente”. Isto denota uma personalização que a missa não comporta. A missa nunca foi a missa do padre, mas a missa da Igreja!

Esta mentalidade impregnou tanto a liturgia que quando um Padre quer celebrar a missa da Igreja, aquela do Missal Romano, é chamado de retrógrado. O respeito às normas litúrgicas são sinônimo de opressão. A missa pura e simples foi esvaziada para poder ser enchida pela ideologia da enxada, da faixa, do cartaz, da freira, do padre TL… a missa se transformou…
virou manifestação e protesto contra o Governo e o Sistema
contra a Igreja
contra os padres
contra a fé católica de sempre
contra a liturgia de sempre.

Enfiaram bananeiras, berrantes, espeto de churrasco, cuia de chimarrão, pão de queijo, cachaça, coco, faca e facão, pipoca, balões e ervas de cheiro na missa, enfiaram panos coloridos para todos os lados, colocaram mães de santo manuseando o turíbulo e leigos lendo preces seminus. Para essa CORJA a missa já deixou há muito tempo de ser o sacrifício redentor de Cristo PRO MULTIS e se tornou só mais uma mesa para comensais na qual vale o discurso e não a fé, na qual o que importa é o que o homem diz aos seus iguais e não o que Deus diz ao homem. Lembro-me de um professor contando todo garboso que certa feita utilizou-se de uma Adoração ao Santíssimo Sacramento para dar uma aula de teologia ao povo – aos seus moldes é claro – porque para ele aquela hóstia era pobre de significado.

Aquela hóstia pobre…
tão pobre quanto o cocho de Belém,
tão pobre quanto a cama em Nazaré,
tão pobre quanto a casa de Pedro em Cafarnaum,
tão pobre quanto a casa de Lázaro em Betânia,
tão pobre quanto o coração do Filho de Deus,
ela só pôde se tornar Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Cristo
porque Ele se fez pobre!
Sua pobreza não comporta reduções
tampouco acréscimos desnecessários.
Ele é aquele que é e nada mais,
mas, só para quem tem fé!

Aos meus irmãos padres um apelo: que nós diminuamos e que Ele apareça. Não somos o noivo, apenas amigos do noivo! Rezemos a missa da Igreja, a missa do Missal. Que Ele fale aos corações e às mentes, inclusive às nossas mentes e corações! Ele ele toque as vidas, inclusive as nossas. Que sua voz ecoe nas consciências, também nas nossas. Que toda a nossa Liturgia seja feita Por [causa de] Cristo, Com Cristo e em Cristo a[o] Pai na Unidade do Espírito Santo. Só isso. Se fizermos isso bem feito teremos feito tudo o que nos compete nesta vida.

Fonte: Blog do Padre Luís Fernando





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  1. RICARDO SALE

    gostei que Deus te abençoe

  2. Absolutamente demolidor e visceral o que esse legítimo sacerdote de Cristo nos disse! Bravo, bravíssimo! Vale a pena compartilhar!

  3. Jonas Potiguara Alves

    Isto clama aos céus por justiça. A abominação da desolação, está onde não deveria; nos altares do Santo dos Santos. A justiça de Deus vai cair, logo, sobre o mundo. Mas me alegro, pois a redenção está próxima.

  4. Edmar Zatarin

    Gostei. Acredito que há uma certa inversão mesmo dos valores da missa, na real, até um esquecimento desses valores, mas que são arestas que podem ser ajustadas sem gigantescos sacrifícios. Em uma comunidade arrebentada pelo relativismo e afins, num primeiro início, um pouco de maior esforço, mas depois as coisas seguem seu fluxo. E para isso, precisamos sempre de bons padres, líderes que saibam conduzir a comunidade, o rebanho. Infelizmente temos visto muitos absurdos dentro das igrejas, e em sua maioria são devido a falta de firmeza de seus líderes. Um corpo sem cabeça padece, e é isso que acontece em nossas comunidades católicas hoje em dia.

  5. Caio Mendes

    Gostaria de saber o nome do Padre, se não fosse criai problemas. Uma postagem dessas é o que nós, Católicos de verdade esperamos a cada dia. Porém o que nos resta é a omissão de vários outros Padres e, não deixando a culpa apenas neles, da assembléia, que atualmente esvazia as missas sérias!

  6. Paulo Carvalho

    Não há como mesclar oração, reflexão, e interiorização com luta de classes…Não a toa que após o surgimento da Teologia da Libertação, o movimento pentecostal evangélico angariou muitos adpetos católicos. O sacerdote e pastorais que, antes, iam de casa em casa pregar o louvor à Eucaristia e a nossas devoções, deixou de ser missionário de uma Fé para ser militante político. Aos poucos, a História mostra o grande erro dessa cooptação política dentro da Igreja. Detalhe, já fui militante de “esquerda”.

  7. Lorena Casagrande

    Senão me engano, é o Padre renato. Concordo com ele. Fico revoltada quando vejo, por exemplo, um padre ser tratado como celebridade, é um absurdo! Estamos na igreja por causa de jesus, não de padre. Fora outras regalias que vemos na igreja. A palavra dinheiro está sempre presente. A igreja católica ao me ver hoje não está atendendo aos seus fieis como deveria, é por isso que muitas pessoas viram evangélicas. Por isso que esse novo papa é considerado uma benção para a igreja.

  8. Cristina Conte

    Entendo a tristeza do padre. Não sou católica mas já me angustiei muito vendo certas mudanças dentro da igreja evangélica. Não a reconheço mais. Pensei que fosse só entre os evangélicos mas noto que é uma lamentável tendência. Quem guarda boas recordações de missas ou cultos do passado, certamente sofre. O que vemos são shows, é a ditadura de uma juventude que não conhece a Palavra o suficiente (nem quer conhecer) para argumentar contra os antigos.

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