O texto abaixo é um debate promovido pelo site "Agnus Dei", defendendo o canôn bíblico definido pela Igreja Católica. As partes escritas em azul mostram as argumentações de um irmão sobre a visão protestantes do canôn bíblico. As respostas à todas estas argumentações são mostradas logo abaixo, nos textos escritos em preto.
Achei este texto de ataque ao cânon católico. Quando possível, gostaria de receber observações suas sobre o texto.
Vamos lá...
São chamados mais apropriadamente de "deuterocanônicos" por se tratar de livros que não se
encontram na Bíblia Palestinense (definida pelos judeus da Palestina em 90 dC), mas na Bíblia
Alexandrina (dos judeus que habitavam nesta cidade do Egito). Os livros que coincidiam nas duas
Bíblias são chamados de "protocanônicos".
Foi Lutero quem começou a chamar estes livros de apócrifos no séc XVI dC e, para complicar mais
ainda, passaram a chamar de "pseudoepígrafos" aqueles livros de autenticidade evidentemente falsa,
que nós, católicos (e também ortodoxos), chamamos de "apócrifos". O motivo disso é que
os protestantes têm certas dificuldades teológicas se admitirem a autenticidade destes livros, pois
apresentam de forma bem clara certas doutrinas refutadas por eles, como, por exemplo, o
purgatório, a oração em favor dos mortos e a intercessão dos santos.
a) Ptolomeu Filadelfo rei do Egito ordenou que traduzissem os escritos dos hebreus para o
Grego, língua oficial do mundo de então, para assim enriquecer a sua biblioteca;
O autor deste artigo reconhece isto - ainda que timidamente, pra variar - no item imediatamente a
seguir...
Em outras palavras: não eram os gregos que tinham interesse de conhecer os escritos judaicos, mas
eram os judeus - e mais tarde também os cristãos - que tinham o interesse de propagar a Palavra de
Deus; os judeus por puro proselitismo; os cristãos, pela Salvação de toda criatura humana.
Entretanto, o fato de terem sido os últimos livros a serem escritos no Antigo Testamento, de forma
alguma reduz-lhes o valor. Também o fato de alguns terem sido escritos fora do território da
Palestina não significa que não sejam inspirados porque, ainda assim, foram escitos por
representantes legítimos do Povo de Deus!
Vamos analisar os "erros" e "refutar a refutação" do autor: primeiro, demonstrando que a Bíblia
possui (nos livros que o autor aceita como inspirados, isto é, os "protocanônicos" do Antigo
Testamento e todo o Novo Testamento) outros exemplos daquilo que o autor considera errado;
segundo, apresentando a contradição do autor com o ensinamento bíblico...
No site do Agnus Dei existem diversos artigos sobre o Purgatório, explicando-o com mais detalhes.
Utilize a ferramenta de busca interna, existente no Índice de Assuntos, para localizá-los mais
facilmente...
Se fosse algo sempre nobre ou grandioso, a Igreja Católica, por conseguinte, não condenaria o
suicídio como sempre o fez. Ensina o Catecismo da Igreja: "Cada um é responsável por sua vida
diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único soberano Senhor. Devemos receber a vida
com reconhecimento e preservá-la para sua honra e salvação das nossas almas. Somos os
administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela".
Entretanto, a Igreja reconhece: "Não se pode desesperar da salvação das pessoas que se mataram.
Deus pode, por caminhos que só ele conhece, dar-lhes ocasião de um arrependimento salutar. A
Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida".
Torna-se claro, portanto, que existe um interesse oculto na referida passagem de Tobias, que só
será desvendado em 8,3, quando o próprio Anjo Rafael expulsa o demônio (e não Tobias através
do coração, fel e fígado do peixe). O interesse, portanto, é ocultar a identidade do Anjo para
Tobias até a efetiva expulsão do demônio...
É certo que a mentira atenta contra a verdade e é sempre proposital; entretanto, não se pode igualar
os graus de mentira (generalizando-a) ou desconhecer-lhe a intenção (para prejudicar ou
beneficiar alguém com ou sem prejuízo de outrem).
a) Tobias 2:10 - as fezes de uma andorinha, caindo nos olhos de Tobias que estava dormindo
junto a um muro deixa-o cego;
Roma não pode chamar as outras Bíblias de falsas por não conterem os Apócrifos, assim
como não pode se chamar uma nota de falsa por não ter ela uns acréscimos que alguém julgue
que ela deva ter;
E pode também porque a Igreja Católica foi fundada sobre os Apóstolos, que usaram a Septuaginta
para escrever o Novo Testamento: das 350 citações do AT, 300 obedecem a versão dos LXX! Se
o autor segue a autoridade dos judeus de Jâmnia para definir o seu cânon, deve deixar de lado
todos os livros do Novo Testamento; porém, se aceita a autoridade da Igreja, fundada por Cristo,
não tem como deixar de lado os livros deuterocanônicos, pois estaria (como de fato está) em
contradição.
Onde você encontra na Bíblia alguém que aceitou ser esquartejado crendo na esperança da
ressurreição?
Ele poderá revirar todo o Antigo Testamento da sua Bíblia protestante, do Gênese ao profeta
Malaquias, mas nada encontrará... O Apóstolo estaria mentindo? Não! Ele se refere ao martírio dos
sete irmãos que lemos em 2Mac 7! Isto é indiscutível!!
Fora esta passagem, existem pelo menos mais 344 referências no NT aos livros deuterocanônicos...
Veja a lista em "O Novo Testamento e os
Deuterocanônicos",
na área da Bíblia do site do Agnus Dei.
São Jerônimo, até o ano 390 aceitava os livros deuterocanônicos como inspirados mas, indo para a
Terra Santa e passando a traduzir a Bíblia para o latim diretamente do hebraico, foi influenciado
pelos rabinos a considerar somente os livros aceitos pelos judeus da Jâmnia. Ainda assim, é
possível encontrar mais de 200 referências aos deuterocanônicos nas obras do Santo. Fora isso, a
questão do cânon bíblico para a Igreja cristã ainda não estava definida, o que torna compreensível e
justificada a posição de Jerônimo.
Porém, a Igreja Católica resolveu a situação a partir dos Concílios regionais de Hipona (393),
Cartago III (397) e Cartago IV (418). Em 450, o papa Inocêncio I reafirmou o cânon bíblico com
todos os deuterocanônicos numa carta ao bispo Exupério de Tolosa. Para maiores detalhes, ler o
artigo "Testemunhos Cristãos Primitivos - O Cânon Bíblico", na área de Patrística.
Foi o herege Martinho Lutero, apenas em 1534, que colocou os referidos livros em apêndice, com
o título de apócrifos, em sua tradução alemã da Bíblia. Pelo menos teve a decência de deixá-los por
considerá-los bons e de utilidade (segundo palavras usadas pelo próprio "rerformador" no prólogo).
Também a Sociedade Bíblica Unida (representada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil),
instituição protestante que produz Bíblias, afirma em sua Agenda de Oração-1996, pág. 5:
"Deuterocanônicos: As Bíblias para as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa contêm livros extras,
que não fazem parte da Bíblia usada pelas Igrejas Protestantes". A única exceção entre os
ortodoxos trata-se da Igreja Ortodoxa Russa; ainda assim, é livre entre estes aceitar ou não os
deuterocanônicos.
Não conheço a opinião destes senhores e sinceramente pouco me importa... São meras opiniões
huimanas, sem a autoridade oficial da Igreja, "fundamento e coluna da verdade" (1Tim 3,15). Nem
todo aquele que se diz "católico" é católico de verdade, infelizmente. Jesus deu autoridade aos seus
Apóstolos, à sua Igreja... Os apóstolos usaram a Septuaginta com os deuterocanônicos; a Igreja
sempre os reconheceu como inspirados, havendo aqui ou ali poucas vozes destoantes, quase
sempre influenciadas por judeus... Eu aceito a autoridade da Igreja, dos Apóstolos e, por
consequência, de Jesus - que prometeu estar com sua Igreja até a consumação dos séculos (Mt
28,20). Dizer que a Igreja errou ao definir o cânon é chamar Jesus de mentiroso, por não cumprir
sua promessa de permanecer conosco. Tal proposição, entretanto, é absurda!
E, pelo que vimos até aqui, existem muito mais argumentos em favor da inspiração dos
deuterocanônicos do que contra... Em outras palavras: quem é contra os deuterocanônicos ainda
não conseguiu provar que estes não fazem parte da Bíblia... Estão em maus lençóis!
"No que diferem as Bíblias Católicas das Protestantes"
Nas Católicas há os livros chamados Apócrifos. Apócrifo antigamente no tempo dos Persas tinha
um sentido esotérico, depois passou a significar Coisas Escondidas, Ocultas ou Secretas. Mais
tarde esse termo foi sendo aplicado a livros de autenticidade incerta e hoje se aplica a livros
religiosos não inspirados tais como esses que encontramos nas Bíblias Católicas;
Os livros apócrifos são: Tobias, Judite, Sabedoria de Jesus ben Sirach ou Eclesiástico, Sabedoria
de Salomão, Baruque, I Macabeus, II Macabeus, Acréscimos a Daniel, Acréscimos a Ester.
Qual a sua origem?
b) O afrouxamento dos Judeus da grande colônia hebraica de Alexandria quanto ao estudo da
sua própria língua;
c) A grande influência helenista nos judeus alexandrinos;
d) O grande desejo do mundo grego de conhecer os escritos dos judeus.
Data 200 A.C. até 100 A.C. foram eles escritos.
IV - Erros ensinados pelos apócrifos, que estão em contradição com o restante da Bíblia
A-1. Dar esmolas purifica o pecado
a) Tobias 12:9 - "Porque a esmola livra da morte e é a que apaga os pecados e faz encontrar
a misericórdia e a vida eterna.";
b) Tobias 4:10 - "Porque a esmola livra de todo o pecado e da morte e não deixará, cair a
alma nas trevas.";
c) Eclesiástico 3:33 - "As esmolas resgatam o pecado.";
d) II Macabeus 12:43-46 - "E tendo feito uma coleta, mandou 12 mil dracmas de prata, a
Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifício pelos pecados dos mortos, sentindo bem e
religiosamente da ressurreição... Se Judas não tivesse esperança de que se erguessem de novo os
que caíram teria sido supérfluo orar pelos mortos... É pois um santo e salutar pensamento orar
pelos mortos para que sejam livres de seus pecados".
2. Refutação:
a) Oferta em dinheiro para perdão do pecado não encontramos em nenhum lugar da Bíblia,
isto é coisa diabólica, pois assim somente os ricos teriam o perdão dos pecados;
b) I Pedro 1:18-19 - não foi com ouro ou prata que fomos comprados;
c) Atos 10:4-6 - não somente dar esmolas mas conhecer e praticar a verdade;
d) Efésios 2:8-9 - somos salvos pela graça de Deus e não por dinheiro;
e) Isaías 55:1 - compra sem dinheiro.
B-1. Ensino de Crueldade e do Egoísmo
a) Eclesiástico 12:6 - "Não favoreças aos ímpios; retém o teu pão e não o dê a ele".
2. Refutação:
a) Eclesiastes 11:1-2 - lança o teu pão;
b) Provérbios 25:21-22 - dá-lhe pão para comer e água para beber;
c) Romanos 12:20;
d) Mateus 5:44-48 - amar os nossos inimigos.
C-1. Pecados perdoados pela oração
a) Eclesiástico 3:4 - "Quem amar a Deus receberá perdão de seus pecados pela oração".
2. Refutação:
a) Os pecados não se perdoam pela oração, se fosse assim, não teríamos necessidade de
Jesus. Todos os povos pagãos fazem orações, mas os pecados não se perdoam somente pela
oração;
b) Provérbios 28:13 - o que confessa e deixa alcançará misericórdia;
c) I João 1:9 - renúncia do pecado;
d) I João 2:1-2 - Cristo é quem perdoa.
D-1. O Ensino do Purgatório
a) Sabedoria 3:1-4 - "Mas as almas dos justo estão nas mãos de Deus; e o tormento da morte
não as tocará. Aos olhos dos ignorantes pareciam eles morrer e sua partida foi considerada
desgraça. E, sua separação de nós, por uma extrema perda. Mas eles estão em paz. E embora
aos olhos dos homens sofram tormentos, sua esperança está plenamente na imortalidade.";
b) Isto é a doutrina do Purgatório.
2. Refutação:
a) I João 1:7 - esse ensino aniquila completamente a expiação de Cristo. Se o pecado,
pudesse ser extinguido pelo fogo, não teríamos necessidade de um Salvador;
b) Eclesiastes 9:6 - os mortos não sabem coisa nenhuma - Isaías 38:18-19;
c) I Tessalonissenses 4:13-16 - na ressurreição os justos serão galardoados.
E-1. O Ensino da Vingança
a) Judite 9:2 - "O Senhor Deus, do meu pai Simeão, a quem deste a espada para executar
vingança contra os gentios".
2. Refutação:
a) Gênesis 34:30 - o aborrecimento de Jacó pela vingança de Simeão contra os cananitas;
b) Gênesis 49:5-7 - a maldição de Jacó porque eles usaram de vingança;
c) Romanos 12:17-19 - minha é a vingança do Senhor.
F-1. Suicídio
a) II Macabeus 12:41 - "... quando ele se viu a ponto de ser preso, feriu-se com a sua espada,
preferindo morrer nobremente a ver-se sujeito a pecadores, e padecer ultrajes indignos de seu
nascimento".
2. Refutação:
a) morrer nobremente é a frase perigosa. A Bíblia nos conta de alguns suicídios, mas nunca os
qualifica de cousa ou ato nobre;
b) a vida e morte dependem de Deus e nós, não podemos desertar da vida para nos livrar de
dificuldades. Cristianismo quer dizer paciência, abnegação. Tudo sofre, tudo suporta;
c) Transgressão do mandamento "Não matarás".
G-1. O Ensino de Artes Mágicas
a) Tobias 6:8 - "Se tu puseres um pedacinho do seu coração (do peixe que ele havia
apanhado) sobre brasas acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem
como da mulher, de sorte que não tornam mais chegar a eles". Verso 9 - "E o fel é bom para
untar os olhos que tem algumas névoas, e sararão.".
2. Refutação:
a) não encontramos tal coisa em nenhum lugar da Bíblia;
b) não precisamos de truques para enfrentar o diabo;
c) maneiras de enfrentar o diabo e os demônios: Mateus 4:4-10;
d) Tiago 4:7 - resisti ao diabo e ele fugirá;
e) maneiras de expulsar demônios: Marcos 16:17 e Atos 16:18.
H-1. Mentiras
a) Judite 11:13-17 - Judite mentindo para Holofernes;
b) Tobias 5:15-19 - o anjo Rafael mentindo.
2. Refutação:
a) Deus nunca sancionou a mentira nem mesmo nos seus servos;
b) O mal começou com a mentira no céu;
c) Gênesis 3:4 - certamente morrerás;
d) João 8:44 - quem é o originador e pai de todas as mentiras, portanto não pode um anjo de
Deus mentir;
e) João 14:6 - Jesus diz ser o caminho, a Verdade e a vida. Todos os seguidores, de Cristo
devem ser verdadeiros.
I-1. Tolices
b) Judite 8:5-6 - uma mulher jejuando a vida inteira, menos aos sábados;
c) II Macabeus 15:40 - "beber sempre água é coisa prejudicial".
V - Razões interessantes
Em II Macabeus encontramos o autor do livro pedindo perdão pelas suas falhas como escritor.
Se crêssemos que estes livros estão no mesmo pé de igualdade com os inspirados, ficaríamos
então admirados de ver agora o Espírito Santo pedindo desculpas por algumas falhas, o que é
inconcebível;
O Senhor Jesus e os Apóstolos fazem 205 citações do V.T. e mais 304 alusões ao mesmo e não
dizem nenhuma palavra sequer a respeito de um dos livros Apócrifos;
Jerônimo, o tradutor da Vulgata declarou que os Apócrifos não eram canônicos;
Somente em 8 de Abril de 1546 é que a Igreja Católica se lembrou que esses livros deveriam
estar canonizados; Nesse concílio que declarou os Apócrifos como autorizados, não havia
nenhuma autoridade entre eles. Havia somente 53 prelados italianos e espanhóis na sua maioria.
Nenhum alemão. Era mais um concílio religioso do que ecumênico, portanto não tinha autoridade;
A Igreja Católica Ortodoxa sempre fez restrições aos Apócrifos;
Católicos Scholars rejeitam os Apócrifos:
a) Bede e John of Salisbury - 1180 A.D.;
b) William Ockham - 1347;
c) Cardeal Ximenes mandou editar na Espanha a Bíblia Poliglota e não continha os Apócrifos
- 1514-17;
d) Após o Concílio de Trento em 1546 ter pronunciado os livros Apócrifos canônicos Sixtus
de Siena em 1566 insistiu em separar os livros Apócrifos da Bíblia."
Fonte: Site "Veritatis Splendor"
“Subamos sem nos cansarmos, sob a celeste vista do Salvador. Distanciemo-nos das afeições terrenas. Despojemo-nos do homem velho e vistamo-nos do homem novo. Aspiremos à felicidade que nos está reservada.” São Padre Pio de Pietrelcina