JUDAS VENDE O SENHOR
O apóstolo Judas foi encontrar-se com os príncipes dos judeus e disse-lhes: "O
que me dais se vos entregar Jesus". Ofereceram-lhe trinta moedas e ele aceitou.
JESUS NO JARDIM DAS OLIVEIRAS
Saindo do Cenáculo, Jesus atravessou a torrente do Cedron e dirigiu-se, com seus
discípulos, para o monte das Oliveiras.
Chegando a um lugar chamado Getsêmani, onde havia um jardim, entrou nele com os
discípulos e disse-lhes: "Sentai-vos aqui enquanto eu vou orar".
Levou consigo Pedro, Tiago e João e disse-lhes: "A minha alma está triste até
à morte. Ficai aqui e vigiai comigo". Depois, andou um pouco, pôs-se de joelhos
e orou, dizendo: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice! Mas seja
feita a vossa vontade e não a minha".
Depois de orar assim por três vezes, apareceu-lhe um anjo do céu para o consolar. Jesus,
prolongando a sua oração, caiu em agonia e começou a suar sangue que escorria até o
chão.
Depois voltou para junto dos três apóstolos, que estavam dormindo. Jesus disse-lhes: "Vamos,
levantai-vos! Já está perto aquele que me traiu".
A PRISÃO DE JESUS
Jesus ainda estava falando quando chegou Judas com um grupo de soldados e servos. Todos
traziam lanternas e archotes, espadas e varapaus. O traidor tinha-lhes dito: "Será
aquele que eu beijar. Prendei-o".
Judas aproximou-se logo de Jesus e disse: "Mestre, eu vos saúdo". E
deu-lhe um beijo na face. Jesus disse-lhe: "Meu amigo, que vieste fazer? Judas, é
com um beijo que entregas o Filho do Homem?".
Então Jesus disse aos que acompanhavam Judas: "A quem procurais?". Eles
responderam: "A Jesus de Nazaré". Jesus disse-lhes: "Sou
eu". E logo caíram por terra. Jesus perguntou-lhe outra vez: "A quem
procurais?". Eles repetiram: "A Jesus de Nazaré". Jesus
respondeu: "Já vos disse que sou eu. Se é a mim que buscais, deixai que estes se
vão". Então puseram as mãos em Jesus e o prenderam.
JESUS PROÍBE A RESISTÊNCIA
Vendo isto, os discípulos perguntaram: "Senhor, e se os feríssimos à
espada?". Sem esperar a resposta, Simão puxou a espada, feriu Malco, servo do
sumo-sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. Jesus disse: "Basta!". E,
dirigindo-se a Pedro, disse: "Coloca a espada na bainha porque quem com o ferro mata,
com o ferro será morto. Julgas que eu não poderia pedir a meu Pai e ele não me enviaria
mais de doze legiões de anjos? Mas como se cumpririam as Escrituras, que anunciam que
assim deve acontecer? Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?". E, tocando a
orelha de Malco, a curou.
Depois Jesus disse aos príncipes dos sacerdotes, aos magistrados do templo e aos
anciãos: "Viestes armados de espadas e varapaus para me prender, como se faz a um
ladrão. Todos os dias eu estava sentado entre vós, ensinando no templo e não me
prendestes. Mas é esta a vossa hora, a hora do poder das trevas. Tudo isto aconteceu para
que se cumprissem as palavras dos profetas".
Então os discípulos o abandonaram e fugiram. Só Pedro e João o seguiram de longe.
O SINÉDRIO CONDENA JESUS À MORTE
Os soldados levaram Jesus preso ao palácio do sumo-sacerdote Caifás, onde estava reunido
o Sinédrio.
Os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum falso testemunho contra
Jesus, para o entregarem à morte, mas nada encontravam, embora se apresentassem muitas
falsas testemunhas. Por fim, apareceram duas que declararam: "Ouvimos ele dizer:
'Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias. Destruirei este templo,
feito pela mão do homem e em três dias edificarei outro que não será feito pela mão
do homem". Mas as testemunhas não eram concordes.
Então o sumo-sacerdote levantou-se e, em pé, no meio do Sinédrio, disse a Jesus: "Nada
respondes aos que depõem contra ti?". Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada
respondeu. Então o sumo-sacerdote disse: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos
digas se és o Cristo, o Filho do Deus Altíssimo". Jesus respondeu: "Sou
eu". Então o sumo-sacerdote rasgou as vestes, dizendo: "Blasfemou! Que
necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia! Que vos
parece?". Responderam: "É réu de morte!".
PEDRO NEGA O SENHOR TRÊS VEZES
Simão Pedro, que tinha seguido Jesus de longe, entrou no átrio do palácio e sentou-se
com outros perto de uma fogueira, a aquecer-se. Então a criada que abriu-lhe a porta
aproximou-se dele e disse: "Tu também andavas com Jesus da Galiléia".
Pedro negou diante de todos, dizendo: "Não era eu, mulher. Eu não o conheço,
nem sei do que falas". No mesmo instante o galo cantou.
Pouco depois, enquanto se dirigia para a porta, outra criada reparou ele e disse aos que o
cercavam: "Este também estava com Jesus de Nazaré". Pedro protestou
pela segunda vez, jurando: "Não! Eu não conheço esse homem!".
Passada quase uma hora, outro veio confirmar as suspeitas, afirmando: "Certamente
este estava com ele pois é galileu!". Os assistentes se aproximaram e
disseram-lhe: "Não há dúvidas! Também pertenceis a eles! Até se percebe pela
fala!".
Um dos servos do sumo-sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe:
"Então eu não te vi com ele no jardim?". Ainda desta vez Pedro negou,
protestou e jurou: "Não conheço esse homem de quem falais".
Ele ainda falava quando o galo cantou pela segunda vez. Nesse instante, Jesus virou-se e
bateu o olhar em Pedro. Então o apóstolo lembrou-se da palavra que o Mestre lhe dissera:
"Antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes!". Pedro
saiu do palácio e chorou amargamente.
JESUS É RIDICULARIZADO E MALTRATADO
Os criados que estavam guardando Jesus começaram a ridicularizá-lo e a maltratá-lo. Uns
cuspiam-lhe no rosto e o feriam a punhaladas; outros vendavam-lhe os olhos e davam-lhe
bofetadas, dizendo: "Profetiza agora, Cristo: quem te bateu?". E
acrescentavam muitos outros ultrajes.
Logo ao raiar do dia, os anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os doutores da
Lei se reuniram e decidiram entregar Jesus à morte.
Então Judas sentiu o remorso de o haver traído e foi devolver as trinta moedas de prata
ao Sinédrio, dizendo: "Pequei ao entregar sangue inocente". Eles
responderam: "E o que isso nos importa?. Judas arremessou o dinheiro no templo
e, retirando-se, enforcou-se numa árvore.
JESUS NA PRESENÇA DE PILATOS
Os judeus levaram Jesus da casa de Caifás ao Pretório para o entregarem a Pôncio
Pilatos, governador romano da Judéia.
Pilatos saiu do Pretório e perguntou aos judeus: "Que acusação apresentais
contra este homem?". Eles responderam: "Estava sublevando a nossa
nação, proibindo de pagar o tributo a César e dizendo que ele é o Cristo Rei".
Pilatos tornou a entrar no Pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: "És tu o rei
dos judeus?". Jesus respondeu: "Dizes isto por ti mesmo ou foram os
outros que te falaram sobre mim?". Pilatos respondeu: "Acaso eu sou
judeu? A tua nação e os príncipes dos sacerdotes é que te entregaram nas minhas mãos.
O que fizeste?". Jesus respondeu: "O meu reino não é deste mundo. Se o
meu reino fosse deste mundo, certamente os meus soldados se esforçariam para que eu não
fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui". Então Pilato
disse-lhe: "Logo, tu és rei". Respondeu Jesus: "Tu o dizes: eu
sou rei". Então Pilatos foi ter com os judeus e disse-lhes: "Não
encontro nele crime algum". Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos
apresentavam toda espécie de acusações contra ele, mas Jesus não repondeu nada.
PILATOS QUER LIBERTAR JESUS
Tendo chamado os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, Pilatos disse-lhes: "Apresentaste-me
este homem como perturbador. Interroguei-o na vossa presença e não encontrei nenhuma das
culpa de que o acusais. Vou soltá-lo depois de o castigar".
Havia um preso famoso chamado Barrabás. Era um ladrão e assassino, preso por ter
cometido homicídio num motim. Quando a multidão se juntou, Pilatos perguntou: "A
quem quereis que eu solte: Barrabás ou Jesus chamado o Cristo".
Os príncipes dos sacerdotes incitaram o povo a pedir a libertação de Barrabás e pedir
a morte de Jesus. O governador, falando outra vez, disse: "Qual dos dois quereis
que eu solte?". O povo gritou: "Queremos Barrabás". Pilatos,
que desejava libertar Jesus, disse: "O que farei com Jesus, chamado o
Cristo?". Gritaram: "Crucifica-o! Crucifica-o!".
Pilatos disse-lhes ainda: "Mas que mal ele fez? Não encontro nele causa alguma de
morte". Mas os judeus gritavam cada vez mais: "Crucifica-o!
Crucifica-o!".
JESUS É FLAGELADO E COROADO DE ESPINHOS
Pilatos, vendo que nada conseguia, mandou vir água e lavou as mãos diante da multidão,
dizendo: "Estou inocente do sangue deste justo! A vós pertence toda a
responsabilidade!". O povo gritou: "Que caia o seu sangue sobre nós e
nossos filhos". Cedendo às exigências, Pilatos soltou Barrabás e mandou
flagelar Jesus.
Em seguida, os soldados levaram Jesus para o Pretório, despojaram-no de suas vestes e
puseram-lhe sobre os ombros um manto escarlate; teceram uma coroa de espinhos e
enterraram-na em sua cabeça; colocaram-lhe uma cana na mão direita e, dobrando o joelho,
ridicularizavam-no, dizendo: "Salve, ó rei dos judeus". Cuspiam-lhe na
face e, tirando-lhe a cana da mão, batiam-lhe com ela na cabeça. Depois, davam-lhe
bofetadas.
JESUS É CONDENADO À MORTE
Então Pilatos mandou levar Jesus à presença do povo, com a coroa de espinhos e o manto
púrpura. E disse aos judeus: "Eis aqui o homem". Mas logo que o viram,
os judeus gritaram: "Crucifica-o! Crucifica-o". Disse-lhes Pilatos: "Tomai-o
vós e crucifiquem-no porque eu não encontro nele crime algum". Responderam-lhe
os judeus: "Se o soltas, não és amigo de César".
Aterrado, Pilatos pronunciou a sentença de morte e entregou Jesus aos judeus, para que o
crucificassem.
JESUS É CRUCIFICADO
Depois de tornarem a vesti-lo com suas vestes, os soldados levaram Jesus para ser
crucificado. Carregando a sua cruz, Jesus saiu da cidade a caminho do monte Calvário,
também chamado Gólgota.
Com ele seguiam outros dois condenados, dois malfeitores, destinados ao suplício.
Pelo caminho, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, que voltava do campo e o
obrigaram a levar a cruz atrás de Jesus.
No Calvário, Jesus foi crucificado, entre os dois ladrões, um à sua direita e o outro
à sua esquerda. E Jesus orava: "Pai, perdoai-os pois não sabem o que fazem".
Os soldados dividiram entre si as vestes de Jesus, tirando a sorte. Como a túnica era uma
peça única, lançaram a sorte para ver a quem cabia.
Junto à cruz do Senhor estava Maria, sua Mãe, e o apóstolo João. Jesus disse à Mãe: "Mulher,
eis aí o teu filho". Depois disse ao discípulo: "Eis aí a tua
Mãe". E a partir daquele momento o discípulo tomou Maria consigo.
JESUS MORRE NA CRUZ
Depois Jesus disse: "Tenho sede!". Um dos soldados molhou a esponja em
vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e chegou-a aos lábios de Jesus. Após provar o
vinagre, Jesus disse: "Tudo está consumado!".
Em seguida, exclamou em alta voz: "Pai! Nas vossas mãos entrego o meu
espírito". Depois destas palavras, inclinou a cabeça e expirou.
Imediatamente a terra tremeu, os rochedos racharam, os túmulos se abriram e muitos mortos
ressuscitaram.
O centurião e os soldados que estavam de guarda disseram: "Verdadeiramente este
homem era o Filho de Deus!".
JESUS É SEPULTADO
Ao anoitecer, um dos soldados traspassou com a lança o lado de Jesus. E logo saiu sangue
e água.
Pouco depois, dois homens piedosos e estimados, José de Arimatéia e Nicodemos,
desprenderam da cruz o corpo do Senhor. Envolveram-no em um lençol de linho fino e o
colocaram em um sepulcro novo, aberto no rochedo. Rolaram uma grande pedra sobre a entrada
do sepulcro.
Os judeus selaram a pedra e puseram soldados a guardar o sepulcro.
“Quanto maiores forem os dons, maior deve ser sua humildade, lembrando de que tudo lhe foi dado como empréstimo.”(Pe Pio) São Padre Pio de Pietrelcina