O papiro, de origem egípcia e escrito em grego, traz várias citações da Bíblia e fala da Eucaristia

Historiadores da Universidade de Manchester (Grã Bretanha) encontraram um documento do século VI, escrito em grego. O mesmo descreve a Eucaristia e fala dos primeiros cristãos.

A professora e historiadora Roberta Mazza, pesquisadora do Instituto John Rylands, estava na biblioteca do Instituto para analizar e classificar alguns dos milhares de fragmentos de documentos históricos inéditos que foram conservados assim que encontrados.

O texto data cerca dos anos 300, após a conversão do imperador romano Constantino ao cristianismo. A primeira palavra que a pesquisadora pôde traduzir indicava já a sua essência cristã era “maná”, o pão bíblico que Deus enviou ao povo de Israel no êxodo do Egito. Como explicou a historiadora, o resto é uma junção de versos do Antigo e Novo Testamento, que parece ter como objetivo o fato de agir como proteção contra os acidentes.

Esta interpretação, observa Mazza, reafirma um costume às vezes pouco notado dos primeiros cristãos, que teriam imitado a tradição pagã – primeiro egipciana e depois greco-romana – de levar orações aos deuses em forma de amuletos. Para fabricar estes objetos e levá-los como medalhões no pescoço, ou conservá-los em casa, os primeiros cristãos teriam substituído a oração politeísta com citações bíblicas, o que indicaria uma relação muito íntima com aBíblia.

“Atualmente pensamos na Bíblia como uma obra fixa, onde cada palavra se encontra em um lugar preciso”, comenta Mazza. “Um objeto como este nos diz que o conhecimento da Bíblia foi transmitido a passos escolhidos”.

Quem fabricou o amuleto teria cortado um pedaço de um recibo de cereais, escrito no outro lado o texto religioso e dobrado o papiropara ter um medalhão e um pendente. Por este motivo, o recibo dos impostos no lado exterior foi danificado e se dissolveu.

Mesmo se o objeto não oferece muitas informações sobre o proprietário, Mazza acredita que se trata de “um residente do vilarejo de Ermoupoli” e que o autor provavelmente fosse uma pessoa que conhecia a Bíblia. Algumas palavras estão mal escritas, outras em ordem errada. Isso mostra que estava escrevendo de memória, em vez de copiando.

Por isso se deduz que no Egito do século VI, o fato de conhecer a Bíblia e de manuseá-la era mais difuso do que pensávamos. O documento chegou à biblioteca inglesa em 1901, mas a sua importância tinha passado desapercebida até agora. O texto em questão inclui uma descrição do livro de Mateus da Última Ceia e parte de um salmo. Textualmente afirma o que segue:

Temam tudo o que reina sobre a terra.
As nações e os povos saibam que Cristo é o nosso Deus. Porque Ele disse e eles começaram a existir, Ele comandou e eles foram criados;
Ele colocou tudo sobre os nossos pés e nos libertou da vontade dos nossos inimigos.
O nosso Deus preparou uma mesa no deserto santo e deu o maná para comer para um novo pacto:
o corpo imortal
do Senhor e o sangue que Cristo derramou por nós em remissão dos pecados.

Fonte: Aleteia