Autor: Pe. Juan Carlos Sack
Fonte: http://www.apologetica.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto
– “Para os evangélicos [o pão eucarístico] ‘representa’ o corpo de Cristo; para os católicos, ‘é’ o corpo de Cristo” (Luis Romano, evangélico).
– “Não discuto agora se o ‘é’ equivale a ‘representa’. Basta-me o que Cristo diz: ‘Isto é Meu corpo’. Contra isto, nem o demônio pode. O que eu quero é não deixar as palavras ao meu arbítrio, mas ao arbítrio e ordem do Senhor” (Martinho Lutero).
[Dando continuidade a esta Série, abordaremos hoje Nilo de Ancira, São Jerônimo e Santo Agostinho de Hipona].
NILO DE ANCIRA
Morreu por volta de 430.
Expressa seu entendimento eucarístico deste modo:
– “Não nos aproximemos do pão eucarístico como se fosse um simples pão, já que é a carne de Deus: carne preciosa, adorável e vivificante, porque vivifica os homens que morreram em razão dos pecados. A carne comum não pode vivificar a alma e foi isto o que Cristo, o Senhor, disse no Evangelho: ‘a carne’ – isto é, a carne comum e simples – ‘para nada aproveita'” (Carta 3,39).
JERÔNIMO
É desnecessário apresentar a figura desta testemunha da Fé primitiva, uma das colunas mais importantes na transmissão do texto bíblico e na tradução das Escrituras. Nasceu na Dalmácia, em 340, e morreu em Belém, em 420.
Jerônimo atesta a fé oriental e ocidental ao ser um cristão que viveu de algum modo nos dois mundos.
– “Encerrada a Páscoa típica, após ter comido a carne do cordeiro com os Apóstolos, tomou o pão – que conforta o coração do homem – e passou para o verdadeiro sacramento da Páscoa, para que, como havia feito Melquisedec – sacerdote do Deus Altíssimo, que ofereceu pão e vinho como prefiguração – também Ele o apresentou verdadeiramente como Seu corpo e sangue” (Comentário de Mateus 4,26,26-27).
– “Tenhamos fome de Cristo e Ele nos dará o pão celeste; o pão nosso de cada dia Ele nos dá hoje (…) Alguém pensa que o pão celeste faz referência aos mistérios [eucarísticos] e assim o aceitamos, pois é verdadeiramente a carne de Cristo e verdadeiramente o sangue de Cristo” (Tratado sobre o Livro dos Salmos 145,7).
– “Nem foi Moisés quem nos deu o verdadeiro pão, mas o Senhor Jesus. Ele próprio é ‘convidado’ e ‘convite’; Ele próprio é quem come e quem é comido; bebemos o sangue Dele e sem Ele não podemos beber” (Carta 120).
Os textos acima citados não dão margem a dúvidas sobre a sua fé na verdade e realidade do corpo e sangue de Cristo na Eucaristia. Jerônimo possui também um texto que me parece particularmente útil e educativo pelo seguinte motivo: os modernos adversários da doutrina da presença real insistem em dizer que “comer a carne e beber o sangue do Senhor” se refere a “crer Nele”. Quanto a isso, devemos notar que a imagem de “comer o corpo e beber o sangue” de alguém nunca é, nas Escrituras, uma imagem de crer nessa pessoa. Tampouco desconheço qualquer literatura extrabíblica em que essa imagem receba tal interpretação. Em outras palavras: a imagem usada por Jesus não faz com que alguém pense, em primeiro lugar, “comê-Lo através da fé”. Tendo isto em mente, notamos que na História da Igreja muitas vezes os pregadores (até o dia de hoje) têm estendido a imagem, dando-lhe um sentido mais amplo e simbólico, sem que com isto queiram negar o sentido primeiro e realista da intenção de Jesus. E este texto de Jerônimo é um bom exemplo disso:
– “Lemos as Santas Escrituras: imagino que o corpo de Jesus é o Evangelho; e imagino que as Santas Escrituras sejam os Seus ensinamentos. E quando diz: ‘Aquele que não come a Minha carne e não bebe o Meu sangue’, ainda que possa também ser entendido quanto ao mistério [eucarístico], não obstante diz respeito à palavra das Escrituras, ao ensinamento do Senhor, pois é verdadeiramente corpo de Cristo e sangue Seu. Quando vemos o mistério [da Eucaristia, quem já é cristão entende:] se uma migalhinha cair [no chão], já ficamos angustiados; então, quando ouvimos a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus e o corpo de Cristo e o Seu sangue entram por nossos ouvidos, sendo que estamos [distraídos] pensando em outras coisas, em que perigo nos colocamos?” (Tratado sobre o Livro dos Salmos 147,14).
Observe-se que Jerônimo pressupõe o respeito pelo corpo do Senhor na Eucaristia e o toma como ponto de partida para acrescentar também que o Evangelho é “corpo de Jesus”, pelo qual devemos dedicar-lhe o mesmo respeito que dedicamos ao Seu corpo eucarístico (=”se uma migalhinha cair [no chão], já ficamos angustiados”). Tenho usado pessoalmente este ideia, com as mesmas palavras ou semelhantes, no ministério da pregação e nem por isso tenho querido anular o sentido eucarístico das palavras “o corpo e o sangue de Cristo” enquanto comida ou pão da vida, ainda que possam ser tomadas em sentido amplo, como “ensinamentos de Jesus” e, deste modo, por consequência, o “comer seu corpo e beber seu sangue” se referirão a crer Nele. Mas pelo que Jesus predisse e realizou, pelo que Paulo nos transmitiu e pelo que a Igreja entendeu, aqui existe um mistério mais profundo do que uma mera imagem da fé em Jesus: trata-se de uma comida real e uma bebida real, consistentes no corpo e no sangue do Senhor, como o próprio Jerônimo pressupõe no texto acima citado[45].
AGOSTINHO DE HIPONA
Como no caso anterior, basta recordar que se trata de um dos Padres da Igreja mais importantes e mais aceitos no mundo cristão. Nasceu em 354 e morreu em 430.
A doutrina eucarística de Santo Agostinho logo deu margem a diversas interpretações, que continuam até os nossos dias[46]. Não vou tratar de toda essa complexa temática, mas agrupar alguns textos em torno de algumas sínteses que são seguras:
a) Agostinho admite que o pão e o vinho eucarísticos são verdadeiramente o corpo e o sangue de Cristo. Comentando o Salmo 98,5, pergunta como é possível adorar o escabelo de Seus pés quando, segundo a Escritura (Isaías 66,1), o escabelo dos Seus pés é a Terra e, em outra parte, a Escritura (Deuteronômio 6,13) proíbe a adoração do que quer que seja, a não ser do próprio Deus. E responde:
– “Volto-me para Cristo, pois é Ele a quem busco aqui; e verifico que, sem cair na impiedade, adora-se o terrestre, e sem impiedade adora-se o escabelo dos Seus pés. Porque Ele tomou a terra da Terra, visto que a carne provém da terra; e tomou a carne da carne de Maria. E porque na própria carne caminhou por aqui, deu-nos de comer Sua própria carne, para a salvação; e como ninguém come essa carne sem adorá-La primeiro, descobrimos como se adora esse escabelo dos pés do Senhor; e não apenas não pecamos adorando-O, como também pecamos ao não adorá-Lo” (Comentário ao Salmo 98,9).
Em certo dia da Páscoa, pregava:
– “O que estais vendo é o pão e o cálice; é também o que vos diz os vossos olhos. Porém, naquilo que vossa fé pede para ser instruída, o pão é o corpo de Cristo e o cálice, o sangue de Cristo” (Sermão 217).
E, em outro momento, dizia aos fiéis reunidos para a Eucaristia:
– “Logo ocorre o que se pede nas preces sagradas, que estais a ouvir: para que, vindo a Palavra, faça-se o corpo e o sangue de Cristo. Isto porque, suprimindo a Palavra [da consagração], é pão e vinho; acrescentando a Palavra, já é outra coisa. É o que é essa ‘outra coisa’? É o corpo de Cristo e o sangue de Cristo” (Sermo Denis 6,3)
Mais alguns textos:
– “Cristo era carregado em Suas mãos quando, entregando Seus próprio corpo, disse: ‘Isto é Meu corpo’, pois tinha esse corpo em Suas mãos” (Comentário ao Salmo 33,1º,10)[47].
– “Cristo quis, por estas coisas, entregar o seu corpo e o seu sangue, o qual derramou por nós para o perdão dos pecados” (Sermão 227).
– “Cristo não foi imolado uma única vez em Si mesmo? No entanto, quanto ao Sacramento [da Eucaristia] – que se imola pelos povos não só em todas as solenidades da Páscoa, mas também todos os dias – não mente aquele que responde, caso lhe seja perguntado, que ‘há imolação'” (Carta 98,9)[48].
– “Reconhecei no pão [eucarístico] Aquilo que pendeu da Cruz; e no cálice, Aquilo que emanou do Seu lado [aberto]” (Sermo Denis 3,2).
– “Grande é a mesa em que os alimentos são o próprio Senhor da mesa. Nenhum dos convidados dá de comer a si próprio; isto quem faz é o Cristo, o Senhor. É Ele quem convida; é Ele o alimento e a bebida” (Sermão 329,1)[49].
– “Não quis ser reconhecido senão aí [na fração do pão, no caminho de Emaús]; por nós, que não iríamos vê-Lo na carne e, no entanto, iríamos comer a Sua carne (…) A ausência do Senhor não é ausência: tem fé e estará contigo Aquele a quem não vês” (Sermão 235,2,3).
– “Comeis aquela carne, da qual a própria Vida disse: ‘O pão que Eu vos darei é a Minha carne” (Sermo Denis 3,3).
– “Quando esta vida tiver passado (…) não teremos mais que receber o sacramento do altar, porque ali estaremos com Cristo, cujo corpo recebemos [aqui]” (Sermão 59,3,6).
– “Cristo Se dá a Si mesmo no pão [sacramental]; reserva-Se a Si mesmo no prêmio [celeste]” (Sermo Guelferbytanus 9,4).
Estes textos – que não são exaustivos – não nos permitem duvidar da doutrina agostiniana da Eucaristia como presença real de Cristo.
b) No entanto, Santo Agostinho, no mesmo contexto dessas frases, afirma com frequência que o corpo de Cristo na Eucaristia são os fiéis que recebem o Sacramento. Eis alguns exemplos:
– “Por isso, também porque padeceu por nós, nos entregou neste sacramento o Seu corpo e o Seu sangue, fazendo também que fôsseis vós mesmos. Isto porque também nós fomos feitos Seu corpo e, por Sua misericórdia, somos o que recebemos” (Sermo Denis 6,1)
– “Se, portanto, vós sois corpo de Cristo e membros Seus, vosso mistério está colocado sobre a mesa do Senhor (=o altar eucarístico); recebestes [na comunhão eucarística] o vosso mistério” (Sermão 272).
– “Tomai e comei o corpo de Cristo; vós fostes também feitos membros de Cristo. Tomai e bebei o sangue de Cristo; não vos vás dissolver. Comei o vosso vínculo” (Sermo Denis 3,3)
– “Se O recebestes bem, sois vós o que recebestes” (Sermão 227).
A intenção do Pregador nestes textos é clara: recordar aos fiéis que se aproximam do corpo e do sangue do Senhor na Eucaristia que eles também são corpo de Cristo e que, portanto, a perfeição de suas vidas cristãs e o amor fraterno devem ser preparação e fruto da comunhão eucarística, sem o quê a recepção meramente carnal do Senhor lhes seria de pouco proveito. Mais uma vez, a interpretação realista da presença eucarística não apenas não exclui como provoca outras interpretações perfeitamente sintonizadas com a doutrina da presença do corpo e sangue do Senhor nas ofertas consagradas e ofertadas aos fiéis. Esta é a ideia que a Igreja sempre transmitiu sobre o sacramento eucarístico como sacramento de unidade. Este também é o motivo pelo qual aqueles que não estão em comunhão com a Igreja não podem se aproximar da Eucaristia que ela celebra. Recorde-se da prática da Igreja primitiva de nem sequer permitir a participação integral na celebração eucarística daqueles que ainda não tinham sido batizados.
c) Santo Agostinho prossegue e contrapõe uma participação do corpo de Cristo que se faz “in sacramento” a outra que se faz “in veritate”. Por exemplo:
– “Para que não comamos a carne de Cristo e o sangue de Cristo apenas no sacramento – como fazem muitos ímpios – mas comamos e bebamos até alcançar a participação do Seu espírito, de modo a permanecermos como membros no corpo do Senhor” (Tratado sobre o Evangelho de João 27,11).
– “Isto – ou seja – o corpo e sangue de Cristo, será vida para cada um, quando aquilo que se toma visivelmente no sacramento seja comido e bebido espiritualmente, na própria verdade” (Sermão 131).
A ideia é clara e forte: a mera recepção do sacramento (que é “o corpo e o sangue de Cristo”) não ajudará aqueles que não o recebem com fé e com as disposições devidas. Se expressa ainda mais claramente em outra oportunidade:
– “Comer aquela carne e beber aquele sangue é isto: permanecer em Cristo e, tendo-O, permanecer Nele. E, por isso, quem não permanece em Cristo e em quem Cristo não permanece, sem dúvida alguma nem come Sua carne, nem bebe Seu sangue; ao contrário, come o sacramento, algo tão enorme, para a sua própria condenação” (Tratado sobre o Evangelho de João 26,18).[50]
A contraposição que existe nestes textos não se refere ao conteúdo do sacramento, claramente afirmado em tantas passagens, mas à recepção frutuosa do mesmo. E mais: a insistência na coerência de vida é sustentada por Agostinho no fato de o crente que recebe a Eucaristia estar recebendo nada menos que “o corpo e o sangue Cristo” e não uma mera “figura” deles.
d) Há, por fim, outros textos, nos quais Agostinho comenta João 6, expressando-se desta maneira:
– “‘Entendei espiritualmente o que Eu disse: não comereis este corpo que estais vendo, nem bebereis o sangue que irão derramar aqueles que Me crucificarão. Vos confiei um sacramento; entendendo-o espiritualmente, vos vivificará; e ainda que seja preciso ser celebrado visivelmente, no entanto deve ser entendido espiritualmente'” (Comentário ao Salmo 98,9).
Estas palavras não comprometem os demais textos citados, exceto se enxergarmos em Agostinho um pregador esquizofrênico. Algumas frases antes desta, comentando o escândalo dos ouvintes de Jesus, diz:
– “Consideraram-No nesciamente; entenderam-No carnalmente e imaginaram que o Senhor iria cortar algumas partes do Seu corpo para dar a eles” (Idem).
Fica claro que não era esse o sentido das palavras de Jesus, como irresponsavelmente querem atribuir à Igreja certos defensores da interpretação simbólica, quer antigos quer contemporâneos. Neste sentido, Agostinho precisa que a comida e a bebida do corpo do Senhor não será um ato de canibalismo, mas se realizará espiritualmente; ou, como já foi dito repetidas vezes, “in sacramento”. É precisamente esta forma “sacramental” que distingue a Eucaristia de toda espécie de ingestão do corpo do Senhor, forma que não possui paralelo em nenhuma outra manifestação humana, razão pela qual resta difícil compreendê-la. Dizer que a comida será “espiritual”, por outro lado, não significa que não será real, mas que não será um ato de antropofagia. “Espiritual” opõe-se a “carnal” e não a “real”; e refere-se não ao corpo de Cristo, mas ao modo sacramental da Sua presença. Por isso, afirma comentando a cena do discurso de Jesus em João 6: “Como se irá comer e qual será a forma de comer este pão, não o sabeis” (Tratado sobre o Evangelho de João 26,15). Saberemos – podemos nós acrescentarmos – por ocasião da Última Ceia, ainda que o mistério tenha permanecido[51].
NOTAS:
[45] Já Inácio de Antioquia sustentava que a carne de Cristo foi a que sofreu pelos nossos pecados (p.ex., na Carta aos Esmirniotas 7,1), porém, disse também que a carne de Cristo é o Evangelho (p.ex., na Carta aos Filadelfos 5,1). Não há aqui oposição, nem exclusão.
[46] Os textos eucarísticos de Santo Agostinho foram muito bem coletados por H. Lang, “S. Aurelii Augustini Episcopi Hipponensis Textus Eucharistici Selecti”, Florilegium Patristicum 35 (Bonn, 1933). Entretanto, existem diversas obras sobre o tema.
[47] Em outro lugar, explica de uma maneira um pouco diferente: “Ele mesmo, de algum modo, Se elevava a Si mesmo…” (Comentário ao Salmo 33,2º,2), onde o “quodam modo” refere-se à incerteza de como tal coisa pode ocorrer; não negando o fato, mas afirmando-o. O mesmo se pode dizer deste outro texto: “De algum modo, o sacramento do corpo de Cristo é o corpo de Cristo; [e] o sacramento do sangue de Cristo é o sangue de Cristo” (Carta 98,9). Este “Cristo elevar-Se a Si mesmo em Suas mãos” é considerado “uma fantasia” por Daniel Sapia, coisa esta que jamais pareceu à Igreja. Que Santo Agostinho não inventou esta doutrina fica claro por todos os textos anteriores e posteriores.
[48] Mais uma objeção “evangélica”: a Missa não pode ser a oblação de Cristo porque esta foi feita “de uma vez por todas” (Hebreus 7,27). Em primeiro lugar, a doutrina da Carta aos Hebreus foi ensinada pela Igreja Católica desde o início até o dia de hoje, e assim o fará até a consumação dos tempos. Agostinho explica aquilo que certamente é um grande mistério, dizendo que a imolação de Jesus realizou-se “em Si mesmo” uma vez, porém essa imolação “sacramentalmente” ou “no sacramento” se perpetua até o fim dos tempos. Temos visto nos textos citados de muitíssimos Padres dos primeiros quatro séculos a doutrina da Eucaristia como “oferta” ou “sacrifício” (“thusia”, em grego), mesmo que não tenhamos procurado textos sobre esse aspecto da Eucaristia, atendo-se somente à presença real. Cabe ao leitor julgar a exatidão destas palavras de Sapia: “Foi o Papa Pio III quem fez do ‘sacrifício’ da Missa um dogma oficial em 1215”. Agostinho prega isso em fins do século IV, isto é, cerca de 800 anos antes da data proposta pelo autor batista! O “dogma oficial” nada mais faz do que repetir a doutrina católica de todos os séculos. Se o “dogma oficial” não surgiu antes é porque até então não se negava a sacrificialidade da Eucaristia.
[49] “Qual é a grande mesa, senão aquela da qual tomamos o corpo e o sangue de Cristo?” (Sermão do Antigo Testamento 31,2).
[50] É o que Paulo afirma em 1Coríntios 11,28-29: “Cada um examine a si mesmo e então coma do pão e beba do cálice. Porque aquele que come e bebe sem discernir corretamente o corpo do Senhor, come e bebe do juízo de condenação para si mesmo”. A comida e bebida de salvação não devem ser tomadas sem o devido discernimento e preparação, do contrário pode ser motivo de condenação. Paulo entendia a Eucaristia como um mero símbolo? Pode a relação com um símbolo ser causa de condenação?
[51] Já mencionamos a questão das interpretações “cafarnaíticas”, ao falar anteriormente de Eusébio de Cesareia. Santo Agostinho aborda bastante esta questão e quer educar os seus ouvintes no entendimento espiritual – embora real – das palavras de Jesus em João 6, e não em “chave cafarnaítica”, chave esta que não é doutrina da Igreja, mas uma paródia da mesma. Agostinho chama essa interpretação distorcida de “a primeira heresia” (Comentário ao Salmo 54,23 etc.).
Leia também as outras partes da série especial sobre a Eucaristia