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Estado é laico, mas sociedade é marcadamente religiosa, lembra arcebispo

Dom Walmor Oliveira de Azevedo destaca autenticidade do cristianismo

BELO HORIZONTE, segunda-feira, 7 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- O arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, considera que a laicidade do Estado “não pode permitir que um tratamento discriminatório ou indiferente venha por parte dele, em se considerando especialmente seu dever de cuidar das necessidades básicas de sua sociedade”.”Seria uma temeridade banir religiões e igrejas dos cenários de uma sociedade”, afirma, em artigo enviado a Zenit na sexta-feira.

O arcebispo assinala que é necessário que a sociedade discuta “questões que dizem respeito à importância e necessidade incontestável da religiosidade na vida de seu povo”.

“Não é, portanto, só o PIB, o pré-sal, a destinação dos seus sonhados resultados financeiros, a sucessão presidencial ou o superávit primário que têm importância e garantem uma sociedade modernizada e desenvolvida.”

Dom Walmor enfatiza que “o que a sua população e instituições podem e sabem discutir e refletir tem força determinante sobre seu destino e desdobramentos na sua história”.

“Não se pode brincar com vivência religiosa, mesmo descontando o natural e insubstituível respeito às liberdades individuais. E menos ainda entender e fazer do afazer religioso um negócio ou exploração mercadológica.”

“Nesta importante discussão de interesse para a sociedade é preciso focar as raízes, motivações e história das práticas religiosas. Não basta simplesmente fazer uma lei geral, considerada por muitos como um risco de liberação geral, para acalmar e acomodar fúrias religiosas ou garantir conivências políticas.”

O arcebispo afirma que “não se pode correr o risco de garantir direitos de inventar uma religião e suas práticas a qualquer um. Do contrário, valerá o que cada um simplesmente disser, como se diz, tirando de ‘detrás da orelha’, e proclamando como verdade e como dogma o que anuncia”.

Então ele explica que “o cristianismo na sua autenticidade, enraizado na tradição judaica, se afirma pelo primado da palavra – que não é anunciado por qualquer pessoa. É o primado da Palavra de Deus. A Palavra de Deus que é Jesus Cristo, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós”.

“Este primado da Palavra exige dos discípulos de Jesus Cristo uma escuta cotidiana desta Palavra. Sem manipulações arriscadas que a enjaula numa panacéia milagreira, reduzindo a exigência de uma experiência de fé, obediência e confiança para transformar a vida, em expectativas de receber simplesmente o que se precisa, como se Deus fosse prateleira de supermercado na qual se apanha, gratuitamente, o que se quer.”

Dom Walmor afirma que o primado da Palavra de Deus “tem no episódio contado por São João no capítulo seis do seu Evangelho, depois da multiplicação dos pães, a direção certa, quando muitos entenderam como duro demais o que Jesus estava dizendo, e o abandonaram”.

“Perguntados os discípulos se queriam ir embora também, Pedro respondeu: ‘A quem iremos nós, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna’. O primado da Palavra de Deus é fonte inesgotável de qualificação de toda palavra que se pronuncia, de todo juízo e de toda edificação. Palavra é vida e compromisso. O primado da Palavra de Deus é exigência de escuta permanente para qualificar o que se diz, e com o que se diz edificar.”

Deus repete com sacerdotes o milagre da multiplicação dos pães, diz Papa

São assim “instrumentos de salvação para muitos, para todos”

LES COMBES, domingo, 26 de julho de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI assegurou neste domingo que Deus continua fazendo milagres – como o da multiplicação dos pães e peixes – com os sacerdotes que se colocam em suas mãos.

O pontífice meditou sobre a passagem do Evangelho que São João apresenta no capítulo 6, ao rezar ao meio-dia o Ângelus junto a 5 mil peregrinos reunidos na casa de Les Combes, na qual transcorre suas férias.

“Ao narrar o ‘sinal’ dos pães, o evangelista sublinha que Cristo, antes de distribuí-los, abençoou-os com uma oração de ação de graças”, recorda o Papa.

“O verbo é eucharistein e faz referência diretamente à narração da Última Ceia, em que, de fato, João não refere a instituição da Eucaristia, mas o lavatório dos pés. Aqui, a Eucaristia fica como antecipada no grande sinal do pão da vida”, explicou.

“Neste Ano Sacerdotal, recordamos que especialmente nós, os sacerdotes, podemos nos ver neste texto de João, tomando o lugar dos apóstolos, quando dizem: ‘Onde poderemos encontrar pão para toda esta gente?’”

“E ao ver o anônimo jovem que tem 5 pães de cevada e 2 peixes, também a nós surge espontaneamente a pergunta: ‘Mas o que é isso para uma multidão tão grande?’. Em outras palavras: quem sou eu? Como posso, com meus limites, ajudar Jesus em sua missão?”, perguntou-se o Papa, convertendo-se em porta-voz de todo sacerdote.

“E o Senhor nos dá a resposta: precisamente ao colocar em suas “santas e veneráveis” mãos o pouco que são, os sacerdotes se convertem em instrumentos de salvação para muitos, para todos”, respondeu.

Bento XVI convocou, de junho de 2009 a junho de 2010, o Ano Sacerdotal em recordação dos 150 anos do falecimento de São João Maria Vianney, o Cura de Ars.

Pregador do Papa comenta piquenique mais feliz da história

A passagem evangélica da liturgia do domingo

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 31 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap, pregador da casa Pontifícia, sobre a liturgia do próximo domingo.

XVIII Domingo do Tempo Comum

Isaías 55, 1-3; Romanos 8,35.37-30; Mateus 14, 13-21

Todos comeram e ficaram saciados

Um dia, Jesus havia se retirado a um lugar solitário, às margens do Mar da Galiléia. Mas quando ia desembarcar, encontrou uma grande multidão que o esperava. «Sentiu compaixão deles e curou seus doentes.» Falou do Reino de Deus para eles. Pois bem, enquanto isso, escureceu. Os apóstolos lhe sugeriram que despedisse a multidão, para que pudessem encontrar algo para que comer nos povoados próximos. Mas Jesus os deixou atônitos, dizendo-lhes em voz alta, para que todos escutassem: «Dai-lhes vós mesmos de comer». «Não temos aqui mais que cinco pães e dois peixes», respondem-lhe, desconcertados. Jesus pede que os tragam. Convida todos a se sentarem. Toma os cinco pães e os dois peixes, reza, agradece ao Pai, depois ordena que distribuam tudo à multidão. «Todos comeram e ficaram saciados, e dos pedaços que sobraram, recolheram doze cestos cheios». Eram cerca de 5 mil homens, sem contar mulheres e crianças, diz o Evangelho. Foi o piquenique mais feliz da história do mundo!

O que este evangelho nos diz? Em primeiro lugar, que Jesus se preocupa e «sente compaixão» do homem completo, corpo e alma. Às almas Ele dá a palavra, aos corpos, a cura e o alimento. Alguém poderia dizer: «Então, por que Ele não faz isso também hoje? Por que não multiplica o pão entre tantos milhões de famintos que existem na terra?». O evangelho da multiplicação dos pães oferece um detalhe que pode nos ajudar a encontrar a resposta. Jesus não estalou os dedos para que aparecesse, como mágica, pão e peixe para todos. Ele perguntou o que eles tinham; convidou a compartilhar o pouco que tinham: 5 pães e 2 peixes.

Hoje Ele faz a mesma coisa. Pede que compartilhemos os recursos da terra. Sabemos perfeitamente que, pelo menos do ponto de vista alimentar, nossa terra seria capaz de dar de comer a bilhões de pessoas a mais do que as que existem hoje. Mas como podemos acusar Deus de não dar pão suficiente para todos, quando cada dia destruímos milhões de toneladas de alimentos que chamamos de «excedentes» para que não diminuam os preços? Melhor distribuição, maior solidariedade e capacidade para compartilhar: a solução está aqui.

Eu sei, não é tão fácil. Existe a mania dos armamentos, há governantes irresponsáveis que contribuem para manter muitas populações na fome. Mas uma parte da responsabilidade recai também nos países ricos. Nós somos agora essa pessoa anônima (um menino, segundo um dos evangelistas) que tem 5 pães e 2 peixes; mas nós os temos muito bem guardados e temos cuidado para não entregá-los, por medo de que eles sejam distribuídos entre todos.

A forma como se descreve a multiplicação dos pães e dos peixes («elevando os olhos ao céu, pronunciou a bênção e, partindo os pães, deu-os aos discípulos e estes à multidão») sempre recordou a multiplicação desse outro pão que é o Corpo de Cristo. Por este motivo, as representações mais antigas da Eucaristia nos mostram um cesto com 5 pães e, ao lado, 2 peixes, como o mosaico em Tabga, na palestina, na igreja construída no lugar da multiplicação dos pães, ou na famosa pintura das catacumbas de Priscila em Roma.

No fundo, o que estamos fazendo neste momento também é uma multiplicação dos pães: o pão da palavra de Deus. Eu parti o pão da palavra e a internet multiplicou minhas palavras, de forma que mais de 5 mil homens, também neste momento, se alimentaram e ficaram saciados. Resta uma tarefa: recolher «os pedaços que sobraram», fazer a Palavra chegar também a quem não participou do banquete. Converter-se em «repetidores» e testemunhas da mensagem.

[Tradução; Aline Banchieri]

Filipe

Por Papa Bento XVI
Tradução: Vaticano
Fonte: Vaticano

Queridos irmãos e irmãs!

Prosseguindo no delineamento das fisionomias dos vários Apóstolos, como fazemos há algumas semanas, hoje encontramos Filipe. Nas listas dos Doze, ele é sempre colocado no quinto lugar (assim em Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 6, 14; Act 1, 13), portanto substancialmente entre os primeiros.

Apesar de Filipe ter origens hebraicas, o seu nome é grego, como o de André, e isto é um pequeno sinal de abertura cultural que não se deve subestimar. As notícias que temos sobre ele são-nos fornecidas pelo Evangelho de João. Ele provinha do mesmo lugar de origem de Pedro e de André, isto é, de Batsaida (cf. Jo 1, 44), uma pequena cidade pertencente à tetrarquia de um dos filhos de Herodes, o Grande, também ele chamado Filipe (cf.Lc3,1).

O Quarto Evangelho narra que, depois de ter sido chamado por Jesus, Filipe encontra Natanael e diz-lhe: “Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré” (Jo 1, 45). Natanael dá uma resposta bastante céptica (“De Nazaré pode vir alguma coisa boa?”), perante a qual Filipe não se desencoraja e responde com determinação: “Vem e verás!” (Jo 1, 46). Nesta resposta, breve mas clara, Filipe manifesta as características da verdadeira testemunha: não se contenta em propor o anúncio, como uma teoria, mas interpela directamente o interlocutor sugerindo-lhe que faça ele mesmo uma experiência pessoal do que foi anunciado. Os mesmos dois verbos são usados pelo próprio Jesus quando dois discípulos de João Baptista se aproximam dele para lhe perguntar onde mora. Jesus responde: “Vinde ver” (cf. Jo 1, 38-39).

Podemos pensar que Filipe se dirija também a nós com aqueles dois verbos que exigem um envolvimento pessoal. Também a nós diz o que dissera a Natanael: “Vem e verás”. O Apóstolo convida-nos a conhecer Jesus de perto. De facto, a amizade, o verdadeiro conhecer o outro, precisa da proximidade, aliás, de certa forma vive dela. De resto, não se deve esquecer que, segundo o que escreve Marcos, Jesus escolheu os Doze com a finalidade primária que “andassem com Ele” (Mc 3, 14), ou seja, que partilhassem a sua vida e aprendessem directamente dele não só o estilo do seu comportamento, mas sobretudo quem era Ele realmente. Com efeito, só assim, participando na sua vida, o podiam conhecer e depois anunciar. Mais tarde, na Carta de Paulo aos Efésios, ler-se-á que o importante é “aprender de Cristo” (4, 20), portanto, não só e não tanto ouvir os seus ensinamentos, as suas palavras, mas ainda mais conhecê-lo pessoalmente, a sua humanidade e divindade, o seu mistério, a sua beleza. De facto, Ele não é só um Mestre, mas um Amigo, ou melhor, um Irmão. Como poderíamos conhecê-lo profundamente permanecendo distantes? A intimidade, a familiariedade, o habitual fazem-nos descobrir a verdadeira identidade de Jesus Cristo. Portanto: é precisamente isto que nos recorda o apóstolo Filipe. E convida-nos a “vir”, a “ver”, isto é, a entrar num contacto de escuta, de resposta e de comunhão de vida com Jesus dia após dia.

Depois, por ocasião da multiplicação dos pães, ele recebeu de Jesus um pedido específico e surpreendente: onde era possível comprar o pão para saciar a fome de todo o povo que o seguia (cf. Jo 6, 5). Então Filipe respondeu com muito realismo: “Duzentos denários de pão não chegam para cada um comer um bocadinho” (Jo 6, 7). Vêem-se aqui a praticidade e o realismo do Apóstolo, que sabe julgar as reais consequências de uma situação. Depois, como correram as coisas nós sabemo-lo. Sabemos que Jesus tomou os pães e, depois de ter rezado, distribuiu-os.

Assim realizou-se a multiplicação dos pães. Mas é interessante que Jesus se tenha dirigido precisamente a Filipe para obter uma primeira indicação sobre o modo de resolver o problema: sinal evidente de que ele fazia parte do grupo limitado que o circundava. Noutro momento, muito importante para a história futura, antes da Paixão, alguns Gregos que se encontravam em Jerusalém para a Páscoa “foram ter com Filipe… e pediram-lhe: “Senhor, nós queremos ver Jesus!”. Filipe foi dizer isto a André; André e Filipe foram dizê-lo a Jesus” (Jo 12, 20-22). Mais uma vez, temos a indicação de um seu prestígio especial no âmbito do colégio apostólico. Sobretudo, neste caso, ele serve de intermediário entre o pedido de alguns Gregos provavelmente falava o grego e pôde disponibilizar-se como intérprete e Jesus; Mesmo se ele se une a André, o outro Apóstolo com um nome grego, é contudo a ele que aquelas pessoas desconhecidas se dirigem. Isto ensina-nos a estar também nós sempre prontos, tanto a ouvir pedidos e invocações, de onde quer que venham, como a orientá-los para o Senhor, o único que os pode satisfazer plenamente. Com efeito, é importante saber que nós não somos os destinatários últimos das orações de quem nos aproxima, mas é o Senhor: para ele devemos orientar todo aquele que se encontre em necessidade. Então: cada um de nós deve ser um caminho aberto para ele!

Há depois outra ocasião completamente particular, na qual Filipe entra em cena. Durante a Última Ceia, tendo Jesus afirmado que conhecê-lo significa também conhecer o Pai (cf. Jo 14, 7), Filipe pede quase ingenuamente: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!” (Jo 14, 8). Jesus responde-lhe com um tom de indulgente reprovação: “Há tanto tempo que estou convosco, e não me ficaste a conhecer, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como é que me dizes, então, “mostra-nos o Pai”? Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim?… Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim” (Jo 14, 9-11). Estas palavras são as mais nobres do Evangelho de João. Elas contêm uma profunda revelação. No final do Prólogo do seu Evangelho, João afirma: “A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer” (Jo 1, 18). Pois bem, aquela afirmação, que é do evangelista, é retomada e confirmada pelo próprio Jesus. Mas com uma nova característica. De facto, enquanto o Prólogo de João fala de uma intervenção esclarecedora de Jesus mediante as palavras do seu ensinamento, na resposta a Filipe Jesus faz referência à própria pessoa como tal, dando a entender que é possível compreendê-lo não só mediante o que diz, mas ainda mais mediante o que ele simplesmente é.

Para nos expressarmos segundo o paradoxo da Encarnação, podemos dizer que Deus se conferiu um rosto humano, o de Jesus, e por conseguinte de agora em diante, se verdadeiramente queremos conhecer o rosto de Deus, devemos contemplar o rosto de Jesus! No seu semblante vemos realmente quem é e como é Deus!

O evangelista não nos diz se Filipe compreendeu plenamente a frase de Jesus. Sem dúvida, ele dedicou-lhe totalmente a própria vida. Segundo algumas narrações posteriores (Actos de Filipe e outros), o nosso Apóstolo teria evangelizado primeiro na Grécia e depois na Frígia onde enfrentou a morte, em Herápoles, com um suplício descrito diversamente como crucifixão ou lapidação.

Desejamos concluir a nossa reflexão recordando a finalidade para a qual deve tender a nossa vida: encontrar Jesus como o encontrou Filipe, procurando ver nele o próprio Deus, o Pai celeste. Se este compromisso viesse a faltar, seríamos remetidos sempre e só para nós como num espelho, e estaríamos cada vez mais sós! Ao contrário, Filipe ensina-nos a deixar-nos conquistar por Jesus, a estar com Ele e a convidar também outros a partilhar esta companhia indispensável. E vendo-o, encontrando Deus, encontrar a verdadeira vida.

Pedro

Por Papa Bento XVI
Tradução: Vaticano
Fonte: Vaticano

Amados Irmãos e Irmãs,

Na nova série de catequeses começamos antes de tudo a compreender melhor o que é a Igreja, qual é a ideia do Senhor sobre esta sua nova família. Depois dissemos que a Igreja existe nas pessoas. E vimos que o Senhor confiou esta nova realidade, a Igreja, aos doze Apóstolos. Agora queremos vê-los um por um, para compreender nas pessoas o que significa viver a Igreja, o que significa seguir Jesus. Começamos com São Pedro.

Depois de Jesus, Pedro é a personagem mais conhecida e citada nos escritos neotestamentários: é mencionado 154 vezes com o cognome de Pétros, “pedra”, “rocha”, que é a tradução grega do nome aramaico que lhe foi dado directamente por Jesus Kefa, afirmado nove vezes sobretudo nas cartas de Paulo; depois, deve-se acrescentar o nome frequente Simòn(75 vezes), que é a forma helenizada do seu original nome hebraico Simeon (2 vezes: Act 15, 14; 2 Pd 1, 1). Filho de João (cf. Jo 1, 42) ou, na forma aramaica, bar-Jona, filho de Jonas (cf. Mt 16, 17), Simão era de Betsaida (cf. Jo 1, 44), uma cidadezinha a oriente do mar da Galileia, da qual provinha também Filipe e naturalmente André, irmão de Simão. O seu modo de falar traía o sotaque galileu. Também ele, como o irmão, era pescador: com a família de Zebedeu, pai de Tiago e de João, dirigia uma pequena empresa de pesca no lago de Genesaré (cf. Lc 5, 10). Por isso devia gozar de um certo bem-estar económico e era animado por um sincero interesse religioso, por um desejo de Deus ele queria que Deus interviesse no mundo um desejo que o estimulou a ir com o irmão até à Judeia para seguir a pregação de João Baptista (cf. Jo 1, 35-42).

Era um judeu crente e praticante, confiante na presença activa de Deus na história do seu povo, e sofria por não ver a sua acção poderosa nas vicissitudes das quais ele era, naquele momento, testemunha. Era casado e a sogra, curada um dia por Jesus, vivia na cidade de Cafarnaum, na casa na qual também Simão vivia quando estava naquela cidade (cf. Mt 8, 14 s; Mc 1, 29 s; Lc 4, 38 s).

Recentes escavações arqueológicas permitiram trazer à luz, sob a pavimentação em mosaicos octagonais de uma pequena igreja bizantina, os vestígios de uma igreja mais antiga existente naquela casa, como afirmam os grafites com invocações a Pedro. Os Evangelhos informam-nos que Pedro é um dos primeiros quatro discípulos do Nazareno (cf. Lc 5, 1-11), aos quais se junta um quinto, segundo o costume de cada Rabino de ter cinco discípulos (cf. Lc 5, 27: chamada de Levi).

Quando Jesus passa de cinco para doze discípulos (cf. Lc 9, 1-6), será clara a novidade da sua missão: Ele já não é um entre tantos rabinos, mas veio para reunir o Israel escatológico, simbolizado pelo número doze, como doze eram as tribos de Israel.

Pregador do Papa recorda lição de Jesus sobre o desperdício

Comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap., sobre a liturgia do próximo domingo (30/07)

ROMA, sexta-feira, 28 de julho de 2006 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap. — pregador da Casa Pontifícia — sobre a liturgia do próximo domingo, XVII do tempo comum.

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Recolhei os pedaços que sobraram

XVII Domingo do tempo comum (B)
2 Reis 4, 42-44; Efésios 4, 1-6; João 6, 1-15

Durante vários domingos, o Evangelho está tomado do discurso que Jesus pronunciou sobre o pão da vida na sinagoga de Cafarnaum, e que o evangelista João refere. A passagem deste domingo vem do episódio da multiplicação dos pães de dos peixes, que se torna uma introdução ao discurso eucarístico.

Não é por acaso que a apresentação da Eucaristia começa com o relato da multiplicação dos pães. Com isso, o que se quer dizer é que não se pode separar, no homem, a dimensão religiosa da material; não é possível prover suas necessidades espirituais e eternas, sem preocupar-se, ao mesmo tempo, por suas necessidades terrenas e materiais.

Foi precisamente esta, por um motivo, a tentação dos apóstolos. Em outra passagem do Evangelho, se lê que eles sugeriram a Jesus que despedisse a multidão para que fosse aos povoados vizinhos para buscar o que comer. Mas Jesus respondeu: «Dai-lhes vós mesmos de comer!» (Mateus 14, 16). Com isso, Jesus não pede aos seus discípulos que façam milagres. Pede que façam o que puderem. Pôr em comum e compartilhar o que cada um tem. Na aritmética, multiplicação e divisão são duas operações opostas, mas neste caso são a mesma coisa. Não existe «multiplicação» sem «partição» (ou compartilhar)!

Este vínculo entre o pão material e o espiritual era visível na forma em que se celebrava a Eucaristia nos primeiros tempos da Igreja. A Ceia do Senhor, chamada então de ágape, acontecia no marco de uma refeição fraterna, na que se compartilhava tanto pão comum como o eucarístico. Isso fazia com que fossem consideradas escandalosas e intoleráveis as diferenças entre quem não tinha nada para comer e quem se «embriagava» (1 Cor 11, 20-22). Hoje, a Eucaristia já não se celebra no contexto da refeição comum, mas o contraste entre quem tem o supérfluo e quem carece do necessário não diminuiu, pelo contrário, assumiu dimensões planetárias.

Sobre este ponto, o final do relato também tem algo a nos dizer. Quando todos se saciaram, Jesus ordenou: «Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca». Nós vivemos em uma sociedade onde o desperdício é habitual. Passamos, em cinqüenta anos, de uma situação na que as pessoas iam ao colégio ou à Missa dominical levando, até a porta, os sapatos na mão para não gastá-los, a uma situação na que se joga fora o calçado quase novo para adaptar-se à moda mutante.

O desperdício mais escandaloso acontece no setor da alimentação. Uma pesquisa do Ministério de Agricultura dos Estados Unidos revela que um quarto dos produtos alimentícios acaba cada dia no lixo, isso sem falar do que se destrói deliberadamente antes que chegue ao mercado. Jesus não disse aquele dia: «Destruam os pedaços que sobraram, para que o preço do pão e do peixe não baixe no mercado». Mas é precisamente o que se faz hoje em dia.

Sob o efeito de uma publicidade maçante, «gastar, não economizar» é atualmente a senha na economia. Certo: não basta economizar. O ato de economizar deve permitir que os indivíduos e as sociedades dos países ricos sejam mais generosos na ajuda aos países pobres. Se não, é mais avareza do que economia.

[Traduzido por Zenit]

Relação dos Milagres de Jesus

jesus-anda-sobre-as-aguas

  1. A transformação da água em vinho nas bodas de Caná: Jo 2,1-11.
  2. Jesus escapa de seus inimigos em Nazaré: Lc 4,28-30.
  3. Cura do filho do Governador em Cafarnaum: Jo 4,46-54.
  4. Cura de um possesso em Cafarnaum: Mc 1,23-28, Lc 4,33-37.
  5. Cura da sogra de Pedro: Mt 8,14-15, Mc 1,29-31, Lc 4,38-39.
  6. Milagres de Cafarnaum no sábado à noite: Mt 8,16-17, Mc 1,32-34, Lc 4,40-41.
  7. A primeira pesca miraculosa: Lc 5,1-9.
  8. Os vários milagres realizados na Galiléia: Mt 4,23-24, Mc 1,38-39.
  9. Cura do leproso: Mt 8,1-4, Mc 1,39-44, Lc 5,12-14.
  10. Cura de um homem paralítico: Mt 9,1-8, Mc 2,1-12, Lc 5,17-26.
  11. A cura de um doente na piscina de Betesda: Jo 5,1-9.
  12. Cura de um homem de mão seca: Mt 12,9-13, Mc 3,1-5, Lc 6,6-10.
  13. Os milagres aos sábados, dias de descanso: Mt 12,14-16, Mc 3,6-12, Lc 6,17-19.
  14. Cura do empregado do Centurião: Mt 8,5-8.13, Lc 7,1-10.
  15. Ressurreição do filho da viúva de Naim: Lc 7,11-16.
  16. Os milagres relatados a João Batista: Lc 7,19-22.
  17. Cura de um possesso cego e mudo: Mt 12,22-24.
  18. A primeira tempestade serenada (acalmada): Mt 8,23-27, Mc 4,35-40, Lc 8,22-25.
  19. Os possessos e os porcos em Gerasa: Mt 8,28-33, Mc 5,1-15, Lc 8,26-35.
  20. Cura da mulher com fluxo de sangue (hemorroíssa): Mt 9,2-22, Mc 5,25-34, Lc 8,43-48.
  21. A ressurreição da filha de Jairo: Mt 9,18.19.23-26, Mc 5,21-24.35-43, Lc 8,40-42.49-56.
  22. Os milagres em Nazaré: Mt 13,57-58, Mc 6,4-5.
  23. Os milagres realizados na Sua terceira viagem pelas cidades e vilas da Galiléia: Mt 9,35.
  24. Os milagres no deserto perto do lago de Genesaré: Mt 14,13-14, Lc 9,10-11, Jo 6,1-2.
  25. A primeira multiplicação de pães e peixes: Mt 14,14-21, Mc 6,34-44, Lc 9,11-17, Jo 6,3-14.
  26. A segunda tempestade acalmada: Mt 14,22-23, Mc 6,45-51, Jo 6,15-21.
  27. Os milagres realizados nas terras de Genesaré: Mt 14,34-36, Mc 6,53-56.
  28. Cura da filha da mulher de Caná: Mt 15,21-28, Mc 7,24-30.
  29. A cura do surdo e mudo: Mc 7,31-37.
  30. Os milagres realizados na montanha perto do mar de Tiberíades: Mt 15,29-31.
  31. A segunda multiplicação de pães e peixes: Mt 15,32-38, Mc 8,1-9.
  32. O cego de Betsaída: Mc 8,22-26.
  33. A transfiguração de Cristo: Mt 17,1-9, Mc 9,1-8, Lc 9,28-36.
  34. Cura do menino possuído pelo demônio: Mt 17,14-17, Mc 9,16-26, Lc 9,37-44.
  35. O dinheiro encontrado na boca do peixe: Mt 17,23-26.
  36. Cura do cego de nascença: Jo 9,1-7.
  37. Os dois homens cegos: Mt 9,27-31.
  38. Cura de um mudo possuído pelo demônio: Mt 9,32-34, Lc 11,14-15.
  39. A mulher enferma, inválida: Lc 13,10-13.
  40. Cura do homem que sofria de hidropisia: Lc 14,1-4.
  41. A ressurreição de Lázaro: Jo 11,11-15.38-45.
  42. Cura dos dez leprosos: Lc 17,11-19.
  43. Os dois homens cegos de Jericó: Mt 20,29-34, Mc 10,46-52, Lc 18,35-43.
  44. A figueira seca, amaldiçoada: Mt 21,17-20, Mc 11,12-14.20-21.
  45. Os milagres realizados no templo: Mt 21,14-15.
  46. O milagre na prisão de Cristo: Jo 18,3-6.
  47. A cura da orelha de Malco: Lc 22,49-51.
  48. Os milagres na hora da morte de Cristo: Mt 27,45.50-54, Mc 15,33-34.37-39, Lc 23,44-48.
  49. A ressurreição de Cristo: Mt 28,1-10, Mc 16,1-9, Lc 24,1-8, Jo 20,1-17.
  50. A segunda pesca milagrosa: Jo 21,1-6.10-11.
  51. A ascensão de Cristo ao céu: Mc 16,19, Lc 24,50-51, At1,9-11.
  • Milagre realizado em tempo desconhecido:
    • A cura de Madalena e das mulheres santas (Lc 8, 1-2).
  • Milagres não Registrados:
    • “Muitos outros sinais Jesus também fez à vista de seus discípulos que não estão escritos neste livro. Mas estes são escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus: e que assim crendo, possam ter vida em seu nome” (Jo 20, 30-31).
    • “Mas há também muitas outras coisas que Jesus fez, que, se fossem escritas uma a uma, o próprio mundo, acredito, não seria capaz de conter os livros que deveriam ser escritos” (Jo 21,25).

Fonte: Veritatis Splendor

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