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Bento XVI: A ciência que se afasta de Deus está envenenada pela vaidade

Papa Bento XVI VATICANO, 14 Mai. 12 / 10:04 am (ACI/EWTN Noticias)

Durante a segunda etapa de sua visita pastoral à Toscana, o Papa Bento XVI recordou ontem, 13, que a ciência que se afasta de Deus, está envenenada pela vaidade e é incapaz de admirar a criação do Senhor.

Ao deslocar-se ao Santuário de La Verna para um encontro com a Comunidade dos Frades Menores Franciscanos e as Religiosas Clarissas, Bento XVI explicou que “precisamente, a humildade é a porta de toda virtude”, e com efeito, “com o orgulho intelectual da investigação encerrada em si mesmo não é possível alcançar Deus”.

“Que não creia (o homem), que lhe basta a leitura sem unção, a especulação sem devoção, a investigação sem admiração, a consideração sem exultação, a indústria sem piedade, a ciência sem caridade, a inteligência sem humildade, o estudo sem a graça divina, o espelho sem a sabedoria divinamente inspirada”, disse o Santo Padre, recordando as palavras do Doutor de São Boaventura.

Bento XVI indicou que “só deixando-se iluminar pela luz do amor de Deus, o homem e a natureza inteira podem ser resgatados, e a beleza pode finalmente refletir o esplendor do rosto de Cristo como a lua reflete o sol”.

Além disso, inspirado por São Francisco de Assis, o Papa assinalou que “não basta declarar-se cristão para ser cristão, nem procurar simplesmente cumprir as obras do bem. Mas é necessário conformar-se com Jesus, com um lento e progressivo compromisso de transformação do próprio ser, a imagem do Senhor, para que pela graça divina, cada membro do Corpo d’Ele que é a Igreja, mostre a necessária semelhança com a Cabeça, Cristo Senhor”.

O Santo Padre animou os religiosos a “fazerem uma ponte entre Deus e o homem”, e recordou que a vida consagrada “tem a tarefa específica de testemunhar com a palavra e o exemplo de uma vida, segundo os conselhos evangélicos, a fascinante historia de amor entre Deus e a humanidade que atravessa a história”.

“O amor de Deus e do próximo continua animando a preciosa obra dos franciscanos em sua comunidade eclesiástica. A profissão dos conselhos evangélicos é um caminho mestre para viver a caridade de Cristo. E neste lugar abençoado, peço ao Senhor que siga enviando novos trabalhadores à sua vinha”.

Bento XVI convidou especialmente os jovens a escutarem o Senhor, “para que quem for chamado por Deus responda com generosidade e tenha a coragem de dar-se na vida consagrada e no sacerdócio ministerial”.

O Santo Padre ressaltou a contemplação da cruz como caminho para a santidade, e neste sentido, indicou que “a cruz gloriosa de Cristo reassume o sofrimento do mundo, mas sobre tudo é sinal tangível do amor, e medida da bondade de Deus para o homem”.

“Também nós estamos chamados a recuperar a dimensão sobrenatural da vida, a elevar os olhos daquilo que é circunstancial para voltar a confiar-nos completamente ao Senhor, com o coração livre e em perfeita alegria, contemplando o Crucifixo para que nos fira com seu amor”.

Bento XVI se uniu na oração de todos os franciscanos e convidou aos religiosos à contemplação do crucifixo. “A mente deve ir dirigida à Paixão de Jesus”, porque “para que tenha eficácia, nossa oração necessita lagrimas, quer dizer, necessita da participação interior de nosso amor que responde ao amor de Deus”, concluiu.

Finalmente, o Papa visitou a “Capela dos Santos Estigmas”, em procissão com a “Relíquia de sangue de São Francisco”, exibida especialmente para a ocasião.

O que é inspiração bíblica?

A Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Mas como se dá essa inspiração? Talvez imaginemos um ditado mecânico como a de um chefe à sua datilógrafa. Esta escreve coisas que não entende e que são entendidas apenas pelo chefe e sua equipe. Isso não é a inspiração bíblica. Pois, ela não dispensa certa compreensão do autor humano (o hagiógrafo), nem sua participação na redação do texto sagrado.

A inspiração bíblica também não é revelação de verdades que o autor humano não conheça. Existe sim, o carisma da Revelação, especialmente nos profetas. Mas é diferente da inspiração bíblica. Esta se exercia, por exemplo, quando o hagiógrafo descrevia uma batalha ou outros fatos documentados em fontes históricas, sem receber revelação divina.

Inspiração Bíblica é a iluminação da mente do autor humano para que possa, com os dados de sua cultura religiosa e profana, transmitir uma mensagem fiel ao pensamento de Deus. O Espírito Santo fortalece a vontade e as potências executivas do autor para que realmente o hagiógrafo escreva o que ele percebeu.

Tais livros são todos humanos (Deus em nada dispensa a atividade racional do homem) e divinos (Deus acompanha a redação do homem escritor). A Bíblia é um livro divino-humano. Transmite o pensamento de Deus em roupagem humana. Assemelha-se ao mistério da Encarnação, onde Deus se revestiu de carne humana, pois na Bíblia a Palavra de Deus se revestiu da palavra do homem (judeu, grego, com todas as suas particularidades de expressão).

A finalidade da inspiração bíblica é estritamente religiosa. Não foi escrita para nos ensinar ciências naturais, mas aquilo que ultrapassa a razão humana (o sentido do mundo, do homem, da vida, da morte, etc diante de Deus). Portanto, não há contradição entre a Bíblia e as ciências naturais. Mesmo Gênesis 1-3 não pretende ensinar como nem quando o mundo foi feito.

A Bíblia só é inspirada quando trata de assuntos religiosos? Há páginas na Bíblia não inspiradas?

Toda a Bíblia, em qualquer de suas partes, é inspirada, qualquer que seja a sua temática. Ocorre, porém, que Deus comunica sua mensagem religiosa em linguagem familiar pré-científica, bem entendida no trato quotidiano. Por exemplo, quando falamos em “nascer-do-sol” ou “pôr-do-sol”, supomos o sistema geocêntrico (ultrapassado), mas não somos taxados de mentirosos, porque não pretendemos definir assuntos de astronomia. Assim, quando a Bíblia diz que o mundo foi feito em 6 dias, ou que a luz foi feita antes do sol e das estrelas, ela não ensina teorias astronômicas, mas alude ao mundo em linguagem dos hebreus antigos para dizer que o mundo todo é criatura de Deus. Portanto, em assuntos não-religiosos, a Bíblia adapta-se ao modo de falar familiar ou pré-científico dos homens que, devidamente entendido, não é portador de erro.

Também todas as “palavras” da Escritura são inspiradas. Os conceitos dos homens estão sempre ligados às palavras. Quando o Espírito Santo iluminava a mente dos autores sagrados, iluminava também as palavras. É por isto que os próprios autores sagrados fazem questão de realçar de realçar vocábulos da Bíblia: Jo 10,34-35; Hb 8,13; Gl 3,16.

Notemos, porém, que somente as palavras das línguas originais (hebraico, aramaico e grego) foram assim iluminadas. As traduções bíblicas não gozam do carisma da inspiração. Por isso, ao ler a Bíblia, devemos nos certificar de estarmos usando uma tradução fiel e equivalente aos originais.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça.” (2Tm 3,16).

Para extrair a mensagem religiosa é absolutamente necessário levar em conta o gênero literário do texto. Por exemplo, “leis” tem seu gênero literário próprio (claro e conciso para que ninguém possa se desculpar), a poesia tem gênero literário oposto ao das leis (metafórico, subjetivo). Uma crônica é diferente de uma carta. Uma carta comercial é diferente de uma carta de família, uma fábula é diferente de um fato histórico.

Na Bíblia há diversos gêneros: histórico; história em estilo popular (Sansão); poesia; parábola; alegoria (Jo 15,1-6); a lei e muitos outros. Cada gênero tem suas regras de interpretação próprias. Não posso entender uma poesia (cheia de imagens) como entendo uma lei (clara e sem imagens). Assim, a criação do mundo em Gn 1 é poesia. Enquanto a narração da Última Ceia é relato histórico. Este devo entender ao pé da letra, enquanto aquele outro não o posso.

Antes de ler um livro da Bíblia é necessário se informar do seu gênero literário, a fim de entender os critérios de redação adotados pelo autor. Tal informação pode ser obtida nas introduções que as edições bíblicas apresentam para cada livro sagrado.

Pergunta-se ainda: se a Bíblia é toda inspirada, como se pode explicar as “contradições” e “erros” que ela contêm? Afinal Deus existe como afirma Jo 1,18 ou não existe como afirma Sl 52(53), 1 ? O sol parou, conforme Js 10,12-14 e Is 38,7s? De Abraão a Jesus houve apenas 42 gerações (Mt 1,17) ? Afinal o maná, era insípido e pouco atraente (Nm 11,4-9) ou saboroso (Sb 16,20s) ?

Responde-se: A Bíblia é isenta de erros em tudo aquilo que o hagiógrafo como tal afirma e no sentido em que o hagiógrafo entendeu.

Portanto, em outras palavras, para obtermos a mensagem isenta de erros devemos verificar se é algo afirmado pelo próprio hagiógrafo, ou se ele afirmou em nome de outrem e qual o gênero que ele adotou.

Voltando aos casos apontados: Em Jo 1,18 o hagiógrafo, como tal, é quem afirma que Jesus revelou Deus Pai. Mas no salmo 52(53), 1, o hagiógrafo apenas afirma (com plena veracidade) que o insensato nega a existência de Deus. O insensato erra ao negar, o salmista apenas verifica o fato. A “parada do sol” está dentro de um contexto de poesia lírica, onde “estacionamento do sol” quer dizer “escurecimento da atmosfera, clima de tempestade de granizo”. Josué pediu a Deus essa tempestade, a qual é relatada em Js 10,11. Os demais casos se enquadram no uso do gênero literário do midraxe.

Midraxe é uma narração de fundo histórico, ornamentada pelo autor sagrado para servir à instrução teológica. O autor conta o fato de modo a destacar o valor ou o significado religioso deste fato. Sua intenção não é a de um cronista, mas a de um catequista ou teólogo. O caso do maná: em Nm há uma narração de cronista, enquanto em Sb é apresentado o sentido teológico do maná num midraxe. O maná era saboroso não por seu paladar, mas por ser o penhor da entrada do povo na Terra Prometida. As 42 gerações relatadas entre Abraão e Jesus visa destacar a simbologia do número 42 (3 x 14): em Cristo se cumpre todas as promessas feitas a Israel, é o Consumador da obra de Davi.

Ao meditarmos a Bíblia, oremos como Santo Agostinho: “Faze-me ouvir e descobrir como no começo criaste o céu e a terra. Assim escreveu Moisés, para depois ir embora, sair deste mundo. Agora não posso interrogá-lo. Se pudesse, eu lhe imploraria para que me explicasse estas palavras. Mas não posso interrogá-lo. Por isso dirijo-me a Ti, Verdade, Deus meu, de que estava ele possuído quando disse coisas verdadeiras. E Tu, que concedeste a teu servo enunciar estas coisas verdadeiras, concede também a mim compreendê-las.” (Confissões XI 3,5)

“Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. Nenhuma foi proferida pela vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pd 1,20-21)

Fonte: Veritatis Splendor

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