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Carta a um fundamentalista

Por Steve Ray
Tradução: Carlos Martins Nabeto
Fonte: Veritatis Splendor

Jesus foi judeu. Este fato escapa de alguns leitores ocasionais do Novo Testamento. No entanto, é crucial para entender Jesus e o Livro que foi escrito sobre Ele: a Bíblia. Infelizmente, estamos muito distantes do tempo da antiga cultura e vida de Israel; e, conseqüentemente, de Jesus, o Messias judeu.

Permita-me fazer algumas perguntas. Você nasceu e foi criado em Israel? Você estudou a Torah com os rabinos desde a infância? Você atravessou as colinas pedregosas e os caminhos poeirentos para celebrar as festas de guarda em Jerusalém? Você fala hebraico, aramaico e grego? Não encontrei muitos em minha paróquia católica que cumprem estes requisitos. Sem este mínimo de informação estaremos em desvantagem quando estudarmos a Palavra de Deus segundo se encontra na Bíblia.

Quando abrimos as páginas da Bíblia em nosso idioma, nos encontramos diante de um livro judaico! As cenas se desenvolvem ao redor de Israel e a adoração de Javé. Com apenas uma única exceção, os quarenta e tantos escritores da Bíblia foram judeus; e a exceção foi muito provavelmente um prosélito judeu (sabe quem é o único autor não-judeu da Bíblia? Darei algumas pistas: era médico, um dos colaboradores de São Paulo e escreveu a primeira História da Igreja).

A questão é: Como podemos entender a Bíblia e os ensinamentos que giram em torno de Nosso Senhor Jesus e a salvação sem compreender seu povo, sua cultura e sua identidade judaica?

David H. Stern, um judeu-messiânico, escreve: “A morte substituitória do Messias tem suas raízes no sistema sacrificial judaico; a Ceia do Senhor tem suas raízes na Páscoa tradicional judaica; o batismo é uma prática judaica; de fato, em sua totalidade o Novo Testamento encontra-se construído sobre a Bíblia hebraica com suas profecias e sua promessa de uma Nova Aliança. De tal maneira que o Novo Testamento sem o Antigo é tão impossível quanto o segundo andar de uma casa sem o seu primeiro andar. Ainda mais: muito do que está escrito no Novo Testamento é incompreensível quando separado do Judaísmo” (“Restoring the Jewishness of the Gospel”. Jerusalem: Jewish New Testament Publications, 1998, p.62).

Ainda que um cético ignorasse a importância dos judeus no plano de Deus para a salvação, o que seria ridículo, isso não mudaria o fato de que a Bíblia é judaica e que o Cristianismo brota de raízes puramente judaicas. O estudo da Bíblia se vivifica quando a brisa fresca do entendimento do judaico sopra sobre as suas páginas.

Quando se lê um bom livro, é difícil beneficiar-se de sua leitura se não nos submergimos no ambiente e no espírito do “relato”. Enquanto lêem “E o vento levou…”, os leitores tiram proveito de sua imersão na história, adentrando na cultura e ambiente que rodeia os protagonistas. Ninguém começa a ler o romance a partir do meio porque, se fizer isto, ficará privado da base assentada pelo início do relato, tornando impossível a apreciação do cenário, da trama, do tom e das personagens. O mesmo ocorre quando o Novo Testamento é lido com a falta de familiaridade dos primeiros “capítulos” da história judaica de Deus, que começa vários milênios antes, nos pactos e na vida do Antigo Testamento.

Tomemos um exemplo que é muito caro ao coração dos católicos. São Mateus registra uma profunda troca de palavras entre Jesus e Simão, o pescador. Jesus muda o nome deste discípulo de Simão para “Pedra”, o que na tradição judaica significa uma mudança de situação. Para nós, isto não significa muito porque somos ocidentais a mais de dois milênios de distância e não entendemos a importância que os semitas dão ao nome próprio. Entretanto, para o reduzido grupo de discípulos de Jesus, todos descendentes de Abraão, a mudança de nome tem um sentido profundo e comovedor. O próprio Abraão recebera uma mudança de nome da parte de Deus; tal mudança correspondia à ratificação da Antiga Aliança. O nome Abrão (que significa “pai”) foi alterado para Abraão (“pai das nações”), significando uma nova condição ou situação diante de Deus.

A mudança do nome de Simão é significativa. Porém, ainda mais importante é aquilo que foi mudado. Um judeu perceberia imediatamente o que a maioria dos leitores [ocidentais] não consegue notar. O nome “Pedro” é a versão portuguesa da palavra grega que significa “pedra”. Jesus falava aramaico e a palavra empregada para atribuir o novo nome a Simão foi a palavra aramaica “kefa”, que também significa “pedra”. É por isso que Simão é chamado de “Cefas” em certas passagens do Novo Testamento (p.ex. João 1,42; 1Coríntios 15,5; Gálatas 1,18). Ninguém fôra chamado “pedra” anteriormente, a não ser Deus (e Abraão). Abraão é referido como a pedra da qual os judeus saíram (Isaías 51,1). No entanto, Deus é o único a ser chamado “pedra”. Pedro agora compartilha este nome. O que pensaria um judeu ao ver que é outorgado semelhante nome a um simples homem?

Na mesma passagem encontramos outro exemplo surpreendente da necessidade de se conhecer o espírito judaico da Bíblia. Encontra-se na frase de Mateus 16,19, que menciona as “chaves do Reino”. Em parte, devido à falta de conhecimento da cultura judaica, esta passagem é entendida freqüentemente da forma incompleta, reduzindo-se o conceito das “chaves do Reino” simplesmente à pregação, por parte de Pedro, durante o Pentecostes (outra palavra desconhecida fora da religião judaica), “abrindo com as chaves as portas dos céus”. Muitos protestantes cometem este erro ao tentar compreender esta passagem sem contar com o benefício de um “antecedente judaico”. O que representavam as “chaves” para os judeus que realmente ouviram a Palavra de Deus? Qual interpretação daria um judeu da imagem das chaves que o Rei Jesus entregou a Pedro? Os fariseus memorizavam grandes partes do Antigo Testamento, se é que não memorizavam todo o “Tanakh”. O judeu de conhecimento médio conhecia profundamente as Escrituras. Quando Jesus disse a Pedro que ele receberia as “chaves do Reino dos céus”, os judeus imediatamente recordariam Isaías 22 e o despacho monárquico do Mordomo Real que administrava a casa do Rei.

Leia você mesmo a Isaías 22 e pense no cargo do Mordomo Real “da casa” do reino de Davi. Para aqueles judeus que creriam logo da primeira vez em Yeshua, o Messias que logo se sentaria no Trono do Pai Davi e receberia um reino eterno (Daniel 7,13-14; Lucas 1,26-33), estas eram palavras de grande profundidade. Quando fosse entronizado o novo Rei, os súditos judeus não esperariam que o Rei designasse seu Administrador Real? Aleluia! A Simão foi dado [por Jesus] o nome de Pedra, o nome israelita que implicava o poder de Deus, e a ele são confiadas também as chaves do Mordomo Real, para governar o império do Rei Jesus. Ah! Os Judeus compreenderam! E o que podemos dizer dos homens e mulheres do século XX/XXI? Isto não deveria nos dissuadir de ler a Bíblia; pelo contrário, nos deveria estimular a melhorar o nosso conhecimento das Escrituras, seus antecedentes e o mundo do povo judeu.

A Igreja cresce a partir da raiz judaica; a Igreja e as Escrituras são judaicas. Que o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó nos ilumine e nos faça amar a Palavra de Deus tal como está nas Escrituras e na Sagrada Tradição da Igreja.

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Observações:
[1] Durante o holocausto nazista, para demonstrar sua solidariedade com os judeus, o Papa Pio XII relacionou a fé católica com a fé de “nosso Pai” e em um discurso declarou enfaticamente: “Espiritualmente somos semitas”. A expressão do Papa Pio XII de que “todos nós somos semitas em espírito” tem conotações muito mais profundas do que alguém normalmente possa pensar. Repito: tudo o que existe nas fundamentais, permanentes e constitutivas instituições da Igreja é de origem judaica. Assim como o “Apóstolo” cristão provém diretamente do judaico “Shaliah”, o “Bispo” cristão é herdeiro do “Meqaber” de Qumran e do sumo-sacerdote de Jerusalém. O “Presbítero” cristão se origina do “Presbítero” (Ancião) judaico. O “Diácono” cristão, no “Levita” e “Hyperetes” das sinagogas. Até mesmo o “Leigo” cristão tem fundamento no “sacerdócio” aarônico (Louis Bouyer, The Church of God. Electronic Media: Welcome to the Catholic Church, produzido por Harmony Media, Inc., 1996).
[2] “Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (Romanos 9,3-5).
[3] “O Novo Testamento tem que ser lido à luz do Antigo [Testamento]. A catequese dos primeiros cristãos empregava de forma permanente o Antigo Testamento. Como expressa um antigo dito, ‘o Novo Testamento jaz oculto no Antigo Testamento e este se revela no Novo'” (Catecismo da Igreja Católica §129).

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Bibliografia:
1. Jewish New Testament Commentary, David H. Stern. Clarksville, Maryland: Jewish New Testament Publ. 1992.
2. The IVP Bible Background Commentary: New Testament, Craig Keener. Downer’s Grove, Illinois, InterVarsity Press, 1993.
3. Christianity is Jewish, Edith Schaeffer. Wheaton, Illinois: Tyndale House, Publ. 1981.
4. Ancient Israel: It’s Life and Institutions, Fr. Roland De Vaux. Grand Rapids, Michigan, William B. Eerdmans Publishing Co.).
5. Daily Life in the Times of Jesus, Henri Daniel-Rops. New York: Hawthorn Books, 1962.
6. Commentary on the New Testament from the Talmud and Hebraica, em quatro volumes, John Lightfoot. Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publ. 1995.

A importância de São Jerônimo

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Papa pede oração para que Palavra de Deus cada vez se escute, se ame e se viva mais

Intenções da oração para o mês de março

ROMA, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007 (ZENIT.org).- Bento XVI pede oração para que «a Palavra de Deus seja cada vez mais escutada, contemplada, amada e vivida».

Assim se desprende da intenção geral para o mês de março, contida na carta pontifícia, junto a todas as demais intenções que o Santo Padre confiou ao «Apostolado da oração» para este ano.

O «Apostolado da oração» (AdP, http://www.adp.it) é uma iniciativa seguida por cerca de 50 milhões de pessoas dos cinco continentes.

Graças a ela, leigos, religiosos, sacerdotes e bispos de todo o mundo oferecem suas orações e sacrifícios pelas intenções que o Papa, indicadas cada mês no mundo inteiro.

Ao fazer da vivência da Palavra de Deus o eixo da oração do próximo mês, Bento XVI afirma novamente a importância que tem o tema, sobre o qual convocou o próximo Sínodo.

Há um mês, ao receber os membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo dos bispos reunidos pela primeira vez para preparar essa assembléia de bispos do mundo, o Santo Padre sublinhou sua esperança de que tal encontro sirva para redescobrir «a importância da Palavra de Deus na vida de cada cristão».

Acrescentou outro «desejo de coração»: que a assembléia episcopal ajude também a redescobrir «o dinamismo missionário que é intrínseco à Palavra de Deus».

De 5 a 26 de outubro de 2008, bispos de todo o mundo participarão do Sínodo, que se celebrará no Vaticano sobre o tema escolhido por Bento XVI: «A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja».

A intenção missionária de oração para o mês de março é a seguinte «Para que os responsáveis das Igrejas jovens se preocupem pela formação dos catequistas, dos animadores e dos leigos entregues ao serviço do Evangelho».

Por Igrejas jovens nos territórios de missão se entendem «as dioceses ou vicariatos apostólicos de recente criação e outras realidades similares, ou lugares nos quais a evangelização ainda se encontra em uma fase incipiente», explica a Congregação vaticana para a Evangelização dos Povos — Dom Jerry Bitoon, oficial deste dicastério.

É o caso das Igrejas em países da Ásia, como Mongólia, Nepal, Butão, ou do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Irã, Iraque ou do interior da África, da América do Sul, do sudeste asiático, da Oceania ou do subcontinente indiano.

«Em todos estes lugares, há uma grande escassez de sacerdotes locais, às vezes uma ausência total»; em outros, sim, há missionários preparados, mas as leis específicas de algumas nações «proíbem ou tornam extremamente difícil» a evangelização, ou se registra a «resistência, às vezes violenta» e «ameaças de morte, por parte de alguns fiéis extremistas, fanáticos ou fundamentalistas», recorda Dom Bitoon.

«As jovens Igrejas estão em primeira linha na evangelização», e é aí precisamente onde «o Senhor da grande messe chama inumeráveis catequistas e animadores, especialmente animadores missionários leigos, a colaborar com a Igreja local», constata.

E «qual é o segredo de sua incansável dedicação à evangelização?»: «os bispos das jovens Igrejas respondem rapidamente que é a formação contínua desses catequistas e animadores leigos — não missionários; o segredo escondido de sua eficácia e dedicação ao mandato de Cristo de proclamar sua Boa Nova a todos, a todo custo, inclusive arriscando a própria vida!», confirma o oficial do dicastério vaticano.

Daí a importância — adverte — de que os católicos de todo o mundo rezem «para que os responsáveis das jovens Igrejas possam ser constantemente conscientes da necessidade de formar bem seus catequistas e animadores missionários leigos».

Só o amor de Cristo faz possível evangelizar, ainda com perigo à vida, adverte Papa

Ante quase cem novos bispos em terras de missão

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 25 de setembro de 2006 (ZENIT.org).- É o amor de Cristo que impulsiona a evangelização, sem temor à perseguição nem à morte, recorda Bento XVI.

Ordenados nos dois últimos anos para países de missão na África, Ásia, América e Oceania, 98 novos prelados escutaram as palavras dirigidas pelo Santo Padre no sábado.

A audiência papal no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo (Roma) foi o ponto de partida do Seminário de Estudo da Congregação para a Evangelização dos Povos, organizada para estes prelados desde 1994.

«Chamados a serem pastores entre populações que em boa parte ainda não conhecem Jesus», como «primeiros responsáveis do anúncio evangélico, deveis portanto realizar esforços consideráveis para que seja dada a todos a possibilidade de acolhê-lo», disse o bispo de Roma a seus irmãos no episcopado.

E admitiu que «só impulsionados pelo amor de Cristo é possível levar a cabo este esforço apostólico, que reclama o ardor intrépido de quem pelo Senhor não teme nem a perseguição nem a morte».

Foi um momento em que Bento XVI quis recordar os «numerosos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos que, nos séculos passados e em nossos tempos, regaram os territórios de missão com seu sangue sua fidelidade a Cristo e à Igreja».

E recordou, mais uma vez, o último sacrifício que se acrescentou recentemente «ao número destas heróicas testemunhas do Evangelho», o da «Irmã Leonella Sgorbati, missionária da Consolata, barbaramente assassinada em Mogadiscio» (Somália), enfatizando que «o sangue dos mártires é semente de novos cristãos».

Como ser bispo em terra de missão

Sublinhando aos quase cem novos prelados, a quem é confiado «o mandato de custodiar e transmitir a fé em Cristo, depositada na tradição viva da Igreja e pela qual muitos deram a vida», o Papa apontou as chaves para levar a cabo tal tarefa.

«É essencial que, em primeiro lugar, sejais “exemplo em tudo de boas obras, pureza de doutrina, dignidade, palavra sã, irrepreensível”», disse, citando São Paulo.

«O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres… Ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas», afirmou, apontando palavras de seu predecessor, Paulo VI.

Daí a necessidade de «que deis importância primária em vosso ministério episcopal à oração e à incessante busca da santidade», insistiu o Papa aos novos prelados.

Também lhes pediu que mantenham «a unidade da fé na diversidade de suas expressões culturais», o que exige estar unidos permanente aos fiéis a eles confiados.

«Como sentinelas do Povo de Deus, evitai com firmeza e valor as divisões, especialmente quando sejam devidas a motivos étnicos e sócio-culturais», alertou.

Finalmente, sublinhou ante os bispos a importância de que se preocupem «por uma séria formação dos seminaristas e de uma permanente atualização dos sacerdotes e dos catequistas».

O seminário «é o coração da diocese» e deve ser preocupação do bispo dotá-lo «de um número suficiente de formadores, escolhidos e preparados com atenção, os quais sejam antes de tudo exemplos e modelos para os seminaristas».

«Da preparação dos futuros sacerdotes e de todos os demais agentes de pastoral, em particular dos catequistas, depende o futuro de vossas comunidades e o da Igreja universal», concluiu, assegurando-lhes sua permanente união espiritual na missão encomendada.

Conclusões do Congresso Teológico-Pastoral sobre a Família

«A família está submetida a uma crise sem precedentes»

VALÊNCIA, terça-feira, 11 de julho de 2006 (ZENIT.org).- «A família está submetida a uma crise sem precedentes», afirmam as conclusões do Congresso Teológico-Pastoral sobre a transmissão da fé em família, no contexto do V Encontro Mundial das Famílias.

Com a leitura de um documento de oito páginas de conclusões, o cardeal Alfonso López Trujillo, presidente do Pontifício Conselho para a Família, encerrou sexta-feira passada este encontro que convocou em Valência cerca de dez mil pessoas.

«O Congresso manifestou a existência na cultura contemporânea de uma situação paradoxal a respeito da família. Adverte-se sua importância, mas as grandes mudanças sociais, os avanços tecnológicos, os movimentos migratórios e as profundas mudanças culturais levam a uma mudança de civilização, o que requer homens formados para enfrentar estas mudanças», afirmam as conclusões provisórias deste Congresso.

«Observa-se por sua vez que a família está submetida a uma crise sem precedentes na história. As razões encontram-se sobretudo nos fatores culturais e ideológicos. A mentalidade corrente tende a eliminar os valores. A ação persistente de um laicismo de raiz niilista e relativista leva a um modo de viver individualista», acrescenta o documento conclusivo.

O Congresso denunciou com vigor «essa pressão ideológica convidando a tomar consciência da importância da família e contribuir a seu desenvolvimento».

Os assistentes expressaram também sua «profunda alegria» porque este Congresso foi uma manifestação de riqueza, espiritualidade e vida».

O Congresso reconhecer que «alguns dos valores que imperam em diversos países, sobretudo nos mais desenvolvidos, estão em contradição com os que facilitam a compreensão cristã da família».

«Impõe-se –acrescenta o documento– o princípio de autonomia que leva ao consumismo, relativismo e subjetivismo, ignorando princípios transcendentais. Nessa mentalidade se apóia a crítica ao matrimônio que tenta substituí-lo com uniões livres».

O Congresso chamou «as famílias cristãs a serem conscientes da importante missão que lhes cabe em serviço da Igreja e de toda a humanidade».

Uma parte das conclusões foi dedicada aos problemas atuais e desafios à família nos campos da legislação civil, justiça social, economia, bioética e demografia.

Quanto à transmissão da fé, o Congresso afirmou que «a família tem sido sempre lugar privilegiado, a unidade básica para a transmissão da fé».

O Congresso assinalou a aparição de numerosas novas iniciativas para a difusão da fé: centros especiais de formação familiar, cursos de preparação ao matrimônio, centros de espiritualidade matrimonial, retiros especializados, cursos para pais, e outros.

Também as dioceses criaram comissões para a família. Adverte-se a presença de uma preocupação constante por melhorar os conteúdos catequéticos relativos à família.

Por último, o Congresso reconheceu o papel fundamental da educação e da disciplina de Religião, assim como a importância das associações de pais.

Televisões católicas unem esforços

Entrevista com Leticia Soberón Mainero

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 5 de junho de 2006 (ZENIT.org).- Leticia Soberón, oficial do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, ilustra nesta entrevista concedida à agência Zenit algumas chaves para entender a televisão católica hoje, e avalia os resultados do primeiro Congresso de Televisões Católicas da América Latina (22-25 de maio).

Esta psicóloga, responsável pela Rede Informática da Igreja na América Latina (RIIAL) observa que a maioria de televisões católicas se inspira em uma espiritualidade radicada em Maria.

?Qual é a sua avaliação sobre o recente encontro latino-americano e qual será sua incidência no Primeiro Congresso Mundial de Televisões Católicas de Madri que acontecerá em outubro?

?Soberón: O Congresso de Medellín foi excelente por vários motivos: são cada vez mais as realidades televisivas (emissoras e produtoras) católicas na América Latina, e o Congresso teve muito boa resposta. Pudemos ver a multiplicidade de estilos e carismas, e a riqueza que isso implica para a comunicação católica.

A metodologia do Congresso, muito bem pensada pelo Departamento de Comunicação Social do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), favoreceu o mútuo conhecimento e o estabelecimento de dicas de colaboração muito positivas.

O CELAM também espera muito da televisão para a preparação da Quinta Conferência Geral do Episcopado latino-americano. Ficou clara a disposição desse meio para contribuir com este processo eclesial de reflexão e conversão. Tudo isso faz com que as iniciativas católicas de televisão na América Latina ofereçam uma importante contribuição para o Congresso de Madri.

Por outro lado, o convite do Conselho Pontifício das Comunidades Sociais para que os participantes contribuam generosamente com algumas de suas produções para o Banco de Programas que se apresentará em Madri, despertou grande interesse e espírito de cooperação. Estão já postas as bases para este projeto.

Foi comovente ver que estas instituições, mais ou menos novas, têm algo muito importante em comum: a maioria compartilha uma espiritualidade mariana. É Nossa Senhora a fonte de inspiração e ajuda à que todos disseram recorrer. Com motivos se disse que Ela é a «Estrela da Nova Evangelização».

?A América Latina outorga muita importância à televisão. Foram criadas formas de cooperação?

?Soberón: A importância das entidades televisivas católicas da América Latina e o papel do CELAM como impulsionador de colaboração e mútuo conhecimento, faziam sentir a necessidade deste Congresso que se celebrou em Medellín. Ajuda certamente a proximidade cultural e também agora o impulso do próximo Congresso de Madri. Percebe-se, também, que o lema da Quinta Conferência está tocando mais profundamente: «Discípulos e missionários de Cristo, para que nossos povos nEle tenham vida». Ser verdadeiro discípulo do Senhor implica muitas coisas, dentre elas está o suscitar espaços de comunhão.

Evidentemente, não estamos partindo do zero; é longa a trajetória percorrida no continente; desde há anos, o próprio CELAM e numerosas instituições, as organizações de comunicação e muitas pessoas se dedicaram com afinco a conseguir estes objetivos, mas creio que somos conscientes de que ainda há muito caminho por percorrer, e todos ansiamos por uma maior organização e estabilidade em tais esforços; mas aproveitemos esta ocasião para, sem temor e com valentia, recolher a colheita e continuar juntos ampliando o campo da semente.

O momento presente nos facilita, talvez mais que nunca, esta tarefa. Por um lado, os aspectos tecnológicos da comunicação convergem para a linguagem binária, e facilitam a compatibilidade entre diferentes suportes que antes não ?dialogavam? entre si. Isso reverteria, certamente, em uma baixa dos custos de produção e de transmissão rádio-televisiva.

?Qual é o desafio para as televisões católicas hoje?

?Soberón: O momento histórico atual nos interpela a, em palavras de João Paulo II, fazer presente o rosto de Cristo nesta «meiosfera» tão confusa. Isso supõe encontrar a raiz mais profunda da identidade católica que nos une, respeitando por sua vez a pluralidade de estilos, carismas culturas e sensibilidades que constituem a riqueza da Igreja. Buscaremos com criatividade esses objetivos, sabendo que a generosidade não é incompatível com o necessário financiamento de nossas produções, e é necessário continuar impulsionando um maior profissionalismo e formação no pessoal de nossas televisoras.

É muito importante a tarefa de «tecer redes» de colaboração que nos ajudam a dar testemunho de unidade e sintonia no momento histórico que nos corresponde viver, em uma sociedade marcada pela comunicação. O Santo Padre Bento XVI nos impulsiona a ser mensageiros de um Deus que é Amor na cultura de hoje. Confiamos, certamente, na ajuda do Senhor e de Nossa Senhora de Guadalupe, que nos acompanha sempre como pioneira de uma evangelização perfeitamente inculturada.

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