BEIRUTE, 14 Set. 12 / 03:04 pm (ACI/EWTN Noticias).- No dia que a Igreja celebra a Exaltação da Santa Cruz e ao assinar a exortação Ecclesia in Medio Oriente, o Papa Bento XVI assinalou que a loucura da Cruz é a “de saber converter nosso sofrimento em grito de amor a Deus”.
Na Basílica grego-melquita de São Paulo de Harissa o Santo Padre assinou o chamado documento, fruto da Assembleia Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos, realizado em outubro de 2010.
Em seu discurso ante as autoridades da Igreja Maronita (católica) no Líbano e em meio da alegria dos fiéis presentes fora e dentro da Basílica, o Papa disse que “agora é precisamente quando temos que celebrar a vitória do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança, do serviço sobre o domínio, da humildade sobre o orgulho, da unidade sobre a divisão”.
“À luz da festa de hoje e tendo em vista uma aplicação frutuosa da Exortação, convido todos a que não tenham medo, permaneçam na verdade e a cultivem na pureza da fé. Esta é a linguagem da Cruz gloriosa”.
O Papa ressaltou que “Esta é a loucura da Cruz: a de saber converter os nossos sofrimentos em grito de amor a Deus e de misericórdia para com o próximo;e a de saber também transformar, seres atacados e feridos na sua fé e identidade, em vasos de barro prontos a serem cumulados pela abundância dos dons divinos mais preciosos que o ouro”.
Sobre o documento que acaba de assinar, Bento XVI indicou que este “quer ajudar cada um dos discípulos do Senhor a viver plenamente e a transmitir realmente aquilo que ele mesmo se tornou pelo batismo: um filho da Luz, um ser iluminado por Deus, uma lâmpada nova na escuridão tenebrosa do mundo para que das trevas brilhe a luz”.
“Este documento quer contribuir para despojar a fé daquilo que a ensombra, de tudo o que pode ofuscar o esplendor da luz de Cristo. Assim a comunhão é uma autêntica adesão a Cristo, e o testemunho é uma irradiação do mistério pascal que dá um sentido pleno à Cruz gloriosa. Nós seguimos e proclamamos Cristo crucificado (…) poder de Deus e sabedoria de Deus`”.
O Papa sublinhou também que “Ecclesia in Medio Oriente oferece elementos que podem ajudar a um exame de consciência pessoal e comunitário, uma avaliação objetiva do compromisso e desejo de santidade de cada discípulo de Cristo. A Exortação abre ao verdadeiro diálogo inter-religioso fundado na fé em Deus Uno e Criador”.
“Quer também contribuir para um ecumenismo repleto de ardor humano, espiritual e caritativo, na verdade e amor evangélicos, que vai buscar a sua força ao mandato do Ressuscitado: ‘Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até o fim dos tempos`”.
Bento XVI comentou logo que “É providencial que este ato tenha lugar precisamente no dia da Festa da Exaltação da Santa Cruz, cuja celebração nasceu no Oriente em 335, na sequência da Dedicação da Basílica da Ressurreição sobre o Gólgota e o sepulcro de Nosso Senhor construída pelo imperador Constantino, o Grande, que venerais como santo”.
“Dentro de um mês, celebrar-se-ão os 1700 anos da aparição que lhe fez ver, na noite simbólica da sua incredulidade, o monograma cintilante de Cristo enquanto uma voz lhe dizia: «Por este sinal, vencerás!». Mais tarde, Constantino assinou o Édito de Milão e deu o seu nome a Constantinopla. Parece-me que a Exortação pós-sinodal pode ser lida e interpretada à luz da festa da Exaltação da Santa Cruz”, afirmou o Santo Padre.
Essa leitura, explicou o Papa, “conduz a uma descoberta autêntica da identidade do batizado e da Igreja e, ao mesmo tempo, constitui como que um apelo ao testemunho na comunhão e pela comunhão”.
“Porventura a comunhão e o testemunho cristãos não estão fundados no mistério pascal, na crucifixão, morte e ressurreição de Cristo? Não é aqui que encontram a sua plena realização? Existe um vínculo indivisível entre a Cruz e a Ressurreição, que não pode ser esquecido pelo cristão; sem este vínculo, exaltar a Cruz significaria justificar o sofrimento e a morte vendo neles apenas uma fatalidade”.
“Para um cristão, exaltar a Cruz quer dizer entrar em comunhão com a totalidade do amor incondicional de Deus pelo homem; é fazer um ato de fé. Exaltar a Cruz, na perspectiva da Ressurreição, é desejar viver e manifestar a totalidade deste amor; é fazer um ato de amor. Exaltar a Cruz leva ao compromisso de ser arauto da comunhão fraterna e eclesial, fonte do verdadeiro testemunho cristão; é fazer um ato de esperança.”.
O Papa disse também que a Exortação procura ser um chamado para que, em meio das dificuldades e da dor na região, se possa vencer a “tentação de ignorar ou esquecer a cruz gloriosa”.
Para concluir, Bento XVI fez um claro chamado aos católicos do Médio Oriente a vencer o temor: “Não temais, porque a Igreja universal vos acompanha com a sua solidariedade humana e espiritual”.
“Por intercessão da Virgem Maria, a Theotókos, invoco com grande afeto a abundância dos dons divinos sobre todos vós. Deus conceda a todos os povos do Médio Oriente viverem na paz, na fraternidade e na liberdade religiosa! Deus vos abençoe a todos”, terminou.