Por Taiguara Fernandes de Sousa
Fonte: Blog En Garde! – http://taiguaraonline.blogspot.com/
(Com adaptações do Autor)
Em seu livro O Latim no Direito (Rio de Janeiro: Forense, 2002), Ronaldo Caldeira Xavier afirma, logo à Introdução:
“Há dezesseis anos, pela Resolução 8/71, destinada a fixar ‘o núcleo comum para os currículos do ensino de 1º e 2º graus, definindo-lhes os objetivos e a amplitude’, o Conselho Federal de Educação (CFE), em cumprimento ao disposto no art. 4º, §§ 1º (inciso I) e 2º, da Lei nº 5.692, de 11.08.71; na forma ainda do que estabelecem os arts. 5º, 6º, 7º e 8º da mesma Lei; e tendo em vista o Parecer nº 853/71, com homologação do então Ministro da Educação e Cultura, houve por bem excluir (por omissão) o Latim do programa oficial de ensino. Fado idêntico, pela mesma Resolução, coube à Filosofia. E eis que, de uma só esmechada, se assentava em privar o alunado brasileiro de duas melhores fontes de cultura humanística. Imperiosos motivos (que infelizmente não alcançamos) deveriam certamente haver inspirado os seis doutos membros que firmaram a sobredita Resolução”.
São inalcançáveis a qualquer um que se detenha um pouco no assunto os “imperiosos motivos” que levaram ao banimento de duas tão importantes disciplinas do programa oficial de ensino como o são o latim e a filosofia. Não por mero saudosismo, mas porque o latim estimula comprovadamente o raciocínio lógico, a concisão, a objetividade – é o inimigo número 1 da prolixidade, por isso o preferido de juristas e teólogos -, além de facilitar uma melhor compreensão da língua portuguesa e de sua estrutura, sendo também base para o estudo de outras línguas (como o espanhol, francês e italiano).
A filosofia, por sua vez, dispensa maiores comentários: é inegável como esta contribui para o desenvolvimento da investigação dialética e lógica na busca da verdade dos fatos e das coisas. O saber de grandes filósofos como Platão, Aristóteles, Cícero, Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, etc., é alicerce sólido e alimento nutritivo para a inteligência, a moralidade e a virtude.
Por que motivo, então, matar com uma única facada a filosofia e o latim, banindo-os do programa oficial de ensino brasileiro, fazendo-lhes vítimas do ostracismo intelectual?
“Imperiosos motivos que infelizmente não alcançamos”.
Alcançável é, contudo, a certeza de que massas burras são massas facilmente domináveis.
O banimento do latim e da filosofia criou uma geração de brasileiros sem qualquer amor pelo raciocínio, pela investigação da verdade e pelo senso moral. O resultado são pessoas que não questionam absolutamente nada do que o Governo lhes apresenta como certo e fidedigno, e assim se tornam vítimas facilmente manipuláveis pelo Estado.
O esquerdismo pode assim dominar – seguindo o programa do marxismo cultural – palavras e expressões inteiras, deturpando-lhe o sentido e conferindo-lhe novo significado conforme seus propósitos sórdidos, criando a “Novilíngua”. Assim, hoje em dia qualquer contrariedade é impugnada como “preconceito”, qualquer opinião oposta é condenada como “discriminação”; a palavra “diálogo” toma o sentido de ser cúmplice; ser “conservador” é ser nazista e retrógrado, ser da “esquerda” é ser do progresso e amigo da sociedade. E nada disso é questionado; tudo se aceita passivamente.
Perdeu-se o gosto pelo raciocínio e pela precisão no discurso – que o latim garantia – e o amor pela contenda intelectual e a investigação da verdade – que a filosofia estimulava. O resultado é uma geração de robôs, indivíduos facilmente manipuláveis por ideologias ultrapassadas e errôneas, defensores de conceitos “politicamente corretos” absurdos, mas enfiados em suas mentes e aceitos com passividade.
Do banimento do latim e da filosofia seguiu-se a imbecilidade coletiva.
E assim o Governo Federal pode chegar em alguém e justificar o aborto dizendo que “a mulher tem direito sobre o seu corpo”, e ninguém lhe questiona se a mulher teria direito sobre o corpo de seu filho!
3 respostas em “Do banimento do Latim e da Filosofia à imbecilidade coletiva”
Gostaria de lembrar também, que uma outra materia de suma importância foi também banida (eduação moral e civica), hoje nossos jovens se sentem brasileiros, só com futebol. Isso é só um exemplo que cada dia mais estamos nos diriginos a imbecilidade. Pergunte a um jovem recem formado com nivel superior, porque à midia com seus jornais televisos só fazem menção de Tiradentes e nenhuma se recordam do dia 22 de abril, será que existe algo contra nossas raizes?, ou é um dos modos de não ferirem seus espectadores protestante e os seguidores maxistas………
Meus caros,
Sou licenciado em Letras e estudei por dois anos, no antigo ginásio a lingua latina e na faculdade novamente esta mesma língua (morta) e filosofia por mais dois anos. Confesso que em momento algum na minha vida prática precisei do Latim para elucidar qualquer questão gramatical ou literária, motivo porque o mantenho em completo ostracismo.
Quanto à filosofia, considero-a fantástica no sentido de abrir nossa mente ao entendimento e formação de idéias próprias a respeito das questões envolventes do pensamento humano, portanto uma disciplina muito útil ao raciocínio lógico e discernimento da verdade.
Só não vejo como incutir na cabeça dos 70% da nossa população considerados anafalbetos funcionais uma matéria como esta. Se conseguíssemos fazer com esta enorme fatia da população entendesse o mínimo, o trivial, já seria uma grande vitória. Agora fazê-los aprender filosofia… sinceramente, é mera utopia.
Assim sendo, o banimento destas duas disciplinas dos currículos escolares, a meu ver, não é uma perda considerável, pelo menos sob o aspecto de resultado global final.
Blog maravilhoso! Continue com essa clareza na exposição de idéias, pois você tem um novo leitor.