Fonte: Humberto Pinho da Silva
Eu tenho um amigo, daqueles que sempre estão presente nas horas amargas, que era catequista.
Semanalmente, nos fins-de-semana, abalava para o “interior”, deixando família, para participar na preparação da catequese.
Certa vez confessou-me: “Quando for aposentado vou-me dedicar às actividades da Igreja da minha terra e à agricultura. Tenho um campinho na retaguarda da casa que ergui na aldeia e vou cuidar das árvores de fruta e da hortinha.
O tempo passou e ele sempre a sonhar com a reforma que lhe permitiria organizar melhor a catequese da paróquia, já que era o coordenador.
Um dia atingiu a idade necessária para se retirar. Despediu-se de olhos marejados, dos colegas; pela derradeira vez visitou a banca de trabalho, testemunha de horas alegres e de muitas e muitas angústias; e definitivamente partiu para a terra natal.
Não deixou, porém, de passar pela livraria católica em busca de material para as aulas da catequese. Como as verbas para a evangelização dos jovens eram escassas, despendeu muito de seu bolso.
Era um sonho há muito idealizado.
Mal chegou foi prestes à reunião da catequese. Admirou-se, porém, que o abade, velho companheiro nas lidas religiosas, estivesse presente.
Aberta a reunião, o padre urdiu eloquente palestra entremeada de rasgados elogios ao meu amigo. Apoiavam enternecidos os presentes as palavras do sacerdote. Ao concluir ofertaram bonita bíblia, de folhas doiradas, encadernada a pele.
No acto da entrega, disse o abade: “Chegou o momento de descansar. É justo que o libertem das árduas canseiras que lhe roubaram horas de recreação. É mister sangue novo. Já indigitei novo coordenador, e faço votos que ao aposentar-se, tenha finalmente o merecido repouso, junto dos que lhe querem bem.”
Escusado será descrever a desilusão que sofreu o meu amigo. Mesmo assim teve ânimo para agradecer, lembrando que não se sentia velho, e muito podia dar à Igreja.
Este caso verídico faz-me reflectir na perda que a Igreja tem ao desprezar o trabalho dos idosos.
Há muito que lembro – mas poucos escutam, – que muitos professores, homens de valor, ilustres catedráticos, após aposentação, podem ser excelentes sacerdotes (diáconos e padres), consoante os casos, com reduzido estudo no Seminário Maior.
O aposentado, em regra, tem tempo disponível; não carece de trabalhar para sobreviver; e pode perfeitamente dispor ainda de vinte anos ou mais, ao serviço de Deus.
Desaproveitar conhecimentos e disponibilidades é erro crasso, mormente em época em que a falta de sacerdotes é notória.
Bom era que as dioceses incentivassem os crentes idosos a participarem nas actividades das paróquias, de harmonia com os conhecimentos e saúde de cada um.
2 respostas em “A Igreja precisa dos idosos”
Sou um exemplo atual desse artigo, sou idosa, tenho 66 anos, e trabalho desde 1994 ativamente na minha Paróquia, como Legionária de Maria, já fui Vicentina, Ministra da Eucaristia, como Legionária já fiz muitas atividades, entreguei todo meu tempo para Jesus por meio de Maria. Também evangelizo na internet, tenho 2 blogs e um canal no you tube, meu filho me ensinou, uma de minhas noras e hoje sei mais sobre fazer clipe do que eles.Se todos os idosos fizessem isso comseu tempo o mundo estaria melhor e com menos doenças os velhos. Deus abençoe.
Humberto você tem toda a rasão e não só com a igreja católica acontece assim. Realmente se perdem muitos talentos, pois já se tem uma consepção de que com a idade temos que nos aposentar.
Tenho ultimamente tido ricas experiências com os idosos de minha igreja, eu sem planejar começei a chamar alguns irmãos idosos pra ir comigo visitar outros irmãos, e assim formamos um grupo que costuma sair toda semana fazendo visitas bem animadas, intercedendo e cantando hinos com o auxílio de um irmãozinho que já bem debilitado com sua visão toca violão.
Tais irmãos tem muito a ensinar com sua experiência, por onde passamos todos ficam admirados com a alegria e seu testemunho, mostrando que mesmo com suas dificuldades, próprias da idade, eles tem encontrado em Deus alegria e força para superar seus problemas e ainda muito amor para compartilhar!
Anunciar Deus é um “trabalho” que não tem aposentadoria!
Sou Diácono Presbiteriano, pode até alguém achar estranho eu escrever, eu fazendo minhas pesquisas na net encontrei seu texto “A Igreja precisa dos idosos” e achei muito proveitoso.
Alan A. Klein Nova Friburgo – RJ