REGRESSO DO CATIVEIRO
No primeiro ano do seu reinado, Ciro, rei dos Persas, publicou um edito que permitia aos
exilados regressar à Judéia. Então 42 mil judeus puseram-se a caminho, conduzidos por
Zorobabel e pelo sumo-sacerdote Josué. Ciro restitui-lhes também os vasos de ouro e
prata que Nabucodonosor tirara do templo.
Voltando a Jerusalém, reconstruíram no seu antigo lugar o altar dos holocaustos e
começaram a oferecer, de manhã e à noite, os sacrifícios prescritos pela Lei. Depois
lançaram os fundamentos do novo templo. Para manter o zêlo do povo, Deus enviou os
profetas Ageu e Zacarias. Cerca de vinte anos depois, estava terminada a reconstrução do
edifício e celebrou-se a cerimônia de dedicação com o maior regozijo de todo o povo.
Algum tempo depois, o sacerdote Esdras reconduziu uma segunda leva de exilados. Mais
tarde, Neemias, copeiro de rei dos persas, também obteve autorização para voltar, com a
missão de reerguer os muros de Jerusalém.
Foi nesta época, sob o governo de Neemias, que apareceu Malaquias, o último dos
profetas.
A JUDÉIA SOB O DOMÍNIO DA SÍRIA
A Judéia passou para o domínio de Alexandre Magno ao mesmo tempo que o império persa,
do qual era dependente.
Depois da morte de Alexandre (323 a.C.), pertenceu sucessivamente aos reis do Egito e da
Síria.
Governados por sumos-sacerdotes, sob a suserania de soberanos estrangeiros, os judeus
gozaram da maior liberdade religiosa sob os reis egípcios. Porém, não aconteceu o mesmo
depois que Seleuco IV, rei da Síria, se apoderou da Palestina. Este ordenou ao seu
ministro Heliodoro que fosse a Jerusalém roubar o tesouro do templo. Mas Deus evitou o
sacrilégio milagrosamente. Sobre um cavalo magníficamente ajaezado, apareceu um
cavaleiro que encheu de terror os companheiros do sacrílego. Heliodoro foi calcado pelas
patas do cavalo e, ao mesmo tempo, apareceram dois jovens, de radiante beleza, que
cercaram Heliodoro e começaram a açoitá-lo. Heliodoro ficou sem poder se mexer e foi
preciso levá-lo para fora do templo.
No tempo de Antíoco IV, sucessor de Seleuco, estalou-se uma violenta perseguição.
Então grande número de judeus abandonaram a sua religião. Mas também houve exemplos de
heróica fidelidade à lei de Deus.
O MARTÍRIO DO ANCIÃO ELEAZAR
Eleazar era um velho de 90 anos e um dos mais considerados doutores da Lei. Quiseram
obrigá-lo a comer carne de porco. Alguns amigos ofereciam-se para lhe trazer secretamente
as carnes permitidas, suplicando-lhe que fingisse comer a carne de porco. Por este modo,
desejavam salvar-lhe a vida.
O velho respondeu: "Tal representação não é própria da minha idade. Muitos
jovens poderiam pensar que Eleazar, aos 90 anos, adotara os costumes pagãos e assim se
deixariam seduzir; e eu atrairia sobre a minha velhice a vergonha e a maldição. Ainda
que me livrasse agora dos suplícios dos homens, não escaparia do castigo de Deus.
Prefiro perder a vida e deixar aos jovens um exemplo de fortaleza".
Arrastaram-no logo ao suplício e ele morreu, animosamente, pela sua fé.
O MARTÍRIO DE UMA MÃE COM SEUS SETE FILHOS
Antíoco também mandou prender uma mãe e seus sete filhos e queria obrigá-los a comer
carne de porco.
O mais velho dos irmãos disse: "Preferimos morrer do que transgredir a lei de Deus".
Enfurecido, o rei mandou-lhe cortar a língua, arrancar a pele da cabeça, cortar as mãos
e os pés, e lançá-lo vivo numa frigideira.
Durante esse horrível suplício, os outros irmãos exortavam-se a morrer corajosamente.
Então os carrascos tomaram o segundo e, depois de lhe arrancarem a pele da cabeça,
perguntaram-lhe se não preferia comer a carne. Ele respondeu: "Não farei
isso!". Quando estava prestes a morrer, disse ainda: "Carrasco, podes
arrancar-nos a vida presente, mas no dia da Ressurreição, o Rei do mundo nos despertará
para a vida eterna".
O terceiro estendeu corajosamente as mãos e disse: "Recebi-as do céu e tenho a
firme esperança de que Deus as irá restabelecer-me um dia". O rei não pôde
deixar de admirar o valor deste jovem que não temia tão grandes tormentos.
Os três irmãos seguintes mostraram a mesma constância. Quando chegou a vez do mais
novo, Antíoco prometeu fazê-lo rico e feliz se ele abandonasse a lei de seus pais. Como
o jovem não se deixasse persuadir, o rei chamou a mãe, para a convencer de salvar-lhe a
vida.
A mãe disse-lhe: "Meu filho, suplico-te que não temas o algoz. Se morres,
encontrar-te-ei com teus irmãos na vida eterna!". Enquanto a mãe assim falava,
a criança dizia aos algozes: "O que esperais? Eu não obedeço a ordem do rei,
mas à lei de Deus. E tu, ó rei, não escaparás ao castigo de Deus todo-poderoso".
Louco de cólera, o rei o mandou torturar ainda mais cruelmente que os demais irmãos.
Por fim, juntou-se na morte a mãe com os filhos.
“Não abandone sua alma à tentação, diz o Espírito Santo, já que a alegria do coração é a vida da alma e uma fonte inexaurível de santidade.” São Padre Pio de Pietrelcina