Tag: pensamento Page 2 of 3

É bíblico o protestantismo?

Fonte: Sã Doutrina

Provavelmente todos já ouviram de um protestante a seguinte frase:

“Nós cremos somente na Bíblia, e a Bíblia inteira é a única regra de fé para o cristão”

Está frase é como que um dogma para o protestantismo e reflete todo o pensamento da fundamental doutrina deste ramo religioso a “Sola Scriptura” ou somente as escrituras. Negam, portanto, os ensinamentos transmitidos oralmente por Cristo e os apóstolos conhecidos como Sagrada Tradição.

Baseados nisto vamos agora mostrar que há várias inverdades no uso desta frase por parte de protestantes e mostrar que de bíblicas suas principais doutrinas nada tem.

“A Tradição oral remonta ao próprio Cristo e aos Apóstolos. Ela é anterior à Escritura e se exprime nela. O ponto em que mais aparece a necessidade de algo anterior à Escritura, é a que se refere ao Cânon Bíblico: Com saber se um livro é ou não inspirado?

O próprio protestantismo, que afirma só reconhecer a Escritura, recorre necessariamente à Tradição Oral em 2 ocasiões:

1.  Sem a Tradição oral, não se pode definir o catálogo sagrado, pois em nenhuma parte da Escritura está escrito quais os livros que, inspirados por Deus, a devem integrar. É preciso procurar a definição dos livros sagrados fora da Escritura: na Tradição. Ora Lutero e o Protestantismo recorreram a tradição dos judeus da palestina, enquanto a Igreja Católica, seguindo o uso dos Apóstolos, optara pela tradição dos judeus de Alexandria.

2.   Na sua maneira de interpretar a Bíblia, os protestantes também recorrem a uma tradição. Pois embora o texto bíblico seja o mesmo para todas as denominações evangélicas, estas não concordam entre si, por exemplo, no que toca ao Batismo de criança, à observância do sábado ou do domingo, etc. As divergências não provêm do texto bíblico, mas da interpretação dada a este texto por cada fundador. Ou seja, dependem da tradição oral ou escrita que cada fundador quis iniciar na sua congregação. Assim, embora queiram rejeitar a Tradição Oral, o cristão a professa sempre: professa a Tradição oriunda de Cristo e dos Apóstolos, ou a tradição oriunda de Lutero, Calvino… Cada “profeta” protestante faz o que Lutero fez: rejeita a tradição protestante anterior e começa uma nova tradição: sim, lê a Bíblia ao seu modo e dela deduz proposições de fé e de moral que, segundo a sua intuição humana falível, lhe parecem mais acertada.

Assim, a Escritura, só, não pode ser, nem é no protestantismo, a única fonte de fé. Por outro lado, a Tradição Oral e o Magistério da Igreja só tem sentido se fazem eco à Sagrada Escritura.” (Dom Estevão Bettencourt, OSB;  Apostila “Diálogo Ecumênico” , Escola Mater  Ecclesiae)

Interessante cronologia:

1517: Monge Martinho  Lutero Fixa suas 95 teses na porta do castelo de Wittenberg na Alemanha, defendendo as indulgencias, que é negada pela maioria dos protestantes e contestando muitas doutrinas da Igreja. Nasce então o protestantismo.

1521: Lutero começa a tradução da bíblia para o alemão, modificando algumas passagens e removendo livros da bíblia, 7 do antigo testamento e alguns do novo testamento como Tiago, Apocalipse e etc (Livros que não eram compatíveis com suas novas doutrinas), como base em que ele fez isto?

 1524: Nascem então os anabatistas, (ou rebatizadores). Interpretavam as ousadamente as idéias de Lutero, e negavam o batismo de crianças, o que não era condenado por Lutero.

1525: Surgem várias revoltas de camponeses inspirados nas idéias de Lutero e eram incitados pelo anabatista Thomas Münzer. Lutero deixou o castelo onde estava e voltou a Wittenberg. Conseguiu apoio do braço secular para restabelecer  a ordem, e teve que enfrentar os camponeses. Lutero optou pela sufocação violenta dos revoltosos, e Thomas Münzer foi decapitado, o que fez com que Lutero perdesse popularidade com o povo, pois o povo viu que sua nova “Igreja” era para os ricos e não para os pobres.

Igreja Católica, mãe da civilização moderna

Por Fernando Nascimento
Toda vez que um protestante, um comunista, ateu ou qualquer outro inimigo da Igreja, que gosta de erroneamente chamar a Idade Média de “trevas”, citar redondamente enganado, que a Igreja é “primitiva”, é “medieval” e que eles mesmos são da era do celular, televisão, DNA, Genética, Genoma, Física, fibra ótica, viagens espaciais ou energia nuclear, deveriam receber dos católicos a resposta:

“Nós não tivemos essas coisas na Idade Média porque estávamos ocupados em inventá-las e descobri-las para que as tenhas hoje.” – e indagar-lhes – “os que pensam como ti, o que oferecerão ás futuras gerações?”

Hoje, há professores como Thomas Woods graduado na Universidade de Harvard e é doutor em História pela Universidade de Columbia, Edward Grant escrevendo livros editados pela Universidade de Cambridge, Thomas Goldstein, A.C.Crombie, David Lindberg e muitos outros. E todos eles concordam que, você mente, quando alega que a Igreja foi uma oponente das ciências. Pelo contrário, há aspectos do pensamento católico que foram indispensáveis para o desenvolvimento da ciência.

Confira como a Igreja Católica construiu a Civilização Moderna e a livrou da ignorância e do massacre dos Bárbaros:

– A Igreja Católica teve de empreender a tarefa de introduzir a lei do Evangelho e o Sermão da Montanha entre os povos Bárbaros, que tinham o homicídio como a mais honrosa ocupação e a vingança como sinônimo de justiça. (Christopher Dawson);

– A Igreja Católica forneceu mais ajuda e apoio financeiro ao estudo da Astronomia, por mais de seis séculos – da recuperação do saber antigo da Baixa Idade Média ao Iluminismo -, do que qualquer outra e, provavelmente, todas as outras instituições. (J.L.Heilbron – Universidade da Califórnia, em Berkeley);

– A Igreja funda a primeira universidade do mundo, em Bolonha, na Itália. A criação da instituição dá à Europa o impulso intelectual que desembocaria no Renascimento no século XIV, e na Revolução Científica, entre os séculos VXI e XVII.

– Reginald Grégoire (1985), afirma: “os monges deram a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação de gado, centros de educação, fervor espiritual, … uma avançada civilização emergiu da onda caótica dos bárbaros”. Ele afirma que: “Sem dúvida alguma S. Bento (o mais importante arquiteto do monarquismo ocidental) foi o Pai da Europa. Os Beneditinos e seus filhos, foram os Pais da civilização Européia”;

– O nosso padrão de contar o tempo foi criado por um monge católico chamado Dionísio, por volta do início do século 4;

– Foram os católicos escolásticos que criaram a Ciência Econômica Moderna. Foram eles que criaram a economia, e não os secularistas do Iluminismo;

– São Mesrob, sacerdote católico, foi o criador do alfabeto armênio.

– Os Jesuítas – da Companhia de Jesus – foram tão exímios nas ciências que, neste exato momento, 35 crateras lunares têm o nome de cientistas jesuítas;

– São Cirilo e Metódio, no século IX, desenvolveram um alfabeto para o velho idioma eslavo, este se tornou o precursor do alfabeto russo “cirílico”. Em 885, são Metódio traduziu a Bíblia inteira neste idioma;

– O católico franciscano Roger Bacon (séc 13), que lecionava na Universidade de Oxford, é considerado o precursor da revolução científica;

– O monge matemático Jordanus Nemorarius, além dos conhecimentos que contribuiu à matemática introduzindo os sinais de “mais” e de “menos”, iniciou a investigação dos problemas da mecânica, superando a visão dos problemas do equilíbrio. Foi o fundador da escola medieval de mecânica, foi o primeiro em formular corretamente a “lei do plano inclinado” e pesquisou sobre a conservação do trabalho nas máquinas simples.

– Os Jesuítas estão entre os maiores matemáticos da história;

– O abade Nicolau Copérnico foi o astrônomo e matemático que desenvolveu a teoria heliocêntrica do Sistema Solar. Sua teoria do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar, contrariando a então vigente teoria geocêntrica (que considerava, a Terra como o centro), é tida como uma das mais importantes hipóteses científicas de todos os tempos, tendo constituído o ponto de partida da astronomia moderna.

– O padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão (1685 -1724), foi um cientista e inventor nascido no Brasil Colônia. Famoso por ter inventado o primeiro aeróstato operacional, era chamado de “o padre voador”, é uma das maiores figuras da história da aeronáutica mundial. Ele também é o inventor de uma “máquina para a drenagem da água alagadora das embarcações de alto mar.”

– Papa Gregório XIII, foi quem nos deu o Calendário Gregoriano, que é o calendário utilizado na maior parte do mundo, e em todos os países ocidentais. A China o aprovou em 1912.

– Jean Buridan (1300-1358) foi um filósofo e padre francês, que desenvolveu e popularizou a “teoria do Ímpeto”, que explicava o movimento de projéteis e objetos em queda livre. Essa teoria pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e para o famoso princípio da Inércia, de Isaac Newton;

– Nicole d’Oresme (c.1323-1382) era teólogo dedicado e Bispo de Lisieux, foi um gênio intelectual e talvez o pensador mais original do século XIV. Foi um dos principais propagadores das ciências modernas. Na“Livre du ciel et du monde” (1377), Oresme se opôs à teoria de uma Terra estacionária como proposto por Aristóteles e, neste trabalho, ele propôs a rotação da Terra, cerca de 200 anos antes de Copérnico. No entanto, ele estragou um pouco este belo pedaço de pensamento, rejeitando suas próprias idéias, no final dos trabalhos e assim, como Clagett escreve, não pode ser considerada como a reivindicação de que a Terra girava antes de Copérnico. Ele escreveu “Questiones Super Libros Aristotelis de Anima lidar”, com a natureza da luz, reflexão da luz e da velocidade da luz, discutidos em detalhes.

– O monge Luca Bartolomeo de Pacioli é considerado o pai da contabilidade moderna. Um dos seus alunos foi Leonardo da Vinci;

– O padre paraibano Francisco João de Azevedo, é reconhecido como inventor e construtor da máquina de escrever. O que temos certeza é que a máquina realmente existiu, funcionava, foi exposta ao público, ganhou medalhas, e, o mais importante, em dezembro de 1861, portanto antes que Samuel W. Soule e seus dois parceiros, em 1868, recebessem a formalização da patente nos Estados Unidos;

– De acordo com o Dicionário de Biografia Científica, santo Alberto Magno, que ensinou na Universidade de París, era habilidosos em todos os ramos da ciência, “foi um dos mais famosos precursores da Ciência Moderna na Alta Idade Média”. Desde 1941 ele é declarado o “patrono de todos que cultivam as ciências naturais”;

– O padre Nicolas Steno é considerado o pai da Estratigrafia, que estuda as camadas de rochas sedimentares formadas na superfície terrestre. Um geólogo precisa conhecer os princípios de Steno.

– Jean-Antoine Nollet, foi abade e físico francês, se constitui como um grande divulgador da física e da eletricidade em particular. Construiu alguns dos primeiros eletroscópios, a sua própria máquina eletrostática, e também uma versão “seca” da garrafa de Leiden.

– Os jesuítas no século 18 contribuíram para o desenvolvimento do relógio de pêndulo, pantógrafos, barômetros, telescópios e microscópios refletores para campos científicos variados como: magnetismo, ótica e eletricidade. Eles observaram, às vezes antes que de qualquer outro, as faixas coloridas dos anéis na superfície de Júpiter, a Nebulosa de Andômeda e anéis de Saturno. Eles teorizaram sobre a circulação do sangue, independentemente de Harvey, a possibilidade teórica de vôo, o modo como a lua afeta as marés e a natureza ondular da luz, mapas estelares de hemisfério sul, lógica simbólica e medidas de controle de enchentes. Tudo isso foi realização típica dos jesuítas.

– O padre Giabattista Riccioli foi a primeira pessoa a calcular a velocidade com que um corpo em queda livre acelera até o chão,

– O padre Francesco Grimaldi descobriu e nomeou o fenômeno de difração da luz. Ele também participou de uma descrição detalhada de um mapa da superfície da lua. Esse mapa chamado de Selenógrafo, adorna até hoje a entrada do Museu Nacional do Ar e Espaço, em Washington D.C.;

– O padre Roger Boscovich, falecido em 1787, é louvado por cientistas modernos por ter apresentado a primeira descrição coerente de teoria atômica, bem mais de um século antes que a teoria atômica moderna emergisse. Ele foi considerado “o maior gênio que a Iugoslávia produziu”;

– Nos séculos 17 e 18 as catedrais de Bolonha, Florença, París e Roma funcionavam como observatórios solares superiores;

– O padre Athanasius Kircher é considerado o pai da Egiptologia. Foi graças ao trabalho deste padre que encontrou-se a Pedra Rosetta, que decifrou os símbolos egípcios. Ele foi chamado de “Mestre das cem artes”. Seu trabalho em química ajudou a desbancar a alquimia, que era um tipo de falsa ciência, que até Isaac Newton e Boyle levavam a sério. Foi esse padre que jogou água fria nisso.

– Foi um Jesuíta quem escreveu exatamente o primeiro livro sobre Sismologia nos Estados Unidos. Era o padre J.B. Macelawane. Todo ano, a União Geofísica Americana, prêmia com uma medalha com o nome deste padre, um jovem geofísico inspirador.
O padre J.B. Macelawane também foi o primeiro presidente da União Geofísica Americana. Por isso o estudo dos terremotos é conhecido como “A Ciência Jesuíta”;

– Foi um astrônomo católico chamado Giovanni Cassini quem usou a Catedral de São Petrônio, em Bolonha, para verificar as teorias de movimentos planetários de Johannes Kepler.

– Foram os monges católicos que desenvolveram a “minúscula carolígia”, ou seja as letras minúsculas, o espaçamento entre palavras e a acentuação, já que o mundo só escrevia em letras maiúsculas, sem espaçamentos e sem acentuação.

– O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja;

– O documento mais antigo que contém a palavra “Universitas” (universidade), utilizada para um centro de estudo, é uma carta do Papa Inocêncio III ao “Estúdio Geral de Paris”;

– A universidade de Oxford, na Inglaterra, surgiu de uma escola monacal católica organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254;

– O historiador francês Henri Daniel – Ropes no século 20 disse: “graças as repetidas intervenções do papado, a educação superior foi habilitada a expandir suas fronteiras; a Igreja, na verdade, foi a matriz que produziu a universidade, o ninho de onde esta tomou vôo.”;

– Os papas estabeleceram mais universidades do que qualquer outra pessoa na Europa;

– Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja;

– Os monges católicos introduziram safras e indústrias e métodos de produção que não se conheciam antes;

– O monge italiano católico Guido d’Arezzo (992 -1050), criou as 7 notas musicais dó, ré, mi, fá, sol, lá, si utilizando ás sílabas iniciais de uma estrofe de um hino a São João para denominá-las. Ele também apresentou pela primeira vez a Pauta Musical de quatro linhas. O sistema ainda é usado até hoje.

– Os monges católicos foram pioneiros em maquinaria e mecanização. Eles usavam a energia da água para todos os tipos e propósitos;

– O primeiro relógio de que tivemos notícia foi construído pelo futuro papa Silvestre II, em 996;

– No século 11, um monge beneditino inglês, chamado Eilmer de Malmesbury, voou aproximadamente 600 metros por meio de um planador sustentado no ar por cerca de quinze segundos. Ele consta no site da Força Aérea Americana – USAF, como pioneiro do vôo do homem, tendo feito isso 1000 anos antes dos irmãos Wright e de Santos Dumont;

– Em 1688, Dom Perignon, do mosteiro de São Pedro, Hautvillieres-on-the-Marne, descobriu a Champanhe através de experimentação misturando vinhos;

– Disse o estudioso francês Reginald Gregoire: “De fato, seja na extração de sal, chumbo, ferro, alume ou gipsita, ou na metalurgia, extração de mármore, condução de cutelarias e vidrarias, ou forja de placas de metal, também conhecidas como rotábulos, não há nenhuma atividade em que os monges não mostrassem criatividade e um fértil espírito de pesquisa. Utilizando sua força de trabalho, eles instruíram e treinaram à perfeição. O conhecimento técnico monástico se espalharia pela Europa.”;

– O Jesuíta espanhol Baltasar Gracián (1601-1658), com seus livros, impressionou e inspirou filósofos, escritores e pensadores ao longo de mais de trezentos e cinqüenta anos, entre estes estavam: Nietzsche, Schopenhauer, Voltaire e Lacan, que foram leitores entusiasmados dos livros deste jesuíta. O filósofo Arthur Schopenhauer considerava seu livro “El Criticón”, “um dos melhores livros do mundo.”
Friedrich Nietzsche declarou sobre a obra de Gracián: “A Europa nunca produziu nada mais refinado em questão de sutileza moral.” “Absolutamente único … um livro para uso constante … um companheiro na vida. Estas máximas são especialmente adequadas àqueles que desejam prosperar no grande mundo”.

– Foram os monges católicos, que na Inglaterra, no século 16, desenvolveram a primeira caldeira para produção de larga escala de ferro fundido;

– O padre Gregor Mendel (1822-1884), é considerado no meio científico como “o pai da genética”. Graças a Mendel, o troca-troca genético de que a gente tanto ouve falar se tornou possível. Os transgênicos (animais e plantas que recebem genes de outras espécies de seres vivos), hoje são uma realidade! O homem hoje é capaz de modificar o gene de uma planta para torná-la mais resistente às pragas, por exemplo. Ou então, fazer experiências trocando genes de animais, para tentar desenvolver novos medicamentos.

– Diz um historiador protestante: “se não fosse pelos monges e monastérios, o dilúvio bárbaro poderia ter varrido completamente os traços da civilização romana. O monge foi o pioneiro da civilização e da cristandade na Inglaterra, Alemanha, Polônia, Boêmia, Suécia, Dinamarca. Com o incessante estrondo das armas a sua volta, foi o monge em seu claustro mesmo nas remotas fortalezas, por exemplo, no Monte Athos, quem, perseverando e transcrevendo manuscritos antigos, tanto cristãos como pagãos, assim como registrando suas observações de eventos contemporâneos, foi repassando a tocha do conhecimento intactas às futuras gerações e amealhando estoques de erudição para as pesquisas de uma área mais esclarecida. Os primeiros músicos, pintores, fazendeiros, estadistas da Europa após a queda da Roma imperial sob o ataque violento dos bárbaros, eram monges”. (A Protestant Historian)

– Albert Einstein declarou: “Só a Igreja se pronunciou claramente contra a campanha hitlerista que suprimia a liberdade. Até então a Igreja nunca tinha chamado minha atenção; hoje, porém, expresso minha admiração e meu profundo apreço por esta Igreja que, sozinha, teve o valor de lutar pelas liberdades morais e espirituais”. (Albert Einstein, The Tablet de Londres);

– Padre Francisco de Vitória, que foi professor na Universidade de Salamanca, foi quem nos deu o exato primeiro Tratado de Direito Internacional da história;

– A Pontífice Academia de Ciências do Vaticano, atualmente, conta com 61 acadêmicos, dos quais 29 são vencedores do Prêmio Nobel. Trata-se de uma relação de notáveis cientistas premiados por suas pesquisas no campo da medicina, química, física, etc., entre os quais figuram Marshaw Nerimberg, o descobridor do Código Genético de todos os seres, e nada mais nada menos que, Francis Collins, o mapeador do DNA humano e diretor do Projeto Genoma;

– A invenção dos mais modernos e imprescindíveis meios de comunicação, deve-se a um membro da Igreja, o brasileiro padre Landell, inventor pioneiro do rádio, do telefone sem fio, do telégrafo sem fio, da televisão e do teletipo usado pela imprensa. Nas patentes são agregados vários avanços técnicos como a transmissão por meio de ondas contínuas, através da luz, princípio da fibra óptica e por ondas curtas; e a válvula de três eletrodos, peça fundamental no desenvolvimento da radiodifusão e para o envio de mensagens. Ainda em 1904 o padre Landell inicia os testes precursores de transmissão da imagem. Em outras palavras, testava aquilo que viria a ser a televisão. Ele também testou a transmissão de textos, sendo precursor do teletipo, tão utilizado nos telejornais para envio de notícias pelas agências internacionais. Ambas as experiências eram feitas à distância, por ondas que, segundo um jornal paulista, eram denominadas de Ondas Landeleanas. Confira em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Landell_de_Moura

– O cosmólogo padre Michael Heller, é o ganhador do mais polpudo prêmio acadêmico já pago pela ciência moderna. Ele provou matematicamente a existência de Deus;

– Um dos princípios mais importantes que a Igreja legou ao desenvolvimento das ciências vem de um verso bíblico! Um verso bíblico que foi um dos mais citados durante toda a Idade Média. Esse verso é: Sabedoria 11, 21, esse verso diz: que “ Deus dispôs tudo com medida, quantidade e peso”. Daí a ciência ter conseguido tanto êxito por crer que vivemos num universo ordenado. É tudo matemático e ordenado de acordo com padrões. Por isso Santo Agostinho (354-430), já afirmava: “Deus é um grande Geômetra.”

Detalhe: o protestantismo, fundado em 1517 retirou o Livro da Sabedoria de suas bíblias. O desprezo protestante a Copérnico e à ciência, ficou documentado nas palavras de Lutero, que dizia: “O abade Copérnico surgiu, pretendendo que a terra girasse em torno do Sol … lê-se na Bíblia que Josué deteve o Sol; não foi a Terra que ele deteve. Copérnico é um tolo.” (Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 145).

Lutero não sabia que o que Josué narrava foi o que lhe pereceu a seus olhos, naquele grande milagre de Deus.

Sobre a ciência, chamada de “razão” naquele tempo, dizia Lutero: “A razão é a prostituta, sustentáculo do diabo, uma prostituta perversa, má, roída de sarna e de lepra, feia de rosto, joguemos-lhe imundícies na face para torná-la mais feia ainda.” (Funck-Brentano, Martim Lutero, Casa Editora Vecchi, 1956, 2a. ed. Pág. 217).

Eis o grande legado da Igreja Católica à Civilização Moderna e a verdadeira aversão grotesca à ciência, externada pelo pai do protestantismo.

______________________

Referências Bibliográficas:

– Woods, Thomas Jr, “How the Catholic Church Built Western Civilization”; Regury Publishing Inc., Washington, DC, 2005.Wright, Jonathan, “The Jesuits: Missions, “Myths and Histories”, London: Harper Collins, 2004, pp. 18-19.

– White Jr., Lynn, “Eilmer de Malmesbury: um aviador século XI,” Tecnologia e Cultura, II, n. 2 (Spring 1961). 2 (Primavera 1961).
Maxwell Woosnam, Eilmer: Eleventh Century Monk of Malmesbury (Malmesbury, UK: Friends of Malmesbury Abbey, 1986). Maxwell Woosnam, Eilmer: monge do século XI de Malmesbury (Malmesbury, Reino Unido: Amigos da Abadia de Malmesbury, 1986).

http://culturadavida.blogspot.com/2008/04/academia-de-cincias-do-vaticano.html

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/dna/marshall-o-homen-do-codigo.php

http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=43539&cat=Artigos&vinda=S

http://www.comshalom.org/noticias/exibir.php?not_id=1518

– Baltasar Gracián, “A Arte da Sabedoria” – Edição completa, Editora Best Seller.

– Schumpeter, Joseph, “ A History of Economic Analysis”, N. Y., Oxford University Press, 1954, p. 97.

– Gregor Mendel: cienciahoje.uol.com.br

– Guido d’Arezzo: http://reflexaoemmusica.blogspot.com/2009/05/guido-darezzo.html

– São Cirilo e Metódio – Warren H. Carroll, The Building of Christendom (Christendom College Press, 1987) pp. 359, 371, 385.

– COSTA, Ricardo da. A Educação na Idade Média. A busca da Sabedoria como caminho para a Felicidade: Al-Farabi e Ramon Llull. In: Artigo publicado em Dimensões – Revista de História da UFES 15. Dossiê História, Educação e Cidadania. Vitória: Ufes, Centro de Ciências Humanas e Naturais, EDUFES, 2003, p. 99-115 (ISSN 1517-2120).

– Nollet – Enciclopédia Católica

Copérnico no Museu de Frauenburgo/Frombork

http://www.frombork.art.pl/Ang01.htm

http://www.calendario.cnt.br/MAQUINAESCREVER.htm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Luca_Pacioli

– Hughes, Barnabas B. (editor). 1981. Jordanus de Nemore. De Numeris Datis. Berkeley, CA: University of Califórnia Press.

– Nicole Oresme, School of Mathematics and Statistics University of St Andrews, Scotland.

– Edição especial do [[Correio da Manhã]] – “Os Papas – De São Pedro a João Paulo II” – Fascículo X, “Gregório XIII, o Papa que acertou o calendário”, página 219, ano 2005.

– ARRUDÃO, Matias. Bartolomeu Lourenço de Gusmão. São Paulo: Fundação Santos Dumont, 1959.

Como cair no recurso ao estereótipo sem dar conta

A homilia de Raniero Cantalamessa na Sexta-Feira Santa (2 de Abril) provocou aquilo que ela própria queria evitar: violência. Verbal, mas violência.

No Domingo, o “Diário de Notícias” titulava “Críticas judaicas abrem nova crise para o Vaticano” (4 de Abril). E o “Público”: “Rabis e vítimas indignadas com comparação ao anti-semitismo”. Na entrada, este último (texto de Ana Fonseca Pereira) afirma: “Padre Cantalamessa equiparou ataques à Igreja com perseguição aos judeus. Polémica adensa uma crise que ensombra esta Páscoa”.

Comparou mesmo? Talvez. Mas quem fez primeiro a comparação foi um judeu.

Se eu me sentisse perseguido, como muitos responsáveis da Igreja se dizem sentir, e se tivesse recebido um carta de alguém que pertence a um povo que foi a maior vítima do século XX, julgo que a usaria, como fez Cantalamessa. Não reivindicaria para mim tal estatuto de vítima – nem ele o fez. O Holocausto, o cúmulo do anti-semitismo, foi algo inominável e não é invocável para autodefesa por quem nele não participou. Mas se um elemento do povo judeu adverte para mecanismos semelhantes aos do anti-semitismo, de “recurso ao estereótipo” e de “passagem da responsabilidade pessoal para a colectividade”, nos tempos de hoje, em relação à Igreja, não poderei eu usar essas palavras?

O melhor é ler que o pregador do Papa disse (versão brasileira da Zenit, aqui):

«Por uma rara coincidência, neste ano nossa Páscoa cai na mesma semana da Páscoa judaica, que é a matriz na qual esta se constituiu. Isso nos estimula a voltar nosso pensamento aos nossos irmãos judeus. Estes sabem por experiência própria o que significa ser vítima da violência coletiva e também estão aptos a reconhecer os sintomas recorrentes. Recebi nestes dias uma carta de um amigo judeu e, com sua permissão, compartilho um trecho convosco. Dizia:

“Tenho acompanhado com desgosto o ataque violento e concêntrico contra a Igreja, o Papa e todos os féis do mundo inteiro. O recurso ao estereótipo, a passagem da responsabilidade pessoal para a coletividade me lembram os aspectos mais vergonhosos do anti-semitismo. Desejo, portanto, expressar à ti pessoalmente, ao Papa e à toda Igreja minha solidariedade de judeu do diálogo e de todos aqueles que no mundo hebraico (e são muitos) compartilham destes sentimentos de fraternidade. A nossa Páscoa e a vossa têm indubitáveis elementos de alteridade, mas ambas vivem na esperança messiânica que seguramente reunirá no amor do Pai comum. Felicidades a ti e a todos os católicos e Boa Páscoa”».

A citação no final de um belíssimo texto contra a violência (de como com a morte de Jesus se ultrapassa a violência que á alma de um certo tipo de sagrado) transformou-se em mais um episódio de violência mediática. Chamou-se “obsceno”, “inapropriado” e “moralmente errado” ao sermão de Cantalamessa (via “Público”), quando as palavras são de um judeu. Foi imprudente Cantalamessa? Dizer que sim é admitir que a pressão mediática nos priva de liberdade.

A reacção ao sermão por parte de judeus e de vítimas de abusos, apesar de o porta-voz do Vaticano ter vindo dizer que havia palavras que podiam ser mal interpretadas, revela que a violência verbal está latente na nossa sociedade. Como já nem se olha aos factos e aos contextos, como já não se distingue e muito se confunde, começo a pensar que a Igreja está mesmo a ser perseguida (mas nada desculpa os abusos). Ou pelo menos é um alvo fácil para quem quer fazer pontaria.

Fonte: Tribo de Jacob

Dom Tomasi critica cultura ocidental que ridiculariza religião

ROMA, terça-feira, 30 de março de 2010 (ZENIT.org).- Atualmente, no Ocidente, são muitos os que concebem a religião como algo antiquado e a ridicularizam, uma atitude que leva ao preconceito.

Assim indicou o representante permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e instituições internacionais em Genebra, Dom Silvano Tomasi, em uma entrevista realizada no dia 24 de março pela Rádio Vaticano.

No Ocidente, “a religião é vista como algo antiquado que impede o desenvolvimento e o progresso científico”, afirmou.

“Ainda existem muitos funcionários – inclusive na União Europeia –, grupos e correntes de pensamento que veem na religião um obstáculo para a modernidade”, acrescentou.

“Esta atitude incita depois ao preconceito com relação à população crente – denunciou. Penso que uma cultura pública ocidental que ridiculariza a religião não presta um bom serviço, e sim cria problemas para o seu futuro.”

Na entrevista, o prelado quis reafirmar “o direito da pessoa à liberdade religiosa” e lamentou que os cristãos sejam hoje “os mais discriminados”.

Referiu-se à defesa da liberdade religiosa e recordou que “a comunidade internacional deve assumir uma responsabilidade, tratando destas questões de maneira sistemática”.

Também recordou a importância dos meios de comunicação e da educação, evitando, por exemplo, os manuais ou textos escolares “que apoiam as posições fundamentalistas ou incitam ao ódio às demais religiões”.

O Relativismo e o Modernismo

Por Pedro Ravazzano

Novamente venho escrever sobre o relativismo, não porque seja prolixo, mas porque tal heresia sempre me assusta. Qualquer pessoa sensata que entra em contato com as posturas adotadas pelos heterodoxos de plantão fica perplexa com a total falta de honestidade, um déficit nas mais básicas noções de lógica e coesão. Obviamente, esse comportamento é parte integral da essência do relativismo; o relativismo é a negação de si próprio, já que a sua construção se fundamenta sobre a contradição. Por isso o combate pede um trabalho hercúleo, afinal somos obrigados a ensinar as mais preliminares noções, do contrário, seria iniciar a discussão com uma porta.

Antes de qualquer coisa, vale a pena explicar brevemente o que é o relativismo. Essa doutrina – sim, é uma doutrina – acredita que tudo é relativo, que não existe idéia absoluta nem uma Verdade una. A moral, a política, a ética, a religião, não passam de construções humanas que devem se adaptar ao mundo e suas transformações. Assim, o relativismo é o precursor social do niilismo com a negação do sentido existencial do ser humano já que, o pensamento relativista, com suas constantes e essenciais vicissitudes, se coloca na antípoda da defesa de Deus, do Princípio. A Divindade parte da imutabilidade e infalibilidade, já o relativismo parte da mutabilidade e falibilidade.

O relativismo, por sua vez, é a arma usada pelo exército do modernismo; “a síntese de todas as heresias”, como disse São Pio X. A teologia modernista parte de um pressuposto fundamentalmente paradoxal; a transformação do dogma, a adaptação dos ensinamentos doutrinais, a flexibilidade eclesiológica e o relaxamento moral. O modernismo foi desenvolvido sob a influência do espírito protestante alemão, reflexo mais do que natural da Sola Fide e Sola Scriptura adotadas por Lutero. Entretanto, o que era cabível dentro do pensamento luterano era essencialmente incompatível com o Catolicismo. O pensamento modernista, ao pregar a reforma de todo o arcabouço da Igreja e seus ensinamentos, acabava que desconstruía a própria idéia de Igreja, dogma, doutrina, papado e cristianismo, já que a relativização da crença desaguava na relativização da assistência Divina, o que atingia em cheio toda a Revelação. Vale frisar, antes de qualquer coisa, que o relativismo e o modernismo são contraditórios por natureza; se tudo é relativo “tudo é relativo” é relativo, se tudo é relativo é relativo logo nem tudo é relativo. Ou seja, é uma contradição em concreto considerar o relativismo uma verdade, já que o relativismo nega a existência da verdade.

Fé e ciência, diálogo necessário

Colóquio entre Dom Ravasi e o geneticista Axel Kahn

ROMA, terça-feira, 6 de outubro de 2009 (ZENIT.org).- “Excluir a razão ou não admitir nada mais que a razão” são os dois excessos a evitar ao confrontar fé e ciência, afirmou o presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi, tomando um pensamento do filósofo Pascal.

O prelado falou durante um debate com o geneticista Axel Kahn, presidente da Universidade Paris-Descartes, realizado na sexta-feira passada na embaixada francesa na Santa Sé.

O evento realizou-se por iniciativa da embaixada, em colaboração com a Delegação da Comissão europeia na Santa Sé.

Dois excessos que devem substituir-se por “dois olhares, a ciência e a fé”, ambas necessárias “para uma visão completa da realidade que se explora”, disse Dom Ravasi.

Para o arcebispo, a relação entre ciência e fé deve dar-se “na distinção e no diálogo”.

Cada uma delas cobre “âmbitos diferentes, com caminhos autônomos e diferentes metodologias”, mas ambas “têm necessidade uma da outra para se completar na mente de uma pessoa que pensa”, afirmou.

Dom Ravasi disse que “a tentação no Ocidente é, por um lado, burlar-se vendo a teologia como um produto da paleontologia cultural destinado a ser abandonado com o advento da ciência e, por outro, impor à ciência alguns limites fundamentados sobre afirmações teológicas”.

Afraates da Síria

Por Papa Bento XVI
Tradução: Zenit
Fonte: Vaticano/Zenit

Caríssimos irmãos e irmãs,

Em nossa excursão ao mundo dos Padres da Igreja, irei hoje vos guiar a uma parte pouco conhecida deste universo da fé, que são os territórios nos quais floresceram as Igrejas de língua semítica, ainda não influenciadas pelo pensamento grego. Essas Igrejas se desenvolveram ao longo do século IV no Oriente Médio, desde a Terra Santa até o Líbano e a Mesopotâmia.

Durante aquele século, que foi um período de formação no âmbito eclesial e literário, em tais comunidades se manifestou o fenômeno ascético-monástico com características autóctones, que não experimentaram a influência do monaquismo egípcio. Deste modo, as comunidades sírias do século IV foram uma representação do mundo semítico do qual saiu a própria Bíblia, e foram expressão de um cristianismo cuja formulação teológica ainda não havia entrado em contato com correntes culturais diversas, mas que vivia de formas de pensamento próprias. Foram Igrejas nas quais o ascetismo, sob várias formas eremíticas (eremitas no deserto, nas grutas, reclusos e estilistas), e o monaquismo, sob formas de vida comunitária, desempenharam um papel de vital importância para o desenvolvimento do pensamento teológico e espiritual.

Quero apresentar este mundo através da grande figura de Afraates, conhecido também como «Sábio», um dos personagens mais importantes e, ao mesmo tempo, mais enigmáticos do cristianismo sírio do século IV.

Originário da região de Nínive-Mosul, hoje Iraque, viveu na primeira metade do século IV. Temos poucas notícias sobre sua vida; de qualquer forma, ele manteve relações estreitas com os ambientes ascético-monásticos da Igreja síria, sobre a qual nos transmitiu algumas notícias em sua obra e à qual dedicou parte de sua reflexão. Segundo algumas fontes, dirigiu inclusive um mosteiro e, por último, foi ordenado bispo. Escreveu vinte e três discursos conhecidos com o nome de «Exposições» ou «Demonstrações», nos quais tratou diversos temas de vida cristã, como a fé, o amor, o jejum, a humildade, a oração, a própria vida ascética e também a relação entre judaísmo e cristianismo, entre Antigo e Novo Testamento. Escreveu com um estilo simples, com frases breves e com paralelismos às vezes contrastantes; contudo, conseguiu fazer uma reflexão coerente, com um desenvolvimento bem articulado dos vários temas que enfrentou.

Afraates era originário de uma comunidade eclesial que se encontrava na fronteira entre o judaísmo e o cristianismo. Era uma comunidade muito unida à Igreja de Jerusalém, e seus bispos eram eleitos tradicionalmente dentre os assim chamados «familiares» de Tiago, o «irmão do Senhor» (cf. Marcos 6, 3), ou seja, eram pessoas com vínculos de sangue e de fé com a Igreja jerosolimita. A língua de Afraates era o sírio, portanto, uma língua semítica como o hebraico do Antigo Testamento e o aramaico falado pelo próprio Jesus. A comunidade eclesial na qual Afraates viveu era uma comunidade que procurava permanecer fiel à tradição judaico-cristã, da qual se sentia filha. Por isso, mantinha uma relação estreita com o mundo judaico e com seus livros sagrados. Afraates se definia significativamente como «discípulo da Sagrada Escritura» do Antigo e do Novo Testamento («Exposição» 22, 26), que considerava sua única fonte de inspiração, recorrendo a ela tão freqüentemente até o ponto de convertê-la no centro de sua reflexão.

Os argumentos que Afraates desenvolveu em suas «Exposições» são variados. Fiel à tradição síria, apresentou com freqüência a salvação realizada por Cristo como uma cura e, por conseguinte, o próprio Cristo como o médico. No entanto, considera o pecado como uma ferida, que só a penitência pode sanar: «Um homem que foi ferido em batalha – dizia Afraates –, não se envergonha de colocar-se nas mãos de um médico sábio (…); do mesmo modo, quem foi ferido por Satanás não deve envergonhar-se de reconhecer sua culpa e afastar-se dela, pedindo o remédio da penitência» («Exposição» 7, 3).

Outro aspecto importante da obra de Afraates é seu ensinamento sobre a oração e, em especial, sobre Cristo como mestre de oração. O cristão reza seguindo o ensinamento de Jesus e seu exemplo orante: «Nosso Salvador ensinou a rezar dizendo assim: ‘Ora no segredo a quem está escondido, mas vê tudo’; e também: ‘Entra em teu quarto e ora a teu Pai, que está no segredo, e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará’ (Mateus 6, 6) (…). O que nosso Salvador quer mostrar é que Deus conhece os desejos e os pensamentos do coração» («Exposição», 4, 10).

Para Afraates, a vida cristã se centraliza na imitação de Cristo, em tomar seu jugo e em segui-lo pelo caminho do Evangelho. Uma das virtudes mais convenientes para o discípulo de Cristo é a humildade. Não é um aspecto secundário da vida espiritual do cristão: a natureza do homem é humilde, e Deus a eleva à sua própria glória. A humildade – observou Afraates – não é um valor negativo: «Se a raiz do homem está plantada na terra, seus frutos crescem ante o Senhor da grandeza» («Exposição» 9, 14). Sendo humilde, inclusive na realidade terrena que vive, o cristão pode entrar em relação com o Senhor. «O humilde é humilde, mas seu coração se eleva a alturas excelsas. Os olhos de seu rosto observam a terra e os olhos de sua mente, a altura excelsa» («Exposição» 9, 2).

A visão do homem e de sua realidade corporal que Afraates tinha é muito positiva: o corpo humano, seguindo o exemplo de Cristo humilde, está chamado à beleza, à alegria e à luz: «Deus se aproxima do homem que ama, e é justo amar a humildade e permanecer na condição de humilde. Os humildes são simples, pacientes, amados, íntegros, retos, especialistas no bem, prudentes, serenos, sábios, tranqüilos, pacíficos, misericordiosos, dispostos a converter-se, benévolos, profundos, ponderados, maravilhosos e desejáveis» («Exposição» 9, 14).

Em Afraates, a vida cristã se apresenta com freqüência com uma clara dimensão ascética e espiritual: a fé é sua base, seu fundamento; transforma o homem em um templo onde habita o próprio Cristo. Assim, pois, a fé torna possível uma caridade sincera, que se expressa no amor a Deus e ao próximo. Outro aspecto importante em Afraates é o jejum, que ele interpretava em sentido amplo. Falava do jejum do alimento como uma prática necessária para ser caridoso e virgem, do jejum constituído pela continência visando à santidade, do jejum das palavras vãs ou detestáveis, do jejum da cólera, do jejum da propriedade dos bens visando ao ministério, e do jejum do sono para dedicar-se à oração.

Queridos irmãos e irmãs, voltemos mais uma vez – para concluir – ao ensinamento de Afraates sobre a oração. Segundo este antigo «Sábio», a oração se realiza quando Cristo habita no coração do cristão, e o convida a um compromisso coerente de caridade com o próximo. Com efeito, ele escreveu: «Consola os aflitos, visita os enfermos, sê solicito com os pobres: esta é a oração. A oração é boa, e suas obras são maravilhosas. A oração é aceita quando consola o próximo. A oração é escutada quando nela se encontra também o perdão das ofensas. A oração é forte quando está cheia da força de Deus» («Exposição» 4, 14-16).

Com estas palavras, Afraates nos convida a uma oração que se converte em vida cristã, em vida realizada, em vida impregnada de fé, de abertura a Deus e, assim, de amor ao próximo.

Page 2 of 3

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén