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Boécio de Roma

Por Papa Bento XVI
Tradução: Élison Santos
Fonte: Vaticano/Zenit

Queridos irmãos e irmãs:

Quero falar hoje de (…) Boécio (…), que [viveu] em uma das épocas mais atribuladas do Ocidente cristão, em particular na península italiana. Odoacro, rei dos hérulos, uma etnia germânica, havia se rebelado, acabando com o império romano do Ocidente (ano 476), mas logo sucumbiu aos ostrogodos de Teodorico, que durante algumas décadas controlaram a península italiana.

Boécio, nascido em Roma por volta do ano 480, da nobre estirpe dos Anícios, entrou sendo ainda jovem na vida pública, alcançando aos 25 anos o cargo de senador. Fiel à tradição de sua família, ele se comprometeu na política, certo de que era possível harmonizar as linhas fundamentais da sociedade romana com os valores dos novos povos. E neste novo tempo de encontro de culturas, considerou como missão própria reconciliar e unir estas duas culturas, a clássica e romana, com o nascente do povo ostrogodo. Deste modo, foi muito ativo na política, inclusive sob Teodorico, que nos primeiros tempos o estimava muito.

Apesar desta atividade pública, Boécio não descuidou dos estudos, dedicando-se em particular a aprofundar nos temas do tipo filosófico-religioso. Mas escreveu também manuais de aritmética, de geometria, de música, de astronomia: tudo com a intenção de transmitir às novas gerações, aos novos tempos, a grande cultura greco-romana. Neste âmbito, ou seja, no compromisso por promover o encontro das culturas, utilizou as categorias da filosofia grega para propor a fé cristã, buscando uma síntese entre o patrimônio helênico-romano e a mensagem evangélica. Precisamente por este motivo, Boécio foi qualificado como o último representante da cultura romana antiga e o primeiro dos intelectuais medievais.

Certamente, sua obra mais conhecida é o «De consolatione philosophiae», que compôs na prisão para dar sentido à sua injusta detenção. Havia sido acusado de complô contra o rei Teodorico por ter defendido um amigo em um juízo, o senador Albino. Mas não se tratava de um pretexto: na verdade, Teodorico, ariano e bárbaro, acreditava que Boécio era simpático ao imperador bizantino Justiniano. Processado e condenado à morte, foi executado em 23 de outubro do ano 524, quando tinha apenas 44 anos.

Por causa de sua dramática morte, ele pode falar também a partir de sua experiência ao homem contemporâneo e sobretudo às numerosas pessoas que sofrem o mesmo por causa da injustiça presente em boa parte da «justiça humana». Nesta obra, na prisão, busca consolo, busca luz, busca sabedoria. E diz que soube distinguir, precisamente nesta situação, entre os bens aparentes – na prisão estes desaparecem – e entre os bens verdadeiros, como a autêntica amizade, que na prisão não desaparecem.

O bem mais elevado é Deus: Boécio aprendeu – e nos ensina – a não cair no fatalismo, que apaga a esperança. Ele nos ensina que não somos governados pelo destino, mas pela Providência, e esta tem um rosto. Com a Providência se pode falar, porque a Providência é Deus. Deste modo, inclusive na prisão, resta-lhe a possibilidade da oração, do diálogo com Aquele que nos salva. Ao mesmo tempo, inclusive nesta situação, ele conserva o sentido da beleza da cultura e recorda o ensinamento dos grandes filósofos antigos, gregos e romanos, como Platão, Aristóteles – havia começado a traduzir estes gregos ao latim –, Cícero, Sêneca, e também poetas como Tíbulo e Virgílio.

A filosofia, no sentido da busca da verdadeira sabedoria, é, segundo Boécio, o verdadeiro remédio da alma (Livro I). Por outro lado, o homem só pode experimentar a autêntica felicidade na própria interioridade (Livro II). Por este motivo, Boécio consegue encontrar um sentido ao pensar na própria tragédia pessoal à luz de um texto sapiencial do Antigo Testamento (Sabedoria 7, 30-8, 1) que ele cita: «… sobre a Sabedoria não prevalece o mal. Ela se estende com vigor de um extremo ao outro do mundo e governa o universo com bondade» (Livro III, 12: PL 63, col. 780).

A assim chamada «prosperidade dos malvados», portanto, converte-se em mentirosa (livro IV), e manifesta a natureza providencial da fortuna adversa. As dificuldades da vida não só revelam até que ponto esta é efêmera e breve, mas que se demonstra inclusive úteis para encontrar e manter as autênticas relações entre os homens. A fortuna adversa permite, de fato, distinguir os amigos falsos dos verdadeiros e dá a entender que não há nada mais belo para o homem que uma amizade verdadeira. Aceitar fatalistamente a condição de sofrimento é algo totalmente perigoso, acrescenta o crente Boécio, pois «elimina em sua própria raiz a possibilidade da oração e da esperança teologal, que constituem a base da relação do homem com Deus» (Livro V, 3: PL 63, col. 842).

A peroração final do «De consolatione philosophiae» pode ser considerada como uma síntese de todo ensinamento que Boécio dirige a si mesmo e a todos os que possam encontrar-se em suas mesmas condições. Na prisão, ele escreve: «Lutai, portanto, contra os vícios, dedicai-vos a uma vida de virtude orientada pela esperança, que eleva o coração até alcançar o céu, com as orações alimentadas de humildade. A imposição que haveis sofrido pode mudar, se vos negais a mentir, na vantagem enorme de ter sempre ante os olhos o juiz supremo que vê e que sabe como as coisas realmente são» (Livro V, 6: PL 63, col. 862).

Cada detido, independentemente do motivo pelo qual tenha acabado na prisão, intui como é dura esta particular condição humana, sobretudo quando é embrutecida, como aconteceu com Boécio, pela tortura. Mas é particularmente absurda a condição daquele, como Boécio, a quem a cidade de Pavia reconhece e celebra na liturgia como mártir na fé, que é torturado até a morte pelo único motivo de suas próprias convicções, políticas e religiosas. Boécio, símbolo de um número imenso de detidos injustamente de todos os tempos e de todas as latitudes, é de fato uma porta objetiva para entrar na contemplação do misterioso Crucifixo do Gólgota.

São autênticos os evangelhos que conhecemos?

Um livro histórico – como são os evangelhos – merece credibilidade quando reúne três condições básicas: ser autêntico, verídico e íntegro. Quer dizer, quando o livro foi escrito na época e pelo autor a que se atribui (autenticidade), quando o autor do livro conheceu os acontecimentos a que se refere e não quer enganar seus leitores (veracidade), e, por último, quando chegou até nós sem alteração substancial (integridade).

E os evangelhos são autênticos, em primeiro lugar, porque só um autor contemporâneo a Jesus Cristo ou discípulo imediato seu poderia escrevê-los: leva-se em conta que no ano 70 Jerusalém foi destruída e a nação judaica desterrada em massa, dificilmente um escritor posterior, com os meios que então havia, tenha podido descrever os lugares; ou de modo similar os hebraismos que figuram no grego vulgar em que esta redigido quase todo o Novo Testamento; ou inventar as descrições que aparecem, tão ricas em detalhes históricos, topográficos e culturais, que foram confirmadas pelos sucessivos achados arqueológicos e os estudos sobre outros autores daquele tempo. Os fatos mais notórios da vida de Jesus são perfeitamente comprováveis mediante outras fontes independentes de conhecimento hostórico.

Com respeito à integridade dos evangelhos, nos encontramos frente a uma situação privilegiada, pois desde os primeiros tempos os cristãos fizeram numerosas cópias em grego e latim, para o culto litúrgico e a leitura e meditação das escrituras.

Graças à isto, testemunhas documentais do Novo Testamento são abundantíssimos: na atualidade se conhecem mais de 6.000 manuscritos gregos; há além disso uns 40.000 manuscritos de traduções antiquíssimas em diversas línguas (latim, copta, armênio, etc.), que dão fé ao texto grego que esteve à vista os tradutores; nos chegaram 1.500 lecionários de Missas que contém a maior parte do texto dos evangelhos distribuído em lições ao longo de todo o ano; e a tudo isto deve-se acrescentar as freqüentíssimas citações do evangelho de escritores antigos, que são como fragmentos de outros manuscritos anteriores perdidos para nós.

Toda esta variedade e extensão de testemunhos dos evangelhos constituem uma prova historicamente incontrovertível. Se o comparamos, por exemplo, com o que conhecemos das grandes obras clássicas, veríamos que os manuscritos mais antigos que se conservam destas obras são muito mais distantes da época de seu autor. Por exemplo: Virgílio (século V, uns 500 anos), Horácio (século VIII, mais de 900 anos despois), Platão (século IX, uns 1400), Júlio César (século X, quase 1100), e Homero (século XI, da ordem de 1900 depois). Entretanto, há papiros dos evangelhos em datas muito mais próximas de sua redação original (pode-se dizer que hoje em dia, graças aos avanços dos estudos filológicos, podem ser datados com grande precisão): o Códice Alexandrino, uns 300 anos depois; o Códice Vaticano e o Sinaítico, uns 200; o papiro Chester Beatty, entre 125 e 150; o Bodmer, aproximadamente 100; e o papiro Rylands, finalmente, dista tão somente 25 ou 30 anos.

Certeza total?

Pois bem, há quem duvide da certeza total dos evangelhos já que os manuscritos são muitos e muito antigos e os copistas poderiam fazer interpolações ou deformar algumas passagens.

Entretanto, havendo tantísimas cópias e de procedência tão diversa (são dezenas de milhares, em vários idiomas e encontradas em lugares e datas muito distantes), é facílimo desmascarar o copista que faz alguma alteração do texto, porque difere das demais cópias que chegam por outras vias. Apareceram de fato, um reduzido número de falsificações ou cópias apócrifas; mas sempre tem-se detectado com facilidade, graças à prodigiosa coincidência do resto das versões.

Assim vem-se comprovando ao longo do próprio proceso histórico de descobrimento dos diversos manuscritos: por exemplo, no século XVI foram feitas numerosas edições impressas baseadas em profundos estudos críticos sobre cópias manuscritas algumas das quais se remontavam até o século VIII, que era o mais antigo que conheciam até então; posteriormente foram encontrados códices dos séculos IV e V, e concordavam substancialmente com aqueles textos impressos; mais adiante, desde o século XIX até nossos dias, foram encontrados cerca de cem novos papiros escritos entre os séculos II e IV, a maioria procedentes do Egito, que também coindiram de forma realmente surpreendente com as cópias que havia.

Levando em conta as diversíssimas procedências de cada um desses documentos – repetindo que são dezenas de milhares – cabe deduzir que a prodigiosa coincidência de todas as versões que nos têm chegado é um testemunho esmagador da veneração e fidelidade com que foram conservados os evangelhos ao longo dos séculos, assim como da sua autenticidade e integridade indiscutíveis.

O Novo Testamento é, sem qualquer comparação com outra obra literária da antiguidade, o livro melhor e mais abundantemente documentado.

É verdade o que contam os evangelhos?

Sobre a veracidade dos evangelhos, poderiam ser apontadas inúmeras razões. Pascal, referindo-se ao testemunho que os primeiros cristãos deram com sua vida, dá um argumento muito simples e convincente: “Creio com mais facilidade nas histórias cujas testemunhas se deixaram martirizar em comprovação de seu testemunho”.

Terem morrido por ser fiéis aos ensinamenteos dos evangelhos outorga a estas pessoas uma forte garantia de veracidade (pelo menos se conhecem poucos mentirosos que tenham morrido para defender suas mentiras).

Por outro lado, é bastante chamativo, por exemplo, que os evangelistas não calem seus próprios defeitos nem as representações recebidas de seu maestro, assim como relatem fatos embaraçosos para os cristãos, que um falsificador poderia ter ocultado.

Por que não foram corrigidos, ou ao menos suavisados um pouco, as passagens mais delicadas? Que razões há, por exempo, para que se narre a traição e dramática morte de Judas, um dos doze apóstolos, escolhido pessoalmente por Jesus Cristo? Houve – aponta Vittorio Messori – muitas oportunidades para omitir esse episódio, que desde o início foi motivo de escárnio contra os cristãos (Que classe de profeta é este – ironizava Celso – que não sabe sequer escolher seus seguidores?); entretanto, a passagem chegou inalterada até nós.

A única explicação razoável é que este fato, por mais desgraçado que fosse, ocorreu realmente. Os evangelistas estavam obrigados a respeitar a verdade porque, do contrário – e deixando margem a outros motivos – as falsificações seriam denunciadas por seus contemporâneos. Os cristãos foram naqueles tempos objeto de escárnio, considerados loucos, mas não se colocou em discussão que o que predicavam não correspondia à verdade do que sucedeu.

Além disso, postos a inventar – continua Messori – dificilmente os evangelistas teriam idealizado episódios como a fuga dos apóstolos na Paixão, a tripla negação de Pedro, as palavras de Cristo no Horto das Oliveiras ou sua exclamação na cruz (“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”), fatos que ninguém teria ousado escrever se não tivessem sido escrupulosamente reais: tão contrários eram à idéia de um Messias, vitorioso e potente, arraigada à mentalidade judaica da época.

Frente a contrastes deste tipo, o próprio Rousseau, nada suspeitoso de simpatia para com a fé católica, costumava afirmar, falando dos evangelhos: Invenções…? Amigo, assim não se inventa.

A maioria dos argumentos com que estes últimos séculos têm se dirigido contra a veracidade dos evangelhos parecem ditados por um preconceito ideológico. E toda essa forte crítica, que em alguns momentos pareceu por em crise a fé tratando de eliminar a sua base histórica, tem conseguido apenas , como resposta, fortalecê-la. Um grande número de sucessivos descobrimentos foram varrendo pouco a pouco toda a nuvem de hipótese que tinha se formado contra ela.

A nuvem que agora paira no ambiente é de que a suspeita de muitos daqueles grandes desmitificadores da fé não tenha tido sucesso, e finalmente ser, na realidade, uns grandes inventores de mitos em torno à interpretação dos evangelhos (mitos que naqueles anos ninguém ousava discutir). Hoje – assegura Lucien Cerfaux, prestigiado especialista de exegese bíblica – depois de dois séculos de ensinamento crítico, estamos descobrindo com surpresa que, possivelmente, o modo mais “científico” de ler os evangelhos é lê-los com simplicidade.

Fonte: ACI Digital

O fim de uma longa farsa

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 1o de fevereiro de 2007

O ex-chefe da espionagem romena, Ion Mihai Pacepa, confessou recentemente que a onda de acusações ao Papa Pio XII, que começou com a peça de Rolf Hochhuth, O Vigário (1963), e culminou no livro de John Cornwell, O Papa de Hitler (1999), foi de cabo a rabo uma criação da KGB. A operação foi desencadeada em 1960 por ordem pessoal de Nikita Kruschev. Pacepa foi um de seus participantes diretos. Entre 1960 e 1962 ele enviou a Moscou centenas de documentos sobre Pio XII. Na forma original, os papéis nada continham que pudesse incriminar o Papa. Maquiados pela KGB, fizeram dele um virtual colaborador de Hitler e cúmplice ao menos passivo do Holocausto (leiam a história inteira aqui).

Foi nesses documentos forjados que Hochhuth se baseou para escrever sua peça, a qual acabou por se tornar o maior succès de scandale da história do teatro mundial. O dramaturgo talvez fosse apenas um idiota útil, mas Erwin Piscator, diretor do espetáculo e aliás prefaciador da edição brasileira (Grijalbo, 1965), era um comunista histórico com excelentes relações no Kremlin e na KGB. Muito provavelmente sabia da falsificação.

Costa-Gavras, o diretor que em 2001 lançou a versão cinematográfica da peça, decerto cabe com Hochhuth na categoria dos idiotas úteis. Mas o mesmo não se pode dizer de John Cornwell, que mentiu um bocado a respeito das fontes da sua reportagem, dizendo que havia feito extensas investigações na Biblioteca do Vaticano, quando as fichas da instituição não registravam senão umas poucas e breves visitas dele. Cornwell é vigarista consciente. O conteúdo da sua denúncia já estava desmoralizado desde 2005, graças ao estudo do rabino David G. Dalin, The Myth of Hitler’s Pope, publicado pela Regnery, do qual o público brasileiro praticamente nada sabe até agora, pois o livro não foi traduzido nem mencionado na grande mídia. Com a revelação das fontes, nada sobra de confiável na lenda do “Papa de Hitler”, que, no Brasil, graças à omissão da mídia e das casas editoras, tem campo livre para continuar sendo alardeada como verdade pura. Da Grijalbo nada se pode esperar. É tradicionalmente pró-comunista e nem sei se ainda existe. Mas a Imago, editora de O Papa de Hitler, parece ser honesta o bastante para reconhecer sua obrigação moral de publicar o livro do rabino Dalin. Noto, de passagem, que eu mesmo, quando li a denúncia de Cornwell, acreditei em tudo e cheguei a citá-la em artigo. Que Deus me perdoe.

Vaticanista revela o prólogo do próximo livro do Papa

ROMA, 15 Jan. 07 (ACI) .- Em um artigo titulado “A próxima batalha a favor e contra Jesus se combaterá a golpes de livro”, o vaticanista do semanário L’Espresso, Sandro Magister apresentou em exclusiva o íntegro do novo livro do Papa Bento XVI sobre Jesus Cristo, que, conforme augura o perito, “será o best seller do ano”.

O livro terá por título: “Jesus de Nazaré. Do batismo no Jordão até a Transfiguração”; e será o primeiro de dois volúmes previstos, com o segundo que abrangerá até a Ressurreição.

“Seu livro sobre Jesus foi anunciado a fins de novembro e estará à venda na próxima primavera (boreal). Mas não há semana em que Bento XVI não pregue sobre o protagonista do livro: Jesus, ‘verdadeiro Deus e verdadeiro homem’”, explica Magister.

Segundo o perito, “a alternativa que Bento XVI põe entre o falso e o verdadeiro Jesus é a mesma que ele vê em ato entre os livros que reduzem Jesus a um simples homem e os que pelo contrário o apresentam em sua verdade humano-divina”.

Entre os livros contrários à verdadeira visão de Jesus, explica Magister se encontra um que na Itália vendeu meio milhão de cópias, titulado: “Inchiesta su Gesù. Chi era l’uomo che há cambiato il mondo” (Investigação sobre Jesus. Quem era o homem que mudou o mundo).

Os autores do livro são o agnóstico Corrado Augias, jornalista e escritor, editorialista do jornal “A Repubblica”, e o católico Mauro Pesque, professor de história da Igreja da Universidade de Bolonha, especialista em textos do cristianismo primitivo.

A tese deste livro é que é falso tudo o que a fé cristã professa respeito de Jesus.

“O iminente livro de Joseph Ratzinger / Bento XVI – assinado assim porque foi escrito por ele antes e depois da eleição como Papa pretende precisamente opor o Jesus autêntico ao falso Jesus ‘modernizado ou postmodernizado’”, explica Magister.

Palavras do Papa

No prefácio, cuja versão íntegra pode ler-se em espanhol na página Web de Magister,

o Santo Padre escreve que “no tempo de minha juventude – nos anos trinta e quarenta – foram publicados uma série de livros sobre Jesus que entusiasmavam. Me lembro só o nome de alguns autores: Karl Adam, Romano Guardini, Franz Michel William, Giovanni Papini, Jean Daniel-Rops. Em todos estes livros a imagem de Jesus Cristo foi delineada a partir dos Evangelhos: como viveu sobre a terra e como, sendo inteiramente homem, levou-lhes a mesmo tempo a Deus aos homens, com o qual, por ser Filho, era uma só coisa”.

O Papa assinala entretanto que, “ao início dos anos cinqüenta a situação mudou. A fenda entre o ‘Jesus histórico’ e o ‘Cristo da fé’ se fez sempre mais ampla; a simples vista um se afastou do outro”.

Assim, “as reconstruções deste Jesus, que deveria ser procurado seguindo as tradições dos evangelistas e suas fontes, fizeram-se sempre mais contraditórias: do revolucionário inimigo dos romanos que se opõe ao poder constituído e naturalmente fracassa, ao manso moralista que tudo permite e inexplicavelmente termina por causar sua própria ruína”.

Bento XVI assinala que estas obras “são muito mais fotografias dos autores e de seus ideais e não a exposição de uma icone que se tornou confusa”.

“Uma situação assim –segue o Papa- é dramática para a fé porque torna incerto seu autêntico ponto de referência: a íntima amizade com Jesus, de quem tudo depende, ameaça com se esgotar inutilmente no vazio”.

O Papa explica que “minha apresentação de Jesus significa acima de tudo que tenho confiança nos Evangelhos”.

Estou convencido, e espero que o leitor também possa perceber isso, que esta figura é muito mais lógica e também, do ponto de vista histórico, mais compreensível que as reconstruções com as quais nos devemos confrontar nos últimos decênios”, adiciona.

O Papa adverte também que, embora “este livro não foi escrito contra a exegese moderna, procurei ir além da mera interpretação histórico-crítica aplicando os novos critérios metodológicos, que nos permitem uma interpretação propriamente teológica da Bíblia e que naturalmente requerem a fé, sem por isso querer e poder – de fato – renunciar à seriedade histórica”.

Livro sobre as mensagens dos últimos pontífices aos avós

Cáritas, a rede Crescendo e Vida Ascendente publicam «O Papa e os idosos»

VALÊNCIA, quinta-feira, 6 de julho de 2006 (ZENIT.org).- Caritas Espanhola, a rede Crescendo e o movimento Vida Ascendente apresentaram esta quinta-feira o livro «O Papa e os idosos», no qual se recolhem as mensagens dirigidas por Bento XVI, João Paulo II e Paulo VI às pessoas de mais idade.

O volume foi apresentado durante a Feira Internacional das Famílias, que se celebra no recinto ferial valenciano dentro do V Encontro Mundial das Famílias.

A obra, editada por Cáritas Espanhola, pretende contribuir «para a defesa da dignidade» dos idosos e sensibilizar sobre a «necessidade de promover um envelhecimento cristão e humano», segundo assinalou Concha Guillén, diretora de Cáritas Diocesana de Valência, que apresentou o livro junto a Santiago Serrano, presidente nacional de Vida Ascendente, e José Maria Scals, presidente de Crescendo em Valência.

Segundo recolhe a agência AVAN, os três apresentadores coincidiram em lamentar que na atualidade «prima a visão economista, na qual a pessoa que não produz não conta». Contudo, os mais velhos «têm muito que contribuir e transmitir na sociedade, em colaboração com a Igreja», apontaram.

Por sua parte, o embaixador da Colômbia ante a Santa Sé e ante a Soberana Ordem de Malta, Guillermo León Escobar, afirmou que os avós são «a principal fonte de evangelização dos jovens».

Durante a inauguração, nesta quarta-feira, do Congresso dos Avós que se celebra na Feira Valência, dentro do V Encontro Mundial das Famílias, Escobar assegurou que a proximidade dos avós aos netos agrega sempre «seu cúmulo de experiências e de sabedoria».

O embaixador também destacou o papel «fundamental» dos idosos na educação dos jovens.

Deus Proíbe a Confecção de Imagens?

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório.” (Ex 25,18)

Muitas vezes andando nas ruas encontramos pessoas vestidas com ternos e com uma Bíblia na mão, ensinando que usar imagens em igrejas é idolatria.

Por este motivo costumam chamar os católicos de idólatras, isto é, adoradores de ídolos, que quer dizer adoradores de falsos deuses. E ainda acusam a Igreja Católica de ensinar a adoração destas imagens.

Os protestantes encaram o uso das imagens sacras como um insulto ao mandamento divino que consta em Ex 20,4 que proíbe a confecção delas.

A Igreja Católica sempre defendeu o uso das imagens. Estaria a Igreja Católica desobedecendo a ordem divina em Ex 20,4?

A Igreja Católica é a única Igreja que tem ligação direta com os apóstolos de Cristo, sendo ela a guardiã da doutrina ensinada por eles e por Cristo, sem lhe inculcar qualquer mudança. Se ela quisesse mesmo agir contra a ordem divina, teria adulterado a Bíblia nas passagens em que há a condenação das imagens.

Na Bíblia católica – pois a Bíblia protestante não contém sete livros relativos ao Velho Testamento- o Livro da Sabedoria condena como nenhum outro a idolatria (Sb 13-15). Não poderia a Igreja repudiar o livro como fizeram os protestantes?

Na Sagrada Escritura há outras passagens que condenam a confecção de imagens como por exemplo: Lv 26,1; Dt 7,25; Sl 97,7 e etc. Mas também há outras passagens que defendem sua confecção como: Ex 25,17-22; 37,7-9; 41,18; Nm 21,8-9; 1Rs 6,23-29.32; 7,26-29.36; 8,7; 1Cr 28,18-19; 2Cr 3,7,10-14; 5,8; 1Sm 4,4 e etc.

Pode Deus infinitamente perfeito entrar em contradição consigo mesmo? É claro que não. E como podemos explicar esta aparente contradição na Bíblia?

Isto é muito simples de ser explicado. Deus condena a idolatria e não a confecção de imagens. Quando o objetivo da imagem é representar, ou ser um ídolo que vai roubar a adoração devida a somente a Deus, ela é abominável. Porém quando é utilizada ao serviço de Deus, no auxílio à adoração a Deus, ela é uma benção. Vejamos os textos abaixo:

“Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas àguas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem.”(Ex 20,4-5)

Note que nesta passagem a função da imagem é roubar a adoração devida somente a Deus. O texto bíblico condena a confecção da imagem porque ela está roubando o culto de adoração ao Senhor. A existência deste mandamento se deve pelo fato do povo judeu ser inclinado à idolatria, por ter vivido no Egito que era uma nação idólatra e por estar cercado de nações pagãs, que não adoravam a Deus, e que construíam seus próprios deuses. Deus quer dizer aqui “não construam deuses para vocês, pois Eu Sou o Deus Único e Verdadeiro”.

“Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. Farás um querubin na extremidade de uma parte, e outro querubin na extremidade de outra parte; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele.” (Ex 25,18-19)

Neste versículo, Deus ordena a Moisés que construa duas imagens de querubins que serão colocadas em cima da arca-da-aliança, onde estavam as tábuas da lei, dos dez mandamentos. Veja que os querubins aqui não são objetos de adoração, mas de ornamentação da arca. Salomão também manda construir dois querubins de madeira, que serão colocados no altar para enfeitar o templo (1Rs 6,23-29).

Para deixar mais claro ainda a proibição e a permissão do uso das imagens sacras, vejamos os próximos versículos:

“E disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente ardente e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo mordido que olhar para ela. E Moisés fez uma serpente de metal e pô-la sobre uma haste; e era que, mordendo alguma serpente a alguém, olhava para a serpente de metal e ficava vivo.” (Nm 21,8-9)

“Este [Ezequias] tirou os altos, e quebrou as estátuas, e deitou abaixo os bosques e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera, porquanto até aquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã.”(2Rs 18,4)

Note que no primeiro texto de Nm 21,8-9, Deus não só permitiu o uso da imagem, como também a utiliza para o seu serviço; e a transforma em objeto de benção para seu povo, sinal de Seu amor por Israel.

E no segundo texto de 2Rs 18,4 a mesma serpente de metal que outrora foi construída por Moisés, é repudiada por Deus. Tornou-se objeto de adoração pois “os filhos de Israel lhe queimavam insenso”. Deram a ela o culto devido somente a Deus. A Serpente de metal perdeu como nos mostra o texto, o seu sentido original, porque os filhos de Israel “não obedeceram à voz do Senhor, seu Deus; antes, tranpassaram seu concerto; e tudo quanto Moisés, servo do Senhor, tinha ordenado, nem o ouviram nem o fizeram.”(2Rs 18,12)

Aí fica mais que claro que Deus não condena o uso das imagens sacras e sim a idolatria. É importante lembrarmos que há muitas outras formas de idolatria, como o amor ao dinheiro, aos bens materias, etc; que substituem o amor que devemos ter somente por Deus.

Autor: Alessandro Ricardo Lima
Fonte: Veritatis Splendor

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