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A Paz e o Papado

G.K. Chesterton

Há um famoso ditado que a alguns parece falta de reverência, embora de fato seja um esteio de uma parte importante da religião: “Se Deus não existisse, seria necessário inventá-Lo.” Isso não é totalmente diferente de algumas das ousadas questões com que Santo Tomás de Aquino inicia sua grande defesa da fé.

Alguns dos modernos críticos de sua fé, especialmente seus críticos protestantes, cometeram um erro divertido, por causa de sua ignorância do latim e do antigo uso da palavra DIVUS, e acusaram os católicos de descreverem o Papa como Deus. Os católicos, preciso dizer, estão tão próximos a chamar o Papa de Deus quanto de chamar um gafanhoto de Papa. Mas há um sentido em que eles realmente reconhecem uma correspondência eterna entre a posição do Rei dos Reis no universo e a do seu Vigário no mundo, como a correspondência entre uma coisa real e sua sombra; uma similaridade parecida com a similaridade imperfeita e defeituosa entre Deus e a imagem de Deus. E entre as coincidências dessa comparação pode ser colocado o caso deste epigrama. O mundo se encontrará mais e mais na posição em que mesmo os políticos e os homens práticos se pegarão dizendo: “Se o Papa não existisse, seria necessário inventá-lo.”

Não é de todo impossível que eles possam realmente tentar inventá-lo. A verdade é que milhares deles já teriam aceitado o Papa desde que ele não fosse chamado Papa. Acredito firmemente que seria muito possível, nessa questão e em muitas outras, pregar uma espécie de peça piedosa e prática em grande número de hereges e pagãos. Imagino que seria muito factível descrever com precisão, mas em termos abstratos, a idéia geral de um cargo ou obrigação que corresponda exatamente à posição do Papa na história, e que fosse aceitável em termos éticos e sociais por muitos protestantes e livre-pensadores; até que descobrissem, com uma reação de ira e assombro que eles foram levados a aceitar a arbitragem internacional do Papa. Suponha que alguém apresentasse a antiga idéia como se fosse uma nova idéia; suponha que se dissesse: “Proponho que seja erguido em alguma cidade central, na parte mais civilizada de nossa civilização o gabinete de uma autoridade permanente para representar a paz e a base do entendimento de todas as nações circundantes; que ele seja, pela natureza de seu cargo, posto a parte de todos e, mesmo assim, que ele jure considerar os acertos e os erros de todos; que ele seja colocado lá como um juiz para elucidar uma lei ética e um sistema de relações sociais; que ele seja de certo tipo e treinado de certa maneira, diferente da que encoraje as ambições ordinárias da glória militar ou mesmo dos elos da tradição tribal; que ele seja protegido, por um sentimento especial, da pressão de reis e príncipes; que ele jure, de forma especial, considerar os homens como homens.” Não são poucos já, e logo serão muito mais, os que seriam perfeitamente capazes de propor tal instituição internacional ideal; há também muitos que suporiam realmente, em sua inocência, que isso nunca tivesse sido tentado antes.

É verdade que até agora muitos de tais reformadores recuariam ante a idéia de uma instituição ser um indivíduo. Mas mesmo esse preconceito está enfraquecendo pelo desgaste da experiência política real. Podemos estar ligados, como muitos de nós estamos, ao ideal democrático; mas muitos de nós já percebemos que a democracia direta, a única democracia verdadeira que satisfaz o verdadeiro democrata, é uma coisa aplicável a algumas coisas e não a outras; e ela não é absolutamente aplicável à uma questão como esta. A voz real de uma vasta civilização internacional, ou de uma vasta religião, não será, de qualquer forma, as vozes e clamores distintos e articulados de todos os milhões de fiéis. Não seria o povo o herdeiro de um Papa destronado; seria algum sínodo ou grupo de bispos. Não é uma alternativa entre monarquia e democracia, mas uma alternativa entre monarquia e oligarquia. E, sendo eu um dos democratas idealistas, não tenho a menor hesitação em minha escolha entre as duas formas anteriores de privilégio. Um monarca é um homem, mas uma oligarquia não são homens; são poucos homens formando um grupo pequeno o suficiente para ser irresponsável. Um homem na posição de um Papa, a menos que seja literalmente louco, deve ser responsável. Mas aristocratas podem sempre jogar a responsabilidade uns nos outros; e ainda criar uma sociedade corporativa cuja visão do resto do mundo seja completamente obscurecida. Estas são conclusões a que estão chegando muitas pessoas no mundo; e muitos estariam ainda mais assombrados e horrorizados em descobrir aonde levam essas conclusões. Mas o ponto de discussão aqui é que mesmo se nossa civilização não redescobrir a necessidade do Papado, é extremamente provável que, cedo ou tarde, ela tentará suprir a necessidade com algo parecido com o Papado; mesmo se tentar fazê-lo por conta própria. Esta será realmente uma situação irônica. O mundo moderno estabelecerá um novo Anti-Papa, mesmo considerando que, como no romance de D. Benson, o Anti-Papa tenha o caráter de um Anticristo.[1]

A questão é que os homens tentarão colocar algum tipo de poder moral fora do alcance dos poderes materiais. A fraqueza de muitas tentativas valorosas, bem intencionadas e atuais de justiça internacional é que o conselho internacional dificilmente pode evitar ser meramente um microcosmos ou um modelo do mundo externo, com todas as pequenas e grandes coisas, inclusive as coisas excessivamente grandes. Suponha que em trocas internacionais do futuro alguma potência, digamos a Suécia, seja considerada injusta ou problemática. Se a Suécia for poderosa na Europa, ela será poderosa no conselho da Europa. Se a Suécia for muito poderosa na Europa, ela será muito poderosa no conselho da Europa. E porque ela é a própria coisa irresistível, ela é a própria coisa a ser resistida; ou, de qualquer forma, a ser restringida. Não vejo como a Europa possa escapar desse dilema lógico, exceto se descobrir novamente uma autoridade que seja puramente moral e que seja a guardiã reconhecida de uma moralidade. Pode ser dito sensatamente que mesmo aqueles dedicados a essa tarefa podem nem sempre praticar o que professam. Mas os outros governantes do mundo nunca estão obrigados a professá-lo.

Muitas vezes na história, especialmente na história medieval, o Papado interveio no interesse da paz e da humanidade; tal como os grandes santos se jogavam entre espadas e adagas de facções em luta. Mas se não houvesse um Papado, algum santo, ou a Igreja Católica, o mundo, abandonado à sua própria sorte, certamente não teria substituído credos teológicos por abstrações sociais. Em geral, a humanidade esteve longe de ser humanitária. Se o mundo fosse abandonado à própria sorte, digamos na era do feudalismo, todas as decisões teriam sido rígida e brutalmente na linha do feudalismo. Havia apenas uma instituição humana que existira antes do feudalismo. Havia apenas uma instituição que podia possivelmente trazer consigo alguma débil memória da República e da Lei romanas. Se o mundo tivesse sido abandonado à sua própria sorte na época da Renascença e da política italiana do Príncipe, ele teria se organizado inteiramente ao modo da glorificação dos príncipes. Havia apenas uma instituição que podia a qualquer momento ser forçada a repetir: “Não coloque sua confiança em príncipes.” Tivesse ela ausente, o único resultado teria sido que o famoso acordo de CUJUS REGIO EJUS RELIGIO teria sido todo REGIO com muito pouca RELIGIO. E então, nossos dias atuais têm seus dogmas inconscientes e seus preconceitos universais; e precisamos uma separação especial, sagrada e, o que parece a muitos, inumana que esteja acima de nós, para ver além.

Sei que se abusou deste ideal como de nenhum outro; digo apenas que mesmo aqueles que mais denunciaram a realidade provavelmente começarão de novo a busca pelo ideal. Mas, de fato, não proponho que qualquer tribunal espiritual deveria agir como um tribunal comum ou que a ele seja dado poderes de interferência prática nos governos nacionais. Tenho firme convicção de que tal tribunal não deveria nunca aceitar qualquer envolvimento material. Tampouco desejo, nesta questão, que qualquer tribunal secular agora constituído no interesse da paz internacional interfira com a nacionalidade ou com a liberdade local. Preferiria muito mais dar tal poder a um papa do que a políticos e diplomatas do tipo daqueles a quem o mundo está entregue. Mas não desejo dá-lo a ninguém e a autoridade em questão não deseja aceitá-lo de ninguém. A coisa de que falo é puramente moral e não pode existir sem certa lealdade moral; é uma espécie de atmosfera ou mesmo de um sentimento de afeição. Não há espaço para descrever aqui a maneira em que tal elo popular se desenvolve; mas não há a mínima dúvida de que ele já se desenvolveu em torno do centro religioso de nossa civilização; e não é provável que cresça de novo, exceto se ele se dirigir a um padrão de humildade e caridade muito mais alto que o padrão ordinário do mundo. Os homens não sentem afeição pelos imperadores dos outros, ou mesmo pelos políticos dos outros; sabe-se que a afeição deles se esfriou até mesmo em relação aos seus próprios políticos. Não vejo nenhuma perspectiva de qualquer núcleo positivo de amizade, exceto em certo entusiasmo por algo que move as partes mais íntimas da natureza moral do homem; algo que pode nos unir não por ser inteiramente internacional (como dizem os arrogantes), mas por ser universalmente humano. Os homens não conseguem concordar sobre o nada, tanto quanto não conseguem discordar sobre o nada. E algo amplo o suficiente para proporcionar tal acordo deve ser ele mesmo maior que o mundo.

Fonte: CHESTERTON, G.K. A Paz e o Papado. Chesterton Brasil. [Traduzido por Antonio Emilia Angueth de Araujo, retirado do Capítulo do livro The Thing (A Coisa), publicado em 1929]. Disponivel em: http://www.chestertonbrasil.org/ Acesso em: 17 Dezembro 2010.

João Paulo II foi o “amigo da humanidade”, recorda seu mestre de cerimônias

Roma, 29 Mar. 11 / 01:39 pm (ACI)

A beatificação do Servo de Deus João Paulo II “é para todos a ocasião de nos reencontrarmos com este amigo da humanidade”, explicou Dom Piero Marini, quem fora Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias do defunto Papa.

Em uma entrevista concedida à Rádio Vaticano no dia 27 de março, Dom Marini afirmou que todos devemos “encontrar de novo a João Paulo II, escutá-lo falar de novo, interpretar de novo seus gestos, ser de novo tomados por seu amor para a evangelização”, já perto da grande festa eclesiástica de sua beatificação no 1º de maio.

O Arcebispo Marini, atual Presidente do Pontifício Conselho para os Congressos Eucarísticos Internacionais, animou os leigos e sacerdotes a “construir a santidade respondendo à vocação que o Senhor lhes deu em sua vida com humildade, com simplicidade, como fez João Paulo II que dedicou toda sua vida a anunciar o Evangelho”.

“Conseguiu através do anúncio da Palavra, através da celebração da Eucaristia, dos Sacramentos, criar ao seu redor, em torno da figura do Papa, realmente a unidade da Igreja“, recordou.

Dom Marini explicou que a proximidade de Karol Wojtyla “ao povo santo de Deus”, foi o sinal emblemático de todo seu Pontificado, “aproximar-se às pessoas, aproximar-se das comunidades, inclusive às mais pequeninas, ver todos os pobres que quase queriam debruçar-se sobre ele…recordava as cenas evangélicas”.

O Prelado deseja que tanto crentes, como não crentes “considerem João Paulo II “um amigo, o queria ser amigo de todos”, para “encontrá-lo de novo, voltar a escutar suas palavras, voltar a ver seus gestos e poder entender, até o último ponto, seu modo de atuar a favor da Igreja”.

“O sentido do pecado se adquire redescobrindo o sentido de Deus”, afirmou o Papa

VATICANO, 13 Mar. 11 / 01:57 pm (ACI)

Não obstante a fria e nublada manhã, milhares de fiéis e peregrinos chegados de todas partes do mundo se reuniram na Praça de São Pedro para rezar o Ângelus dominical com o Papa Bento XVI, quem afirmou que não existe escravidão mais grave e mais profunda que a escravidão do pecado.

O Papa iniciou sua meditação recordando a todos o significado da Quaresma: “Tempo litúrgico de quarenta dias que constituem um itinerário espiritual de preparação para a Páscoa. Trata-se de seguir a Jesus que nos dirige decididamente para a Cruz, cume de sua missão de salvação”.

“Por que a Quaresma? Por que a Cruz?” – perguntou o Papa. “A resposta, em termos radicais, é esta: porque existe o mal, aliás, o pecado, que segundo as Escrituras é a causa profunda de todo mal, porém a palavra pecado não é aceita por muitos, porque pressupõe uma visão religiosa do mundo e do homem” – disse Bento XVI.

“Deus não suporta o mal, porque é Amor, Justiça e Fidelidade e por isso não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva. Para salvar a humanidade, Deus intervém e nós vemos isso em toda a história do povo judeu, a partir da libertação do Egito. Deus está determinado a libertar os seus filhos da escravidão para conduzi-los à liberdade. A escravidão maior e mais profunda é a do pecado. Por isso, Deus mandou seu Filho ao mundo, para libertar os homens do domínio de satanás, origem e causa de todo pecado”, afirmou.

O Santo Padre foi muito claro em afirmar que “o sentido do pecado -muito diferente do ‘sentimento de culpa’ como é entendido pela psicologia- adquire-se redescobrindo o sentido de Deus”; em efeito “frente ao mal moral, a posição de Deus é a de opor-se ao pecado e salvar o pecador. Deus não suporta o mal, porque é Amor, Justiça e Fidelidade e por isso não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva”.

“Para salvar a humanidade, Deus intervém: vemo-lo em toda a história do povo hebreu, da liberação do Egito. Deus está determinado a liberar seus filhos da escravidão para conduzi-los à liberdade. E a escravidão mais grave e mais profunda é justamente aquela do pecado”, acrescentou.

Neste contexto o Pontífice explicou o sentido da vinda de Cristo ao mundo: “para liberar os homens do domínio de Satanás, ‘origem e causa de tudo pecado’. Enviou-o em nossa carne mortal para que fosse vítima de expiação, morrendo por nós na cruz. Contra esse plano de salvação definitivo e universal, o diabo se opôs com todas as suas forças, como mostra o Evangelho que nos fala sobre as tentações de Jesus no deserto, proclamado todos os anos no I Domingo da Quaresma”.

“Entrar neste Tempo Litúrgico -continuou- significa ficar sempre da parte de Cristo contra o pecado, enfrentar o combate espiritual contra o espírito do mal. Invoquemos por isso a maternal ajuda de Maria Santíssima para o caminho quaresmal que começou recentemente, para que seja rico de frutos de conversão”, concluiu o Pontífice.

Só Cristo leva à vida autêntica e plena, recorda o Papa Bento XVI

VATICANO, 28 Mar. 10 / 02:22 pm (ACI).- Ao presidir esta manhã a Missa de Domingo do Ramos na Praça de São Pedro perante milhares de fiéis, o Papa Bento XVI se dirigiu especialmente aos jovens ao celebrar-se também a 25º Jornada Mundial da Juventude, e recordou-lhes que ser cristãos “significa considerar o caminho de Jesus Cristo como a via justa para ser homens, como aquele que conduz à meta, a uma humanidade plenamente realizada e autêntica”.

Em sua homilia, o Santo Padre disse que “o ser cristão é um caminho, ou melhor: uma peregrinação, um ir juntos com Jesus Cristo. Um ir naquela direção que Ele nos indicou e nos indica”.

Conforme informa Rádio Vaticano, o Papa ressaltou que este caminho exterior de cada ser humano é a “imagem do movimento interior da existência, que se cumpre no seguimento de Cristo: é uma ascensão à verdadeira altitude do ser humano. O homem pode escolher um caminho cômodo e descansar de toda fadiga. Pode inclusive descender ao baixo, ao vulgar. Pode afundar-se no barro da mentira e a desonestidade. Jesus nos guia para o que é grande, puro, para a vida segundo a verdade; para a coragem que não se deixa intimidar pelo falatório das opiniões dominantes; para a paciência que suporta e sustenta o outro”.

Cristo, continuou o Papa, “conduz a ajudar aos que sofrem, aos abandonados; para a fidelidade que está da parte do outro, ainda quando a situação se torna difícil. Conduz à disponibilidade para procurar ajuda; para a bondade que não se deixa desarmar nem sequer pela ingratidão: Ele nos conduz para o amor, o amor nos conduz para Deus”.

“Caminho e meta que nos recordam que Deus é um só em todo mundo, que supera imensamente todos nossos lugares e tempos. Aquele Deus a quem pertence toda a criação. O Deus que todos os homens procuram e que de algum modo conhecem. Infinito e ao mesmo tempo próximo, que não pode ser encerrado em nenhum edifício, que quer habitar em meio de nós, estar totalmente conosco”.

Bento XVI recordou que em No domingo do Ramos, “Jesus junto com o Israel peregrino sobe para Jerusalém, para celebrar a Páscoa: o memorial da liberação de Israel, memória que, ao mesmo tempo, é sempre esperança da liberdade definitiva, que Deus dará. Vai com a consciência de ser Ele mesmo o Cordeiro no qual se cumprirá aquilo que o Livro do Êxodo diz a respeito. Ele permanece sempre perto de nós na terra e ao mesmo tempo já chegou diante Deus, nos guia sobre a terra e além da terra”.

“Jesus quer conduzir-nos à comunhão com Deus e na Igreja. Ele nos impulsiona e sustenta. Forma parte do seguimento de Cristo que nos deixemos integrar em tal grupo; aceitar que não podemos obtê-lo sozinhos. Em ato de humildade e responsável, sem teima e presunção. Sem correr atrás de uma idéia equivocada de emancipação. A humildade do ‘estar-com’ é essencial para a ascensão. Forma parte dela que nos Sacramentos nos deixemos sempre tomar de novo pela mão do Senhor; que Dele nos deixemos purificar e corroborar; que aceitemos a disciplina da ascensão, embora estejamos cansados”.

E a Cruz, prosseguiu, “forma parte da ascensão para a altura de Jesus Cristo, da ascensão até a altura de Deus mesmo. Como nas vicissitudes deste mundo não se podem alcançar grandes resultados sem renúncias e duro exercício, como a grande alegria por um grande descobrimento cognitivo ou por uma verdadeira capacidade operativa está ligada à disciplina, é mais à fadiga da aquisição de conhecimentos, assim o caminho para a vida mesma, para a realização da própria humanidade está ligada à comunhão com Aquele que subiu à altura de Deus através da Cruz. ‘A Cruz é expressão do que significa o amor: só quem se perde a si mesmo, se encontra’”.

“Resumamos: o seguimento de Cristo requer como primeiro passo o renovar-se na nostalgia pelo autêntico ser homens e assim o renovar-se por Deus. Requer, pois, que se entre no grupo de quantos sobem, na comunhão da Igreja. requer-se ademais que se escute a Palavra de Jesus Cristo e que seja vivida: na fé, a esperança e o amor. Assim estaremos em caminho por volta da Jerusalém definitiva e já a partir de agora, de algum modo, encontraremo-nos lá, na comunhão de todos os Santos de Deus”.

“Nossa peregrinação no seguimento de Cristo não vai para uma cidade terrena, e sim para a nova Cidade de Deus que cresce em meio deste mundo. E, entretanto, esta peregrinação para a Jerusalém terrestre, pode ser também para nós, os cristãos, um elemento útil para essa viagem maior”.

O Papa se referiu logo à sua viagem a Terra Santa em 2009. Explicando que “a fé em Jesus Cristo não é uma invenção legendária”, mas que “fundamenta-se em uma história verdadeiramente ocorrida. História que podemos, por assim dizer, contemplar e tocar”, o Santo Padre falou de sua intensa experiência nos Santos lugares: “seguir os caminhos exteriores de Jesus deve nos ajudar a caminhar mais alegremente e com uma nova certeza sobre o caminho interior que Ele nos indicou e que é Ele mesmo”, disse.

“Quando vamos a Terra Santa como peregrinos –destacou– vamos também como mensageiros da paz, com a oração pela paz; com o convite a todos de fazer naquele lugar, que leva no nome a palavra ‘paz’, todo o possível para que chegue a ser verdadeiramente um lugar de paz. Assim esta peregrinação é ao mesmo tempo –como terceiro aspecto– um estímulo para os cristãos a permanecer no país de suas origens e a comprometer-se intensamente nele pela paz”.

“’Bendito o que vem, o rei, em nome do Senhor’. Esta aclamação é expressão de uma profunda pena e é oração de esperança”, sublinhou o Papa e exortou a orar “ao Senhor para que nos traga o céu: a glória de Deus e a paz dos homens. Entendamos tal saudação no espírito do pedido do Pai Nosso: ‘seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu!’”.

“Saibamos que o céu é céu, lugar da glória e da paz, porque ali reina totalmente a vontade de Deus. E saibamos que a terra não é o céu desde quando nela não se realiza a vontade de Deus. Saudemos, portanto, a Jesus que vem do céu e peçamos-lhe que nos ajude a conhecer e a fazer a vontade de Deus. Que a realeza de Deus entre no mundo e assim seja repleto com o esplendor da paz. Amém”, concluiu.

Cristo é a referência insubstituível da caridade

Arcebispo convida a promover a cultura cristã

BELO HORIZONTE, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- “Na polissemia das culturas que confeccionam o rico mapa da humanidade na sua história, não se podem desconsiderar o patrimônio e a força de referência da Cultura Cristã”, afirma o arcebispo de Belo Horizonte (Brasil), Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Em artigo enviado a ZENIT nesta sexta-feira, o prelado afirma que, quem crê em Cristo, tem a tarefa de promover a Cultura Cristã.

O substrato da Cultura Cristã “é consistente e tem força de sustentação de projetos e entendimentos necessários para a construção da paz e a conquista da justiça”.

Essa riqueza – segundo o arcebispo –, “não pode ser relativizada ou travestida por práticas religiosas que reduzem a nobreza e largueza do ideal cristão a interesses que, mesquinhamente, estão no âmago do proselitismo, da prosperidade ou da pretensiosa e falsa manipulação miraculosa da ação e da presença de Deus”.

“A cultura cristã tem uma fonte inesgotável na rica dinâmica da fé que o Cristianismo configura”, explica.

Dom Walmor cita como exemplo “a ajuda clarividente que o Cristianismo oferece quando se trata da distinção entre religião e política e o princípio da liberdade religiosa”.

“É inquestionável o grande relevo, no plano histórico e cultural, desse entendimento. Outros discernimentos geram e alimentam fundamentalismos e totalitarismos perniciosos para a liberdade humana e a indispensável consideração da autonomia das realidades terrestres”, afirma.

“A cultura cristã recebe riquezas fantásticas da dinâmica da fé radicada nos Evangelhos, proporcionando uma visão de equilíbrio indispensável para o presente e futuro da história da humanidade. A fé cristã cultiva e conserva, por sentido de fidelidade, o inestimável patrimônio, em entendimento e prática, da transcendência da pessoa humana.”

O arcebispo enfatiza que a dinâmica da fé cristã “guarda perenemente uma fonte de sustento que a humanidade precisa para encontrar respostas e saídas para questões cruciais vividas nesse momento”.

Dom Walmor recorda que a “preocupação justa com os mecanismos de sustentabilidade da vida em nosso planeta guarda a questão candente e instigante sobre o sentido e o fim da aventura humana, incluindo a sua necessidade de paz e de justiça”.

“Quem, além de Deus, pode oferecer uma resposta plenamente adequada às interrogações humanas mais radicais? Esta resposta, que só Deus pode dar, se revela e se dá no seu Filho, Jesus Cristo, feito homem, o Redentor da humanidade, por sua morte e ressurreição vitoriosa”, afirma.

Cristo “é a fonte inesgotável e referência insubstituível da caridade que pode transformar completamente o homem, fomentando a prática da justiça e fecundando as inadiáveis transformações sociais e políticas”.

Quem crê em Cristo – prossegue Dom Walmor – “tem a tarefa de analisar bem o mapa demográfico, a política e as culturas, empenhando-se na promoção da Cultura Cristã”.

O Relativismo e o Modernismo

Por Pedro Ravazzano

Novamente venho escrever sobre o relativismo, não porque seja prolixo, mas porque tal heresia sempre me assusta. Qualquer pessoa sensata que entra em contato com as posturas adotadas pelos heterodoxos de plantão fica perplexa com a total falta de honestidade, um déficit nas mais básicas noções de lógica e coesão. Obviamente, esse comportamento é parte integral da essência do relativismo; o relativismo é a negação de si próprio, já que a sua construção se fundamenta sobre a contradição. Por isso o combate pede um trabalho hercúleo, afinal somos obrigados a ensinar as mais preliminares noções, do contrário, seria iniciar a discussão com uma porta.

Antes de qualquer coisa, vale a pena explicar brevemente o que é o relativismo. Essa doutrina – sim, é uma doutrina – acredita que tudo é relativo, que não existe idéia absoluta nem uma Verdade una. A moral, a política, a ética, a religião, não passam de construções humanas que devem se adaptar ao mundo e suas transformações. Assim, o relativismo é o precursor social do niilismo com a negação do sentido existencial do ser humano já que, o pensamento relativista, com suas constantes e essenciais vicissitudes, se coloca na antípoda da defesa de Deus, do Princípio. A Divindade parte da imutabilidade e infalibilidade, já o relativismo parte da mutabilidade e falibilidade.

O relativismo, por sua vez, é a arma usada pelo exército do modernismo; “a síntese de todas as heresias”, como disse São Pio X. A teologia modernista parte de um pressuposto fundamentalmente paradoxal; a transformação do dogma, a adaptação dos ensinamentos doutrinais, a flexibilidade eclesiológica e o relaxamento moral. O modernismo foi desenvolvido sob a influência do espírito protestante alemão, reflexo mais do que natural da Sola Fide e Sola Scriptura adotadas por Lutero. Entretanto, o que era cabível dentro do pensamento luterano era essencialmente incompatível com o Catolicismo. O pensamento modernista, ao pregar a reforma de todo o arcabouço da Igreja e seus ensinamentos, acabava que desconstruía a própria idéia de Igreja, dogma, doutrina, papado e cristianismo, já que a relativização da crença desaguava na relativização da assistência Divina, o que atingia em cheio toda a Revelação. Vale frisar, antes de qualquer coisa, que o relativismo e o modernismo são contraditórios por natureza; se tudo é relativo “tudo é relativo” é relativo, se tudo é relativo é relativo logo nem tudo é relativo. Ou seja, é uma contradição em concreto considerar o relativismo uma verdade, já que o relativismo nega a existência da verdade.

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