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Por que todos estão falando de vampiros?

Por Pe. Robert Barron
Fonte: http://voxfidei.blogspot.com/
Tradução: Carlos Martins Nabeto

É preciso estar no mundo da lua para não perceber a frequência com que os vampiros aparecem na cultura popular atual:

Um dos programas de televisão mais populares dos últimos anos foi “Buffy, a Caça-Vampiros” (Buffy, the Vampire Slayer). O livro de Anne Rice, “Crônicas do Vampiro” (Vampire Chronicles), continua sendo amplamente lido. O canal HBO apresenta atualmente um programa sobre vampiros chamado “True Blood”. Wesley Snipes protagonizou “Blade”, uma série de três longa-metragens sobre vampiros. E um dos filmes de maior sucesso ultimamente é “Crepúsculo” (Twilight): uma história de amor entre adolescentes mortais e vampiros. Como explicar esse interesse permanente nesta matéria?

É óbvio que a astuta apresentação do mercado tem muito a ver com o sucesso desses programas, porém, creio que existam também outras razões. Na ordem espiritual há uma lei, semelhante à lei da conservação de energia, que expresso desta maneira: “quando se suprime o sobrenatural, o ser humano busca expressá-lo de uma forma indireta ou distorcida”. Nos últimos 50 anos, temos presenciado a atenuação da visão bíblica do mundo, que em alguns ambientes foi totalmente suprimida.

Em outras oportunidades, queixei-me do Secularismo entediante e sem graça que simplesmente põe de lado tudo o que é espiritual, o sobrenatural e o transcendente. Esta separação da dimensão religiosa é incentivada pela cultura do consumismo que nos ensina de mil maneiras que o prazer sensual e a riqueza material são as chaves da felicidade. Para a mentalidade secular, Deus é, quando muito, uma força distante e indiferente; Jesus, um guru; e a vida eterna, uma infantil fantasia.

No entanto, pela lei que expressei acima, o sobrenatural não pode ser suprimido. Instintivamente se procura a Deus e um mundo que transcenda o âmbito da experiência comum; somos naturalmente preparados para isso e por isso o nosso desejo – deformado pela cultura que nos cerca – produz uma versão distorcida dessa transcendência, uma espécie de espiritualidade de segunda categoria. É aí que surge na cultura o mundo dos vampiros! Apreciemos uma característica deste universo alternativo:

Longe de beber o sangue das suas vítimas, o que distingue os vampiros é a imortalidade: eles retornam da morte e são eternamente jovens. Embora a ideologia materialista que nos rodeia insista que não somos nada além de animais bastante inteligentes que se dissolvem na morte, no fundo sabemos que somos mais do que isso. Em nós existem – como disse Cleópatra na obra de Shakespeare – “nostalgias imortais”, pois somos ligados – queiramos ou não – ao Deus eterno que existe fora do tempo. Quando se suspende o sentimento religioso da imortalidade, produzimos estas raras alternativas imaginárias, como esses vampiros que não podem morrer. Digo “alternativa” porque a autêntica imortalidade não tem nada a ver com a vida sem fim neste mundo; ao contrário, tem mais a ver com ser transportado para fora do tempo, para o âmbito eterno de Deus. Contudo, quando estamos espiritualmente vazios, a alternativa mórbida do mundo dos vampiros nos fascina.

Há pouco tempo, encontrei uma frase magnífica de Anne Rice, a autora que mencionei acima e que escreveu uma série de novelas que iniciaram toda esta moda de vampiros. Ela dizia que o personagem de Louis, o gênio torturado entrevistado em sua já famosa primeira novela, é uma evocação de muitos amigos que ela teve nas décadas de 1960 e 1970, pessoas mergulhadas na miasma do secularismo pós-cristão. Como o vampiro da estória, não podiam encontrar a saída para a sua situação. A angústia existencial do vampiro de Anne Rice corre em paralelo com a angústia da geração secular, sedenta de todas as coisas que a sua cultura lhes negou. E o que torna a observação de Anne Rice mais fascinante é que ela mesma encontrou o caminho através da miragem secularista de sua geração e chegou, assim, em Cristo. Há apenas 10 anos, Anne Rice reencontrou-se com a vívida imaginação e a profundidade intelectual da fé de sua juventude e, a partir de então, tem dedicado o seu trabalho totalmente ao Senhor. Até agora publicou dois volumes de uma série sobre a vida de Jesus, contada em 1ª pessoa, e seu texto mais recente é o começo de uma nova série de novelas sobre os anjos. Também garantiu que, apesar dos pedidos de muitos dos seus admiradores, nunca mais voltará a escrever outra novela sobre vampiros. O que me resulta fascinante aqui é que quem tornou “chique” os vampiros conseguiu passar desta falsa visão do sobrenatural para adotar com entusiasmo a verdadeira visão.

O Catolicismo de Anne Rice me recorda o Catolicismo que desempenha um papel importante na novela original de Bram Stocker sobre Drácula. Stoker, um irlandês do século XIX, inseriu a sua lenda dentro da narrativa do pecado, da graça e da redenção. No relato de Stoker, Drácula havia amaldiçoado a Deus e caiu em uma condição infernal (o que explica a sua aversão ao Crucifixo). O professor Van Helsing, um cientista e fiel devoto (sim, definitivamente é possível ser ambos!), ajuda o vampiro a encontrar a salvação. Nesta novela, os temas católicos abundam: a Eucaristia, a Missa, a Vida Eterna etc. Com efeito, no final do século XIX era possível encontrar o relato de vampiros dentro do marco da História Cristã. O que encontramos hoje é um triste declínio, onde os contos de vampiros são o pálido substituto de um robusto Cristianismo.

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O Pe. Robert Barron é autor de “Why Is Everyone Crazy About Vampires?” (Por que Todos estão Loucos pelos Vampiros?), publicado pela Catholic New World, de 19.10.2009. Foi ordenado em 1986 pela Arquidiocese de Chicago. Possui Mestrado em Filosofia pela Universidade Católica da América e Doutorado em Teologia pelo Instituto Católico de Paris. É professor de Teologia Sistemática na Universidade de St. Mary of the Lake, Mundelein Seminary. É autor de: “And Now I See: A Theology of Transformation” (Agora eu Enxergo: uma Teologia de Tranformação), “Thomas Aquinas: Spiritual Master” (Tomás de Aquino: Mestre Espiritual), “Heaven in Stone and Glass: Experiencing the Spirituality of the Great Cathedrals” (Paraíso em Pedra e Vidro: experimentando a espiritualidade das grandes catedrais), “Eucharist (Catholic Spirituality for Adults)” (Eucaristia – Espiritualidade Católica para Adultos), “Priority of Christ” (A Prioridade de Cristo), “Toward a Postliberal Catholicism” (Rumo a um Catolicismo Pós-Liberal) e “Word on File: Proclaiming the Power of Christ” (Palavra no Arquivo: Proclamando o Poder de Cristo). Utiliza o seu canal no YouTube para atingir uma maior audiência, oferecendo valiosas lições de uma fé viva pela indicação de coisas que podemos aprender a partir da observação de personagens populares da TV e do cinema.

Os cristãos não devem se deixar enganar diante de «O Código Da Vinci»

Entrevista com Dom Odilo Pedro Scherer, bispo auxiliar de São Paulo e secretário-geral da CNBB

BRASÍLIA, segunda-feira, 29 de maio de 2006 (ZENIT.org).- «Podemos dizer que ?O Código Da Vinci? é um escrito apócrifo que, 2000 anos depois de Jesus, escreve uma história fantasiada sobre Jesus e o início da Igreja, em total contraste com os fatos históricos», afirma o secretário-geral da Conferência episcopal brasileira.

Segundo Dom Odilo Pedro Scherer, a «pregação dos apóstolos, no Novo Testamento, é para nós a única referência de fé sobre Jesus Cristo. Ou será que uma história inventada pela fantasia, 2000 anos depois dos fatos, merece mais crédito?»

Nesta entrevista à assessoria de imprensa da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), difundida esta segunda-feira, o secretário-geral do organismo episcopal orienta sobre o filme e o livro «O Código Da Vinci».

–O que é O Código Da Vinci?

–D. Odilo P. Scherer: É um romance escrito por Dan Brown, um autor norte-americano. Do livro foi feito um filme. Falou-se muito do livro e agora, também do filme, pois ambos trazem afirmações errôneas sobre Jesus Cristo, e Igreja e instituições ligadas à Igreja. É importante não esquecer que se trata de uma obra de ficção e as afirmações nela contidas devem ser tidas como fantasia, e não como argumentos de história.

Esclarecimentos sobre o "Código da Vinci"

A difusão do livro “O Código Da Vinci”, de Dan Brown, e do filme baseado sobre a obra, tem suscitado em muitas pessoas perplexidades, dúvidas e confusão a respeito de algumas verdades fundamentais da fé cristã referentes a Jesus Cristo e à Igreja.

A CNBB, consciente de sua responsabilidade em relação à defesa da verdadeira fé da Igreja, vem a público para prestar alguns esclarecimentos.

Não devemos esquecer que a obra em questão é de ficção e não retrata a história de Jesus, nem da Igreja. Não se pode atribuir verdade às afirmações claras ou veladas do autor. O que é fantasia deve ser lido e entendido como fantasia. As únicas fontes dignas de fé sobre a vida de Jesus e o início da Igreja são os textos do Novo Testamento, da Bíblia. A história da Igreja, depois dos apóstolos, está retratada em obras de caráter histórico, cujas afirmações são respaldadas pelo rigor do método histórico.

Alertamos, portanto, que a obra, no seu gênero fantasioso, apresenta uma imagem profundamente distorcida de Jesus Cristo, que está em contraste com as pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, da teologia e dos estudos bíblicos, ao longo de dois mil anos de história do cristianismo.

É lamentável que a obra, com roupagem pseudo-científica, se ponha a versar de maneira leviana e desrespeitosa sobre convicções tão sagradas para os cristãos. Muitos cristãos sentem-se feridos em sua fé e nas convicções que lhes são profundamente caras. Outras pessoas são induzidas à dúvida sobre verdades da fé pregadas pela Igreja, desde sua origem, e transmitidas de geração em geração, com zelosa fidelidade à doutrina dos apóstolos. Ainda outras são levadas, inclusive, a levantar suspeitas sobre a honestidade da Igreja nas afirmações de fé sobre Jesus Cristo, seu divino fundador.

Diante disso, afirmamos, com toda convicção, que a Igreja, de forma alguma, ocultou no passado, nem oculta no presente, a verdade sobre Jesus Cristo e sobre a origem dela própria. A Igreja não pode deixar de afirmar o sagrado patrimônio das verdades a respeito de Jesus Cristo e sobre si mesma, que ela recebeu dos apóstolos.

Convidamos todos a lerem os Evangelhos e demais textos do Novo Testamento da Bíblia, para encontrarem aí a imagem de Jesus Cristo, assim como é anunciada pela pregação da Igreja desde as suas origens. Por outro lado a leitura de algum bom livro de história da Igreja – e existem muitos! – poderá ajudar a conhecer a verdade histórica sobre a Igreja, que não é oculta nem subtraída ao conhecimento de quem quer que seja.

Cardeal Geraldo Majella Agnelo
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Presidente da CNBB

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