Fonte: Blog do Padre Luís Fernando

Bozo

Um dia escrevi um texto no meu blog intitulado “A relevância dos irrelevantes” (aqui) porque eu estava extremamente irritado com o tipo de texto que dava audiência nos blogs Católicos. Hoje volto a escrever na mesma linha de irritação, mas, desta vez com a pseudo-relevância de um Congresso Nacional que será realizado em Guarapari-ES em abril de 2014. O folder – que apanhei por acaso numa academia aqui da minha cidade – é bonito e chamativo. Faz uma alusão a Disneyland e sua fantasia. Alusão presente também no sub-título do convite presente no folder. Se trata de um Congresso Nacional de estudantes de Comunicação, Ciências Contábeis, Administração, Direito e economia. O título do Congresso é:  “A necessidade de se criar um mundo novo”. Os palestrantes que vão fomentar a criação deste novo mundo são: um professor de direito penal, um certo Rogério Greco de quem eu nunca ouvi falar, o sócio-fundador do site porta dos fundos Antônio Tabet, igualmente um ilustre desconhecido, e uma jornalista de formação que atua num programa esportivo, Bárbara Coelho.
Nada contra a verborréia das pessoas. Todo mundo pode dizer o que quiser e pode gastar o dinheiro que quiser fazendo o que bem entender, até rasgar e colocar fogo. Não me importo. Só me impressiono e aqui, meu caro leitor, tenho todo o sagrado direito da santa indignação! Quando li o folder logo vi um eco do fórum social mundial intitulado “um outro mundo possível”. Naquele fórum participam petistas, esquerdistas, comunistas, socialistas, maconheiros, gente das Ceb`s, da teologia da libertação e qualquer outra pessoa que se encaixe neste perfil. Este mesmo modelo foi transposto para o Conecades (o dito Congresso). O pessoal de ciências contábeis querem se engajar para criar um mundo novo durante a semana santa. Vão começar a pensá-lo na quinta-feira santa, 17 de abril, e terminarão após o domingo de Páscoa, 21 de abril, passando por sexta-feira da paixão e sábado santo. Sim, sei que vivemos numa sociedade laica e plural e aqui já começa o mote tanto de “porta dos fundos” quanto do fórum social mundial e seus sequazes: querem criar um outro mundo sem Deus, sem religião, um mundo anárquico, que não respeita o outro nem o diferente.
E os palestrantes que vão dar os rumos deste mundo novo? Absolutamente todos muito relevantes (sic!). Piadas à parte, este choque que temos ao ver um folder desse ou atores da Globo absolutamente sem nenhum preparo se pronunciar sobre questões de ciência apelando para o sentimentalismo barato nos dá uma ideia clara do fosso no qual caímos: Os intelectuais não são ouvidos, a autoridade é desprezada, quem tem algo a dizer é calado sistematicamente e a razão é morta para que tenha voz a simples doxa, a mera opinião, ainda que desprovida de qualquer senso crítico ou mesmo minimamente racional. É a completa irrelevância dos atores do novo mundo. Não é uma irrelevância qualquer, mas, buscada e fabricada no desprezo, reitero, da autoridade, da intelectualidade sadia e da razão.
O ateísmo proclamou a morte de Deus. Tudo bem. Eu posso conviver com o ateísmo. Só não consigo conviver com a morte da razão.