Caso da menina violentada no Brasil: «por que chegamos a isso?»

Questiona o novo arcebispo do Rio de Janeiro

Por Alexandre Ribeiro

BRASÍLIA, terça-feira, 10 de março de 2009 (ZENIT.org).- O novo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, considera que uma pergunta não foi feita no caso da menina brasileira de nove anos estuprada pelo padrasto, tendo ficado grávida e os fetos submetidos a aborto: «por que chegamos a isso?».

Antes de desenvolver o artigo em que comenta o caso –texto difundido ontem pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)–, o arcebispo chama a atenção para o fato de que muito do destaque da mídia brasileira ao episódio foi dado por emissoras de comunicação «mandadas por grupos religiosos independentes».

Ao prosseguir seu artigo, Dom Orani questiona: «quando uma pessoa que, tendo seus desequilíbrios emocionais, é capaz de usar sexualmente e brutalmente de uma criança a sociedade deveria se perguntar: “por que chegamos a isso?”».

«Do modo que coisas se movem no mundo, é bem capaz que o que hoje é crime amanhã seja virtude, como já aconteceu em muitas outras situações – veja-se nesse caso toda a campanha pró-aborto.»

No caso da gravidez da menina, Dom Orani considera que «a magistratura só soube oferecer um tipo de ajuda: a de matar a criança por nascer e ainda ameaçando a mãe da menor que estava nessa situação. Fala-se tanto de direitos para todos e critica-se a Igreja por defender a todos».

«Interessante é o depoimento da mãe da adolescente, que testemunhou que o único lugar em que não foi maltratada e sim respeitada foi o escritório da Caritas. Em todos os demais lugares só recebeu acusações e maus-tratos», escreve.

Mas –prossegue Dom Orani– «a pergunta ainda continua: por que essas coisas acontecem? A nossa resposta está na mudança de época e de cultura que ora vivemos».

«A desvalorização da vida, da família, dos valores, da fé acabou conduzindo-nos a um estilo de vida hedonista, subjetivista, consumista e laxista, que parece não ter volta.»

«Mas nós acreditamos que o nosso mundo tem jeito! É essa nossa esperança e nossa luta!», escreve.

«As situações degradantes e complexas irão aumentar enquanto não avançarmos para uma sociedade moderna, onde as pessoas se respeitam, respeitam a vida e sabem cultivar valores.»

«Enquanto vivermos na “idade da pedra”, resolvendo as coisas matando os inocentes e criando violência em nossa frágil sociedade, o homem sempre terá saudade da utopia do “mundo novo”», afirma o arcebispo.

Dom Orani convida os católicos a pensarem «sobre esses caminhos por onde hoje andamos enquanto vivemos a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, que questiona justamente as bases de nossa sociedade», ao discutir a questão da violência e da segurança pública.

«Da resposta que dermos a essas interrogações dependerá o nosso futuro», afirma.





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  1. Luiz Tadeu de Almeid

    Se apenas uma,das leis de Iahweh Deus,fosse seguida,respeitada,tida como lei divina e assim aplicada.
    A menina não teria sido engravidada.O padrasto não existiria.

  2. Sensações viscerais
    do imo,
    do âmago,
    do íntimo,
    do “estômato”
    prosopopeico
    de um ser
    onomatopeico
    que, laico,
    lacônico,
    emudece
    frente a face afoita
    de um pária,
    falsário e ordinário,
    que ousa erguer suas “patas”
    para a criança inocente,
    até então intacta,
    imóvel, imune…
    E o pária,
    protegido por seus pares,
    permanece doente, sem remorso,
    amorfo, impune.

    Que é de a mãe da criança? Não viu a atrocidade?
    Que é de seu coração de mãe? Perdeu a capacidade
    de ver o perigo que rondava a criança?
    Que é de a criança?
    Que é de sua infância?
    Que é de sua inocência?
    Que é de os fetos que não chegaram a ser afetos?

    O futuro? Não sei. Sei lá.
    Lá adiante, logo ali, Deus espera.

  3. Misericórdia, Senhor,
    de nossas crianças.
    Misericórdia, Senhor,
    de nós as crianças.

    Misericórdia, Senhor,
    de nossas crianças
    maltratadas,
    molestadas,
    descuidadas,
    atacadas por mentes doentias
    de noite ou em plena luz do dia,
    machucando, arrancando a pureza da infância,
    num doloroso gesto de repugnância,
    incesto, doença, desafeto, ignorância…

    Misericórdia, Senhor,
    de nós as crianças
    que sofremos sem saber por quê,
    de forma tão dura e cruel.
    Queremos o que é nosso,
    aquilo que nos prometeste,
    se nosso é o Reino dos Céus.

    Misericórdia, Senhor,
    dos homens de mente doentia,
    pois, mesmo conscientes
    da maldade do gesto realizado,
    não respeitam o nosso direito
    de criança inocente;
    e, sempre dissimulados,
    enganando a toda gente,
    repetem o ato amaldiçoado.

    Misericórdia, Senhor,
    dos homens de mente sadia,
    pois, mesmo cientes
    da maldade existente,
    seguem o seu dia-a-dia vazio,
    indiferentes.
    Deixaram adormecer em si mesmos
    a criança que outrora
    sustentava o homem
    que ali estava agora
    crescido, formado, gente grande.
    Homens prontos pra “fazer” crianças,
    mas inúteis pra proteger sua infância.

    Misericórdia, Senhor,
    de nossas crianças,
    de nós as crianças,
    pois nosso é o Reino dos Céus.
    Quanto aos homens grandes, Senhor,
    retira deles a venda que lhes cobre os olhos,
    mesmo que esta seja um fino véu,
    porque nosso é o Reino dos Céus.

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